domingo, janeiro 08, 2006

Aqüífero Guarani contém água salgada

(Fonte: Água On Line)

O Aqüífero Guarani não tão cheio de água doce e potável - uma reserva para o futuro. Pelo menos na zona do Alto Paraná, em terriório paraguaio, na fronteira com o Brasil e a Argentina, os resultados de estudos indicam que a água é salobra. Além disso, em outra zona próximas análises demostraram que a água extraída está sulfatada, con efeitos laxantes para as pessoas. Estes dados foram apresentados pela Dra. Sara Vassolo, geóloga do Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais (Bundesanstalt für Geowissenschaften und Rohstoffe, com a sigla BGR) da Alemanha.

A Dra. Vassolo, de nacionalidade argentina e residente na Alemanha a serviço da BGR, disse que o primeiro diagnóstico que realizaram na zona do Aqüífero Guarai, na Região Oriental do Paraguai (o país se divide em duas regiões: Oriental e Ocidental ou Chaco), detectaram água com alto conteúdo de sais, principalmente nos poços surgentes da Itaipu Binacional.

A mesma situação de água salobra foi detectada em poços de Minga Guazú e Puerto Palma, sempre próximo das Três Fronteiras.

"Não são resultados finais, mas já são indicativos da situação", afirmou a geóloga.

A equipe técnica alemã faz o controle em 195 poçs em grande parte da Região Oriental, em um triângulo delimitado por Coronel Oviedo, Ciudad del Este e Encarnación. Os resultados das análises laboratoriais correspondem a 44 amostras tomadas nesta área.

Independentemente da zona próxima ao rio Paraná, as águas do Aqüífero Guarani apresentaram outras particularidades que indicam que poder ser ingeríveis.

ADra. Vassolo sustenta que o Aqüífero Guarani no Paraguai é composto e recoberto por basalto e por baixo tem "areniscas de Missiones".

As águas em algumas zonas são bicarbonatada cálcica magnésicas (HCO3-Ca-Mg); em outras, sulfatadas sódica cloradas (SO4-Na-Cl); em outro lugar, bicarbonatadas cálcica sódicas (HCO3-Cl-Na); e em outros fluem águas bicarbonatadas sódicas (HCO3-Na).

As águas com conteúdo de sulfato (sulfatada sódica cloradas ou ootras combinaciones con enxofre) contém propriedades laxantes que podem se usadas para a medicina, segundo explicou a geóloga enviada pela BGR da Alemanha.

Outra particularidad detectada é que o Aqüífero Guarani descarrega ou flui naintemperie no Rio Paraná, que recebe grande parte do reservatório.

Esta apresentação do desenvolvimento do Projeto Aqüífero Guarani no Paraguai se realizou na reitoria da Universidad Nacional de Asunción (UNA), diante de autoridades e representantes da Secretaria do Meio Ambiente (Seam), da Comissão Nacional de Defesa dos Recursos Naturais do Parlamento (Conaderna), da Vice-presidência da República e convidados especiais.

O projeto implementado tem duração de três anos e iniciou em maio do ano passado. A contrapartida técnica por Paraguai é a engenheira. Elena Benítez, diretora de Recursos Hídricos da Seam.







Mais de 70% do território argentino é árido ou semi-árido (MMA/Ambiente Brasil)

A vizinha Argentina ocupa grande parte de seu território com agricultura, pecuária e produção florestal. Essas atividades trazem retorno econômico, mas também causam impactos significativos no ambiente natural, nas águas e nos solos, ampliando a cada ano as áreas erodidas e desertificadas.

No país, as regiões áridas e semi-áridas já somam 75% do território nacional, cerca de dois milhões de quilômetros quadrados. Essas regiões abrigam dez milhões de pessoas, um em cada quatro argentinos, e são responsáveis por 40% do Produto Bruto do país.

Todos esses fatores fazem com que o tema desertificação seja presença constante na agenda política argentina, afirmou Octavio Perez Pardo, director de Solos e Luta contra a Desertificação da Argentina.

Pardo foi um dos participantes da 1ª Conferência Sul-Americana sobre Combate à Desertificação, que aconteceu na última semana, em Fortaleza (CE). "A conservação do solo e o uso racional dos recursos naturais são temas estratégicos para o país", disse.

América Latina enfrenta desertificação e pobreza

De acordo com Sergio Zelaya, coordenador para América Latina e Caribe da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação, os países da região enfrentam um acelerado processo de degradação ambiental e social, onde a desertificação estão atrelados à pobreza. Segundo ele, as populações mais empobrecidas e mais vulneráveis, cerca de 180 milhões de pessoas (população semelhante à brasileira), são justamente as mais afetadas por esses processos. "A desertificação chega a frear o desenvolvimento de algumas nações, principalmente das mais pobres", disse.

Dos 33 países da região, onze já concluíram seus planos nacionais de combate à desertificação, outros 11 devem finalizá-los até setembro deste ano, e o restante, até outubro de 2005 (ver tabela abaixo). Segundo o representante das Nações Unidas, quanto mais os planos nacionais de combate à desertificação estiverem articulados política e socialmente, tanto mais fácil será para que consigam recursos junto a organismos internacionais para sua implementação. "O programa brasileiro tem forte vínculo entre combate à desertificação e à pobreza, e isso facilitará a obtenção de recursos", disse.

Desmatamento acompanha desertificação

O aumento das áreas degradadas na Argentina tem acompanhado a redução das florestas. Nos últimos 75 anos, o desmatamento para exploração madeireira, geração de energia e agropecuária atingiu quase 70% da superfície original. Associado a isso, o país enfrenta perda acentuda de espécies animais e vegetais e degradação dos recursos hídricos.

Nas diferentes regiões do país, o avanço da desertificação tem causas específicas. Na Patagônia, um "deserto frio e com água", o número de rebanhos, principalmente de ovinos, é tão grande que trouxe impactos irrecuperáveis em alguns pontos. Nas regiões irrigadas de Mendoza, San Juan, Rio Negro e Santiago del Estero, entre outras províncias (estados), a dificuldade no escoamento das águas tem provocado salinização e perda de produtividade. No Norte, o semi-árido avança nos espaços onde antes existiam florestas. Matas são derrubadas para cultivo de soja, algodão ou cana-de-açúcar, por dois ou três anos, abandonando-se a terra em seguida. Nas zonas de altitude (puna), a vegetação tem sido usada em excesso para produção de lenha, deixando o solo descoberto. Algumas escolas, contou Pardo, exigem uma quantidade de lenha para aceitarem a inscrição dos alunos, levando a grande desflorestamento a cada período letivo.

De acordo com o diretor de Solos, a Argentina debate hoje justamente sobre o avanço da fronteira agrícola, alavancada pela produção de commodities como a soja e o algodão (produtos com grande liquidez, que se transformam em dinheiro rapidamente em qualquer parte do mundo). Segundo Pardo, o avanço da agropecuário é observado sob uma nova ótica. "Não podemos colocar a situação como uma luta da agropecuária contra as florestas, mas sim avaliar quais são os limites do país e qual será o melhor modelo essas atividades", disse.

Plano Argentino

O país finalizou seu Plano de Ação Nacional de Luta contra a Desertificação (PAN) em 1996 e, desde então, vem desenvolvendo uma série de atividades, divididas em vários ministérios e províncias. Conforme Pardo, o avanço dos programas é acompanhado por um Conselho Assessor, que se reúne a cada quatro meses e é formado por membros de governos, produtores, sociedade civil e instituições de ensino e pesquisa. Várias províncias estão adequando suas leis, foi lançado um Atlas da Desertificação, novas linhas de financiamento e compensação ambiental estão sendo desenvolvidas, além de fundos rotativos para pequenos produtores. Além disso, as melhores experiências com produção sustentável são reunidas na publicação Alternativas Produtivas Sustentáveis, já na quarta edição.

O país está investindo cerca de 800 milhões de Pesos (quantia semelhante em Reais) no combate à desertificação. Somente na Patagônia, serão investidos US$ 30 milhões (R$ 90 milhões), em 10 anos, para melhorar o manejo dos rebanhos, e outros US$ 5 milhões para o desenvolvimento de alternativas de produção. "As ações não podem ser somente de caráter ambiental, mas envolver também aspectos econômiocos e sociais", disse.

Conforme Zelaya, a desertificação não traz somente resultados negativos aos países e regiões afetadas. Segundo ele, nas ações para recuperação dos solos, por exemplo, novos produtos e culturas podem ser desenvolvidas. A América Latina é hoje a maior produtora mundial de café, que veio de regiões áridas da África. É possível citar também a cultura da batata, a produção de vinhos e de soja. "A questão é reconhecer a aproveitar a realidade e as potencialidades de cada país".(MMA)

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