A água, um recurso que se considerava inesgotável, pode faltar. O consumo cresce, enquanto o volume disponível se reduz como conseqüência da poluição. Mas há saídas.
Fragmento do artigo “Educação pode evitar a futura falta de água”
A Terra tem 1,5 bilhão de quilômetros cúbicos de água, que cobrem três quartos de sua superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados. Mas apenas uma pequena parte, 9 mil quilômetros cúbicos, está disponível para consumo, irrigação agrícola e uso industrial.
A água é um dos recursos naturais que no passado recente se imaginava praticamente ilimitados. (…)
Como resultado das melhorias dos padrões de vida em todo o mundo, o consumo de água vem aumentando rapidamente. Atualmente, é 50% maior que na década de 1950. O crescimento da demanda vem sendo atendido com a construção de barragens e desvios de rios, mas essas alternativas estão bem próximas do esgotamento. Em todo o mundo existem aproximadamente 36 mil barragens — para hidrelétricas, irrigação e abastecimento —, mas na década de 1980 elas caíram para 170 novas unidades ao ano, contra 360 construídas entre 1951 e 1977. A razão (…) é a ocupação quase total das áreas disponíveis e a reavaliação dos impactos ambientais, que no passado não eram considerados.
O consumo de água em todo o mundo atualmente está em torno de 6 mil quilômetros cúbicos. Mas dados da Unesco consideram que apenas a diluição da poluição das águas contaminadas exigiria outros 6 mil quilômetros cúbicos, superando em 3 mil quilômetros cúbicos a oferta. Essa disponibilidade está ligada ao ciclo da água: evaporação, precipitação como chuva ou neve, abastecimento de fontes que alimentam rios e lagos e correm para o mar e, novamente, evaporação.
Medidas de controle do consumo
O esgotamento das fontes de água está levando os países desenvolvidos a adotar programas de educação e reciclagem do consumo em todas as áreas. Nos Estados Unidos, por exemplo, cresce o uso de instalações sanitárias mais econômicas. Em 1988, Massachusetts tornou-se o primeiro estado a exigir que vasos sanitários usassem não mais que 6 litros numa descarga. (…)
Em 1992, uma lei estabeleceu que torneiras e chuveiros produzidos a partir de 1° de janeiro do ano seguinte utilizassem no máximo 9,5 litros por minuto. (…) No Brasil, sistemas antiquados de descargas sanitárias podem consumir até 18 litros de água.
Recurso ilimitado?
Uma das evidências de que a escassez prevista é real, e não uma extrapolação catastrófica, é o número de países onde já foi superado o nível de vida capaz de ser suportado pela água disponível. Países com suprimentos anuais entre 1 mil e 2 mil metros cúbicos por pessoa são definidos pelos hidrologistas como pobres em água. Atualmente, 26 países, com população em torno de 250 milhões de pessoas, estão incluídos nessa classificação. Com crescimento demográfico acelerado em vários deles, a situação tende a agravar-se já num futuro bem próximo.
(…) Os casos mais graves envolvem os depósitos fósseis, estoques subterrâneos de água de milhares de anos que recebem reduzida reposição das chuvas. Como poços de petróleo, esses estoques acabarão por esgotar-se ao final de certo tempo. A Arábia Saudita, por exemplo, retira de depósitos fósseis 75% da água de que precisa. E a demanda está aumentando com a decisão de tornar o país grande produtor de trigo. (…)
Fonte: Capozoli, Ulisses. "Educação pode evitar a futura falta de água". Jornal O Estado de São Paulo, 19 de março de 1996.
Boa materia. Vejo que colocou a fonte, obrigado.
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