sexta-feira, dezembro 30, 2005

Brasil fica em 72º lugar no ranking do IDH

Desenvolvimento piorou em 20 países desde 1990

Noruega segue líder; Serra Leoa é o último pelo sétimo ano

O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) de 2004 atribui ao Brasil um IDH de valor 0,775, o que coloca o país na 72ª colocação entre 177 territórios. Esse resultado mantém o Brasil na parte superior do grupo dos países com desenvolvimento humano médio (de 0,500 a 0,800). Fazem parte do ranking deste ano 175 países, além de Hong Kong (China) e o Território Palestino Ocupado.

Os resultados não são comparáveis aos do RDH 2003 devido a mudanças no cálculo de um dos indicadores que formam o Índice de Desenvolvimento Humano. No Relatório do ano passado, o Brasil aparecia na 65ª posição. A principal mudança em relação ao RDH 2003 ocorreu em educação, uma das três dimensões que compõem o IDH, junto a longevidade e renda.

O IDH é calculado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) a partir das melhores séries de dados internacionais disponíveis à data de elaboração do Relatório e fornecidas por instituições do sistema ONU. No caso dos dados sobre educação usados no RDH 2004, a instituição responsável solicitou aos governos dos países que fornecessem os dados de analfabetismo. Dos 177 territórios que constam do ranking, cerca de 40 responderam à consulta, entre eles o Brasil. Para os demais foram usadas estimativas feitas pela mesma instituição, tal como nos Relatórios de anos anteriores.

Os dados fornecidos pelo governo brasileiro apontam uma taxa de alfabetização de 86,4% (13,6% de analfabetismo). Esse percentual foi apurado no Censo 2000. No Relatório 2003 havia sido empregada uma estimativa, referente ao ano de 2001, que indicava uma taxa de analfabetismo menor. Os dados oficiais brasileiros indicam que esta tendência de queda manteve-se nos anos posteriores.

O segundo indicador que compõem o subíndice de educação é a taxa de matrícula bruta nos três níveis de ensino. A estimativa da Unesco, nesse caso, foi de 92% da população em idade escolar (19ª maior taxa). As taxas de analfabetismo e de matrícula são combinadas e transformadas no subíndice de educação, que neste Relatório ficou em 0,88 (contra 0,90 no RDH 2003). Não se trata, porém, de uma involução brasileira na educação, mas de uma reavaliação da série de dados primários.

A despeito dessa reavaliação, a educação continua sendo a dimensão em que o Brasil tem seu melhor desempenho, com uma marca superior à média latino-americana e proporcionalmente mais próxima dos valores dos países desenvolvidos. Considerando-se apenas o subíndice educação, o Brasil fica na 62ª entre 177 posições.

Se fossem usadas as mesmas séries de dados no RDH 2003 que foram usadas no RDH 2004, o IDH do Brasil subiria de 0,773 para 0,775, como se nota na tabela abaixo:


RDH


Ranking


Expectativa de vida


Taxa de alfabetização


Taxa de matrícula

PIB per capita (PPC US$)



IDH

2003

72º

67,8 anos

86,4%

91%

7.730

0,773

2004

72º

68,0 anos

86,4%

92%

7.770

0,775

Nas dimensões de longevidade e renda o país obteve pequenas melhoras. Na longevidade, o subíndice brasileiro cresceu de 0,71 para 0,72; e na renda, o valor subiu de 0,72 para 0,73. A esperança de vida ao nascer do brasileiro, segundo o RDH 2004, é de 68 anos. É a 111ª de 177 posições. É uma posição inferior à do IDH e ainda mais distante da colocação brasileira na classificação por renda.

O Brasil tem um PIB per capita ajustado pela paridade do poder de compra (dólar PPC) de US$ 7,770, o 63º maior dos 177 territórios. O país está nove posições acima no ranking de renda em comparação à sua classificação pelo IDH. Essa diferença de colocação demonstra a dificuldade do país em transformar sua riqueza em bem estar para a população.

O Brasil tem um subíndice de renda igual à média mundial e ligeiramente superior ao da América Latina. Ultrapassa em muito a média de educação do conjunto de territórios pesquisados, mas fica abaixo da média latino-americana em esperança de vida. O Brasil se aproxima mais dos países ricos na dimensão educação (diferença de 0,09) e fica mais distante na variável renda (diferença de 0,22).

IDH diminui em 20 países ao longo dos anos 90

Dois países foram incorporados ao ranking do IDH no relatório de 2004: Tonga (que entrou na 63ª posição) e Timor-Leste (158ª colocação). O país líder continua sendo a Noruega (0,956), seguido por Suécia, Austrália, Canadá e Holanda. Na ponta inferior, os cinco países com menor desenvolvimento humano em todo o mundo continuam sendo Serra Leoa, Níger, Burkina Faso, Mali e Burundi, todos localizados na África. Serra Leoa, que se recupera de uma guerra civil, está na última posição do ranking do IDH há sete anos consecutivos.

Ao longo dos anos 90, o IDH recuou em 20 países. Desses, 13 ficam na África sub-saariana. A expectativa de vida caiu para 40 anos ou menos em oito países da região (Angola, República Centro-Africana, Lesoto, Moçambique, Serra Leoa, Suazilândia e Zimbábue). O principal motivo foi a pandemia de HIV-Aids. Em Botswana e na Suazilândia pelo menos uma em cada três pessoas de 15 a 49 anos está infectada. “A crise da Aids abala as fundações de tudo, da administração pública e do serviço de saúde até a estrutura familiar”, diz o administrador do PNUD, Mark Malloch Brown. Isso porque atinge as pessoas em sua idade mais produtiva.

Desde 1990, um número sem paralelo de países viu seu padrão de vida decair: o cidadão médio de 46 países é mais pobre hoje do que há uma década (20 desses países ficam na África sub-saariana); em 25 países mais pessoas estão com fome atualmente do que no começo dos 90.

O IDH médio mundial é de 0,729. São 101 os territórios acima dessa média, e 76 estão abaixo. Agrupando-se os países por renda per capita, o IDH médio dos ricos é de 0,933, enquanto o índice dos países de renda média é de 0,756, e o dos países pobres, 0,557. Do ponto de vista geográfico, a menor média de IDH é a dos países africanos ao sul do Saara (0,465), seguidos pelo sul da Ásia (0,584), pelos países árabes (0,651), pelos países do extremo oriente (0,740), pela América Latina e Caribe (0,777) e países do Leste Europeu e da ex-URSS (0,796).


Entenda como é calculado o IDH

O IDH é um índice sintético composto por quatro indicadores que medem o desempenho médio dos países em três dimensões do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, mensurada pela expectativa de vida ao nascer; o acessso ao conhecimento, medido pela taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais e pela taxa de matrícula bruta nos três níveis de ensino; um padrão de vida decente, medido pelo PIB (Produto Interno Bruto) de um país dividido pelo número de seus cidadãos e ajustado pela paridade do poder de compra (expressos em dólares PPC).

Apesar de o desenvolvimento humano ser muito mais abrangente do que qualquer índice sintético, o IDH é uma alternativa melhor para medir o bem-estar das pessoas do que o PIB ou a renda per capita.

Os valores estimados para a expectativa de vida ao nascer são originários da “2002 Revision of World Population Prospects”. Essas estatísticas são preparadas a cada dois anos pela Divisão de População das Nações Unidas, com base nos dados censitários e de pesquisas dos países.

Os dados sobre taxa de alfabetização usados no relatório são da estimativa de março de 2004 do Instituto para Estatísticas da Unesco (UIS), que combina estimativas feitas pelos governos nacionais com estimativas da própria UIS. As estimativas nacionais são obtidas com base em informações de censos e pesquisas ocorridas entre 1995 e 2004.

As taxas de matrícula bruta nas escolas primárias e secundárias, e no terceiro grau são produzidas também pelo UIS com base nos dados educacionais obtidos junto aos governos e nos dados de população em idade escolar fornecidos pela Divisão de População das Nações Unidas.

Para poder comparar os padrões de vida enter países, é preciso converter o PIB per capita pelos padrões da Paridade do Poder de Compra (PPC) a fim de eliminar as diferenças nos níveis de preço nacionais. O PIB per capita em dólares PPC de 163 países é fornecido pelo Banco Mundial. Para os países não cobertos pelo Bird são usados dados da Penn World Tables da Universidade da Pensilvânia (EUA).

Para saber mais sobre o PNUD, sobre o IDH e sobre os Relatórios de Desenvolvimento Humano de anos anteriores, acesse o site http://www.blogger.com/www.pnud.org.br.

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