quinta-feira, fevereiro 16, 2006

“2005 foi o melhor ano desde a criação do Calha Norte em 1985”



Coronel Roberto Avelino, gerente do Programa:

“2005 foi o melhor ano desde a criação do Calha Norte em 1985”

Em entrevista à Hora do Povo, o coronel Roberto de Paula Avelino, Gerente do Programa Calha Norte, destacou o apoio dado pelo atual governo ao programa, assim como as ações das Forças Armadas em defesa da Amazônia. O atendimento das FFAA às populações ribeirinhas também foi ressaltado pelo coronel Avelino, mostrando a importância da ação para integrar cada vez mais a região ao restante do país. A seguir, a íntegra da entrevista

HP - Qual sua avaliação sobre o resultado do Programa Calha Norte em 2005?

Cel. Avelino – O ano de 2005 foi o melhor desde a criação do Programa Calha Norte, em 1985. Em termos quantitativos de recursos, até o dia 31 de dezembro, foram liberados R$ 132 milhões. Com esses recursos nós estamos em condições de fiscalizar cerca de 200 obras civis conveniadas entre o Calha Norte e estados e prefeituras, como construção de escolas, instalações elétricas, pavimentação e drenagem de ruas, bibliotecas, creches, terraplanagem, células habitacionais, projetos de apicultura, entre outras.

HP - E as obras direcionadas às Forças Armadas?

Cel. Avelino - Nós estamos fazendo obras de infra-estrutura ao longo de nossas fronteiras amazônicas, nos estados do Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia. 2005 foi um ano muito bom e esperamos que esse ano também seja, apesar de ser um ano complicado para se realizar os convênios por ser ano eleitoral e temos um prazo até junho. Além das obras civis do Programa, vamos continuar as de manutenção de nossa soberania, repassando recursos para o Exército, Marinha e Aeronáutica. Nós temos feito uma série de obras que visam a segurança de nossas fronteiras amazônicas, como a transferência da Brigada de Infantaria de Selva de Niterói para São Gabriel da Cachoeira (AM), contando já com a presença do general Boabaide e alguns batalhões, o aquartelamento já está todo pronto e estamos iniciando a construção de um batalhão em Barcelos (AM) e em Santa Isabel do Rio Negro (AM), que vão compor uma brigada na Cabeça do Cachorro, na fronteira com a Colômbia. No caso da Marinha, por exemplo, foi repontencializado os motores de três navios que já estavam operando há quase 30 anos na Amazônia, o que dará uma vida útil de mais dez anos. A Aeronáutica tem aplicado recursos em pistas de pouso e na construção da base aérea de São Gabriel da Cachoeira e já existe um estudo para a construção de uma base aérea em Vilhena (RO), na fronteira com Mato Grosso.

HP – E o apoio do governo federal para o Calha Norte?

Cel. Avelino – Consciente da sua importância, em 2005 nós tivemos o maior apoio do governo federal para o Programa, inclusive para a liberação de emendas de parlamentares - individuais, de bancada e de comissão -, que vinham sofrendo muito contingenciamento, e foi espetacular para nós. Com isso pudemos dar continuidade a uma série de projetos, como a manutenção de nossos Pelotões Especiais de Fronteira. Estamos reformando todos os pelotões, adquirindo equipamentos, reformando pequenas centrais hidrelétricas, para melhorar as condições de vida do nosso pessoal na fronteira. Aliás, não só do pessoal dos pelotões de fronteira, mas também da população civil que vive em volta e que tem aumentado muito. É um trabalho de repotencialização dessas pequenas hidrelétricas que tem sido feito junto com o Ministério de Minas e Energia, Eletronorte e Comando Militar da Amazônia para levar “Luz para Todos”, dentro do programa do governo federal. Também temos trabalhado longo da fronteira com recursos advindo do Fundo Social do BNDES, há dois anos, em convênio principalmente com prefeituras, como São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga (AM), no Alto Solimões, e Oiapoque (AP), fronteira com a Guiana Francesa.

HP – Tem sido feito algum trabalho junto às comunidades indígenas?

Cel. Avelino – Dentro do Programa, temos ações de “Apoio às Comunidades”, como as realizadas com os índios Tikunas, próximo à Tabatinga, no Amazonas, recuperando escolas, fazendo pontes, recuperando o ramal rodoviário. Temos trabalhado com os Tucanos, próximo a São Gabriel da Cachoeira, apoiando a comunidade ao longo da BR 307, também na região do Tiquié, próximo à Yauaretê. Não temos problemas nenhum e contamos com o apoio da Funai. São feitos poços artesianos, fornecemos equipamentos e combustíveis, entre outras ações.

HP – Como são distribuídos os recursos do Programa Calha Norte?

Cel. Avelino – As duas vertentes do Programa, militar e civil, caminham juntas. Ultimamente nós temos mais recursos para obras civis em função das emendas dos parlamentares, o que tem sido muito importante para as pessoas que vivem na região. Temos feitos repasses também para os batalhões de engenharia do Exército, que têm realizado também obras em proveito de populações civis. A companhia de engenharia de São Gabriel da Cachoeira tem feito a manutenção da BR 307, no trecho que liga este município a Cucuí. A mesa coisa com as companhias de engenharia Santarém, de Rio Branco e de Porto Velho.

HP – O Programa Calha tem cumprido os objetivos para o qual foi criado?

Cel. Avelino - Nós estamos vivendo um momento muito bom. Temos um apoio muito grande do governo federal, do Ministério da Defesa, do Congresso Nacional e, principalmente, das populações que vivem lá. O Programa Calha Norte tem contribuído para a manutenção da nossa soberania, para a inclusão social, para uma melhor distribuição de renda, para geração de empregos e para melhorar a vida das pessoas que vivem nas fronteiras amazônicas e que precisam muito de obras de infra-estrutura.

VALDO ALBUQUERQUE

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