Syngenta desacata Lei brasileira e não paga multa que deve ao Ibama
A Syngenta, multinacional que integra o cartel que monopoliza o mercado mundial de sementes transgênicas, ainda não pagou a multa de R$ 1 milhão que recebeu do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) paranaense, em março deste ano.
A multinacional fatura anualmente cerca de R$ 18,5 bilhões no mundo todo, segundo seu balanço de 2005. À custa do achaque aos produtores brasileiros, a empresa garante 10% do seu faturamento anual, ou seja, cerca de R$ 1,824 bilhão.
A multa foi aplicada pelo plantio ilegal das suas sementes geneticamente modificadas em área de segurança ambiental no Paraná, na zona de amortecimento do Parque Nacional do Iguaçu, uma das mais belas expressões da natureza no mundo que reúne uma conjunção de lençóis freáticos que, caso contaminados, podem trazer sérios prejuízos ao povo e ao país.
De acordo com o Ibama, a fazenda de 123 hectares plantados com milho geneticamente modificado para resistir aos seus próprios venenos herbicidas, está a 6 quilômetros do parque, enquanto a lei determina distância mínima de 10 quilômetros, exatamente pelo perigo de contaminação da flora nativa e das águas.
O “desconhecimento” da lei é uma prática corrente entre as meia dúzia de empresas que monopolizam o setor de transgênicos no mundo. Multas por fraude, corrupção de parlamentares e contrabando de sementes são poucos exemplos dos crimes cometidos por tais empresas. A lista vai longe, desde a extinção de espécies crioulas pela contaminação de seus transgeres até perseguição de cientistas que pesquisam os efeitos nocivos dos seus venenos ao meio ambiente e à saúde humana.
No final de março, a revista Nature publicou denúncia de que a Syngenta comercializa nos EUA, já há quatro anos, uma variedade de milho transgênico proibida no país. O milho Bt10 possui, além das características de resistência a doenças e a herbicidas, um gene marcador chamado “amp”, que confere resistência aos antibióticos penicilina e ampicilina. A preocupação dos cientistas que identificaram a prática ilegal, é pela possibilidade de transferência da resistência para microorganismos que vivem no rúmen, intestino ou no meio ambiente agrícola.
“Isso mostra o total descontrole que essas empresas têm em relação aos mutantes que produzem. O pólen dessa planta já foi espalhado no meio ambiente, permanecendo como uma ‘poluição genética’ no meio ambiente”, alertou a revista.
MARIANA MOUR
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