Seis anos depois de ter retirado suas tropas do sul do Líbano, Israel voltou a invadir esse país, desta vez em represália a uma ação do grupo xiita libanês Hizbolá (partido de Deus), que atacou uma patrulha na fronteira e seqüestrou dois soldados israelenses – outros oito militares morreram na ação. O Hizbolá, que tem o apoio do Irã e da Síria, sempre atacou Israel, mas atualmente participa do governo libanês e foi por isso que o premiê Ehud Olmert acusou o Líbano de “ato de guerra”. Com forte apoio de artilharia, as Forças de Defesa de Israel avançaram 16 quilômetros em território libanês, lançaram ataques aéreos e impuseram um bloqueio naval. Até a sexta-feira 14, a ofensiva tinha matado 63 pessoas no Líbano, entre eles quatro brasileiros.
Essa incursão militar abre uma segunda frente para o Exército israelense, que desde o dia 25 de junho já mantinha uma ofensiva aérea e terrestre na Faixa de Gaza para forçar o grupo fundamentalista islâmico Hamas, que controla o governo da Autoridade Nacional Palestina, a libertar um outro soldado israelense seqüestrado. Cerca de 80 palestinos já morreram nessa ofensiva.
O Hizbolá é uma organização militar e política fundada no início dos anos 80, com o apoio financeiro do Irã, para resistir à ocupação israelense do Líbano. No complicado xadrez político do Oriente Médio, o Hizbolá, embora xiita, acabou virando joguete nas mãos da ditadura laica da Síria, que controlou o Líbano até o ano passado. A retirada unilateral de Israel do sul do Líbano, em 2000, foi capitalizada pelo Hizbolá, que atribuiu o fato à sua resistência. O grupo virou partido político e entrou no governo, mas jamais abandonou a opção armada. O Hamas repetiu essa estratégia, atribuindo às suas ações terroristas a retirada isralense de Gaza, em 2005. Em seguida, ganhou as eleições, mas não renunciou à violência. O Hizbolá é xiita e o Hamas, sunita, mas ambos têm em comum o desejo de destruir Israel e o fato de terem montado uma rede de assistência social para garantir o apoio dos setores mais carentes. Israel agora terá que enfrentar simultaneamente dois inimigos islâmicos com forte apoio popular.
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