Pedro Dória
Agora que, cada vez mais parece, o Processo de Paz desandou de vez, não custa voltar à dúvida de Benjamin Schwarz, editor de literatura da veterana revista norte-americana The Atlantic Monthly:
O número de nascimentos nos territórios ocupados é bem maior do que o em Israel. Muito rapidamente, os judeus serão minoria nas terras que governam entre o Rio Jordão e o Mediterrâneo. (Pelos cálculos de alguns, já são minoria.) Alguns demógrafos prevêem que, em quinze anos, judeus serão 42% da população na área. Durante décadas, israelenses discutiram se era sábio anexar os territórios. Nos últimos cinco anos surgiu o consenso nas comunidades de inteligência, política e militar de que o país deve sair de quase todas, se não todas, aquelas terras. Em caso contrário, fatalmente os judeus israelenses serão obrigados a escolher entre viver num Estado judaico ou viver numa democracia. Acontecerá de os palestinos cobrarem não seu próprio país mas um país binacional, baseado no princípio de um homem, um voto. Neste momento futuro, explica o vice-premiê israelense Ehud Olmert, ‘nós perderemos tudo’.
Olmert é, hoje, o premiê. O caminho da paz não é simples: numa pesquisa de 2001, 98,7% dos palestinos nos territórios ocupados diziam não estar dispostos a abrir mão do direito de retorno. Enquanto este desejo se mantiver, o impasse permanece. O direito de retorno às terras deixadas em 1948, afinal, traria o mesmo resultado que Israel precisa evitar para garantir sua sobrevivência: uma ampla população árabe. Foi, no fim das contas, por ter medo da reação de seu povo caso abrisse mão do direito de retorno que Yasser Arafat não assinou um acordo definitivo para a criação da Palestina, com Ehud Barak, em 1999.
Poder militar, Israel tem para sobreviver. Mas a paz não pode demorar indefinidamente para vir. Se demorar demais, Israel acaba.
Publicado por Pedro Doria - 19/07/06 1:20 PM
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