terça-feira, setembro 22, 2009

Petroleira inglesa oferece dinheiro a vítimas de seu lixo tóxico para não encarar tribunal

 

A petroleira inglesa Trafigura, que depositou lixo tóxico na Costa do Marfim em 2006, causando a morte de 15 pessoas e deixando doentes até 100 mil, anunciou que está disposta a pagar uma indenização às vítimas, segundo a BBC. No próximo mês um tribunal de Londres irá se pronunciar sobre o caso, que é a maior ação coletiva desse tipo da história da justiça inglesa, movida por 31 mil africanos. Um relatório da ONU confirmou que há fortes evidências de que as mortes e doenças foram causadas pelo lixo tóxico.

O lixo tóxico foi levado por um navio a serviço da Trafigura para a Costa do Marfim e depositado em 15 diferentes locais da maior cidade do país, Abidjan. Nas semanas que se seguiram, dezenas de milhares sofreram com problemas de respiração, diarréia e náuseas, e 15 morreram. Apesar de ter pago quase US$ 200 milhões para retirar o lixo tóxico jogado na Costa do Marfim, a Trafigura insistia até aqui em declarar que não tinha envolvimento no caso, e que o relatório da ONU era impreciso e prematuro. No ano passado, a empresa pagou US$ 100 milhões ao governo da Costa do Marfim para “compensar as vítimas” e na quarta-feira passada anunciou estar disposta a fechar um “acordo global”.

O lixo tóxico foi resultante da “lavagem” com soda cáustica de um rejeito conhecido como “cocker nafta”, gerado por uma refinaria da Pemex. A Trafigura decidiu, conforme e-mails obtidos pela BBC, comprar o rejeito e vende-lo como gasolina, após “limpá-lo” do excesso de enxofre. “Essa é a forma mais barata que qualquer um pode imaginar e que pode gerar muitos dólares”, registrou um ganancioso executivo em um e-mail.

“COKER NAFTA”

Para isso, foi contratado o navio Probo Koala, cujos operadores usaram toneladas de soda cáustica e de outro catalisador no “coker nafta” para obter a gasolina, um processo barato mas gera o lixo tóxico que vitimou tantos africanos. A Trafigura sabia o que estava fazendo. Conforme outro e-mail, “essa operação não é mais permitida na União Europeia, Estados Unidos e Cingapura. [Ela é] proibida na maioria dos países, devido à ‘natureza nociva do lixo”’.

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