No oeste da África, no golfo da Guiné, entre o Benin e Camarões, o Níger e o Chade situa-se a Nigéria, um dos maiores países africanos – 923.768 Km2 de extensão territorial – com quase 150 milhões de habitantes. O mais populoso país do continente africano tem a maioria de sua população vivendo na miséria absoluta e só 25% dela está nas cidades.
Vários idiomas são falados no país, os das principais etinias que compõem 65% da população, os hussás, iorubas, ibos e fulanis. Os 35% restantes dividem-se em 245 pequenos grupos étnicos.
O idioma oficial é o inglês, herança da submissão à Inglaterra que colonizou o país até 1960 quando se tornou independente com o nome de República Federal da Nigéria e a capital em Lagos. Em 1991 a capital passou a ser a cidade de Abuja no centro geográfico do país.
A maioria da poluação, 50%, professa o islamismo, os outros 50% são cristãos católicos e protestantes ou professam os cultos tradicionais africanos.
71% dos nigerianos vivem com menos de 70 centavos de euros diários, a expectativa de vida é de 47 anos, 50% da população não tem acesso à água potável e o rio Níger é um dos mais poluídos do mundo pela ação predatória da industria química e petrolífera e pela mineração de urânio. 5,4% da população é vítima da epidemia de Aids.
Ao contrário do que demonstra a vida da maioria do povo nigeriano, a Nigéria não é um país pobre. Rica em petróleo é o oitavo produtor mundial – 2 milhões e 300 mil barris diários explorados e exportados por multinacionais.
A Nigéria não tem o controle sobre a produção da riqueza que responde por 95% das exportações e constitui-se em 80% de suas receitas. É membro da OPEP e possui imensas reservas de gás natural, as maiores da África, e que chegam a 190 trilhões de metros cúbicos embora estimativas apontem que elas podem ser ainda maiores. Há um projeto de construção de um gasoduto de 4.200km. passando pelo Níger e pela Argélia para levar gás à Europa para que ela seja menos dependente do gás vindo da Rússia.
O país sofre a escassez de gasolina, pois não sobra petróleo para ser refinado e abastecer o mercado interno, quase tudo o que é extraído é exportado. 40% da população não tem também acesso à eletricidade.
Seu solo é rico em ferro, estanho, carvão e urânio que também são explorados por empresas estrangeiras.
Sua agricultura produz apenas 20% das necessidades de consumo, tudo é importado e pago com a renda do petróleo.
Mas o petróleo é um recurso finito. Calcula-se que o petróleo nigeriano chegará ao máximo de produção em 2012 e a partir daí começará a declinar.
Em que situação ficará o país sem o mesmo nível de recursos gerados pelo petróleo se nada dessa riqueza imensa fica nas mãos dos nigerianos? Se ela não é investida no desenvolvimento industrial interno capaz de gerar empregos que permitam o fortalecimento do mercado interno e o desenvolvimento em outras esferas da atividade econômica que estimulem o país a crescer?
Estão na Nigéria todas as principais multinacionais petrolíferas do mundo e são elas que ditam as cartas do jogo no país. Como o petróleo não vai durar para sempre elas já buscam alternativas a ele na produção de agro-combustíveis e transgênicos. Para isso têm feito grandes investimentos na compra de terras para a produção de etanol.
A alemã Hoyer Co. Engenneering Gbr adquiriu 50 mil hectares de terras no fértil delta do Níger para produzir bio-combustível. A norte-americana Food For All International com apoio (e provavelmente com muito dinheiro) do governo nigeriano comprou milhares de hectares de terras também no delta do Níger para produzir combustível. Muitas empresas inglesas e algumas chinesas também já entraram nesse negócio.
ACORDOS LESIVOS
Toda a política do governo nigeriano é executada para cumprir acordos com os monopólios petrolíferos, que são isentos de todo tipo de taxas e impostos de importação sobre todo e qualquer produto relativo à produção do petróleo ou bio-combustível.
O governo não usa a riqueza do país, gerada pelo petróleo, para produzir outras riquezas e dotar o país de uma infra-estrutura capaz de promover o desenvolvimento e bem estar da população.
Tais acordos lesivos ao país e que permitem aos monopólios petrolíferos darem asas a sua ganância e auferirem superlucros, deixam um rastro de miséria, devastação, fome e desamparo de milhares de nigerianos, cuja diversidade étnica, cultural e religiosa é manipulada pelos prepostos e testas-de-ferro das multis para estimular conflitos de toda ordem em benefício de seus interesses econômicos no país.
A Nigéria está perdendo a chance de desenvolver-se enquanto ainda tem um pouco da riqueza proveniente do petróleo.
O governo não tem dinheiro para investir na industrialização, em educação, saúde, saneamento básico ou habitação e a injustiça generalizada na distribuição da riqueza do petróleo provoca uma grande tensão social.
Surgem guerrilhas que atacam as plataformas e oleodutos das multinacionais em vários pontos do país, mas em particular no delta do Níger.
SHELL
Movimentos sociais acusam a multinacional Shell de degradar o meio ambiente com a queima do gás a céu aberto nos poços de extração, o que vem causando graves prejuízos para saúde de milhares de nigerianos que sofrem de problemas respiratórios e câncer.
A Shell é acusada também de ser responsável pela poluição e degradação do rio Níger onde despeja detritos sem tratamento indiscriminadamente.
O “perigo holandês” no caso da Nigéria é proporcional ao seu tamanho e à sua população.
ROSANITA CAMPOS
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