quarta-feira, setembro 30, 2009

Convite ATO SHOW FORA YEDA

Atenção!

 

No domingo (04/10), a partir das 15 horas, o Comitê Estadual Fora Yeda, composto por um conjunto de organizações da sociedade civil gaúcha, convida para Ato Show pelo Fora Yeda, em frente ao shopping Praia de Belas.

Entre as principais atrações estão confirmadas as presenças de Nei Lisboa, Leonardo, Sombrero Luminoso, Família Sarará, Nelson Coelho de Castro, Pedro Munhoz, Nancy Araújo, Eduardo Solari, Lolipop, Mariposa e Bandinha de Dá Dó. Os artistas participam em apoio a causa.

Os principais jornais da capital negaram-se a publicar nota paga convidando a população para o ato. Portanto, contamos com a sua solidariedade para divulgar o evento.

Pittsburg marca o fim do restrito


G8 nas deliberações econômicas

EUA ainda tentou manter o monitoramento das economias através do FMI, mas a proposta foi rejeitada pelo Brasil, China e Alemanha

O G8 já era: a cúpula de Pittsburg consagrou o G20, que reúne os países centrais e os principais países emergentes, como o principal centro de deliberações sobre a economia mundial, e sobre o enfrentamento da maior crise desde a Depressão de 1930. Como afirmou o comunicado final da cúpula, “Nós designamos o G20 para ser o principal fórum da nossa cooperação internacional”.

A mudança foi assim registrada pela revista inglesa “The Economist”, porta-voz da City londrina. “Uma espécie de reequilíbrio das instituições globais para melhor refletir as realidades econômicas de hoje. De agora em diante, o G20 substituirá o G8, estreito e dominado pelo Ocidente, como fórum primário econômico global, dando àqueles como China, Índia e Brasil um assento permanente à mesa” (a Rússia já participava do G8 desde Ieltsin). Ou seja, trata-se da formalização de uma nova correlação de forças no terreno econômico, que reflete o peso que a China – que já é a terceira ou segunda maior economia do planeta, dependendo de como é calculado o PIB -, a Índia, Brasil, Rússia, África do Sul e outros países passaram a ter.

Essa “substituição na prática” do G8 – como na imagem sugerida pelo presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva – ainda não é a substituição do sistema imposto em Bretton Woods, mas já é um largo passo para o questionamento do sistema que faliu, do dólar e da hegemonia dos monopólios norte-americanos. A propósito, o presidente do Banco Mundial, um norte-americano, Robert Zoellick, advertiu (veja matéria abaixo) que os EUA “não podem dar o dólar como garantido como moeda de reserva do mundo” e se acham sob ameaça da moeda chinesa e do euro.

ESTÍMULOS

Para vários dos países que agora fazem parte do G20, como no caso do Brasil, o “fórum” de que participaram em crises anteriores foi o comitê de bancos da dívida externa e as missões do FMI. Assim, é uma grande mudança. De acordo com a Declaração, “Nossos países concordam em fazer tudo que for necessário para garantir a recuperação, consertar nosso sistema financeiro e manter o fluxo global de capital”. Os signatários também concordaram em manter os estímulos à produção enquanto não seja atingida uma recuperação durável.

Mas nas entrelinhas perpassam várias divergências sobre como resolver a crise, e quanto a que ponto da crise está. A proposta dos EUA para “coordenação econômica” debaixo do FMI com poderes alargados, isto é, o velho “monitora-mento”, revisto e ampliado, foi descartado pela China, Alemanha e Brasil, entre outros, e substituído por uma “revisão pelos pares”. Há diferenças também sobre onde centrar os esforços: enquanto a maior parte do pacote de Obama foi para o bailout dos bancos arrombados, a China dedicou quase US$ 800 bilhões para investimentos na infraestrutura, redire-cionou a economia para desenvolver o mercado interno e ampliou fortemente o crédito através dos bancos estatais.

MONOPÓLIOS

Quanto à questão chave da restauração da regulamentação sobre os monopólios financeiros, o G20 seguiu patinando: as normas somente estarão definidas no ano que vem, e só precisarão ser aplicadas dois anos depois, 2012. Assim, já que a crise eclodiu em 2008, os monopólios financeiros terão tido cinco anos para fazerem vista grossa – e a festa – em Wall Street. Anuncia-se que a regulamentação irá incluir limites mais rigorosos para a alavancagem, mas, enquanto isso, em Wall Street, e nas bolsas do mundo inteiro, a inundação de recursos públicos para os bancos tem permitido frenética especulação com ações, com alta desde o final de março em 35%, o que é apresentado como sintoma da retomada econômica, enquanto os números do desemprego só fazem se agravar. Nos EUA, o desemprego “cheio” já ultrapassou os 16%. A declaração de Pittsburgh também propôs restringir bônus e remuneração dos banqueiros e executivos, embora sem atender à Alemanha e França que queriam limites expressos do tipo proporção da receita ou do capital.

Foi criado ainda, como auxiliar do BIS, espécie de banco central dos bancos centrais, o Conselho de Estabilidade Financeira. Na cúpula, também ficou acertado a ampliação das cotas dos países emergentes no FMI e Banco Mundial. Participaram do G20 a África do Sul, Argentina, Arábia Saudita, Austrália, Brasil, China, Coréia do Sul, EUA, França, Rússia, México, Etiópia, Tailândia, Turquia, União Européia, Espanha, Inglaterra, Japão, Índia, Indonésia, Canadá, Itália, Holanda e Suécia.                                   

ANTONIO PIMENTA

Hora do Povo

terça-feira, setembro 29, 2009

Jazidas do pré-sal bem maiores

 

By: Diário Gauche

RS também está contemplado com óleo na plataforma de Pelotas

Neste último fim de semana conversei com um engenheiro da Petrobras. Ele fez uma revelação surpreendente, sobre as jazidas do pré-sal brasileiro.

Segundo essa fonte confiável, a província petrolífera do pré-sal é muito maior do que já foi anunciado oficialmente pela estatal de energia. Ele assegura que o limite sul do óleo é a bacia do Prata, na altura de Punta del Este, e o limite norte é o Suriname, havendo um intervalo de vazio petrolífero entre Alagoas e Pernambuco/Rio Grande do Norte (leste), mais ou menos (ver a ilustração acima).

Ainda não houve a divulgação do fato porque a Petrobras obedece às políticas estratégicas do Palácio do Planalto, mas sobretudo para evitar intercorrências indevidas da ANP, que segundo ele, tem tido uma postura "muito entreguista e preocupante para os interesses nacionais".

A se confirmar essa informação, o Brasil se alça a uma condição invejável na geopolítica mundial do século 21, mesmo que à custa de energia fóssil e não-renovável.

POSTADO POR ZCARLOS ÀS 2:49:00 PM

http://contextolivre.blogspot.com/2009/09/jazida-do-pre-sal-e-muito-maior.html

 

 

Se for isso estamos feitos!!!!!

A QUEM INTERESSA DERROTAR O BRASIL?

 

Atualizado em 29 de setembro de 2009 às 13:47 | Publicado em 29 de setembro de 2009 às 11:23

O protagonismo do Brasil em Honduras modifica sua tradição

Reorientação do Itamaraty. Além de liderar a Unasul, o presidente Lula projeta seu país como protagonista crucial da crise centro-americana
Por Jorge Castro, no diário argentino El Clarin

O original está aqui 

A decisão do governo do Brasil de abrir sua embaixada em Tegucigalpa para o derrubado presidente Manuel Zelaya a utilize em seu retorno como posto de ação é sem dúvida um acontecimento maior -- tão importante quanto o regresso do mandatário hondurenho -- que modifica uma das políticas fundamentais do Itamaraty nos últimos cem anos.
Essa política, estabelecida pelo barão de Rio Branco (1902-1912) ao largo de quatro mandatos sucessivos (Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca) e continuada durante os cem anos posteriores, com governos de distinta orientação política e ideológica, estabelecia que, na América Central e no Caribe, o Brasil reconhecia a primazia dos Estados Unidos na resolução diplomática ou pela força das crises e conflitos na região. Rio Branco transferiu o eixo da política externa brasileira de Londres a Washington; e Joaquim Nabuco, primeiro embaixador brasileiro na capital norte-americana, foi o executor dessa mudança estratégica primordial, que decidiu a inserção do Brasil no mundo.

Rio Branco foi o primeiro estadista sul-americano que compreendeu que o triunfo dos Estados Unidos na guerra de Cuba (1898) e sua posterior e decisiva mediação no Extremo Oriente, que pôs fim à guerra da Manchúria entre Rússia e Japão (1905), convertia a nação americana em uma potência global e modificava, ao mesmo tempo e para sempre, o sistema de poder internacional, que adquiria uma escala irreversivelmente mundial.
Assim, a "aliança não escrita" com os Estados Unidos se converteu na viga central da política externa do Brasil; e Rio Branco incorporou a potência norte-americana no equilíbrio de poder da América do Sul, com o objetivo -- que conquistou -- de somá-la à disputa com a Argentina pela supremacia sul-americana.
Rio Branco deu respaldo ao "corolário Roosevelt" à Doutrina Monroe, pelo qual o mandatário norte-americano Theodore Roosevelt (1901-09) legitimou a utilização do poder militar (fuzileiros navais americanos) para restabelecer a ordem ou derrubar governos não confiáveis na América Central e no Caribe. Este é o antecedente direto do reconhecimento da primazia norte-americana na América Central e no Caribe, que tem sido uma constante da política externa brasileira até segunda-feira desta semana.
A "aliança não escrita" com os Estados Unidos alcançou um segundo momento de apogeu com Getúlio Vargas, durante o governo de Franklin Delano Roosevelt (1933-45), com a instalação no Nordeste de três bases militares norte-americanas (Belém, Natal e Recife), a declaração de guerra ao Eixo (31 de agosto de 1942) e o envio de um contingente militar para combater na Europa (Força Expedicionária Brasileira), como parte do Quinto Exército estadunidense.
A política exterior do Itamaraty -- desde Fernando Henrique Cardoso a Lula -- tem como prioridade readquirir relevância internacional e resulta numa estratégia de aproximação indireta ao poder mundial (Estados Unidos-G7), fundada na construção na América do Sul de uma plataforma de projeção ao mundo. Neste período, a premissa dessa política exterior tem sido que, na América Latina, há uma fratura profunda entre a América Latina do Norte e a do Sul. Por isso a política impulsionou a criação da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Agora o Brasil saiu do Sul e se tornou um protagonista fundamental da principal crise da América Latina do Norte. Está no centro dos acontecimentos em Honduras. Não atua de forma compartilhada ou multilateral, mas individualmente, como grande potência.
É uma novidade histórica. O Brasil é hoje a representação da comunidade internacional em uma crise que se aprofunda, se polariza e se amplia.

 

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/a-quem-interessa-derrotar-o-brasil/

domingo, setembro 27, 2009

O que o petróleo do Pré Sal tem a ver com você

 

O Brasil pode fazer um novo fundo igual à soma do FAT e do FGTS, mais 20 trens-bala, mais uma Harvard tropical, mais corrigir e manter aposentadorias do INSS, e mesmo assim isso somaria apenas 14% de uma projeção rasteira dos recursos do pré-sal. Isso totalizaria, por alto, 730 bilhões de dólares. Saiba por que tanta gente quer por a mão nessa riqueza e por que há tanta agitação, no Congresso Nacional, sobre esse assunto. O artigo é de Castagna Maia.

Castagna Maia

I. Abaixo do fundo do mar, a cerca de 2 km de profundidade, há uma camada chamada “pós-sal”; abaixo dela, há a chamada “camada de sal”; e abaixo dessa camada há a “camada pré-sal”. Ou seja, há o mar, com cerca de 2 km de profundidade; e após isso, cerca de 5 km abaixo, há a camada pré-sal. A Petrobrás encontrou, há cerca de dois anos, reservas gigantescas de petróleo nessa camada pré-sal.
II. Há uma possibilidade de o pré-sal ter 300 bilhões de barris de petróleo. Façamos uma conta por UM TERÇO disso, 100 bilhões de barris. O custo de produção, hoje, no mundo, é de cerca de 8 dólares por barril. Como a tecnologia necessária para explorar o pré-sal é maior, façamos a conta a 20 dólares o barril para extração. Com a cotação do barril a 70 dólares, hoje, é possível ter um “lucro” de 50 dólares sobre o barril.
Se multiplicarmos esses 50 dólares de “lucro” por 100 bilhões de barris, teremos 5 trilhões de dólares. Essa é a riqueza já pesquisada e descoberta pela Petrobrás, calculada pela hipótese mais pessimista possível.
III. É uma riqueza realizável no tempo, durante, por exemplo, 20 anos, e levaremos 6 ou 7 anos para atingir uma boa produção. Divididos esses 5 trilhões de dólares por 20 anos, dá 250 bilhões de dólares ao ano. O que são 5 trilhões de dólares? O que dá para fazer com isso?
O orçamento do trem-bala Rio-São Paulo é de 15 bilhões de dólares. Com 300 bilhões de dólares podemos fazer 20 trens-bala, ligando de Porto Alegre a Belém, passando por São Luís, Teresina, Fortaleza, Maceió, Aracaju, Cuiabá, Campo Grande e por aí afora. Isso permitiria o transporte barato de pessoas e da produção, integrar regiões a um preço baixo, economizar na manutenção de estradas e ter um transporte mais seguro, mais confortável e mais limpo. Imagine o que seria isso na integração econômica do Brasil. Esses 300 bilhões de dólares seriam 6% da riqueza do pré-sal, na pior hipótese que é de “apenas” 100 bilhões de barris.
O orçamento anual da Universidade de Harvard é de 3 bilhões de dólares. Com 60 bilhões de dólares podemos sustentar uma universidade do mesmo nível de Harvard durante 20 anos. Podemos colocar na nossa Harvard Tropical os 5 primeiros colocados nas melhores universidades do País, sem que paguem nada. Fariam graduação, mestrado, doutorado. E voltariam para suas universidades para disseminar o conhecimento. Ali está o futuro da tecnologia brasileira. Nossa conta já foi, aqui, a 360 bilhões de dólares.
IV. O INSS paga anualmente o equivalente a 90 bilhões de dólares em benefícios. Com o equivalente a mais de dois anos de pagamento de benefícios, 180 bilhões de dólares, é possível CORRIGIR E MANTER as aposentadorias do INSS. É possível resgatar os valores das aposentadorias e pensões, e resgatar a dignidade dos aposentados. Somando 20 trens-bala, a “Harvard Tropical”, o resgate dos aposentados e pensionistas, teríamos 560 bilhões de dólares. Os três projetos que mencionamos até agora envolveriam a APENAS ONZE POR CENTO DA RIQUEZA DO PRÉ-SAL calculada por baixo.
Praticamente todo o financiamento brasileiro da indústria, habitação, saneamento, renovação do parque industrial, incorporação de novas tecnologias é feito com recursos do FAT, via BNDES. O FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, que também paga o seguro-desemprego, tem um patrimônio próximo a 80 bilhões de dólares. O FGTS acumulou, até hoje, cerca de 90 bilhões de dólares. Esses dois fundos totalizam, portanto, 170 bilhões de dólares.
V. O Brasil pode fazer um novo fundo igual À SOMA DO FAT E DO FGTS, mais os 20 trens-bala, mais nossa Harvard tropical, mais corrigir e manter aposentadorias do INSS, e mesmo assim isso somaria APENAS 14% de uma projeção rasteira dos recursos do pré-sal. Isso totalizaria, por alto, 730 bilhões de dólares.
VI. O orçamento federal da Educação é de 17 bilhões de reais, ou 9 bilhões de dólares. Esses recursos podem ser TRIPLICADOS: os 9 existentes mais 18 bilhões de dólares. Com esse acréscimo de 18 bilhões de dólares ao orçamento já existente, em 20 anos seriam gastos 360 bilhões de dólares. Isso permitiria, finalmente, a ESCOLA PÚBLICA EM TEMPO INTEGRAL, com alimentação, médico, dentista, biblioteca, computadores, atletismo, esporte, cultura. A conta, aqui, chegou a 1,09 trilhão de dólares.
VII. O orçamento da saúde, que sustenta o SUS, é de 43 bilhões de reais, ou 22 bilhões de dólares. Se DUPLICARMOS o orçamento do SUS, teremos que adicionar mais 22 bilhões ao ano, ou 440 bilhões de dólares em 20 anos. Isso é 8% do total do petróleo da camada pré-sal segundo a conta mais pessimista. Aqui, a conta sobe para 1,530 trilhão de dólares, ou 28% do total do pré-sal.
VIII. Para fins meramente comparativos, veja: a dívida interna brasileira está em 1 trilhão de reais, ou 500 bilhões de dólares. Somado isso aos projetos anteriores, seriam gastos 2,03 trilhões de dólares. E estamos falando na conta mais pessimista, de 5 trilhões de dólares de reservas.
Mas veja as premissas:
a. Falamos do preço do barril a 70 dólares, hoje, e deve subir, novamente, a 100 dólares o barril.
b. Calculamos sobre reservas de 100 bilhões de barris, mas podem chegar a 300 bilhões de barris.
c. Falamos de um custo de extração quase 3 vezes maior do que o atual: atualmente, 8 dólares o barril. Aqui, apontamos 20 dólares porque se trata do pré-sal, onde a dificuldade é maior. 70 dólares o barril menos 20 de custo de extração dá 50 dólares de lucro líquido por barril. Multiplicando por 100 bilhões de barris, dá 5 trilhões de dólares. Se o custo de extração for maior, de 30 dólares o barril, o total de “lucro líquido” chega a 4 trilhões de dólares.
O valor do pré-sal foi calculado, aqui, prevendo algo muito menor do que as expectativas técnicas.
IX. Quanto aos projetos, temos, em dólares:
1. 300 bilhões para 20 trens-bala interligando de Porto Alegre a Belém, o que barateira a locomoção de pessoas e o transporte de mercadorias e integraria definitivamente o Brasil.
2. 60 bilhões de dólares para construir e manter, durante 20 anos, uma universidade no padrão Harvard, que abrigaria os melhores alunos das nossas universidades, gratuitamente, e daria continuidade à nossa busca por tecnologia própria.
3. 200 bilhões de dólares para corrigir e manter as aposentadorias do INSS, igual a mais de dois anos do total de benefícios atuais.
4. 170 bilhões de dólares para fazer um novo fundo de desenvolvimento, igual à soma do FAT e do FGTS.
5. 360 bilhões de dólares que triplicam o orçamento federal da Educação nos próximos 20 anos, e que permitiriam escola de tempo integral para todos, com alimentação, saúde, atletismo, esporte, informática.
6. 440 bilhões de reis para DOBRAR o orçamento federal em saúde durante 20 anos.
7. 500 bilhões de dólares como mero comparativo do que seria necessário para liquidar a dívida interna brasileira.
Isso tudo dá um total de 2,03 trilhões de dólares, ou 40% do que temos no pré-sal de acordo com os cálculos absolutamente pessimistas que fizemos.
Só que o pré-sal pode ter 300 bilhões de barris; o petróleo pode ir rapidamente a 100 dólares, e o custo de extração permaneceria em 20 dólares, o que daria um “lucro líquido” de 80 dólares o barril. Nessa hipótese, teríamos 300 bilhões de barris multiplicados por 80 dólares de “lucro líquido”, o que daria 24 trilhões de dólares. Essa é a hipótese otimista.
X. E o que o Brasil precisa para “ganhar” 5 trilhões de dólares, ou seja, o “lucro” do pré-sal após extraído? Só precisamos extrair, com a tecnologia já detida pela Petrobras. A Constituição Federal já disse que o petróleo pertence à União, pertence ao povo brasileiro. Uma parte já foi vendida – por causa da terrível “flexibilização do monopólio do petróleo”, por meio dos absurdos leilões de bacias petrolíferas. Mas há, no mínimo, 5 TRILHÕES de dólares líquidos esperando pelo Brasil.
É claro que a conta pode ser feita com outros destinatários: as grandes petrolíferas multinacionais fazem essa conta tendo em vista o seu lucro; alguns, tendo em vista financiamentos de campanhas políticas; outros, o enriquecimento pessoal. Aqui fizemos uma conta levando em consideração os interesses do BRASIL E DO SEU POVO. Apontamos projetos que podem mudar radicalmente o Brasil, que nos colocam no grupo dos países desenvolvidos. Ou se pensa no Brasil e no seu povo, ou se pensa em como apropriar essas riquezas para poucos grupos internacionais, para financiar campanhas políticas, para o enriquecimento de alguns.
XI. O petróleo do pré-sal interessa diretamente a você. Se você é trabalhador, porque haverá geração de mais empregos e consequente aumento de salários. Só o convênio PROMINP – Petrobrás Indústria garante, desde já, 250.000 empregos diretos e 500.000 empregos indiretos. Isso de imediato. Se você é aposentado, porque uma pequena parte desses recursos já garantiria a correção e manutenção das aposentadorias, além da viabililidade permanente da previdência social e a significativa melhora da saúde pública. Se você é empresário, porque é possível constituir um fundo igual à SOMA do FAT e do FGTS para financiar investimentos, ganhos tecnológicos, ampliações, consumo, distribuição, transporte, habitação, exportação, além de baratear o transporte dos produtos.
XII. É preciso garantir o nosso próprio abastecimento, em primeiro lugar, durante todo esse período, até que possamos ultrapassar nossa dependência do petróleo e criar nova matriz energética. Garantido nosso abastecimento, é preciso reverter essa riqueza para o povo brasileiro. Essa riqueza é sua, dos seus filhos, dos seus netos, é o legado que uma geração deixará para as gerações seguintes: a de um futuro promissor, farto, humano, fraterno, do Brasil e do seu povo. É o nosso ingresso no grupo dos países desenvolvidos.


Castagna Maia é advogado.

 

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16164

quinta-feira, setembro 24, 2009

O homem no centro da crise hondurenha: quem é Manuel Zelaya?

 

Filho de poderoso fazendeiro, Manuel Zelaya foi eleito em 2005 pelo Partido Nacional Hondurenho, de direita, com um programa também de centro-direita, num cenário em que poucas famílias da elite controlavam a economia local, e onde a esquerda havia sido escanteada do poder. Apesar disso, Zelaya promoveu reformas econômicas e sociais consideradas de esquerda, custando-lhe a perda do apoio da elite. O artigo é de Larissa Ramina.

Larissa Ramina (*)

Em 28 de junho, Manuel Zelaya fora expulso de seu país, que deixara vestindo pijamas. Destituído por um golpe de Estado, amplamente condenado pela comunidade internacional, refugiou-se na vizinha Nicarágua. Após 3 meses de tentativas frustradas, atravessou clandestinamente as fronteiras hondurenhas e abrigou-se na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, no dia 21 de setembro. Seu retorno ocorre em um momento crucial, na véspera da reunião da Assembléia Geral da ONU, que deverá reunir em Nova Iorque chefes de Estado de todo o planeta.
O governo golpista de Roberto Micheletti apressou-se em adotar medidas militares, dispersando violentamente os cerca de 4000 partidários de Zelaya reunidos no local. Um toque de recolher foi imposto na capital, e os aeroportos, escolas e comércio foram fechados. Água, luz e telefone da Embaixada foram cortados. A OEA adotou resolução pedindo a recondução do líder deposto ao poder e o respeito de sua integridade física. O governo brasileiro solicitou a intervenção do Conselho de Segurança da ONU para garantir a segurança da Embaixada.
Mas afinal, quem é Manuel Zelaya, o homem no centro da crise hondurenha?
Candidato conservador às eleições de 2006, Zelaya transformou-se após o golpe em herói popular, sendo tratado pela oposição como esquerdista e comunista. Todavia, o homem de chapéu estilo “cowboy”, camisa desabotoada, botas texanas e bigode marcante não é facilmente descrito.
Filho de poderoso fazendeiro, fora eleito em 2005 pelo Partido Nacional Hondurenho, de direita, com um programa também de centro-direita, num cenário em que poucas famílias da elite controlavam a economia local, e onde a esquerda havia sido escanteada do poder. Apesar disso, Zelaya promoveu reformas econômicas e sociais consideradas de esquerda, custando-lhe a perda do apoio da elite.
Diante de uma urgência financeira para concretizar reformas sociais no país em que 70% da população vive abaixo da linha da miséria, Zelaya buscou ajuda no setor privado, que firmemente lhe virou as costas. O Banco Mundial, por sua vez, ofereceu-lhe uma ajuda irrisória de U$ 10 milhões. O empréstimo relevante, de U$ 132 milhões, veio de Hugo Chávez.
A aliança com a Venezuela, sacramentada na adesão à Alternativa Bolivariana para as Américas, marcou a espetacular virada de Zelaya à esquerda, ilustrada pelo aumento de 65% do salário mínimo hondurenho, que passou de U$189 para U$ 289. Esse fato marcou o rompimento definitivo com o conservadorismo local. Não obstante, Zelaya foi o primeiro chefe de Estado hondurenho a visitar Cuba desde 1959, onde se desculpou publicamente com Fidel Castro pelo fato de seu país ter servido de base norte-americana para a luta contra a guerrilha; aproximou-se de Daniel Ortega na Nicarágua e protestou contra a ingerência dos EUA na Venezuela e na Bolívia. Para coroar sua posição, declarou na Assembléia Geral da ONU que o capitalismo estaria “devorando os seres humanos”.
Em seguida, isolado pelo patronato e por seu próprio partido, e já começando a inquietar os EUA, Manuel Zelaya insistiu no que chamou de “revolução pacífica” para a instauração de uma “democracia participativa”, convocando um referendo para consultar acerca da possibilidade de modificar a Constituição e permitir a reeleição do chefe de Estado. Essa empreitada, já iniciada por outros chefes de Estado na América Latina, entre os quais Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e também o conservador Álvaro Uribe, foi considerada ilegal pela Corte suprema hondurenha, apoiada por alguns membros do Congresso, por parte do Exército e pelos meios empresariais. Zelaya foi preso pelos militares na manhã do referendo, no dia 28 de junho de 2009. No Brasil, encontrou o apoio que lhe permitiu retornar a seu país. Porque o Brasil e não Venezuela? A resposta é estratégica, e o Presidente brasileiro tem reputação na Europa e nos EUA muito melhor do que o Presidente venezuelano.
O golpe de Estado dirigiu-se a um Presidente que fora eleito por um partido de direita, e que no decorrer do mandato deu uma guinada à esquerda. Micheletti anunciou que Zelaya seria preso e julgado por traição, caso entrasse em Honduras. O homem no centro da crise fora considerado, portanto, um traidor: um traidor da elite hondurenha.
Larissa Ramina, Doutora em Direito Internacional pela USP e Professora da UniBrasil.

"América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo"

 

Em entrevista ao La Jornada, Noam Chomsky fala sobre a América Latina, definindo-a como uma das únicas regiões do mundo onde há uma resistência real ao poder do império. "Pela primeira vez em 500 anos há movimentos rumo a uma verdadeira independência e separação do mundo imperial. Países que historicamente estiveram separados estão começando a se integrar. Esta integração é um pré-requisito para a independência. Historicamente, os EUA derrubaram um governo após outro; agora já não podem fazê-lo", diz Chomsky.

La Jornada

A América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo, diz Noam Chomsky. Há aqui uma resistência real ao império; não existem muitas regiões das quais se possa dizer o mesmo. Entrevistado pelo La Jornada, um dos intelectuais dissidentes mais relevantes de nossos tempos assinala que a esperança e a mudança anunciada por Barack Obama é uma ilusão, já que são as instituições e não os indivíduos que determinam o rumo da política. Em última instância, o que Obama representa, para Chomsky, é um giro da extrema direita rumo ao centro da política tradicional dos Estados Unidos.
Presente no México para celebrar os 25 anos de La Jornada, o autor de mais de cem livros, lingüista, crítico antiimperialista, analista do papel desempenhado pelos meios de comunicação na fabricação do consenso, explica como a guerra às drogas iniciou nos EUA como parte de uma ofensiva conservadora contra a revolução cultural e a oposição à invasão do Vietnã. Apresentamos a seguir a íntegra das declarações de Chomsky ao La Jornada:
A América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo. Pela primeira vez em 500 anos há movimentos rumo a uma verdadeira independência e separação do mundo imperial. Países que historicamente estiveram separados estão começando a se integrar. Esta integração é um pré-requisito para a independência. Historicamente, os EUA derrubaram um governo após outro; agora já não podem fazê-lo.
O Brasil é um exemplo interessante. No princípio dos anos 60, os programas de (João) Goulart não eram tão diferentes dos de Lula. Naquele caso, o governo de Kennedy organizou um golpe de Estado militar. Assim, o estado de segurança nacional se propagou por toda a região como uma praga. Hoje em dia, Lula é o cara bom, ao qual procuram tratar bem, em reação aos governos mais militantes na região. Nos EUA, não se publicam os comentários favoráveis de Lula a Chavez ou a Evo Morales. Eles silenciados porque não são o modelo.
Há um movimento em direção à unificação regional. Começam a se formar instituições que, se ainda não funcionam plenamente, começam a existir, como é o caso do Mercosul e da Unasul.
Outro caso notável na região é o da Bolívia. Depois do referendo, houve uma grande vitória e também uma sublevação bastante violenta nas províncias da Meia Lua, onde estão os governadores tradicionais, brancos. Dezenas de pessoas morreram. Houve uma reunião regional em Santiago do Chile, onde se expressou um grande apoio a Morales e uma firme condenação à violência, o que foi respondido pelo presidente boliviano com uma declaração importante. Ele disse que era a primeira vez na história da América Latina, desde a conquista européia, que os povos tomaram o destino de seus países em suas próprias mãos sem o controle de um poder estrangeiro, ou seja, Washington. Essa declaração não foi publicada nos EUA.
A América Central está traumatizada pelo terror da era Reagan. Não é muito o que ocorre nesta região. Os EUA seguem tolerando o golpe militar em Honduras, ainda que seja significativo que não possa apoiá-lo abertamente.
Outra mudança, ainda que acidentada, é a superação da patologia na América Latina, provavelmente a região mais desigual do mundo. É uma região muito rica, sempre governada por uma pequena elite europeizada, que não assume nenhuma responsabilidade com o resto de seus respectivos países. Isso pode ser visto em coisas muito simples, como o fluxo internacional de bens e capitais. Na América Latina a fuga de capitais é quase igual à dívida. O contraste com a Ásia oriental é muito impactante. Aquela região, muito mais pobre, teve um desenvolvimento econômico muito mais substantivo e os ricos estão submetidos a mecanismos de controle. Não há fuga de capitais; na Coréia do Sul, por exemplo, ele é castigado com a pena de morte. O desenvolvimento econômico lá é relativamente igualitário.
O enfraquecimento do controle dos EUA
Havia duas formas tradicionais pelas quais os EUA controlavam a América Latina. Uma era o uso da violência; a outra, o estrangulamento econômico. Ambas foram debilitadas.
Os controles econômicos são agora mais fracos. Vários países se liberaram do Fundo Monetário Internacional através da colaboração. Também foram diversificadas as ações entre os países do Sul, processo no qual a relação do Brasil com a África do Sul e a China desempenhou um fator importante. Esses países passaram a enfrentar alguns problemas internos sem a poderosa intervenção dos Estados Unidos.
A violência não terminou. Ocorreram três golpes de Estado neste início de século XXI. O venezuelano, abertamente apoiado pelos EUA, foi revertido, e agora Washington tem que recorrer a outros meios para subverter o governo, entre eles, ataques midiáticos e apoio a grupos dissidentes. O segundo foi no Haiti, onde a França e os EUA depuseram o governo e enviaram o presidente para a África do Sul. O terceiro, em Honduras, foi de um tipo misto. A Organização dos Estados Americanos (OEA) assumiu uma postura firme e a Casa Branca teve que segui-la e proceder com muita cautela e lentidão. O FMI acaba de aprovar um enorme empréstimo a Honduras, que substitui a redução da ajuda do governo dos EUA. No passado, estes eram assuntos rotineiros. Agora, essas medidas (a violência e o estrangulamento econômico) ficaram debilitadas.
Os Estados Unidos estão reagindo e dando passos para remilitarizar a região. A Quarta Frota, dedicada à América Latina, que tinha sido desmantelada nos anos 1950, foi retomada, e as bases militares na Colômbia são um tema importante.
A ilusão de Obama
A eleição de Barack Obama gerou grandes expectativas de mudança para a América Latina. Mas são ilusões. Sim, há uma mudança, mas o giro é porque o governo de Bush foi tão ao extremo do espectro político estadunidense que qualquer coisa que se movesse iria para o centro. De fato, o próprio Bush, em seu segundo período, foi menos extremista. Desfez-se de alguns de seus colaboradores mais arrogantes e suas políticas foram mais moderadamente centristas. E Obama, de maneira previsível, continua com esta tendência.
Tivemos um giro rumo à posição tradicional. Mas qual é essa tradição? Kennedy, por exemplo, foi um dos presidentes mais violentos do pós-guerra. Woodrow Wilson foi o maior intervencionista do século XX. O centro não é pacifista nem tolerante. De fato, Wilson foi quem se apoderou da Venezuela, tirando os ingleses de lá, em função da descoberta de petróleo. Apoiou um ditador brutal. E dali seguiu rumo ao Haiti e à República Dominicana. Enviou os “marines” e praticamente destruiu o Haiti. Deixou nestes países guardas nacionais e ditadores brutais. Kennedy fez o mesmo. Obama é um regresso ao centro.
A história se repete com o tema de Cuba, onde, por mais de meio século, os EUA se envolveram em uma guerra, desde que a ilha ganhou sua independência. No princípio, esta guerra foi bastante violenta, especialmente com Kennedy, quando houve terrorismo e estrangulamento econômico, ao qual a maioria da população estadunidense se opõe. Durante décadas, quase dois terços da população tem estado a favor da normalização das relações, mas isso não está na agenda política.
As manobras de Obama rumaram em direção ao centro; suspendeu algumas das medidas mais extremas do modelo de Bush, o que até foi apoiado por boa parte da comunidade cubano-estadunidense. Moveu-se um pouco em direção ao centro, mas deixou muito claro que não haverá maiores mudanças.
As “reformas” de Obama
O mesmo ocorre na política interna. Os assessores de Obama durante a campanha foram muito cuidadosos em não deixá-lo comprometer-se com nada. As consignas foram “a esperança” e “a mudança, uma mudança na qual acreditar”. Qualquer agência de publicidade teria feito com que essas fossem as consignas, pois 80% do país pensavam que este andava por trilhos equivocados. McCain dizia coisas parecidas, mas Obama era mais agradável, mais fácil de vender como produto. As campanhas são só assuntos de técnica de mercado; assim entendem a si mesmas. Estavam vendendo a “marca Obama” em oposição à “marca McCain”. É dramático ver essas ilusões, tanto fora como dentro dos EUA.
Nos Estados Unidos, quase todas as promessas feitas no âmbito de reforma trabalhista, de saúde e energia ficaram quase anuladas. Por exemplo, o sistema de saúde é uma catástrofe. É provavelmente o único país no mundo onde não há uma garantia básica de atenção médica. Os custos são astronômicos, quase o dobro de qualquer outro país industrializado. Qualquer pessoa que tenha a cabeça no lugar sabe qual é a consequência de um sistema de saúde privado. As empresas não procuram saúde, mas sim lucro.
É um sistema altamente burocratizado, com muita supervisão, altíssimos custos administrativos, onde as companhias de seguros têm formas sofisticadas de evitar o pagamento de apólices, mas não há nada na agenda de Obama para fazer algo a respeito. Houve algumas propostas “light”, como, por exemplo, “a opção pública”, que acabou anulada. Se alguém ler a imprensa de negócios, encontrará que a capa da Business Week reportava que as seguradoras estavam celebrando a sua vitória.
Foram realizadas campanhas muito exitosas contra esta reforma, organizadas pelos meios de comunicação e pela indústria para mobilizar segmentos extremistas da população. É um país onde é fácil mobilizar as pessoas com o medo e colocar na cabeça delas todo tipo de idéias loucas, como a de que Obama vai matar as suas avós. Assim, conseguiram reverter propostas legislativas já por si débeis. Se, de fato, tivesse ocorrido um compromisso real no Congresso e na Casa Branca, isso não teria prosperado, mas os políticos estavam mais ou menos de acordo.
Obama acaba de fazer um acordo secreto com as companhias farmacêuticas para assegurar-lhes que não fará esforços governamentais para regular o preço dos medicamentos. Os EUA são o único país no mundo ocidental onde não se permite que o governo use seu poder de compra para negociar o preço dos medicamentos. Cerca de 85% da população se opõem, mas isso não significa diferença alguma, até que todos vejam que não são os únicos que se opõem a estas medidas.
A indústria petroleira anunciou que vai utilizar as mesmas táticas para derrotar qualquer projeto legislativo de reforma energética. Se os Estados Unidos não implantarem controles firmes sobre as emissões de dióxido de carbono, o aquecimento global destruirá a civilização moderna.
O jornal Financial Times assinalou com razão que se houvesse uma esperança de que Obama pudesse ter mudado as coisas, agora seria surpreendente que cumprisse minimamente suas promessas. A razão é que ele não queria mudar tanto assim as coisas. É uma criatura daqueles que financiaram sua campanha: as instituições financeiras, instituições de energia, empresas. Tem a aparência do bom moço, seria uma boa companhia para o jantar, mas isso é insuficiente para mudar a política; afeta-a muito pouco, na verdade. Sim, há mudança, mas é de um tipo um pouco mais suave. A política provém das instituições, não é feita por indivíduos. E as instituições são muito estáveis e muito poderosas. Certamente, encontram a melhor maneira de enfrentar os acontecimentos.
Mais do mesmo
Os meios de comunicação estão um pouco surpresos de que esteja regressando para o ponto onde sempre esteve. Reportam, é difícil não fazê-lo, mas o fato é que as instituições financeiras se pavoneiam de que tudo está ficando igual a antes. Ganharam. Goldman Sachs nem sequer tenta esconder que depois de ter arruinado a economia está entregando generosos bônus a seus executivos. Creio que no trimestre passado reportou os lucros mais altos de sua história. Se fossem um pouquinho mais inteligentes tentariam esconder isso.
Isso se deve ao fato de que Obama está respondendo aqueles que apoiaram sua campanha: o setor financeiro. Basta olhar quem ele escolheu para sua equipe econômica. Seu primeiro assessor foi Robert Rubin, responsável pela derrogação de uma lei que regulava o setor financeiro, o que beneficiou muito a Goldman Sachs; assim mesmo, ele se converteu em diretor do Citigroup, fez uma fortuna e saiu justo a tempo, antes do desastre. Larry Summers, a principal figura responsável pelo bloqueio de toda regulação dos instrumentos financeiros exóticos, agora é o principal assessor econômico da Casa Branca. E Timothy Geithner, que como presidente do Federal Reserve de Nova York, supervisionava o que ocorre, é o secretário de Tesouro.
Uma reportagem recente examinou alguns dos principais assessores econômicos de Obama. Concluiu-se que grande parte deles não deveria estar na equipe de assessoria do presidente, mas sim enfrentando demandas legais, pois estiveram envolvidos em manejos irregulares de contabilidade e em outros assuntos que detonaram a crise.
Por quanto tempo podem se manter as ilusões? Os bancos estão agora melhor do que antes. Primeiro receberam um enorme resgate do governo e dos contribuintes e utilizaram esses recursos para se fortalecerem. São maiores do que nunca, pois absorveram os mais fracos. Ou seja, está se assentando a base para a próxima crise. Os grandes bancos estão se beneficiando com uma apólice de seguros do governo que se chama “demasiado grande para quebrar”. Caso você seja um banco enorme ou uma grande casa de investimentos, é demasiado importante para fracassar. Se você é o Goldman Sachs ou o Citigroup, não pode fracassar porque isso derrubaria toda a economia. Por isso podem fazer empréstimos de risco, para ganhar muito dinheiro, e se algo dá errado, o governo se encarregará do resgate.
A guerra contra o narcotráfico
A guerra contra a droga, que se espalha por vários países da América Latina, entre eles o México, tem velhos antecedentes. Revitalizada por Nixon, foi um esforço para superar os efeitos da guerra do Vietnã, nos EUA. A guerra foi um fator que levou a uma importante revolução cultural nos anos 60, a qual civilizou o país: direitos da mulher, direitos civis. Ou seja, democratizou o território, aterrorizando as elites. A última coisa que desejavam era a democracia, os direitos da população, etc., razão pela qual lançaram uma enorme contraofensiva. Parte dela foi a guerra contra as drogas.
Ela foi desenhada para transportar a concepção da guerra do Vietnã: do que nós estávamos fazendo aos vietnamitas ao que eles não estavam fazendo a nós. O grande tema no final dos anos 60 nos meios de comunicação, inclusive os liberais, foi que a guerra do Vietnã foi uma guerra contra os EUA. Os vietnamitas estavam destruindo nosso país com drogas. Foi um mito fabricado pelos meios de comunicação nos filmes e na imprensa. Inventou-se a história de um exército cheio de soldados viciados em drogas que, ao regressar para casa, converteram-se em delinquentes, aterrorizando nossas cidades. Sim, havia uso de drogas entre os militares, mas não era muito diferente do que existia em outros setores da sociedade. Foi um mito fabricado. É disso que se tratava a guerra contra as drogas. Assim se mudou a concepção da guerra do Vietnã, transformando-a em uma guerra na qual nós éramos as vítimas.
Isso se encaixou muito bem com as campanhas em favor da lei e da ordem. Dizia-se que nossas cidades se desgarravam por causa do movimento anti-guerra e dos rebeldes culturais, e que por isso era preciso impor a lei e a ordem. Ali cabia a guerra contra a droga.
Reagan ampliou-a de maneira significativa. Nos primeiros anos de sua administração intensificou-se a campanha, acusando os comunistas de promover o consumo de drogas. No início dos anos 80, os funcionários que levavam a sério a guerra contra as drogas descobriram um incremento significativo e inexplicável de fundos em bancos do sul da Flórida. Lançaram uma campanha para detê-lo. A Casa Branca interveio e suspendeu a campanha. Quem o fez? George Bush pai, neste período o encarregado da guerra contra as drogas. Foi quando a taxa de prisões aumentou de maneira significativa, principalmente a prisão de negros. Agora o número de prisioneiros per capita é o mais alto do mundo. No entanto, a taxa de criminalidade é quase igual a dos outros países. É um controle sobre parte da população. É um assunto de classe.
A guerra contra as drogas, como outras políticas, promovidas tanto por liberais como por conservadores, é uma tentativa para controlar a democratização das forças sociais.
Há alguns dias, o Departamento de Estado emitiu sua certificação de cooperação na luta contra as drogas. Os três países que foram “descertificados” são Myamar, uma ditadura militar – não importa, está apoiada por empresas petroleiras ocidentais -, Venezuela e Bolívia, que são inimigos dos EUA. Nem México, nem Colômbia, nem Estados Unidos, em todos os quais há narcotráfico.
Um lugar interessante
O elemento central do neoliberalismo é a liberalização dos mercados financeiros, que torna vulneráveis os países que têm investimentos estrangeiros. Se um país não pode controlar sua moeda e a fuga de capitais, está sob o controle dos investidores estrangeiros. Eles podem destruir uma economia se não gostarem de algo que esse país faz. Essa é outra forma de controlar povos e forças sociais, como os movimentos operários. São reações naturais de um empresariado muito concentrado, com grande consciência de classe. Claro que há resistência, mas fragmentada e pouco organizada e por isso podem seguir promovendo políticas às quais a maioria da população se opõe. Às vezes isso chega ao extremo.
O setor financeiro está o mesmo que antes; as seguradoras de saúde ganharam com a reforma de saúde, as empresas de energia ganharam com a reforma do setor, os sindicatos perderam com a reforma trabalhista e, certamente, a população dos EUA e do mundo perde porque a destruição da economia é grave por si mesma. Se o meio ambiente é destruído, os que mais sofrerão serão os pobres. Os ricos sobreviverão aos efeitos do aquecimento global.
Por isso a América Latina é um dos lugares no mundo hoje verdadeiramente interessantes. É um dos lugares onde há uma verdadeira resistência a tudo isso. Até onde chegará? Não se sabe. Não me surpreenderia com um giro à direita nas próximas eleições na América Latina. Mesmo assim, terá se conseguido um avanço que assenta as bases para algo mais. Não há muitos lugares no mundo dos quais se possa dizer o mesmo.
Tradução: Katarina Peixoto

quarta-feira, setembro 23, 2009

REMANESCENTES DE QUILOMBOLAS: FAMÍLIA SILVA E CHÁCARA DAS ROSAS RECEBEM TÍTULOS DEFINITIVOS DE SUAS TERRAS


É com muita satisfação que a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul convida Vossa Senhoria para o Ato de entrega dos Títulos dos Territórios das Comunidades Remanescentes de Quilombos: Família Silva e Chácara das Rosas na próxima sexta-feira,dia 25/09/09, pelo INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Estes são os primeiros Quilombos Urbanos do Brasil a receberem o titulo definitivo de suas terras. Marco histórico na Luta por reparação, justiça social e racial do Movimento Negro Quilombola.

 

 

Programação:

13h30min - Comunidade Remanescente de Quilombos Chácara

das Rosas

Rua: Duque de Caxias, 954

Bairro: Marechal Rondon

Canoas/RS

 

 

16h00 - Comunidade Remanescente de Quilombo Família Silva

Rua: João Caetano, 1170

Bairro: Três Figueiras

Porto Alegre/RS.

 

 

 

Breve histórico
Foi apenas na Constituição de 1988, como resultado da mobilização do Movimento Negro, que se assegurou às comunidades quilombolas a propriedade de suas terras através do Art.68 - Aos remanescentes das comunidades de quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
O número de terras tituladas é, porém, ainda muito limitado. O que se observa é que a concretização do artigo 68 tem sido difícil. A primeira titulação de uma terra quilombola deu-se somente sete anos após a promulgação da Constituição, em novembro de 1995. Nos últimos anos o placar das titulações não melhorou. O Brasil, hoje, tem mais de três mil Comunidades Remanescentes de Quilombos reconhecidas, aqui no Rio Grande do Sul são 135, segundo dados do INCRA.  Em setembro de 2008, apenas 144 comunidades quilombolas existentes no País contavam com o título de propriedade de seu território. Esse número representa menos de 5% da totalidade estimada pelo movimento social (3.000 comunidades), indicando que ainda há muito que lutar para garantir o direito à terra previsto na Constituição Brasileira e na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. Os dados relativos aos processos em andamento no INCRA também revelam morosidade. Em setembro de 2008, 89% dos 610 processos aguardavam pela conclusão do relatório de identificação do território (RTID) que é a primeira etapa do processo de regularização. E mais ainda: 65% haviam sido apenas protocolados. A luta por reconhecimento e acesso à terra das Comunidades Remanescentes de Quilombos se inscreve no contexto da construção de um amplo consenso na sociedade brasileira sobre a necessidade de uma ação coletiva para banir o racismo e construir uma sociedade racial e socialmente justa e equânime.

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CHÁCARA DAS ROSAS: DE COMUNIDADE RURAL A URBANA
O quilombo Chácara das Rosas está situado no município de Canoas, região metropolitana de Porto Alegre. Dados do Incra de 2007 indicam que o quilombo possui aproximadamente 20 famílias.
No início, Chácara das Rosas era uma comunidade eminentemente rural. Com o tempo, sofreu o impacto da urbanização do município em que está localizada. Nos dias de hoje, o Chácara das Rosas é um quilombo urbano situado no bairro de classe média alta Marechal Rondon, entre as ruas Dona Rafaela e Duque de Caxias.
O nome da comunidade decorre de uma prática muito valorizada entre seus moradores: o cultivo de rosas. Rosa Maria de Jesus, fundadora do quilombo, gostava muito de plantar roseiras. No passado, as rosas embelezavam o território da família e sua comercialização foi mais uma fonte de renda para os quilombolas de lá. Ainda hoje, algumas pessoas da comunidade, a exemplo de Isabel, neta de Dona Rosa, cultivam roseiras como uma forma de manter viva na memória a lembrança da avó.
A RESISTÊNCIA NO QUILOMBO FAMÍLIA SILVA
O quilombo Família Silva está localizado em um bairro de classe média alta de Porto Alegre chamado Três Figueiras e possui um território de 6.510,7808 metros quadrados. Segundo dados do Incra, em junho de 2006, 12 famílias, todas aparentadas entre si, viviam naquela área.
A maioria das mulheres da comunidade trabalha como empregada doméstica nas casas da região. Já os homens costumam trabalhar como vigias e jardineiros ou, ainda, como caddies no Country Club de Porto Alegre. Os Silva dedicam-se também ao cultivo de árvores frutíferas, ervas medicinais e mudas de plantas para jardins.
A origem do grupo deu-se com a migração dos avós dos atuais moradores da comunidade para Porto Alegre no início dos anos 1940. Foi nesse período que eles se estabeleceram na área onde o quilombo está situado. Naqueles tempos a região era considerada distante da cidade e não atraía moradores abastados.
A partir da década de 1960, porém, tal área passou a se valorizar. A comunidade viu-se então ameaçada de ser expulsa do território que ocupava havia mais de 60 anos pela especulação imobiliária e o preconceito social. A comunidade foi muito assediada por pessoas interessadas em adquirir o terreno. Lígia Maria da Silva, moradora do quilombo, relata como foi a pressão: “Tinha vezes que vinha quatro pessoas por dia dizer que era dona desse terreno. Era a coisa mais triste”.
Os quilombolas foram alvo também de ações judiciais movidas por pessoas que alegavam ser proprietárias daquela área. Além disso, as residências de luxo que foram construídas na vizinhança dos Silva não respeitaram os limites do seu território, ocupando indevidamente a área quilombola.

Essas investidas, porém, não intimidaram os Silva. Apoiados por parceiros como o Instituto de Assessoria às Comunidades Remanescentes de Quilombos, o Movimento Negro, o Ministério Público Federal e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, os quilombolas se mobilizaram na defesa de seus direitos.
Como resultado dessa luta, a comunidade conseguiu que o Incra instaurasse em 2004 um processo para titular suas terras. Em março de 2008, o processo já se encontrava em etapa bem avançada, com a identificação do território concluída e as ações de desapropriação ajuizadas pelo Incra.

CONTATOS:

Vera Cardozo

Jornalista - Mtb 5784

51 32301535

51 81488999

terça-feira, setembro 22, 2009

Petroleira inglesa oferece dinheiro a vítimas de seu lixo tóxico para não encarar tribunal

 

A petroleira inglesa Trafigura, que depositou lixo tóxico na Costa do Marfim em 2006, causando a morte de 15 pessoas e deixando doentes até 100 mil, anunciou que está disposta a pagar uma indenização às vítimas, segundo a BBC. No próximo mês um tribunal de Londres irá se pronunciar sobre o caso, que é a maior ação coletiva desse tipo da história da justiça inglesa, movida por 31 mil africanos. Um relatório da ONU confirmou que há fortes evidências de que as mortes e doenças foram causadas pelo lixo tóxico.

O lixo tóxico foi levado por um navio a serviço da Trafigura para a Costa do Marfim e depositado em 15 diferentes locais da maior cidade do país, Abidjan. Nas semanas que se seguiram, dezenas de milhares sofreram com problemas de respiração, diarréia e náuseas, e 15 morreram. Apesar de ter pago quase US$ 200 milhões para retirar o lixo tóxico jogado na Costa do Marfim, a Trafigura insistia até aqui em declarar que não tinha envolvimento no caso, e que o relatório da ONU era impreciso e prematuro. No ano passado, a empresa pagou US$ 100 milhões ao governo da Costa do Marfim para “compensar as vítimas” e na quarta-feira passada anunciou estar disposta a fechar um “acordo global”.

O lixo tóxico foi resultante da “lavagem” com soda cáustica de um rejeito conhecido como “cocker nafta”, gerado por uma refinaria da Pemex. A Trafigura decidiu, conforme e-mails obtidos pela BBC, comprar o rejeito e vende-lo como gasolina, após “limpá-lo” do excesso de enxofre. “Essa é a forma mais barata que qualquer um pode imaginar e que pode gerar muitos dólares”, registrou um ganancioso executivo em um e-mail.

“COKER NAFTA”

Para isso, foi contratado o navio Probo Koala, cujos operadores usaram toneladas de soda cáustica e de outro catalisador no “coker nafta” para obter a gasolina, um processo barato mas gera o lixo tóxico que vitimou tantos africanos. A Trafigura sabia o que estava fazendo. Conforme outro e-mail, “essa operação não é mais permitida na União Europeia, Estados Unidos e Cingapura. [Ela é] proibida na maioria dos países, devido à ‘natureza nociva do lixo”’.

Hugo Chavez ajuda fábrica de R$ 10 milhões em Cotiporã, RS

 

O próprio presidente Hugo Chavez poderá vir a Cotiporã, RS, colado a Veranópolis, na Serra, para abrir a produção de suco de uva da cooperativa que 20 produtores da região, a Vinícola Marson e o Bandes, o congênere do BNDES, passarão a operar a partir de janeiro.

. A produção começará com 2 milhões de kgs de uva no primeiro ano, subirá para 4 milhões de kgs no segundo ano e ao final somará 10 milhões de kgs, que é o que o município produz atualmente.

. A produção irá toda para a Venezuela.

. O investimento apoiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social da Venezuela é de R$ 10 milhões.

. Não se conhece nenhum outro investimento feito por Chavez no RS. A PDVSA chegou a fazer uma oferta pelo grupo Ipiranga, mas o governo Lula interveio e obrigou as cinco famílias a vender o negócio para a Petrobrás, Braskem e Unipar.

. Cotiporã tem apenas 4.600 habitantes. O prefeito é Constante David Bianchi, do PMDB, que se elegeu numa coligação com o PDT. O editor falou por três vezes seguidas, nesta segunda-feira, com o secretário  de Agricultura, Indústria e Comércio de Bianchi, Ivandro Alberton.

. A economia do município é fortemente influenciada pela agricultura. A renda local busca no setor 66% do bolo – e 90% disto decorre da produção de uvas, sucos e vinhos (a Marson é a maior empresa local).

Site: www.coptipora.rs.gov.br
E-mail: agricultura@pmcotipora.com.br

segunda-feira, setembro 21, 2009

Nestlé ameaça sair da Suíça se governo limitar salários milionários dos executivos

 

A Nestlé, maior multinacional do setor de alimentos, e com forte presença no Brasil, está ameaçando o governo da Suíça de retirar do país a sede mundial da empresa, situada na capital Berna.

A Nestlé não gostou nem um pouco que o governo esteja discutindo a proposta do Partido Socialista de limitar os salários de altos funcionários executivos e diretores de empresas a no máximo 12 vezes o salário mais baixo nela existente.

Em uma entrevista no último domingo ao jornal suíço “Son-ntag” o austríaco Peter Brabeck, diretor-geral presidente da Nestlé, afirmou que “isso seria o começo do fim”, e questionado sobre as consequências para a Nestlé se tais medidas fossem ado-tadas pelo governo respondeu que “nós seremos levados a nos perguntar se a Suíça hoje continua sendo para nós o lugar mais apropriado para mantermos a sede da empresa”.

Para o presidente da Nestlé “o que é mais atraente na suíça é a segurança legal (jurídica) que ela oferece. Essa segurança que era sólida como o granito agora amoleceu”, queixou-se o executivo, e reclamou da ‘injustiça’ cometida “contra os salários e contra os principais dirigentes das grandes sociedades, principalmente as ligadas às finanças que, com a crise, têm vivido regularmente com o ‘dedo apontado’ contra si”. Peter criticou também o parlamento e o governo suíços “por estarem se submetendo às pressões vindas do exterior e internamente aos populistas e se apressando em mostrar sua disposição em mudar as leis. Isso é prejudicial ao país.

A suíça tem a boa reputação de não ceder a esse tipo de pressão”, sublinhou, mas expressando sua preocupação com o fato de que a UBS, gigante suíça do sistema bancário, depois de responder a uma ação impetrada num tribunal nos EUA, ter aceito revelar o nome de 4.450 de seus clientes norte- americanos. O presidente da Nestlé considerou isso “o início de uma escalada para o fim do segredo bancário suíço” e acrescentou: “esse não é um caso isolado”, referindo a pressões no mesmo sentido por parte do Ministro das Finanças da Alemanha, Peer Stein-brück, e concluiu: “É indispensável que a segurança legal seja restaurada na Suíça”.

A Nestlé emprega no país 2.700 trabalhadores e no ano passado realizou um lucro líquido de 12 bilhões de euros, afirmou em Berna o jornal “Sonntag”.

quarta-feira, setembro 16, 2009

O MITO DA AUSÊNCIA DO ESTADO NA ECONOMIA

 

 

Redução do papel do estado na economia sempre foi mito

por Laura Antunes, na Folha de S. Paulo

Apesar de todas as manchetes sobre a volta do Estado à economia, ele nunca se retirou, e os EUA são o maior exemplo disso, afirma Linda Weiss, especialista em desenvolvimento e professora do Departamento de Governo e Relações Internacionais da Universidade de Sydney (Austrália). Weiss cita especificamente a política de inovação tecnológica americana, organizada por meio de encomendas da área militar do governo, como exemplo do que chama de "ativismo estatal" que nunca diminuiu nas economias mais ricas. Weiss afirma que a China está adaptando o modelo americano para produzir tecnologias próprias, e sugere que o Brasil estude o exemplo. Ela deu entrevista à Folha depois de participar, no Rio de Janeiro, de seminário no Instituto de Economia da UFRJ sobre Reposicionamentos Estratégicos, Políticas e Inovação em Tempo de Crise. Abaixo, os principais trechos.

FOLHA - A senhora diz que não é possível falar em volta do Estado à economia porque ele nunca foi embora. Pode explicar?
LINDA WEISS
- A ideia predominante no debate sobre a globalização e a sua relação com as opções de política econômica é que o Estado foi posto numa camisa de força e recuou da economia.

Fez isso para atrair investimentos num mundo de capitais móveis. O melhor governo é o que reduz impostos e regulações. O Estado atua nas margens da economia, sem presença ativa e muito menos desenvolvimentista. Contesto essa ideia olhando para o que os Estados mais poderosos vêm fazendo.

FOLHA - E quais são os principais exemplos?
WEISS
- O primeiro é o paradoxo de que a desregulamentação requer rerregulamentação. Por exemplo, o governo privatiza, mas acaba se tornando muito ativo na arena regulatória, criando agências. Isso de certo modo aumentou o envolvimento do Estado, sem necessariamente passar pelas autoridades executivas, que têm que responder ao eleitorado.

FOLHA - Mas, no mercado financeiro, houve menos regulamentação, não? WEISS - Houve uma opção por não regulamentar. Foi uma opção movida a razões nacionalistas, porque tanto o Reino Unido quanto os EUA viam o setor financeiro como o que liderava a projeção do seu poder na arena econômica internacional. Com Wall Street de um lado e a City do outro, para eles fazia sentido ser liberais.

O Japão fez o mesmo, de modo diferente. Ao desregulamentarem o setor financeiro, os burocratas quiseram manter sua presença e escreveram as regras com esse objetivo, sem permitir mais autorregulamentação. Além disso, há uma forma de ativismo que é a intervenção recorrente do Estado para resgatar o sistema bancário em crises. O que vemos hoje não é excepcional, é parte do padrão da internacionalização das finanças nos últimos 200 anos.

FOLHA - Que outros exemplos a senhora reuniu?
WEISS
- Um fundamental é no campo da inovação e da tecnologia. Na OMC (Organização Mundial do Comércio), os Estados líderes escreveram normas que lhes dão margem para promover sua indústria nascente, ao mesmo tempo em que reduziram essa margem para países em desenvolvimento.

As regras da OMC permitem políticas de subsídio à ciência e tecnologia, que é a forma da indústria nascente nas chamadas economias de conhecimento intensivo. Você vê intervenções muito focadas dos governos dos Estados Unidos, da Europa e do Japão no setor de alta tecnologia, incluindo comunicação e informação, novos materiais, novas energias. São áreas vistas como plataformas de sua prosperidade futura.

FOLHA - Como a senhora compararia o ativismo estatal nos EUA e na Europa com o na Ásia?
WEISS
- Eu diria que o ativismo asiático está acima do radar, os países da região não se envergonham de mostrar que têm política industrial. As populações também apoiam o uso do poder do Estado na economia.

No caso dos EUA, não há consenso sobre o ativismo estatal. Então, ele aparece abaixo do radar. A área que explica de onde vieram as inovações nos EUA, país que é líder em alta tecnologia, é a máquina de encomendas ligada ao setor militar. Os EUA construíram um sistema formidável de inovação baseado no fato de responderem por 50% dos gastos militares mundiais.

Dessa forma existe apoio popular e político, porque a linguagem usada é a da segurança nacional. Esse sistema de encomendas públicas de inovações é tão importante que os europeus agora estão vendo como podem adaptar a seu próprio setor civil. A China está fazendo a mesma coisa.

FOLHA - Como a China está seguindo o exemplo dos EUA?
WEISS
- A China, por exemplo, quer desenvolver sua própria indústria de software e está usando encomendas de tecnologia para isso. Ela está definindo o que é uma empresa chinesa com base no "Buy American" [cláusula do pacote de estímulo econômico aprovado nos EUA no início deste ano].

Para o "Buy American", uma empresa americana tem pelo menos 50% de capital americano, está baseada nos EUA e usa trabalhadores americanos. Essa é a definição que os chineses estão usando em sua estratégia de compras governamentais, com o objetivo de construir sua própria indústria de alta tecnologia. [No Brasil, a emenda constitucional nº 6 acabou em 1995 com a distinção entre empresas de capital nacional e capital estrangeiro].

FOLHA - Apesar do ativismo estatal, o Estado de bem-estar social diminuiu?
WEISS
- Quando olhamos os números da OCDE [Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que reúne cerca de 30 países industrializados], vemos que o Estado previdenciário na verdade cresceu. O gasto total aumentou em média de 26% para 40% do PIB entre 1965 e 2006. E o componente social desse gasto aumentou de 15% para 22% em 30 anos. Houve reestruturações no destino do dinheiro, mas não declínio.

FOLHA - Mas o Estado como produtor recuou, não?
WEISS
- Sim, claro. Mas é enganoso ver isso como enfraquecimento do Estado. Quando os serviços eram públicos, qual era o papel do Estado, afinal? Mandar contas de luz e gás? Não era exatamente um ator no sentido do desenvolvimento.

FOLHA - A resistência que vemos hoje nos EUA ao envolvimento estatal com o sistema de saúde não é paradoxal?
WEISS
- Esse debate mostra que o sistema político americano não legitima um programa civil de tecnologia. O Programa de Tecnologia Avançada, civil, teve vida curta no governo Clinton [1993-2001] e recentemente perdeu seu orçamento.

É principalmente por meio do setor militar que são criadas estruturas híbridas, agências com função de investimento e que não são nem puramente públicas nem privadas em seu comportamento. Elas fazem essas encomendas de alta tecnologia.

FOLHA - E como os produtos chegam ao mercado civil?
WEISS
- Não há uma cerca entre a Defesa e o setor civil. A CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA), por exemplo, tem seu próprio fundo de investimento e assume participações em empresas privadas. Financia tecnologia que é usada para objetivos militares, mas também tem que ser viável comercialmente.

FOLHA - Que observações a senhora fez sobre a posição do Brasil nesse debate?
WEISS
- Foi interessante ouvir outro dia que a política industrial brasileira tem dois pontos problemáticos: a falta de uma política agressiva para a exportação de manufaturados e a política de compras governamentais, que não teria decolado. Sugiro trazer o caso americano para debate no Brasil. As compras governamentais são um instrumento poderoso de desenvolvimento.

O importante é separar as compras ordinárias, como papel e mobília, das encomendas de tecnologia, de algo que ainda não existe. Nisso você estabelece uma competição entre quem pode produzir tal coisa e como o Estado pode ajudar. Não é só o governo dizendo como deve ser, mas há uma interação. De um só programa americano, o Small Business Innovation Research Program, de onde vieram nomes como a Microsoft, centenas de firmas receberam financiamento. Não são somas grandes, poderiam ser US$ 750 mil, por exemplo, para levar a tecnologia da fase da ideia na cabeça ao protótipo.

O programa foi lançado em 1982, quando nos EUA temia-se perder a corrida tecnológica para Japão e Alemanha, e envolve muitas agências governamentais, incluindo o Instituto Nacional de Saúde - que faz encomendas ao setor farmacêutico e de biotecnologia -, a Nasa e a Defesa.


terça-feira, setembro 15, 2009

Problemas bancário são maiores do que antes da Lehman

Stiglitz: Problemas bancário são maiores do que antes da Lehman

Joseph Stiglitz, prêmio Nobel da economia, afirmou que os EUA falharam em reparar os problemas de base do sistema bancário, depois da crise financeira e do colapso da Lehman Brothers.

“Nos EUA e em muitos outros países, os bancos ‘demasiado grandes para falirem’ tornaram-se ainda maiores”, afirmou o Nobel numa entrevista à agência Bloomberg. “Os problemas são piores do que eram antes da crise de 2007”, acrescentou. As declarações de Stiglitz se somam a declarações de vários economistas que apontaram para este cenário.
O antigo presidente da Reserva Federal dos EUA, Paul Volcker, aconselhou a administração Obama a diminuir o tamanho dos bancos e o governador do Banco de Israel, Stanley Fischer sugeriu, no mês passado que os governos podem querer desencorajar as instituições financeiras de crescerem “excessivamente”.
“Não estamos fazendo nada de significante até agora, e os bancos estão recuaando”, afirmou ainda Stiglitz, que considera ainda que “os líderes do G-20 vão dar passos, dado o poder dos bancos” e “qualquer passo em frente é um movimento na direção certa”.
Segundo ele, grandes instituições financeiras que sobreviveram à turbulência saíram dela ainda maiores do que antes. Caso do Bank of America, que, após comprar Countrywide e Merrill Lynch, mais que dobrou de tamanho. Na avaliação do Nobel de Economia, esse gigantismo tende a piorar os problemas do setor, pois quanto maiores são os bancos, mais difícil de fiscalizá-los.

Crescimento

“Nos EUA e em outros países, os bancos que eram considerados grandes demais para quebrar se tornaram ainda maiores”, disse Stiglitz. Além do Bank of America — cujos ativos cresceram 138% entre junho de 2007 e março de 2009 — Wells Fargo e JPMorgan Chase estão entre os bancos americanos que também apresentaram forte expansão de ativos, ao adquirirem concorrentes que não tiveram o mesmo fôlego financeiro.
No mesmo período, o volume de ativos do Wells Fargo saltou 43%, impulsionado pela compra do Wachovia. E o do JPMorgan Chase avançou 51%, após aquisição de Bearn Sterns e Washington Mutual, segundo levantamento do jornal Washington Post.
Stiglitz também disse que a busca do crescimento econômico, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB), pode agravar a situação da população. "A busca do aumento do PIB pode agravar a situação da população", declarou Stiglitz ao apresentar um informe sobre os limites do PIB como indicador de resultados econômicos e progresso social.

Meio ambiente
O relatório foi elaborado por uma comissão formada por 22 especialistas e presidida por Stiglitz, criada em fevereiro de 2008 pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. "Em uma sociedade na qual os resultados têm cada vez mais importância, a estatística conta", afirma o economista, que foi conselheiro do presidente americano Bill Clinton, antes de destacar o "perigo" que representa a distância entre as estatísticas e a percepção da situação.
"Quando você tem medições erradas, está lutando com medições econômicas ruins", ressaltou Stiglitz, para quem o informe apresentado nesta segunda-feira é "um primeiro passo", que ainda está "longe do objetivo".
No relatório, a comissão Stiglitz defende a instauração de indicadores que permitam que as estatísticas econômicas enfatizem a medição do "bem-estar" e do meio ambiente. Segundo o Prêmio Nobel de Economia, ter indicadores do crescimento econômico mais globais permitiria, por exemplo, mostrar que a "oposição entre crescimento econômico e preocupações com o meio ambiente é artificial".

Com agências

Vermelho.org.br

segunda-feira, setembro 14, 2009

Da guerra

 

Entre 1495 e 1975, as Grandes Potências estiveram em guerra durante 75% do tempo, começando uma nova guerra a cada sete ou oito anos. As guerras foram a principal atividade dos estados nacionais europeus, durante seus cinco séculos de existência, e agora de novo, o século XXI já começou sob o signo das armas.

José Luís Fiori

 

 

Entre 1495 e 1975, as Grandes Potências estiveram em guerra durante 75% do tempo, começando uma nova guerra a cada sete ou oito anos. Mesmo nos anos mais pacíficos deste período, entre 1816 e 1913, estas potências fizeram cerca de 100 guerras coloniais. E ao contrário das expectativas, a cada novo século, as guerras foram mais intensas e violentas do que no século anterior. (J. Levy, “War in the modern Great Power System”, Ky Lexington, 1983) Por isso, se poder dizer que as guerras foram a principal atividade dos estados nacionais europeus, durante seus cinco séculos de existência, e agora de novo, o século XXI já começou sob o signo das armas. Mas apesar disto, segue sendo um tabu falar e analisar objetivamente o papel das guerras na formação, na evolução e no futuro do sistema inter-estatal capitalista, que foi “inventado” pelos europeus, nos séculos XVI e XVII, e só se transformou num fenômeno universal, no século XX. Talvez, porque seja muito doloroso aceitar que as guerras não são um fenômeno excepcional, nem decorrem de uma “necessidade econômica”. Ou porque seja muito difícil de entender que elas seguirão existindo, mesmo que não ocorram enfrentamentos atômicos entre as Grandes Potências, porque elas não precisam ser travadas para cumprir seu “papel” dentro do sistema inter-estatal. Basta que sejam planejadas de forma complementar e competitiva.


A primeira vista, tudo isto parece meio absurdo e paradoxal. Mas tudo fica mais claro quando se olha para o começo desta história, e se entende que o sistema mundial em que vivemos, foi uma conquista progressiva dos primeiros estados nacionais europeus. E desde os seus primeiros passos, este sistema nunca mais deixou de se expandir, “liderado” pelo crescimento competitivo e imperial de suas Grandes Potências, que lutam permanentemente para manter ou avançar sua posição relativa dentro do sistema. Por isto, tem razão o cientista político norte-americano, John Mearsheimer, quando diz que “as Grandes Potências têm um comportamento agressivo não porque elas queiram, mas porque elas têm que buscar acumular mais poder se quiserem maximizar suas probabilidades de sobrevivência, porque o sistema internacional cria incentivos poderosos para que os estados estejam sempre procurando oportunidades de ganhar mais poder às custas dos seus rivais...”. (Mearsheimer, “The tragedy of the great powers”, 2001: 21).


Neste processo competitivo, a guerra, ou a ameaça da guerra, foi o principal instrumento estratégico utilizado pelos estados nacionais, para acumular poder e definir a hierarquia mundial. E as potências vencedoras - que se transformaram em “líderes” do sistema - foram as que conseguiram conquistar e manter o controle monopólico das “tecnologias sensíveis”, de uso militar. Por sua vez, esta competição pela ponta tecnológica, e pelo controle monopólico dos demais recursos bélicos, deu origem à uma dinâmica automática e progressiva, de preparação contínua para as guerras. Numa disputa que aponta todo o tempo, na direção de um império único e universal. Mas, paradoxalmente, este império não poderá ser alcançado sem que o sistema mundial perca sua capacidade conjunta de seguir se expandindo. Por que? Porque a vitória e a constituição de um império mundial seria sempre a vitória de um estado nacional específico. Daquele estado que fosse capaz de impor sua vontade e monopolizar o poder, até o limite do desaparecimento dos seus competidores. Se isto acontecesse, entretanto, acabaria a competição entre os estados, e neste caso, os estados não teriam como seguir aumentando o seu próprio poder.


Ou seja, neste sistema inter-estatal inventado pelos europeus, a existência de adversários é indispensável para que haja expansão e acumulação de poder, e a preparação contínua para a guerra é o fator que ordena  o próprio sistema. Assim mesmo, como a “potência líder” também precisa seguir acumulando poder, para manter sua posição relativa, ela mesma acaba atropelando as instituições e os acordos internacionais que ajudou a criar num momento anterior. Ela é quem tem maior poder relativo dentro do sistema, e por isto, ela é que acaba sendo, quase sempre, a grande desestabilizadora de qualquer ordem internacional estabelecida.
Agora bem, a preparação para a guerra, e as próprias guerras, nunca impediram a complementaridade econômica e a integração comercial e financeira, entre todos os estados envolvidos nos conflitos. Pelo contrário, a mútua dependência econômica sempre foi uma peça essencial da própria competição. Às vezes, predominou o conflito, às vezes a complementaridade, mas foi esta “dialética” que se transformou no verdadeiro motor político-econômico do sistema inter-estatal capitalista, e no grande segredo da vitória européia, sobre o resto do mundo, a partir do século XVII.


Entre 1650 e 1950, a Inglaterra participou de 110 guerras aproximadamente, dentro e fora da Europa, ou seja, em média, uma à cada três anos E entre 1783 e 1991, os Estados Unidos participaram de cerca de 80 guerras, dentro e fora da América, ou seja, em média, também, uma a cada três anos. (M. Coldfelter, “Warfare and armed conflicts”, MacFarland, Londres, 2002). Como resultado, neste início do século XXI, os Estados Unidos tem acordos militares com cerca de 130 países, ao redor do mundo, e mantém mais de 700 bases militares, fora do seu território. E assim mesmo, devem seguir se expandindo - independente de qual seja o seu governo - sem precisar ferir necessariamente o Direito Internacional, e sem precisar dar explicações a ninguém. Por isto, soa absolutamente cômica e desnecessária a justificativa de que as novas bases militares dos EUA, na Colômbia, tem a ver com o combate ao narcotráfico e a guerrilha local, assim como os argumentos que associam a instalação do escudo anti-mísseis dos EUA, na fronteira com a Rússia, com o controle e bloqueio de foguetes iranianos. Como soa ridícula, neste contexto, a evocação do “princípio básico da não ingerência”, na defesa das decisões colombianas, polacas ou checas. Neste “jogo” não há limites e por mais lamentável que seja, os “neutros” são irrelevantes ou sucumbem, e só lhes restam duas alternativas, para os que não aceitam aliar-se ou submeter-se à potencia expansiva: no caso dos mais fracos, protestar; e no caso dos demais, defender-se.

José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4429&boletim_id=591&componente_id=9971

Quem manda é a indústria

 

No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Center publicou um relatório sobre a “produção animal em granjas industriais, onde se chamava a atenção para o grave perigo de que a contínua circulação de vírus, característica das enormes varas ou rebanhos, aumentasse as possibilidades de aparecimento de novos vírus por processos de mutação ou de recombinação que poderiam gerar vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”. O artigo é de José Saramago.

José Saramago

 

Não sei nada do assunto e a experiência direta de haver convivido com porcos na infância e na adolescência não me serve de nada. Aquilo era mais uma família híbrida de humanos e animais que outra coisa. Mas leio com atenção os jornais, ouço e vejo as reportagens da rádio e da televisão, e, graças a alguma leitura providencial que me tem ajudado a compreender melhor os bastidores das causas primeiras da anunciada pandemia, talvez possa trazer aqui algum dado que esclareça por sua vez o leitor.


Há muito tempo que os especialistas em virologia estão convencidos de que o sistema de agricultura intensiva da China meridional foi o principal vetor da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico “intercâmbio” genômico. Há já seis anos que a revista Science publicava um artigo importante em que mostrava que, depois de anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte havia dado um salto evolutivo vertiginoso. A industrialização, por grandes empresas, da produção pecuária rompeu o que até então tinha sido o monopólio natural da China na evolução da gripe.
Nas últimas décadas, o setor pecuário transformou-se em algo que se parece mais à indústria petroquímica que à bucólica quinta familiar que os livros de texto na escola se comprazem em descrever… Em 1966, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de suínos distribuídos por um milhão de granjas. Atualmente, 65 milhões de porcos concentram-se em 65.000 instalações. Isso significou passar das antigas pocilgas aos ciclópicos infernos fecais de hoje, nos quais, entre o esterco e sob um calor sufocante, prontos para intercambiar agentes patogênicos à velocidade do raio, se amontoam dezenas de milhões de animais com mais do que debilitados sistemas imunitários. Não será, certamente, a única causa, mas não poderá ser ignorada.
No ano passado, uma comissão convocada pelo Pew Research Centerpublicou um relatório sobre a “produção animal em granjas industriais, onde se chamava a atenção para o grave perigo de que a contínua circulação de vírus, característica das enormes varas ou rebanhos, aumentasse as possibilidades de aparecimento de novos vírus por processos de mutação ou de recombinação que poderiam gerar vírus mais eficientes na transmissão entre humanos”.
A comissão alertou também para o fato de que o uso promíscuo de antibióticos nas fábricas porcinas/de porcos – mais barato que em ambientes humanos – estava proporcionando o auge de infecções estafilocócicas resistentes, ao mesmo tempo que as descargas residuais geravam manifestações de escherichia coli e de pfiesteria (o protozoário que matou milhares de peixes nos estuários da Carolina do Norte e contagiou dezenas de pescadores).
Qualquer melhoria na ecologia deste novo agente patogênico teria que enfrentar-se ao monstruoso poder dos grandes conglomerados empresariais avícolas e bovinos, como Smithfield Farms (suíno e vacum) e Tyson (frangos).
A comissão falou de uma obstrução sistemática das suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas umas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento dos investigadores que cooperaram com a comissão. Trata-se de uma indústria muito globalizada e com influências políticas. Assim como o gigante avícola Charoen Pokphand, radicado em Bangkok, foi capaz de desbaratar as investigações sobre o seu papel na propagação da gripe aviária no Sudeste asiático, o mais provável é que a epidemiologia forense do surto da gripe suína esbarre contra a pétrea muralha da indústria do porco. Isso não quer dizer que não venha a encontrar-se nunca um dedo acusador: já corre na imprensa mexicana o rumor de um epicentro da gripe situado numa gigantesca filial de Smithfield no estado de Veracruz. Mas o mais importante é o bosque, não as árvores: a fracassada estratégia antipandêmica da Organização Mundial de Saúde, o progressivo deterioramento da saúde pública mundial, a mordaça aplicada pelas grandes transnacionais farmacêuticas a medicamentos vitais e a catástrofe planetária que é uma produção pecuária industrializada e ecologicamente sem discernimento.
Como se observa, os contágios são muito mais complicados que entrar um vírus presumivelmente mortal nos pulmões de um cidadão apanhado na teia dos interesses materiais e da falta de escrúpulos das grandes empresas.. Tudo está contagiando tudo. A primeira morte, há longo tempo, foi a da honradez. Mas poderá, realmente, pedir-se honradez a uma transnacional? Quem nos acode?

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16147&boletim_id=591&componente_id=9959

terça-feira, setembro 08, 2009

O ENADE e a Geografia da PUCRS





É com tristeza que escrevo esse post, pois tenho muito orgulho de ser graduado nesta distinta IES (Instituição de Ensino Superior) a PUCRS na FFCH no departamento de GEOGRAFIA dirigidos atualmente pelo Prof. Dr. Luciano Marques de Jesus e pela competente Profª. Drª. Ana Regina de Moraes Soster, respectivamente.
De longe não entendo o resultado obtido no ENADE, fui um dos participantes do famigerado PROVÃO do MEC em 2003 que com muito esforço dos acadêmicos da época e sob a orientação do corpo docente do curso obtivemos conceito “A”. Este é um fato sempre destaco na minha busca por melhor colocação profissional, pois é sinônimo de competência minha e da IES na qual busquei minha formação.
Fui informado por fontes que ainda atuam com muita proximidade a Geografia da PUCRS que um bando de sabujos resolveu aderir a um infantil boicote. Pensei refleti e cheguei a uma conclusão deve ter sido uma infantilidade excessiva coisa de meninotes que caíram no canto da sereia do protesto por protestar: “sou contra tu o outro, meu pai e minha mãe, sou rebelde”. Dirão alguns que foi para protestar contra o capital, representado pela IES, bom mesmo assim Lênin já alertava que o esquerdismo é um mal ligado a infantilidade (vide: Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo).

Tiro no pé

Pois é, esses que infantilmente, tomam esse tipo de atitude não pensam que logo ali terão de explicar numa entrevista de emprego que participaram de um grupo de acadêmicos com uma nota intencionalmente pífia no ENADE. Quem faz isso deliberadamente não é capaz de vestir a camiseta de nenhuma instituição. Logo estes sob o argumento do seu pseudo protesto acabarão se prejudicando e prejudicando o seu investimento em busca de qualificação profissional.
Espero sinceramente que não existam bolsistas do PROUni envolvido neste tipo de atitude, porque daí como contribuinte me sentirei lesado.
O sentimento que traduz a minha sensação quando fui ver o resultado do ENADE é vergonha. Isto não deve se repetir espero, e para tanto me coloco a disposição do departamento de Geografia da FFCH da PUCRS se necessário para participar de atividades que colaborem para que isso não se repita.


Cordialmente,

Profº Jeferson Pitol Righetto
http://profjefersongeo.blogspot.com/

Antes de imprimir, pense em sua responsabilidade e compromisso com o meio ambiente.

sexta-feira, setembro 04, 2009

A Nigéria e o perigo holandês

 

No oeste da África, no golfo da Guiné, entre o Benin e Camarões, o Níger e o Chade situa-se a Nigéria, um dos maiores países africanos – 923.768 Km2 de extensão territorial – com quase 150 milhões de habitantes. O mais populoso país do continente africano tem a maioria de sua população vivendo na miséria absoluta e só 25% dela está nas cidades.

Vários idiomas são falados no país, os das principais etinias que compõem 65% da população, os hussás, iorubas, ibos e fulanis. Os 35% restantes dividem-se em 245 pequenos grupos étnicos.

O idioma oficial é o inglês, herança da submissão à Inglaterra que colonizou o país até 1960 quando se tornou independente com o nome de República Federal da Nigéria e a capital em Lagos. Em 1991 a capital passou a ser a cidade de Abuja no centro geográfico do país.

A maioria da poluação, 50%, professa o islamismo, os outros 50% são cristãos católicos e protestantes ou professam os cultos tradicionais africanos.

71% dos nigerianos vivem com menos de 70 centavos de euros diários, a expectativa de vida é de 47 anos, 50% da população não tem acesso à água potável e o rio Níger é um dos mais poluídos do mundo pela ação predatória da industria química e petrolífera e pela mineração de urânio. 5,4% da população é vítima da epidemia de Aids.

Ao contrário do que demonstra a vida da maioria do povo nigeriano, a Nigéria não é um país pobre. Rica em petróleo é o oitavo produtor mundial – 2 milhões e 300 mil barris diários explorados e exportados por multinacionais.

A Nigéria não tem o controle sobre a produção da riqueza que responde por 95% das exportações e constitui-se em 80% de suas receitas. É membro da OPEP e possui imensas reservas de gás natural, as maiores da África, e que chegam a 190 trilhões de metros cúbicos embora estimativas apontem que elas podem ser ainda maiores. Há um projeto de construção de um gasoduto de 4.200km. passando pelo Níger e pela Argélia para levar gás à Europa para que ela seja menos dependente do gás vindo da Rússia.

O país sofre a escassez de gasolina, pois não sobra petróleo para ser refinado e abastecer o mercado interno, quase tudo o que é extraído é exportado. 40% da população não tem também acesso à eletricidade.

Seu solo é rico em ferro, estanho, carvão e urânio que também são explorados por empresas estrangeiras.

Sua agricultura produz apenas 20% das necessidades de consumo, tudo é importado e pago com a renda do petróleo.

Mas o petróleo é um recurso finito. Calcula-se que o petróleo nigeriano chegará ao máximo de produção em 2012 e a partir daí começará a declinar.

Em que situação ficará o país sem o mesmo nível de recursos gerados pelo petróleo se nada dessa riqueza imensa fica nas mãos dos nigerianos? Se ela não é investida no desenvolvimento industrial interno capaz de gerar empregos que permitam o fortalecimento do mercado interno e o desenvolvimento em outras esferas da atividade econômica que estimulem o país a crescer?

Estão na Nigéria todas as principais multinacionais petrolíferas do mundo e são elas que ditam as cartas do jogo no país. Como o petróleo não vai durar para sempre elas já buscam alternativas a ele na produção de agro-combustíveis e transgênicos. Para isso têm feito grandes investimentos na compra de terras para a produção de etanol.
A alemã Hoyer Co. Engenneering Gbr adquiriu 50 mil hectares de terras no fértil delta do Níger para produzir bio-combustível. A norte-americana Food For All International com apoio (e provavelmente com muito dinheiro) do governo nigeriano comprou milhares de hectares de terras também no delta do Níger para produzir combustível. Muitas empresas inglesas e algumas chinesas também já entraram nesse negócio.

ACORDOS LESIVOS

Toda a política do governo nigeriano é executada para cumprir acordos com os monopólios petrolíferos, que são isentos de todo tipo de taxas e impostos de importação sobre todo e qualquer produto relativo à produção do petróleo ou bio-combustível.

O governo não usa a riqueza do país, gerada pelo petróleo, para produzir outras riquezas e dotar o país de uma infra-estrutura capaz de promover o desenvolvimento e bem estar da população.

Tais acordos lesivos ao país e que permitem aos monopólios petrolíferos darem asas a sua ganância e auferirem superlucros, deixam um rastro de miséria, devastação, fome e desamparo de milhares de nigerianos, cuja diversidade étnica, cultural e religiosa é manipulada pelos prepostos e testas-de-ferro das multis para estimular conflitos de toda ordem em benefício de seus interesses econômicos no país.

A Nigéria está perdendo a chance de desenvolver-se enquanto ainda tem um pouco da riqueza proveniente do petróleo.

O governo não tem dinheiro para investir na industrialização, em educação, saúde, saneamento básico ou habitação e a injustiça generalizada na distribuição da riqueza do petróleo provoca uma grande tensão social.

Surgem guerrilhas que atacam as plataformas e oleodutos das multinacionais em vários pontos do país, mas em particular no delta do Níger.

SHELL

Movimentos sociais acusam a multinacional Shell de degradar o meio ambiente com a queima do gás a céu aberto nos poços de extração, o que vem causando graves prejuízos para saúde de milhares de nigerianos que sofrem de problemas respiratórios e câncer.

A Shell é acusada também de ser responsável pela poluição e degradação do rio Níger onde despeja detritos sem tratamento indiscriminadamente.

O “perigo holandês” no caso da Nigéria é proporcional ao seu tamanho e à sua população.

ROSANITA CAMPOS

quinta-feira, setembro 03, 2009

PETROBRAS ACHA PETRÓLEO (NOS EUA)

 

Atualizado em 03 de setembro de 2009 às 14:13 | Publicado em 03 de setembro de 2009 às 14:12

02/09/2009
da Agência Estado 
Petrobras confirma descoberta de petróleo em águas profundas nos EUA

A Petrobras confirmou hoje uma descoberta de petróleo em reservatórios em águas profundas na região central do Golfo do México, nos Estados Unidos, pelo consórcio do qual participa a sua subsidiária Petrobras America, situada em Houston, no Texas. A descoberta ocorreu no poço Tiber-1, situado a cerca de 400 quilômetros a sudeste de Houston, em profundidade de água de 1.260 metros, localizado no quadrante Keathley Canyon, Bloco KC 102. O poço atingiu uma profundidade total de 10.685 metros, tornando-se o mais profundo já perfurado pela indústria de petróleo, de acordo com comunicado da estatal.
A Petrobras America detém 20% dos interesses no prospecto Tiber, tendo como parceiros a BP, operadora com 62% de participação, e a ConocoPhilips, com 18%. Pela manhã, a britânica BP já havia anunciado a descoberta. De acordo com a Petrobras, a avaliação exploratória da área indica uma descoberta de petróleo de grande porte.
"Desta forma, a Petrobras consolida sua posição em águas profundas e ultraprofundas do Golfo do México, na nova fronteira do Terciário Inferior, beneficiando-se de sua ampla experiência e domínio tecnológico desenvolvidos a partir das operações em águas profundas e ultraprofundas no Brasil", diz a companhia no comunicado.

 

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/petrobras-acha-petroleo-nos-eua/