Milhares de pessoas saudaram o presidente do Sudão, Omar Al Bashir, e repudiaram o parecer do procurador da Corte Criminal Internacional (CCI), Luis Moreno-Ocampo, que acusa o Bashir de genocídio, referindo-se à ação governamental contra rebeldes na região de Darfur. O ato aconteceu no Estádio da Amizade, na capital sudanesa, Cartum.
O presidente Bashir chegou ao palco ladeado pelo seu vice, Ali Osman Taha, que teve papel decisivo na construção do “Amplo Acordo de Paz” assinado em 9 de junho de 2005, que pacificou a maior parte do país acabando com o conflito envolvendo rebeldes ao sul, e o primeiro-vice-presidente Salva Kiir, indicado pelos ex-rebeldes sulistas para compor o governo de coalizão que sucedeu o acordo. O entendimento abriu caminho para negociações com os rebeldes de Darfur, iniciadas em Abuja, na Nigéria, e em andamento.
“O Sudão não hesitará em proteger sua soberania, unidade e segurança e a integridade de seu território. O governo seguirá implementando seus planos pela realização da paz e desenvolvimento por todo o país”, afirmou o ministro da Informação e Comunicação, Al Zahawi Ibrahim Malik.
“Os atentados e conspirações estrangeiras contra o Sudão só vão estimular a resolução do povo e do governo na busca de suas aspirações e objetivos”, afirmou o ministro.
O cantor popular, Jamal Mustafá, compareceu ao ato, onde afirmou: “Minha fé é minha pátria, terra de gente boa e infindáveis recursos. Ela me faz orgulhoso de dizer: sou sudanês, sou africano”.
Neste momento a multidão prorrompeu em aplausos e buscou se aproximar do presidente para apertar sua mão e abraçá-lo. Bashir saudou os sudaneses com as simples palavras: “Allah Kabir” (Deus é grande!). A população seguiu cantando e dançando em desagravo ao presidente e em comemoração à nova lei eleitoral, que ampliará as representações regionais no governo com o intuito de avançar na pacificação do país e por fim ao conflito em Darfur.
A rede de Organizações Voluntárias pela Paz e Desenvolvimento de Darfur conclamou a todas organizações - que como elas – dão suporte aos refugiados na região conflagrada a repudiar as afirmações da CCI contra o presidente do país. “Este parecer busca complicar a situação em Darfur, instigando disputas, sedições e guerra”, denunciou a rede de entidades.
O crime que – aos olhos das corporações e do Império – Bashir cometeu foi impedir as multinacionais do petróleo de saquearem a riqueza do Sudão, fazendo acordos com a China para explorar alguns dos maiores campos do mundo. Este movimento se aprofundou depois que o Sudão repudiou a agressão e ocupação ao Iraque a partir de 2003 pelos EUA. A prospecção e extração de 80% do petróleo sudanês é realizada por empresas chinesas.
União Africana destaca esforços pela pacificação de Darfur
“Se indiciarem Bashir e o prenderem haverá um vácuo de poder no Sudão com risco de golpes militares e anarquia espraiada, similar ao que acontece hoje no Iraque”, afirmou o ministro do Exterior da Tanzânia, Bernard Membe, falando em nome do presidente da União Africana, Jakaya Kikwete.
Membe alertou para as conseqüências da acusação por parte da CCI.
“O parecer é grave, neste momento em que há esforços para acabar com a morte em Darfur, para a implementação do acordo de paz Norte-Sul de 2005 e minorar as tensões do Sudão com o Chad”.
A Organização da Conferência Islâmica em comunicado externou “profunda preocupação com as acusações, o que poderia ameaçar a paz ainda frágil que se busca atingir em Darfur”.
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