quinta-feira, outubro 22, 2009

O livro ‘Bolívia nas ruas contra o imperialismo’ é disponibilizado na internet

O livro Bolívia nas ruas e nas urnas contra o Imperialismo (Editora Limiar, 112 páginas), de autoria de Leonardo Wexell Severo, editor do HP , agora pode ser acessado gratuitamente pela internet.

Conforme esclareceu o editor, jornalista Norian Segatto, “a obra teve suas duas primeiras edições rapidamente esgotadas, mostrando o interesse das pessoas pela situação política e social do nosso país vizinho”. “Nada mais natural, do ponto de vista comercial, que novas tiragens do livro fossem feitas e colocadas à venda. No entanto, a vida não se faz apenas de oportunidades comerciais. Com a compreensão de que um tema desta importância deve ter a maior divulgação possível, a Editora Limiar e o autor decidiram colocar a obra em domínio público, gratuitamente para ser baixada da internet, lida, distribuída, reproduzida, enviada a amigos”, relatou.

“Acesse a página http://www.editoralimiar.com.br/ e procure o link ‘livro grátis’. Baixe o PDF, comente e ajude a divulgar a luta do povo boliviano contra a opressão secular a que está submetido. Esta é nossa pequena contribuição para esta causa”, declarou Norian.

Assinando o prefácio do livro, a cônsul geral da Bolívia, Shirley Orozco, destacou que “o valor do texto precisa ser ressaltado, já que possibilita o acesso a ‘outra informação’, dando subsídios para uma avaliação mais precisa sobre a realidade boliviana, geralmente invisibilizada pelos meios de comunicação no Brasil, formadores ou deformadores importantes da opinião pública”.

Ou Clique no link abaixo para fazer o download direto:

http://www.editoralimiar.com.br/bolivia110.zip

Exxon é condenada por contaminar águas de NY

 

Um juiz federal de Manhattan, cidade de Nova Iorque, nos EUA, condenou a norte-americana Exxon Mobil (Esso), maior companhia petroleira do mundo, a pagar 104,7 milhões de dólares à cidade de Nova York, pela contaminação de poços de água da cidade, com éter metil terbutílico (MTBE, por sua sigla em inglês) um aditivo nocivo da gasolina.

“Nossas reservas de água são os nossos recursos mais vitais, por isso vamos trabalhar para protegê-las e perseguiremos àqueles que as danifiquem”, afirmou o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, em comunicado.

O Departamento de Direito da cidade informou que a decisão do juiz é fundamentada em que a Exxon, ignorou as advertências de seus próprios técnicos para não usar o MTBE em regiões onde houver lençóis freáticos.

O comunicado destaca que a empresa não informou ao governo, postos de gasolina e fornecedores de água sobre a utilização do MTBE, que foi encontrado em seis poços de água na região do Queens.

O MTBE é um aditivo utilizado para oxigenar a gasolina, que, ingerido, pode ser cancerígeno.
  Esta não foi a primeira condenação da Exxon Mobil, por danos ambientais no território norte-americano.

Em 16 de junho, o tribunal de apelações da Califórnia, condenou a multinacional a pagar 507,5 milhões de dólares pelo derramamento de petróleo do navio Exxon Valdez em 1989, no litoral do Alaska. No dia 24 de março de 1989, o petroleiro encalhou na baía Prince William no Alaska, derramando 37 mil toneladas de petróleo no mar, provocando uma tragédia ambi-ental cujas consequências ainda são sentidas na região.

quarta-feira, outubro 21, 2009

Os desejos ocultos dos donos da terra


GILSON CARONI FILHO*

A nova operação da direita para viabilizar a instalação de uma CPI para investigar supostos repasses de recursos públicos a entidades vinculadas ao Movimento dos Sem Terra (MST) nada mais é que um embuste com objetivos nítidos: a criminalização dos movimentos sociais e, com um claro viés eleitoreiro, o desgaste do governo visando ao processo eleitoral de 2010.

O eixo central da ação da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), ex-presidente da UDR, é retroceder o processo democrático a níveis anteriores ao do governo petista. Com apoio da grande imprensa, o que se pretende é o estabelecimento de uma agenda que aceite a imposição dos que gritam mais forte e que por mais de 500 anos mandaram no país.

Um projeto de poder que abandone o país moderno, dos segmentos novos da cidade, do operariado urbano e rural, dos pequenos e médios proprietários das classes médias, dos empresários modernos e progressistas para abraçar uma opção pelo passado. No que ele tem de mais retrógrado, no que ele garante a preservação de práticas clientelistas e oligárquicas.

A pesquisa do Ibope, encomendada pela CNA, “que constata a favelização dos assentamentos rurais do INCRA” não vai de encontro apenas aos dados do Censo Agropecuário de 2006 que demonstram que a agricultura familiar é mais produtiva do que a tradicional e em grande escala. Vai além. Vai contra todas as classes e frações que sabem que sua sobrevivência depende de um país igualitário, solidário, a ser construído por uma intervenção decidida na questão da terra. Uma estrutura social equânime é o inferno de Caiado e Kátia Abreu. Para eles, o paraíso é o Estado Patrimonial que, como no tempo do Império, funcione como repassador de terras e do dinheiro do setor público para o privado. É com essa restauração que sonham diariamente.

Sob os holofotes da CPI o que se quer manter é a luta contra a Reforma Agrária por parte de pecuaristas e dos que ganham com monoculturas extensas. Nos casos de desapropriações já decididas, apela-se, como sempre, para os amigos cartoriais, transferindo gado de uma fazenda para outra enquanto se pede revisão dos processos.

O “aggiornamento” da imprensa é peça fundamental dessa estratégia. Há mais de duas décadas, durante a eleição de Caiado para a presidência da UDR, o então vice-presidente da entidade, Altair Veloso, garantia que “os jornalistas da imprensa escrita são todos vermelhos. Os da televisão são todos homossexuais”

Hoje prevalece a afinidade de classe, e os “vermelhos” carregam nas tintas contra movimentos organizados, enquanto os “homossexuais” divulgam, no horário nobre de uma emissora paulista, “editoriais” contra Lula e o MST. O amadurecimento de pessoas e instituições é surpreendente. Revela pulsões que nunca ousaram dizer o nome.

Em entrevista para a Agência Ibase, o líder sindical José Francisco da Silva, ex-presidente da Contag, disse que “houve avanços com o governo Lula, justiça seja feita. Fernando Henrique investiu R$ 2,3 bilhões no Pronaf. Lula já alcançou R$ 13 bilhões no decorrer de seis anos. Foi um bom investimento, mas é bom que se diga que o agronegócio recebe quase R$ 70 bilhões do governo e é a agricultura familiar que abastece o país, que gera empregos”. É uma distorção a ser corrigida.

Para Kátia e Caiado a correção aponta para outra direção: a da redução dramática da população rural, da formação de um contingente de semicidadãos entregues à própria sorte. Para eles, essa é a democracia possível. O padrão estético é coerente com a história dos antigos donos do poder.

Eldorado de Carajás é uma imagem a ser esquecida. Pés de laranja arrancados, um crime imperdoável.

* Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador da Hora do Povo e do Observatório da Imprensa.

Serra privilegia Telefónica com isenção para enganar incautos

Multinacional espanhola embolsará mais alguns milhões às custas do contribuinte paulista para continuar fornecendo a impopular banda lenta

Na quarta-feira da semana passada, a Telefónica anunciou que ia lançar a “banda larga popular”. Era algo tão ridículo – nem a banda larga dos ricos funciona na Telefónica – que resolvemos não fazer comentários. Para que estragar uma piada tão perfeita?

Pois, 24 horas depois, o governador de São Paulo, José Serra, decretou isenção de ICMS para a Telefónica vender a “banda larga popular” aos incautos. O secretário da Fazenda anunciou que se tratava de um programa do governo de São Paulo, mas que a única operadora que havia aderido a ele era a Telefónica. Provavelmente, tal se deu porque o “programa” era da Telefónica. O governo de São Paulo é que aderiu a ele...

A Net lançou nota, declarando que desconhecia a banda larga do Serra e o presidente da Oi disse a mesma coisa. A isenção, portanto, equivalente a 1/5 do que o Estado arrecada com impostos sobre a Internet, foi só para a Telefónica. Os paulistas, que adoram a competência, honestidade e dedicação à causa pública dessa tele, vão ficar muito satisfeitos – e certamente votarão em massa no candidato da Telefónica.

Aliás, muito interessante o decreto do governador de São Paulo: a isenção é para a Telefónica fornecer banda larga com “velocidade mínima de 200 Kbps e máxima de 1 Mbps”. Como? De 200 Kbps a 1 Mbps? Uma faixa que varia em cinco vezes a velocidade? Que velocidade a Telefónica vai fornecer aos usuários? Um renomado especialista que nós consultamos, ilustrou o decreto de Serra com uma panificadora metáfora: “se algum decreto determinar que as padarias possam vender de 5 a 25 pães pelo mesmo preço, certamente que nenhum padeiro irá vender mais do que 5 por esse preço”.

Porém, com a Telefónica, a coisa é pior, pois ela fornece em média 10% da velocidade que consta em seus contratos. Portanto, com muita boa vontade, a “banda larga popular” da Telefónica vai ao ar com 200 Kbps. Se for seguida a rotina dos 10%, o coitado que cair nessa pode se preparar para se suicidar ou para matar algum diretor da Telefónica. E que não se diga que estamos pregando a violência: o que estamos pregando é que ninguém compre essa joça. Assim, estaremos livres de consequências mais trágicas.

A ONU, através da União Internacional de Telecomunicações (UIT), define que a banda larga deve ter “capacidade de transmissão mais rápida que a velocidade primária da rede digital de serviços integrados (ISDN) em 1,5 ou 2,0 megabits por segundo (Mbits)” (Recomendação I.113, “Vocabulary of terms for broadband aspects of ISDN”, do Setor de Normatização da UIT). A “velocidade primária” referida nessa definição vai de 16 a 64 kbit por segundo (Recomendação I.430 da UIT). A banda larga, portanto, teria que ter velocidade 1,5 a 2 Mbps acima disso.

Entretanto, a banda larga que o povo merece, segundo Serra, difere pouco de um acesso discado – a diferença são as panes da Telefónica. A essa banda lenta vagabunda eles chamam de “banda larga popular”.

No entanto, a vigarice não deixa de ter efeitos pedagógicos. Na semana passada, as teles, o ministro Hélio Costa e mais alguns lobistas, fizeram carga contra o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que está sendo finalizado no Ministério do Planejamento, sob a coordenação do engenheiro Rogério Santanna, secretário de Logística e Tecnologia da Informação.

Segundo esses cavalheiros, era um absurdo afastar as teles da universalização da banda larga, apesar delas até agora não terem universalizado nada, pelo contrário. O PNBL prevê a participação de inúmeras empresas privadas não-monopolistas – mas, exatamente para que seja possível a participação dessas empresas (e, de resto, para que seja possível a universalização da Internet via banda larga) o plano não depende do monopólio das teles, cuja ação é sempre a de concentrar seus onerosos serviços numa estreita faixa da população, naturalmente, a mais rica.

Pois bem, depois da banda vadia com isenção fiscal da Telefónica, vai ser difícil alguém defender que as teles é que devem universalizar a banda larga. Aliás, difícil, não: sem dúvida, vão reaparecer esses defensores, pois lobismo e burrice não são muito afetados pela realidade. Difícil é eles serem levados a sério. A Telefónica e o Serra se encarregaram de avacalhar a causa.

Quanto a Serra, ele concedeu isenção para algo que já existe, o surrado “Speedy light” da Telefónica. A “banda larga popular” é apenas uma mudança de nome. Portanto, tudo continua exatamente na mesma, exceto que a Telefónica embolsará mais alguns milhões às custas do contribuinte paulista.

CARLOS LOPES

 

 

Após 5 anos, jornalismo investigativo da Folha conclui que Net é da Telmex/AT&T

    Em sua matéria sobre a isenção de ICMS para a Telefónica, a “Folha de S. Paulo” relata que “na hora em que Serra anunciava o teor do decreto, o vice-presidente da Net, Eduardo Aspesi, pedia à sua equipe, por telefone, que descobrisse uma forma de baixar o preço, porque a Telmex (controladora da empresa) iria pressioná-lo após o anúncio da Telefônica”.

     Há anos, denunciamos que a Net havia sido desnacionalizada – vendida, contra a lei, à Telmex/AT&T. Cinco anos depois, o perspicaz jornalismo investigativo da “Folha” chegou lá. Entende-se: a “Folha” sempre foi um pouco retardada. E continua escondendo o principal: que o controle da Telmex sobre a Net é completamente ilegal. A “Folha” passa como algo natural, corriqueiro e até banal o que é, rigorosamente, um crime.

     Relembremos os fatos.

     Em 2004, afogada pelas dívidas, a Globo vendeu a Net à Telmex.

     No entanto, a Telmex é uma empresa estrangeira e a lei do cabo (lei 8.977/95) não permite que estrangeiros ou companhias estrangeiras tenham mais do que 49% do capital votante das operadoras de TV a cabo.

     Sendo assim, a Telmex e a Globo decidiram burlar a lei. Para montar a engenharia da ilegalidade, contrataram dois experts, os advogados Barbosa Müssnich e Sérgio Bermudes – notórios por seus serviços para Daniel Dantas no açambarcamento da Brasil Telecom.
Para resumir a operação:

     1) A Telmex e a Globo fundaram uma empresa, a GB Empreendimentos e Participações (CNPJ 04.527.900/0001-42), para a qual foram transferidas 51% das ações com direito a voto da Net Serviços.

      2) Desses 51% das ações votantes da Net Serviços em mãos da GB, a Globo ficou com 51% delas, isto é, 26,01% (51% de 51%) das ações votantes totais da Net Serviços. A Telmex ficou com 49%, isto é, 24,99% (49% de 51%) do total de ações com direito a voto da Net Serviços.

      3) Por fora da GB Empreendimentos e Participações, a Telmex adquiriu 37,5% das ações com direito a voto da Net Serviços.

     4) Com as ações que tem através da GB (24,99%) e com as que tem por fora da GB (37,5%), a Telmex passou a controlar 62,49% das ações com direito a voto da Net.

      5) Para completar, a Telmex ficou com 100% das ações preferenciais (sem direito a voto).

      6) Toda essa transgressão à lei foi aprovada pela Anatel (como sempre...) pelo Ato 48.245, de 06/12/2004).

      A ilegalidade já rendeu, inclusive, um processo da TV Bandeirantes contra a Globo. Mas só agora o assunto passou a existir para a “Folha”, ainda que de passagem - e livrando a cara dos fora-da-lei.

C.L.

 

Telefónica tenta aumentar o seu monopólio com GVT e BrOi apoia

A Telefónica anunciou no dia 7 uma oferta para a compra de pelo menos 51% das ações da GVT. O preço por ação oferecido foi de R$ 48, o que representa cerca de R$ 6,5 bilhões. O leilão seria realizado no dia 19 de novembro próximo. Anteriormente, o grupo francês Vivendi havia ofertado R$ 42 por ação.

A operadora espanhola atua em São Paulo, enquanto a GVT atua na região da antiga BrTelecom, hoje absorvida na BrOi.

No entanto, o presidente da BrOi, Luiz Eduardo Falco, declarou apoio à Telefónica e oposição à entrada da Vivendi no Brasil: “Eles [a Telefónica] conhecem o mercado brasileiro. Sabem quais são as nossas dificuldades. Teria mais receio se tivesse que enfrentar o grupo francês Vivendi. Eles não sabem nada daqui e poderiam promover ações complicadas e abandonar o País, como há exemplos na história. O Brasil é um bicho estranho e precisamos de players que conheçam as nossas regras”.

Em resumo: a entrada da Vivendi provocaria a reestruturação do cartel, hoje formado principalmente pela Telefónica e pela BrOi. Assim, o presidente da última apoia que a Telefónica entre em sua área ao invés da Vivendi. Sem dúvida, não é porque a Telefónica conheça mais o Brasil do que a Vivendi ou que esta seja mais instável em seus negócios do que a primeira, aliás, uma recordista neste quesito. O problema é que o cartel já está acertado, inclusive quanto aos preços e no modo de lidar com a Anatel. A entrada de outro monopólio - e a Vivendi é um dos maiores do mundo - perturbaria esses acertos.

Os acionistas controladores da GVT são Global Village Telecom Holland (15,05%) e o fundo de investimento norte-americano Swarth Investiments (14,98%). Em 30 de junho de 2009, a GVT tinha aproximadamente 2,3 milhões de linhas em serviços, incluindo voz, banda larga, dados e serviços de VoIP.

Robert Kearns: o inventor que desmoralizou a ‘tecnologia Ford’

O processo judicial movido pelo engenheiro e professor universitário de Detroit contra a Ford pelo roubo de um invento de sua autoria nos anos 60 é relatado no filme “Jogada de Gênio”, dirigido por Marc Abraham, revelando a mentira, a chantagem e o suborno por parte do monopólio americano, e a determinação do homem que não sossegou enquanto não colocou os ladrões no banco dos réus

SÉRGIO CRUZ

O filme “Flash of Genius”, traduzido no Brasil como “Jogada de Gênio”, é um relato fascinante do processo judicial movido por Robert Kearns, engenheiro e professor universitário de Detroit, contra a Ford Motor Company pelo roubo de um invento de sua autoria que propiciou ao cartel da indústria automobilística ampliar ainda mais os seus lucros. Dirigido por Marc Abraham, o filme, que não por acaso teve pouca repercussão na mídia colonizada, é um retrato do submundo de crimes e corrupção no qual vagueia a decadente indústria automobilística norte-americana.

Por trás do verniz da propalada “capacidade tecnológica”, o que o filme revela é que os jurássicos monopólios americanos sustentam seus ganhos à base do roubo, da mentira, da chantagem e do suborno. O azar da Ford é que nesta briga com Robert Kearns ela topou com um cidadão com características muito particulares. Kearns demonstrou uma determinação incomum e não se deteve diante de nenhum obstáculo - e foram muitos - que a empresa colocou em seu caminho. Robert Kearns enfrentou uma pedreira mas não sossegou - mesmo nos momentos em que perdeu o apoio de parte da família, dos sócios e dos amigos - enquanto não colocou os ladrões no banco dos réus.

Nas horas vagas entre as aulas, o professor Bob Kearns (Greg Kinnear) era inventor e manifestava um grande orgulho por essa condição. No julgamento contra a Ford, ele fez questão de destacar um distintivo usado por ele com a seguinte inscrição: “Inventor”. Numa de suas pesquisas realizadas em meados da década de 60, na garagem de sua casa, transformada em oficina de trabalho, ele desenvolveu um dispositivo simples mas de grande importância para os motoristas. O limpador de para-brisas intermitente. Era um equipamento inédito para a época. Uma verdadeira inovação. Tanto que passou a ser usado em todos os milhões de carros espalhados pelo mundo, até os dias atuais.

A nova ideia surgiu quando o professor passeava de automóvel com sua família em Detroit, cidade onde morava. Kearns percebeu a ineficácia dos limpadores de para-brisas usados naquela época. O sistema era precário, só previa uma velocidade e, no caso de uma chuva fraca, como a que ocorria naquele dia, o motorista era obrigado a ficar ligando e desligando o aparelho várias vezes para manter a visibilidade. A limitação do equipamento irritou Kearns, que indagou: “como é possível que numa cidade com mais de dez mil engenheiros não se consiga projetar adequadamente um automóvel?”

Ao chegar em casa, o engenheiro concentrou-se em  pesquisar o aparelho. Concluiu que o fato do sistema dos limpadores de para-brisa ser acionado mecanicamente era um impeditivo para que houvesse variação de velocidade de seu funcionamento. Ele inventou um circuito eletrônico inédito que chegou no dispositivo que nós conhecemos hoje como o limpador de para-brisas intermitente. Ou seja, um equipamento com várias velocidades. Era uma coisa simples, mas ninguém tinha pensado nisso até então. Por isso, ele registrou a patente.

O registro foi obtido em sociedade com um amigo de infância, diretor da Previck Automotive, uma fornecedora de serviços à indústria automobilística. Como Bob já imaginava, tanto a Ford como as outras integrantes do cartel vinham tentando produzir o limpador intermitente há mais de um ano e não conseguiam. Ele e seu sócio decidiram, então, diante do potencial de demanda, produzir o equipamento. Kearns concordou em fazer uma demonstração de seu invento ao diretor de produção da Ford. Houve um grande interesse pelo produto e os dois decidiram criar uma fábrica para a produção do equipamento. O primeiro passo seria vender para a Ford, depois forneceriam para as outras.

Convidados para uma reunião com a direção geral da Ford, Robert e seu sócio fecham com ela um acordo para fornecimento dos limpadores intermitentes. Porém, mal sabia ele que a reunião era uma farsa. Não passava de uma armadilha preparada pela Ford para seduzir o engenheiro e roubar-lhe o equipamento. Para isso, os diretores alegaram que antes de assinar o contrato precisavam enviar o aparelho para Washington. O motivo seria a obrigatoriedade de aprovação pelo governo de um equipamento novo para poder ser usado. Kearns cedeu e entregou um modelo de seu invento para a diretoria da Ford.

Não deu outra. Algumas semanas depois, foi informado pelo sócio de que a Ford não tinha mais interesse no contrato. Em seguida, os carros da Ford começam a circular com o seu limpador. Logo depois, todas as outras fabricantes também o instalam. Começava aí a guerra de Robert Kearns contra os gângsteres da Ford. O processo contra a Ford Motor Company foi iniciado em 1978. A acusação foi de roubo de invento e violação de patentes.

A Ford e os outros integrantes do cartel não temiam processos desse tipo porque quase nunca eram punidos pela Justiça. Seu poder de corromper juízes, autoridades e advogados era grande. Os amigos e sócios de Bob, intimidados, tentaram dissuadi-lo de processar a empresa. O argumento era, exatamente, o grande poderio econômico e a impunidade dessas corporações. “Eles têm muito dinheiro, influência e poder”, diziam. “Não dá para enfrentá-los. Os tribunais estão cheios de processos sobre roubos de inventos e quebra de patentes e nada é conseguido contra eles”, insistiam. Mas, Bob respondia, eles podem ter tudo, dinheiro, poder, o que quisessem, mas a verdade estava do seu lado. E com essa convicção, seguiu em frente.

Numa aula, no curso de engenharia da universidade onde lecionava, Kearns revelou que, apesar da ilusão inicial em relação à Ford, agora já sabia com quem estava lidando. “Quem inventou a válvula cardíaca?”, perguntou aos seus alunos. Foi um engenheiro, respondeu ele próprio. “Quem inventou as câmaras de gás de Auschwitz?”, prosseguiu. “Foram também engenheiros”, respondeu outra vez. “Como vocês vêm, enquanto uns trabalham para salvar vidas, outros o fazem para matar”, lembrou. “São questões como essa que estarão no dia a dia de vocês”, alertou Bob. Não por acaso a Ford locupletou-se fornecendo veículos para Adolf Hitler na II Guerra, inclusive usando mão de obra escrava oferecida pelos nazistas em sua filial na Alemanha. O dono da Ford foi condecorado pessoalmente pelo Führer. Era com esse tipo de gente que Bob estava se defrontando.

O gangsterismo, marca registrada da empresa desde os tempos da luta encarniçada contra o New Deal de Roosevelt, aparece no filme, só que com uma nova roupagem, adaptada para os anos 70. Os espancamentos públicos de trabalhadores, como o famoso “massacre do viaduto”, ocorrido numa panfletagem na sede da empresa, em 1937, bem como os assassinatos de sindicalistas, já não podiam mais ocorrer à luz do dia. Agora as coisas tinham que ser disfarçadas. Mas, mesmo assim, as chantagens e ameaças não deixaram de ser feitas contra Robert, sua família e seus sócios, que, aliás, se intimidaram.

Um advogado contratado por Kearns recebeu uma oferta de US$ 200 mil para que o caso fosse encerrado. Bob recusou e disse que só aceitava acordo com a Ford se a empresa publicasse um anúncio na imprensa especializada, informando que tinha roubado o seu invento. Não era dinheiro a sua prioridade. Ele queria desmascarar o roubo. E a empresa queria calá-lo.

Mas, algumas circunstâncias políticas da época acabaram influenciando na luta e impedindo que  Bob fosse silenciado. Um mal estar geral na sociedade, provocado pela escandalosa impunidade das corporações durante a década de 60, levou alguns juízes da época, temerosos de uma desmoralização total do sistema, a mudarem sua postura. Um desses juízes, que julgava o chamado “Escândalo da Filadélfia”, no início da década de 60, envolvendo as maracutaias do cartel do setor elétrico, chegou a declarar, à certa altura: “Estamos diante de um exemplo chocante de procedimento criminoso de vastos setores de nossa economia”. A persistência de Robert Kearns fez com que ele fosse beneficiado por esta nova situação, que obviamente não durou muito. Mas a estratégia da Ford de empurrar o caso até o vencimento do prazo das patentes não deu certo.

Doze anos depois do início do processo, Bob conseguiu levar o caso a júri popular. O julgamento foi concluído em 1990. A Ford foi denunciada publicamente e obrigada a pagar uma indenização de US$ 10 milhões por seu crime. A Chrysler Corporation, que se aproveitou do roubo da Ford para também se beneficiar, foi processada em 1982 e o veredicto saiu em 1992. Como a Chrysler recorreu à instâncias superiores, ela acabou tendo que pagar US$ 20 milhões de indenização pelo roubo.

Pressentindo a derrota no tribunal, um conhecido pau mandado da Ford, chamado Charlie Defao, diretamente ligado à presidência da empresa, tentou subornar Bob Kearns. Ofereceu um milhão de dólares para que o processo fosse suspenso. Novamente Bob impôs a mesma condição de sempre. Tornar público o roubo de seu invento pela Ford. O silêncio era questão de vida ou morte para a empresa. A Ford não aceitou. Essa denúncia teria um efeito devastador sobre a badalada fantasia de sua “alta capacidade tecnológica”. Ficaria muito evidente a incompetência de dinossauros como a Ford e outros que só se dão bem usando o roubo e o suborno de pesquisadores independentes.

A prova de que a Ford queria a todo custo impedir que seu roubo viesse a público foi que, na véspera do julgamento, prevendo que a derrota no júri popular era inevitável, a oferta subiu para 30 milhões de dólares. Robert e sua família recusaram a “oferta” e seguiram na luta. Como já era claro, o objetivo principal de Bob não era o dinheiro. Mas, mesmo assim, no final, a família Kearns não só conseguiu desmascarar a Ford, como recebeu indenizações dela e dos outros integrantes do cartel que, aproveitando-se do roubo da Ford, usaram o seu invento sem a sua autorização.

O roteiro deste bom filme, coisa rara nos últimos tempos em Hollywood, lançado no auge da crise econômica mundial provocada pela decadência da indústria americana e a ganância de Wall Street, serve para a reflexão sobre as causas da quebradeira da indústria automobilística americana, apesar de todas as benesses que ela vem obtendo. O motivo é o parasitismo desses monopólios.

O socorro financeiro anunciado para tentar salvar a indústria automobilística, incluída no pacote anunciado pela Casa Branca, que chegou a US$ 54 bilhões, é uma boa evidência do parasitismo e da incompetência dessas empresas. Mesmo sugando todo esse dinheiro, o setor entrou em bancarrota. A Ford, que também recebeu uma injeção milionária, não quis, é lógico, comentar o filme. Disse que isso é coisa do passado. É compreensível, no momento ela está muito ocupada em outro tipo de roubo. O roubo direto ao contribuinte americano. E, se a Ford não gostou, isso  é mais um motivo de porque vale a pena conferir esse filme, encontrado em qualquer locadora do país.

O SUS na vanguarda científica

 

Luciana Abade, Jornal do Brasil

BRASÍLIA - Mal de Parkinson, Mal de Alzheimer, diabetes, epilepsia, acidente vascular cerebral (AVC). Essas são apenas algumas das dezenas de doenças que afetam milhões de brasileiros que torcem todos os dias para que os cientistas encontrem a cura do mal que os atinge. O caminho para que a terapia celular seja usada como qualquer outro procedimento médico ainda é longo, mas os primeiros passos já foram dados. Balanço do Ministério da Saúde mostra que R$ 65 milhões já foram investidos, desde 2005, em pesquisas com células-tronco. Desse montante, cerca de 60% foi financiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O restante foi arcado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

– Não é o dinheiro privado que financia pesquisas com células-tronco nem no Brasil, nem no mundo. São os governos – afirma o secretário de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Reinaldo Guimarães. – Os empresários não o fazem porque é muito arriscado e se não houver sucesso, eles podem falir. Os governos não costumam falir.

No total, são mais de 300 pesquisadores trabalhando no Brasil em 90 grupos que foram contemplados com financiamento público. Segundo Guimarães, o ministério tem interesse especial nas pesquisas que buscam a cura das doenças que causam maior impacto na população, como as cerebrovasculares, diabetes e doenças do coração.

– Mas como as pesquisas são experimentais, não dá para dirigir uma área específica – explica.

Em 2008, o SUS gastou R$ 65 milhões no tratamento de pacientes que tiveram infarto agudo do miocárdio. O valor deve ser maior em 2009, uma vez que entre janeiro e julho já foram gastos R$ 48 milhões. Os gastos com o tratamento de paciente que sofrem de insuficiência cardíaca são bem maiores. Foram R$ 252 milhões em 2008 e R$ 168 milhões no primeiro semestre deste ano. Já o tratamento de AVC isquêmico e hemorrágico custou aos cofres do SUS R$ 134 milhões em 2008.

O Brasil tem sido pioneiro em diversas pesquisas com células-tronco. Pela primeira vez no mundo, pesquisadores estão injetando as células-tronco da medula óssea diretamente nos pulmões para tratar pacientes com silicose, doença pulmonar provocada pela inalação de poeiras minerais que acomete cerca de seis milhões de pessoas no país. A pesquisa, de autoria de Marcelo Morales, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também pode ajudar os pacientes que sofrem de síndrome de desconforto respiratório agudo, responsável por levar 50% dos doentes ao óbito.

Outro estudo, coordenado pelo Instituto do Coração de São Paulo (Incor), com células-tronco mononucleares para doença isquêmica crônica, conhecida como angina, também é pioneiro no mundo. A pesquisa, que recebeu R$ 3 milhões do Ministério da Saúde, faz parte do Estudo Multicêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatia, que tem ainda três linhas de pesquisa com células-tronco: para doença de Chagas, insuficiência cardíaca e infarto agudo. Ao todo, o estudo recebeu R$ 13 milhões da pasta e será a primeira pesquisa do mundo com uma grande amostra de pacientes, 1.200, na área de terapia celular para doenças cardíacas.

Autor do trabalho que produziu células pluripotentes – capazes de produzir vários tipos de tecidos – a partir de células-tronco adultas, o neurocientista da UFRJ Stevens Rehen afirma que o financiamento de pesquisas no Brasil cresceu substancialmente, apesar de ainda estar longe do que necessita a comunidade científica. O trabalho do cientista realizado em parceria com o biomédico do Instituto Nacional do Câncer (Inca) Martin Bonamino, fez do Brasil o quinto país a produzir células-tronco pluripotentes a partir de células não-embrionárias. Rehen acredita que em pouco tempo serão realizados testes clínicos em humanos com células-tronco embrionárias.

Incentivos fiscais

Referência em estudos com células-tronco para a regeneração muscular, a coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano e pró-reitora de Pesquisa da Universidades de São Paulo (USP), Mayana Ratz, também acredita que os investimentos em pesquisas nessa área tem têm crescido no Brasil, mas ainda são tímidos se comparado com outros países do mundo como Estados Unidos e Japão. A pesquisadora destaca também que existe muita burocracia para importar o material usado nas pesquisas.

– Já pedi pessoalmente ao presidente Lula que dê um voto de confiança nos pesquisadores – conta Mayana. – A nossa pesquisa é muito mais cara. Para a cientista, falta no Brasil incentivos fiscais para que os empresários invistam recursos em pesquisas científicas. – Também não existe a cultura de pessoas muito ricas que tiveram parentes vítimas de doenças degenerativas investirem recursos em pesquisas a fundo perdido.

00:52 - 21/10/2009

domingo, outubro 18, 2009

Países da Alba criam nova moeda para comércio no bloco

 

Líderes da Alba durante cúpula na Bolívia

Líderes da Alba também aprovaram sanções ao governo de fato de Honduras

A sétima reunião de cúpula da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) terminou neste sábado em Cochabamba, na Bolívia, com a aprovação pelos nove países membros da criação de uma nova moeda para substituir o dólar no intercâmbio comercial entre as nações do bloco.

A cúpula aprovou o tratado que constitui o Sucre (Sistema Único de Compensação Regional), mecanismo que deverá substituir o dólar nas transações comerciais entre os países do bloco.

Segundo as autoridades dos países-membros, o Sucre entrará em vigor no começo do ano que vem e poderá no futuro ser adotado como uma moeda comum pelas nações do bloco.

A Alba reúne nove países com governos de esquerda da América Latina e do Caribe – além de Venezuela e Bolívia, fazem parte Antígua e Barbuda, Cuba, Dominica, Equador, Honduras (apenas o governo deposto de Manuel Zelaya é reconhecido), Nicarágua e São Vicente e Granadinas.

No começo, a adoção do Sucre não será obrigatória para todas as exportações e importações no bloco.

Apenas Bolívia, Equador, Venezuela, Cuba e Nicarágua participarão do sistema em seu início. Os outros quatro membros deverão adotar o Sucre gradualmente no futuro.

“É um passo para a nossa soberania monetária, para nos livrarmos da ditadura do dólar, que o império ianque impôs ao mundo”, disse Chávez, que propôs a criação do novo sistema em novembro do ano passado, durante o auge da crise econômica mundial.

O nome do novo mecanismo é também uma homenagem ao venezuelano Antonio José de Sucre, um dos comandantes das batalhas pelas independências dos países sul-americanos no século 19.

Sanções a Honduras

Os membros da Alba também aprovaram sanções econômicas contra o governo de fato de Honduras.

Mas eles não conseguiram chegar a um acordo em relação à proposta do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de formar uma “aliança militar defensiva”.

Segundo Chávez, a aliança seria necessária para conter “as ameaças do império”.

“Por que não? Quem pode proibir a nós, países soberanos, de fazer uma aliança militar defensiva e trocar soldados, oficiais, treinamento, equipamento e logística?”, afirmou o venezuelano.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, que presidia a reunião, se declarou contrário à adoção de uma “resolução acelerada” e pediu mais estudos sobre o tema.

A cúpula acabou aprovando a criação de um comitê com o objetivo de “definir uma estratégia de defesa conjunta”.

Ironias a Obama

O discurso político durante o encontro foi contundente em reafirmar, sobretudo, a vocação socialista do bloco e ao acusar "o imperialismo e a direita" de tramar contra a Alba por meio do golpe em Honduras e da presença militar americana na Colômbia.

O presidente do Equador, Rafael Correa, pediu aos países do bloco que fiquem “muito atentos” porque, em sua opinião, “há uma restauração da direita” na região.

Honduras foi representada na cúpula por Patricia Rodas, chanceler do governo deposto.

Também compareceram à reunião em Cochabamba observadores de Uruguai, Paraguai e Rússia.

Durante a cúpula, Chávez também foi irônico com a concessão do Prêmio Nobel da Paz ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a quem pediu que faça jus à premiação suspendendo o embargo comercial a Cuba.

Em todas as vezes que citou o presidente americano, Chávez se referiu a ele, entre risos, como “Obama, Prêmio Nobel da Paz”.

O presidente venezuelano afirmou que o único merecedor de um reconhecimento semelhante seria seu colega boliviano, Evo Morales.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/10/091017_alba_cupula_rw.shtml

Ministro da Igualdade Racial: “Nabuco errou”

17/outubro/2009 21:18

Em 1888, quando a Lei Áurea baniu legalmente do país a vergonha do sistema escravocrata, Joaquim Nabuco, um dos abolicionistas mais engajados, profetizou que o Brasil levaria um século para livrarse da desigualdade entre os ex-escravos e os demais cidadãos. Embora tenha acertado no diagnóstico, Nabuco errou no prazo. Hoje, 121 anos após a Abolição, negros e negras continuam subrepresentados nos espaços de poder e no ambiente acadêmico, ocupando as funções menos qualificadas no mercado de trabalho, sem acesso às terras ancestralmente ocupadas no campo, e na condição de maiores agentes e vítimas da violência nas periferias das grandes cidades.

São muitas as razões que impossibilitaram a ascensão social dos negros, e sobre elas já discorri inúmeras vezes: a falta de mecanismos legais que garantissem o acesso à terra, ao trabalho e à educação no período imediatamente posterior à abolição; o incentivo à imigração europeia e asiática para substituir a mão de obra recém liberta; as teorias racistas de “embranquecimento” da população; o mito da democracia racial brasileira, que conduziu a uma quase total invisibilidade da questão negra; e toda uma herança discriminatória forjada em mais de 350 anos de escravidão.
Embora alguns setores tentem apresentar na mídia esta realidade com os sinais trocados, hoje sabemos que a democracia racial é, em verdade, um objetivo a ser alcançado, pois somos uma nação desigual, com os negros na base e os brancos ocupando o ápice da pirâmide econômica. Felizmente, no atual estágio de suas instituições democráticas, nossa sociedade está suficientemente madura para discutir a transformação desta realidade sem incitar o ódio racial ou ocasionar maiores traumas. Basta não perder de vista que o objetivo não é dividir, mas integrar. Fazer com que negros, brancos, indígenas, ciganos e outros segmentos tenham não apenas a igualdade formal dos direitos, mas a igualdade real das oportunidades.
O Estatuto da Igualdade Racial, projeto de lei que há mais de uma década tramita no Congresso Nacional, é a mais importante ferramenta para alcançar este objetivo. Surge para dar consequência e aplicabilidade ao texto da Constituição Cidadã de 1988, que, desde o seu preâmbulo e em diversos de seus artigos, confere ao Estado a responsabilidade pela promoção da igualdade e o combate aos preconceitos.
A Carta registra em seu artigo 3º, por exemplo, que é objetivo fundamental do Estado “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Assinala ainda, em seu artigo 4º , o repúdio ao racismo, determinando, no inciso XLII do artigo 5º, que sua prática se constitui em “crime inafiançável e imprescritível”.
Os primeiros efeitos da discussão em torno do Estatuto começam a ser sentidos antes mesmo de sua aprovação pelo Legislativo. De forma espontânea e sem registros de incidentes, mais de 60 instituições públicas de ENSINO SUPERIOR já colocaram em prática políticas com o objetivo de ampliar o acesso de estudantes negros aos seus cursos de graduação; as escolas de nível fundamental e médio assumem seu papel para a superação do racismo com a gradual adoção da lei do ensino de História da África e da Cultura Negra; e diversos bancos e empresas começam a adotar medidas para reduzir as disparidades entre negros e brancos em seu corpo de funcionários. Paulatinamente, o racismo é desconstruído.
A recente aprovação do projeto de lei em comissão especial formada para analisá-lo na Câmara, de forma unânime, graças a um acordo costurado entre todos os partidos presentes, foi um importante passo neste sentido. Considerando a solidez dos acordos firmados entre o governo, os partidos e a sociedade civil, estou convicto de que, muito em breve, teremos condições de aproximar o Brasil do ideal de Nabuco: “Acabar com a escravidão não nos basta; é preciso destruir a obra da escravidão.”
EDSON SANTOS é ministro da Igualdade Racial.

 

 

 

http://www.paulohenriqueamorim.com.br/?p=20436

quinta-feira, outubro 15, 2009

''Brasil crescerá 5% nos próximos anos''

 

Para O'Neill, que cunhou a expressão Bric, País terá bom desempenho se controlar inflação e estimular investimentos

Fernando Dantas

 

O Brasil pode crescer a um ritmo de 5% por muito anos, mas, para isso, é necessário que o próximo governo mantenha a inflação sob controle e estimule os investimentos. A visão é de Jim O"Neill, chefe de pesquisa econômica global do Goldman Sachs e famoso mundialmente por ter criado a expressão Bric - o grupo de grandes países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China, que estudos do Goldman Sachs previram que vai superar em PIB o G-7 (sete principais países ricos) antes de 2030.
"Dependendo do que acontecer nas eleições, é possível que o Brasil possa crescer mais do que 5% por vários anos", disse O"Neill ontem numa entrevista à imprensa em São Paulo, parte de uma visita ao País, na qual esteve com cerca de 600 clientes do Goldman Sachs.
Entusiasta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, O"Neill declarou que "dá para argumentar que o presidente Lula é o melhor, o mais bem-sucedido gestor político de um grande país nessa década". Para ele, o principal fator do sucesso atual do Brasil, e que deveria ser mantido pelo próximo governo, é "a inflação baixa e controlada, que está criando toda uma nova geração de cidadãos que podem planejar no médio e longo prazo seu consumo e investimento".
O"Neill acrescentou que "a coisa mais importante nas eleições, seja lá quem for (eleito presidente) é que não se mude isso". Ele mostrou preocupação pelo fato de que, na sua última visita ao Brasil, tenha tido a impressão de que o Banco Central não era "muito popular".
"Espero que essa não seja ainda a visão que prevalece no País; se vocês olharem a força dos indicadores (econômicos) do Brasil, não parece que o Banco Central esteja freando o crescimento", afirmou.
Para o economista, o Brasil deveria se satisfazer numa primeira fase com um crescimento em torno de 5%, que não provocasse inflação ou desequilíbrios externos graves, para só depois tentar acelerar para 7%. Sobre o real valorizado, disse que há grandes países exportadores que conseguem conviver com isso, e não há solução fácil.
Em relação ao investimento, O"Neill citou um indicador de "ambiente para o crescimento" do Goldman, no qual três das fraquezas do Brasil, na comparação com a média de outros Brics e emergentes, são o baixo nível de investimento em relação ao PIB, o grande tamanho do Estado em relação ao PIB e a pouca abertura da economia.
Ele deu ênfase à questão do investimento, mencionando que um dos fatores que explicam o melhor desempenho econômico da China em relação à Índia é que o primeiro país encoraja mais o investimento estrangeiro na produção. O"Neill mencionou que, em suas frequentes viagens pelas mais diversas partes do mundo, ele tem se encontrado com muitas empresas e investidores querendo entrar no Brasil pela primeira vez. "Acho muito importante que o atual governo e os próximos encorajem isso."
Quanto ao PIB global, ele apontou que a projeção do Goldman Sachs, de crescimento de 4,1% em 2010, está acima do consenso de mercado. E o maior risco de erro da previsão, frisou, é que o mundo cresça ainda mais, já que há uma série de indicadores de retomada, como o salto de 84% nas vendas de carros na China em um ano, a aceleração do crescimento das exportações coreanas, chinesas e japonesas, ou a cifra estonteante de 30 milhões de novas linhas de celulares por mês da China e da Índia. "Quando as pessoas dizem que não há descolamento (dos emergentes), penso que eles devem morar num país diferente do meu", ironizou O"Neill.
Em relação à economia brasileira, ele disse que a capacidade do País de superar a crise era o teste que faltava para mostrar que merecia de fato fazer parte dos Brics. Para ele, a boa reação do Brasil à crise foi "um prêmio para a boa gestão macroeconômica do Banco Central e do governo Lula e, possivelmente, do governo anterior". Quanto ao mercado acionário brasileiro, disse que ainda pode subir muito, embora esteja menos atraente do que estava no início da retomada de alta.
O"Neill recordou-se de como, há dois anos, quando esteve no Brasil, ele tinha que justificar o tempo todo o "B" dos Brics. Agora, disse, "há um grau maior de confiança entre os brasileiros - certamente dos homens de negócio - sobre o Brasil do que em qualquer outro momento anterior em que eu tenha vindo aqui".
Ele fez uma menção bem-humorada ao brasileiro Paulo Leme, economista do Goldman para mercados emergentes, que tem projeções de crescimento para o Brasil que muitas vezes O"Neill considera excessivamente pessimistas (e com quem fez uma aposta sobre o assunto, de um jantar "em qualquer restaurante do mundo"): "Digo ao Paulo que precisa ser mais animado em relação ao seu país".

quarta-feira, outubro 14, 2009

Terra o Planeta Azul

O presente trabalho versa sobre a problemática da água no planeta Terra e no Brasil, onde foi apresentada uma análise crítica, seguida de sugestões.
Água conforme foi apresentada neste se mostra, um problema evidente na Terra do futuro, pelo fato de seu mau uso pela população atual de nosso planeta, pois se continuarmos como estamos a Terra deixara de ser o Planeta Água.
Cabe dizer que tudo que foi sugerido está fundamentado no Art. 225 da Constituição Federal do Brasil - 1988 e agenda 21. As ocorrências são fatos vividos ou lidos, pelos autores.
Como o Planeta Terra é chamado por nós de Planeta Água, devido a sua constituição ser de ¾ de água, porém de toda esta água 97% é de água salgada e apenas 3% de água doce. Desses 3% apenas 1% é de água potável. Diante desde fato é sensível a necessidade de uma política educacional que leve a conscientização da necessidade do não desperdício de água doce no planeta.
Cita-se que a cultura do desperdício no Rio de Janeiro atinge um total de 40% da água tratada disponível. Não se entende o que seja preservação e conservação do planeta em função da água.
A Constituição Brasileira no seu Art. 225 descreve "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público o dever de defendê-lo à coletividade o de preservá-lo para as presentes e futuras gerações."A Poluição da Água
A poluição da água tem um ponto de vista histórico, ela começou com a deposição de dejetos humanos e animais ao longo dos mananciais, dos leitos de rios e lagos e por infiltração nos lençóis d'água. A poluição evoluiu e evolui através dos anos, com o desenvolvimento da indústria como dos: agrotóxicos, polímeros e o crescimento do contingente humano no planeta, levam estudiosos a observarem a perda inconsciente do solo, do subsolo, das águas correntes, do ar que respiramos e das chuvas. Fato que está gerando até problemas de saúde pública. É fato constatado que a maior parte das mortes por doenças são devidas a ingestão de água contaminada.O Ciclo das ÁguasAs águas dos oceanos, mares, rios e lagos evaporam-se condensam, e estas voltam a Terra por precipitação reabastecendo esses mesmos aqüíferos e por infiltração mantendo o nível dos lençóis freáticos durante o período. Durante o período da noite as gotículas de água em suspensão, por variação de temperatura se precipitam sobre a forma de orvalho. A Problemática das Águas no Planeta
As águas estão sendo modificadas quanto a sua natureza, pelo descuido do homem, que geram águas contaminadas e poluídas por fatores demonstrativos da falta de educação caseira, formal e acadêmica.
Fig. 1 - Uso mundial da água por setores (fonte Teixeira, W et alii "Decifrando A Terra" São Paulo - USP - Oficina de texto, 2000).
A água potável disponível na Terra equivale à cerca de 12.500 km3. estes são usados pelas indústrias, agricultura e domicílios. Descontando-se o uso industrial, agrícola e doméstico as reservas mundiais chegavam a 16.800 m3 por pessoa ao ano. No final do século XX as reservas se reduziram a 7.300 m3 e as previsões para 2025 não são animadoras podendo chegar a 4.800 m3. A agricultura é a que mais utiliza recursos hídricos principalmente para a irrigação. O crescimento populacional do mundo requer o aumento da produção agrícola.
Atualmente 70% da água doce disponível no planeta é utilizada na agricultura mas segundo o Conselho Mundial de água (World Water Council) no ano 2025 serão necessários mais 17% desse recurso para alimentar o mundo.A Europa é o continente que mais consome água no setor industrial, Oceania consome no setor doméstico cerca de 8%.
Fig. 2 - A disponibilidade de água no mundo (fonte Beaux, J. F. "L'Environenment Repères Pratiques" Paris, Nathan, 1998)
Observem a figura 2 que mostra diferenças extremas quanto ao consumo de água em algumas localidades. Deve-se observar que segundo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apenas a metade da população mundial tem acesso à água potável. Segundo Banco Mundial cerca de 80% no futuro irão entrar em conflito por causa deste bem esgotável. Já ocorrendo em paralelo com as desavenças político-religiosas. Neste item não podemos nos esquecer que com o aumento da população mundial, haverá uma necessidade de mais água pelo fato de sermos compostos de cerca de 66% de água.

A Poluição dos Mares Oceanos e Baias
O problema alvo da contaminação de mares e oceanos e baias é decorrente dos vazamentos de tubulações de óleo e de petroleiros além da lavagem indiscriminada de conveses e porões de navios nos portos.Um outro problema que futuramente ira se agravar, é o da construção naval atual de navios, submarinos, porta-aviões e outros movidos à propulsão nuclear, que quando naufragam contaminam os mares e uma questão que fica no ar. Qual o problema futuro de suas desativações?Uma outra contaminação existente é chamada de Maré Vermelha que são provocadas pelas algas de mesma cor, em virtude, do excesso de poluentes (esgotos) que levam a um aumento de natalidade destas, provocando diminuição no oxigênio das águas.Os futurólogos prevêem que em intervalo de tempo próximo as plantações serão oceânicas, e para tanto devemos não poluir também os mares e oceanos. Porém um problema eminente está ocorrendo na Europa, que é a Calepa Taxifólia ou alga assassina que está se espalhando na Europa em proporções geométricas, pois são levadas pelas correntezas, navios e outros. O efeito desta alga é devastador pois ela sufoca as algas que são ingeridas pelos peixes que por sua vez fazem parte da cadeia alimentar. Essas algas apesar de venenosas têm um predador natural, que é a lesma do mar, esse predador após ingerir a alga assassina torna-se também venenosa saindo da cadeia alimentar, ela também tem um problema, ela não resiste às baixas temperaturas do inverno europeu. Mesmo conhecendo-se a alga assassina, o seu predador natural, o seu problema com variações de temperatura e que ela não se reproduz sexualmente, e sim por alto clonagem, o que implica na não possibilidade de sua remoção por meios mecânicos, pois qualquer corte nela leva a sua multiplicação por ambas as extremidades.Fato este que deixa o Brasil em vantagem, pois nossos invernos não são tão agressivos como os Europeus, o que permite a disseminação das algas pelas lesmas, e que torna possível em nossa costa a manutenção da vida marinha, levando assim o Brasil a ser o futuro abastecedor mundial de alimentos marinhos.
A poluição dos rios, lagos e lagoas
A poluição dos rios, lagos e lagoas têm como fonte principal o homem que os polui através de indústrias, do esgoto lançado in natura e da deposição de lixo nas encostas e dentro destes. Um outro problema que ocorre com estes é o do desmatamento e das queimadas nos margens, que podem até provocar mudança do curso dos rios além de assoreamentos.As enormes quantidades de agrotóxico e fertilizantes de uso agrícola de nossas plantações podem acarretar aos corpos receptores, rios, lagoas e lagunas, a proliferação de algas que se alimentam dos fertilizantes trazidos pelas chuvas e essas algas produzem substâncias tóxicas tornando esta água imprópria ao consumo humano e a fauna aquática. A modificação da estrutura genética dos seres marinhos através da ingestão de produtos químicos, cujos efeitos prejudiciais aos seres humanos ainda são desconhecidos pode acarretar até modificações no DNA.Os manguezais são ecossistemas de alta produtividade compondo a base de uma cadeia alimentar que passa por um incontável número de aves marinhas e migratórias, incluindo ainda o próprio homem no extremo desta cadeia. A fauna associada ao manguezal consiste de dois grupos os que o habitam permanentemente em seu ciclo vital (moluscos, crustáceos) e aqueles que o freqüentam periodicamente para abrigo, desova e alimentação na fase de crescimento principalmente peixes e mamíferos. Os outros problemas com lagos e lagoas são:
· Degradação das áreas de proteção dos lagos especialmente pelo lançamento de dejetos.
· Assoreamentos das lagoas quando permitida afirmação de espigões impedindo o livre transita de pequenas embarcações.
· Construções com total desrespeito a faixa marginal invadindo a faixa d'água.
· Desenvolvimento das condições de falta de oxigênio em virtude da alta concentração de esgoto e a presença de vegetação aquática em decomposição.
· Represamento dos rios poluídos devido a grande quantidade de vegetação aquática.
A poluição dos lençóis freáticos e minas d'água
A poluição dos lençóis freáticos e das minas d'água se deve também a esgotos, a utilização de produtos químicos por indústrias e pelos lixões que desprendem o chorume. Por ocasião das chuvas o próprio solo absorve agrotóxicos e fertilizantes, oriundos da agricultura que são também uma fonte de poluição dos lençóis freáticos e minas d'água.
A poluição das chuvas
Os poluentes incorporados ao ar Atmosférico, tais como gás carbônico, fluoretos, nitritos, sulfitos e sulfetos, geram a chamada Chuva Ácida. Responsável pela destruição de arquiteturas, estátuas, geração de doenças de pele e outros. No Brasil já existem comunidades que tem problemas de câncer provocados por nuvens de poluentes, que em outros países foram verificadas por satélite e chegam a ter proporções continentais e chegam a ter 3 km de espessura.A Agricultura Orgânica e os Transgênicos A agricultura orgânica tem sua importância por não se valer de agrotóxicos e estar sendo re-aceita pela população.Quanto aos transgênicos, apesar de seus efeitos ainda serem desconhecidos, é inerente a eles a resistência a um maior número de pragas, e com isso a menor poluição dos solos, pois usam uma quantidade menor de agrotóxicos, embora seja muito discutido seu efeito mutante no homem do futuro, no momento, é uma solução da problemática da fome no planeta. Deve-se lembrar que tudo no Mundo foi feito pelo Criador em cadeia os alimentos naturais são compatíveis com a necessidade do organismo humano.A Água e o BrasilO Brasil detêm de toda água doce disponível no planeta. Pensando nesse volume e talvez considerando inesgotável uma parcela da população de empresários, donos de indústrias e até entidades publicas continuam poluindo os rios e o mar, sem dar a devida importância aos malefícios que tais ações acarretam ao próprio ambiente e ser humano. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), o consumo total de água doméstico, industrial e outros em 1987 foram de 580 litros por pessoa/dia desse total coube ao consumo doméstico 43% ou seja, 250 litros por pessoa/dia, 40% foram consumidos pela agricultura e 17% pela indústria.A preocupação que se despendeu no passado (séc. XVII) que foi a criação de uma lei que proibia os donos de porcos de sujarem os rios, não foi prosseguida pois de lá para cá a poluição só tem aumentado.Em nosso país, rios, riachos, ribeirões, lagos, lagoas, arroios e cachoeiras, determinam a grande variedade dos recursos hídricos. Alguns se encontram preservados belos e úteis e outros não recebem ainda hoje da população e autoridades os cuidados para mantê-los limpos e a sua recepção como fonte de vida e aqui são poucas cidades que tratam as nossas fontes de água com cuidado. Os rios aqui são encarados como um natural escoadouro de dejetos domésticos e de lixo.A falta de consciência é de tal ordem que se implantou o uso da "vassoura hidráulica" para lavagem das calçadas com água potável. Acredita-se que a exemplo de países onde a falta d'água e escassez são notórios, deva ser implantado nas residências do Brasil sistema de adução de água limpa e potável separadamente. Observe o alto custo da água tratada fato que por si só justifica a implantação de tal sistema.Segundo noticia publicada na revista Fortunate a água tratada custa trezentas vezes o valor da água limpa. O trabalho educativo deverá ser feito a nível doméstico e em âmbito maior, com o relacionamento das diferentes tarefas e seus respectivos usos e gastos.Desta maneira acredita-se que o homem venha a minimizar o gasto de água e maximizar a sua conservação no planeta.Este fato tem gerado a necessidade do controle ambiental e dos RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) em áreas industriais. A água pode ser a seiva da vida, como a geradora da morte, isto depende unicamente do seu uso racional. ConclusãoHoje em dia o problema é a qualidade e a quantidade da água, fato que não se verificava no passado. A água abundante, o solo fofo e produtivo levou o homem, ao uso desordenado da água e do próprio solo, chegando a se esquecer os ensinamentos dos nativos que foram os primeiros a racionalizar os seus usos. Os indígenas fazem uso da água sem que a poluam, fato este consciente e inconsciente. A terra é cultivada somente no espaço necessário para sua sobrevivência, não ameaçando a estrutura dos ecossistemas, não destruindo as florestas, fontes de preservação do solo, das águas, da vida, fator de equilíbrio do clima. Campanhas educativas e racionais deverão ser implementadas, de forma a conscientizar o povo de um problema tão eminente e que já é sentido quando acontecem problemas ecológicos. Nossa sensação de perda só se dá neste momento, devido a grande quantidade de água que possuímos.O maior problema atual do momento é o desperdício da água, seu mau uso que levará a uma futura escassez acentuada.Segundo estudos da Pastoral da Terra, publicados no Jornal Ecológico 2003 "a última fronteira de investimento para o setor privado é a água, disse um estrategista da Monsanto não podemos ficar em paz enquanto a oligarquia internacional da água decreta, que a água é um bem escasso, dotado de valor econômico, e que a melhor maneira de gerenciar a escassez é o mercado. Para que a água seja mercantilizada, é preciso que ela tenha um preço e seja privatizada. Essa é a questão que está por detrás da frase do estrategista da Monsanto, empresa química que se tornou uma empresa de sementes geneticamente modificadas e agora quer dominar toda a cadeia de alimentos, dominando também".O sofrimento humano e a destruição ambiental que vêm por aí não têm tamanho. A água no momento atual é fonte geradora de guerra e de paz e não sabemos a que eixo ou o do bom ou o do mau o Brasil estará no futuro com tanto desprezo a esta.
Bibliografia:BIZERRIL, C. R. S. F. e PRIMO, P. B. - "Peixes de Águas do Estado do Rio de Janeiro" RJ, FEMAR-SEMADES, 417p, 2001_____ - Revista CREA-RJ, Fevereiro-Março 2003_____ - Revista JB Ecológico, Maio, N.16 2003_____ - Secretaria de Meio Ambiente "Ambiente das Águas no Estado do Rio de Janeiro", SEMADES, 230p, 2001_____ - Veja, Ed. Abril, Agosto, ano 35, N.33 2002
Carlos Augusto de Alcantara GomesProf. Adjunto da Escola Politécnica da UFRJMembro da Academia Brasileira de Meio Ambientealcantaragomes@globo.comLigia Vianna MendesProf. Titular da CEFET e ABMAligiamendesvianna@ig.com.brMembro da Academia Brasileira de Meio Ambiente

BBC mente na cobertura de Teerã

A rede de notícias inglesa BBC apresentou em seu site imagens de manifestação a favor do presidente iraniano reeleito, Mahmoud Ahmadinejad, e informou que se tratava de protestos contra o governo e em favor do candidato derrotado Houssein Mousavi. A manipulação da BBC foi apontada pelo site norte-americano “What Really Happened”.
A legenda da foto divulgada pela BBC afirma: “Partidários de Mir Hossein Mousavi desafiam novamente o veto a protestos”.

A imagem é facilmente confrontada com outra fotografia divulgada pelo jornal norte-americano “Los Angeles Times” em sua página na internet na quinta-feira, que apresenta o presidente iraniano saudando os apoiadores. Apesar disso, o LATimes colocou a legenda: “centenas de milhares protestam no Irã contra o resultado eleitoral”, mesmo com a presença de Ahmadinejad no primeiro plano da foto.
Denunciada a manipulação, a BBC alterou a legenda da foto em seu artigo original que agora afirma: “Teerã tem visto maciças manifestações dos dois lados desde a eleição”.
Apesar de flagrantes desse tipo, o site da BBC mantém a seguinte definição a respeito dos seus “valores”: “Confiança é o alicerce da BBC: somos independentes, imparciais e honestos”.

Gostemos ou não, aconteceu






08/07/2009 - 10:53

Prêmio de Lula orgulha o país, mas imprensa esconde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem à noite, em Paris, o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura).
Presidido por Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, o júri premiou Lula "por sua atuação na promoção da paz e da igualdade de direitos". 
Não é um premiozinho qualquer. Entre as 23 personalidades mundiais que receberam o prêmio até hoje _ anteriormente nenhum deles brasileiro _ , estão Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, Yitzhak Rabin, ex-premiê israelense, Yasser Arafat, ex-presidente da Autoridade Nacional Palestina, e Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos.
Secretário-executivo do prêmio, Alioune Traoré lembrou durante a cerimonia na sede da Unesco que um terço dos vencedores anteriores ganhou depois o Prêmio Nobel da Paz.
Pode-se imaginar no Brasil o trauma que isto causaria a certos setores políticos e da mídia caso o mesmo aconteça com Lula.
Thaoré disse a Lula que, ao receber este prêmio, "o senhor assume novas responsabilidades na história".
Mas nada disso foi capaz de comover os editores dos dois jornalões paulistas, Folha e Estadão, que simplesmente ignoraram o fato em suas primeiras páginas. Dos três grandes jornais nacionais, apenas O Globo destacou a entrega do prêmio no alto da capa.
Para o Estadão, mais importante do que o prêmio recebido por Lula foi a manifestão de dois ativistas do Greenpeace que exibiram faixas conclamando Lula a salvar a Amazônia e o clima. "Ambientalistas protestam durante premiação de Lula", foi o título da página A7 do Estadão.
O protesto do Greenpeace foi também o tema das únicas fotografias publicadas pela Folha e pelo Estadão. No final do texto, o Estadão registrou que Lula pediu desculpas aos jovens ativistas, retirados com truculência pela segurança, e "reverteu o constragimento a seu favor, sendo ovacionado pelo público que lotava o auditório".
"O alerta destes jovens vale para todos nós, porque a Amaz}ônia tem que ser realmente preservada", afirmou Lula em seu discurso, ao longo do qual foi aplaudido três vezes quando pediu o fim do embargo a Cuba e a criação do Estado palestino, e condenou o golpe em Honduras.
"Sinto-me honrado de partilhar desta distinção. Recebo esse prêmio em nome das conquistas recentes do povo brasileiro", afirmou Lula para os convidados das Nações Unidas.
A honraria inédita concedida a um presidente brasileiro, motivo de orgulho para o país, também não mereceu constar da escalada de manchetes do Jornal Nacional. A notícia da entrega do prêmio no principal telejornal noturno saiu ensanduichada entre declarações de Lula sobre a crise no Senado e o protesto do Greenpeace.
É verdade que ontem foi o dia do grande show promovido nos funerais de Michael Jackson, mas também ganhou destaque na escalada e no noticiário a comemoração pelos quinze anos do Plano Real (tema tratado neste Balaio na semana passada) promovida no plenário do Senado, em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou para atacar Lula.
Diante da manifesta má-vontade demonstrada pela imprensa neste episódio da cobertura da entrega do Prêmio da Unesco, dá para entender porque o governo Lula procura formas alternativas para se comunicar com a população fora da grande mídia.
Muitas vezes, quando trabalhava no governo, e mesmo depois que saí, discordei dele nas críticas que fazia à atuação da imprensa, a ponto de dizer recentemente que não lia mais jornais porque lhe davam azia.
Exageros à parte, mesmo que esta atitude beligerante lhe cause mais prejuízos do que dividendos, na minha modesta opinião, o fato é que Lula não deixa de ter razão quando se queixa de uma tendência da nossa mídia de inverter a máxima de Rubens Ricupero, aquele que deu uma banana para os escrúpulos.
"O que é bom a gente esconde, o que é ruim a gente divulga", parece ser mesmo a postura de boa parte dos editores da nossa imprensa com um estranho gosto pelo noticiário negativo, priorizando as desgraças e minimizando as coisas boas que também acontecem no país.
Valeu, Lula. Parabéns!  
 Enviado por: Ricardo Kotscho - Categoria(s): Blog   http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/



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O milhão do INPE

http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=1966

INPE atinge 1 milhão de imagens distribuídas sem custo pela internet. Mais de 70% são do satélite CBERS
28/09/2009


Pioneiro na oferta gratuita pela internet de dados de satélites de média resolução, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ultrapassou nesta segunda-feira (28/9) a marca de um milhão de imagens distribuídas através do endereço http://www.dgi.inpe.br/CDSR/

A política de dados livres adotada pelo INPE fez do Brasil um exemplo mundial na área de Observação da Terra, tornando o Sensoriamento Remoto uma ferramenta de fácil acesso. O sucesso desta iniciativa pioneira levou outros países, como os Estados Unidos, a também disponibilizar gratuitamente dados orbitais de média resolução.

A distribuição gratuita através da internet começou em 28 de junho de 2004, com as imagens do CBERS-2 (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). Logo após, o INPE tornou livre o acesso às imagens históricas dos satélites LANDSAT. Atualmente o Centro de Dados de Sensoriamento Remoto do Instituto, instalado em Cachoeira Paulista (SP), tem disponíveis imagens dos satélites CBERS-2 e 2B e Landsat 1, 2, 3, 5 e 7. As imagens de todos estes satélites são fornecidas sem custo para qualquer usuário do mundo.

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Sim, nós podemos





Do Último Segundo
Coluna Econômica – 04/10/2009
Estava almoçando com um amigo banqueiro quando veio a notícia de que o Rio de Janeiro havia sido escolhido cidade-sede das próximas Olimpíadas. Mandou abrir um vinho em comemoração. De manhã, um funcionário dele, em Copenhagem, mandou email informando que na cidade só se falava em Lula, uma euforia completa apenas pela presença de Lula por lá.
No restaurante, as mesas comemoraram pedindo vinhos e champagnes. Nas ruas, uma população orgulhosa do feito brasileiro. No Blog, centenas de comentários de leitores orgulhosos de serem brasileiros, finalmente orgulhosos de serem brasileiros, repito.
Chego no escritório, ligo a Internet e procuro o vídeo com o discurso de Lula, defendendo a candidatura do Rio e, depois, com Lula com os olhos marejados falando de sua maior especialidade: o modo de ser brasileiro. Tecendo loas ao Brasil, ao Rio, à ginga, à alma brasileira.
E me espanto de como é possível que parte da opinião pública ainda não tenha se dado conta da dimensão política global de Lula. Ele se tornou um dos governantes paradigmáticos do maior processo de transformações que a humanidade atravessa desde o pós-guerra.
***
A população pobre, que era custo, hoje se tornou o grande ativo dos emergentes China, Índia e Brasil. Lula representa não apenas a história de sucesso do operário que chegou a presidente. O polonês Lech Walesa também teve esse papel e não passou de mera curiosidade histórica. Já Lula tem desempenhado um papel civilizatório inimaginável.
Assumiu um país exaurido pela insensibilidade social, liderando um continente propenso a exageros populistas históricos, como contraposição aos exageros liberais. Globalmente, o fracasso das políticas neoliberais projetou uma sombra de xenofobia, intolerância e radicalização sobre todos os continentes.
Foi nesse ambiente propício à radicalização que Lula projetou sua imagem de pacificador, de agente do processo civilizatório mundial.
Com a mesma bonomia com que trata seus adversários políticos no Brasil, ou como tratava os peões de fábrica no ABC, ajudou a criar uma alternativa democrática no continente, orientando Evo Morales, contendo os arroubos de Hugo Chávez, tornando-se a esperança do Ocidente de manter uma porta aberta com o Irã.
Quando leva Obama para uma sala para explicar, em um bate-papo, como agir no caso do Irã, o severino retirante se despe de toda liturgia do cargo, dos tremeliques da diplomacia, usa a linguagem tosca e direta com que as pessoas normais se comunicam e ajuda a desenhar a nova diplomacia mundial. E com a cara do Brasil, a afetividade do Brasil, alisando as pessoas, tratando-as com o carinho brasileiro.
Na coletiva que deu após a escolha do Rio, a profissão de fé no Brasil entrará para a história. O orgulho de ser brasileiro, o "sim, nós podemos" entra definitivamente para o repertório brasileiro do século 21, do mesmo modo que JK empurrou o país com seu otimismo e sua genuína crença no valor do brasileiro.
Daqui a vinte anos, quando o país estiver definitivamente entronizado no panteão dos grandes países do mundo, será mais fácil avaliar a verdadeira dimensão de Lula, como o grande timoneiro dessa travessia.
Autor: luisnassif
 
 
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Criação de vagas formais em setembro é recorde no ano

 

Agencia Estado - O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de setembro registrou a criação de 252.617 empregos formais ante a abertura de 282.841 vagas no mesmo mês do ano passado. Segundo o Ministério do Trabalho, esse é o melhor saldo do ano e o segundo maior de toda a série para meses de setembro.

O saldo positivo de setembro é resultado de 1.491.580 contratações e 1.238.963 demissões. Com isso, o estoque de emprego com carteira assinada no País cresceu 0,77% em relação a agosto. Em setembro do ano passado, foram abertas 282.841 vagas. De janeiro a setembro deste ano, o Caged registra a criação de 932.651 empregos formais. No mesmo período de 2008, o Caged registrava 2.086.560 novos empregos formais.

A indústria foi o setor que mais contratou no mês de setembro, registrando 123.318 vagas. De acordo com os dados do Caged, de janeiro a setembro, a indústria teve saldo positivo de 62.759 postos de trabalho formais. Ainda em setembro, o segundo melhor desempenho por setor foi serviços, com a abertura de 62.768 vagas, seguido pelo comércio, com criação de 50.301 vagas. A agropecuária é o destaque negativo do Caged em setembro, ao eliminar 17.064 postos de trabalho.

terça-feira, outubro 13, 2009

Brasil e África do Sul intensificam parceria

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Jacob Zuma, da África do Sul, realizaram uma série de reuniões, dia 9, em Brasília, com o objetivo de aprofundar as relações comerciais e de cooperação na áreas de esporte, obras públicas, turismo e ciência e tecnologia. Em 2008, o comércio entre os dois países envolveu cerca de US$ 2,5 bilhões, US$ 1,7 bilhão em exportações e US$ 773 milhões, em importações.

Em coletiva à imprensa, Lula destacou que a presença do presidente Zuma, “nos enche de alegria”. “Ele é testemunho do poder transformador da vontade de uma nação. No passado, celebramos a luta do povo sul-africano contra o apartheid. Hoje, homenageamos líderes como o companheiro Zuma, que sacrificaram a própria liberdade em defesa da liberdade de seu povo”, ressaltou. “Como o Brasil, a África do Sul está agora engajada em outra batalha. Nossas nações estão superando uma herança de séculos de exclusão. Temos pressa em eliminar todas as formas de discriminação”.

Segundo o presidente, a parceria com a África do Sul “também passa por setores de ponta como a biotecnologia, astronomia, nanotecnologia e informática. Este é o sentido das atividades do Comitê Conjunto de Cooperação Científica e Tecnológica, que realizou sua 1a reunião em maio deste ano”, disse Lula.

 

http://www.horadopovo.com.br/

TIME: A CASA BRANCA ENFRENTA A MÍDIA

 

 

A Casa Branca decide encarar a 'imprensa'
8/10/2009, Michael Scherer, revista
Time
Não houve um momento determinado, quando a equipe de comunicação da Casa Branca decidiu que os grandes órgãos da mídia não estavam dando conta do recado, nem faziam jornalismo. De fato, houve vários momentos.
Para o secretário de Imprensa, Robert Gibbs, o dia da virada aconteceu no início de setembro, quando o New York Times publicou, como matéria de primeira página, o "crescimento nas pesquisas, de pais e mães preocupados com o conteúdo do discurso de Obama para crianças e adolescentes" – antes mesmo de o jornal (e os 'pais e mães'!) conhecerem o teor benigno do discurso. "Chega um momento que... Chega! Páre aí! Mas... que negócio é esse?" – disse Gibbs. "Essa coisa está transformada em circo de três picadeiros!"
Para o diretor de comunicações da Câmara de Deputados, Dan Pfeiffer, foram os ataques mais hiperbólicos, esse ano, contra o plano de Obama para a reforma da assistência à saúde, sempre noticiados como se houvesse alguma "controvérsia", que acionaram um alarme em sua cabeça. "Quando se debate se se trata ou não de assassinar velhinhas e criancinhas doentes" – diz ele –. "não se aplicam as regras normais do jornalismo: é preciso ser a favor de não assassinar ninguém. É preciso ter lado e a opinião do 'outro lado' absolutamente não interessa."
Para a chefe de Pfeiffer, Anita Dunn, o momento do "aha!" aconteceu quando oWashington Post publicou uma segunda coluna assinada pelo mesmo político Republicano, 'denunciando' que haveria "32 czares" indicados por Obama e já trabalhando na administração pública. Nove deles foram nomes aprovados pelo Senado, quer dizer, em nenhum caso seriam 'czares'. "O que de fato me surpreendeu e ainda surpreende até hoje, é que o Washington Post nunca questionou essa opinião de seu colunista. É inacreditável... mas aconteceu."
Todas as críticas, diárias, repetidas, as justas e também as injustas, e as delirantes, todas, estão pesando sobre a Casa Branca, objeto de ataques incansáveis. Então, a Casa Branca pensou em uma nova estratégia: em vez de facilitar a vida dos jornalistas, oferecendo-lhes fatos que os jornais e jornalistas usam em seguida como se fossem 'prova' do que escreveriam contra Obama mesmo sem qualquer verificação ou sem qualquer prova, a Casa Branca decidiu entrar no jogo e criticar mordazmente o jornalismo de futricas, os políticos e os veículos que vivem de publicar bobagens, ou mentiras, ou invenções completamente nascidas das cabeças dos 'jornalistas', como, por exemplo, a ideia de que o plano de Obama para reforma da assistência à saúde dos norte-americanos incluiria "clínicas sexuais" a serem implantadas nas escolas. Obama, descansado e relaxado depois dos feriados em Martha's Vineyard, riu da ideia dos 'jornalistas' e disse aos auxiliares que "Ok. Vamos chamar os caras p'ra conversar lá fora."
A estratégia de não fazer prisioneiros surpreendeu alguns 'jornalistas', considerando a cobertura amplamente favorável ao candidato Obama e considerando, também, a tendência do presidente de trabalhar em temperaturas retóricas menos exaltadas que o padrão de Washington e de não dar atenção às hipérboles partidarizadas. Nada disso. O Blog da Casa Branca, agora, não perde vez para falar mal dos críticos do governo. Um dos postados mais recentes levava o título de "A rede Fox mente" e sugeria que a rede estaria militando contra os interesses dos EUA, ao ridicularizar os esforços de Obama para que Chicago fosse escolhida para as Olimpíadas 2016.
Nenhum funcionário da Casa Branca ofereceu 'fatos' explicativos ou pediu desculpas. "A melhor analogia é o beisebol" – disse Gibbs. "O único modo de arrancar os caras de uma base, é mandar uma bola rápida. Aí, eles se mexem."
A generala dessa guerra é Anita Dunn, 51, veterana estrategista de campanhas eleitorais, que chegou em maio à Casa Branca. Dunn é um dos grandes nomes das campanhas dos Democratas desde o final dos anos 80 e, nesses meses, foi ela quem montou a nova estratégia de respostas rápidas. Na Casa Branca, converteu-se em leitora aplicada de todos os jornais mais conservadores e crítica ferocíssima da rede Fox News, comandando o movimento para impedir que funcionários do governo (inclusive Obama) deem entrevistas ou façam declarações àquela rede.
"Trata-se de opinião partidarizada, travestida de noticiário e de jornalismo" – diz Dunn. "Eles ainda estão com bons números de audiência, mas estamos nos movimentando e não vamos perder essa."
O diretor de jornalismo da Fox, Michael Clemente, reagiu; disse que as críticas pela Casa Branca misturam os jornalistas da rede e colunistas não-jornalistas, como Glenn Beck [âncora de um dos programas de debates da Fox. Para saber quem é, ver O Público, de Portugal, em http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1401620]. Para Clemente, Beck seria como "um colunista não-jornalista, dos que escrevem nos jornais"."
Dunn — mãe de um adolescente de 13 anos, que planejou o cronograma do novo emprego na Casa Branca, de modo a poder passar mais tempo com o filho – é uma raridade feminina, no círculo mais íntimo de auxiliares de Obama, só de rapazes. Mas o impacto que ela teve na Casa Branca é indiscutível. Desde sua chegada, a operação das comunicações foi reformulada, firmemente re-focada, com forte ênfase no planejamento de um novo ciclo de noticiário e estrito controle sobre os contatos entre sua equipe e os jornalistas dos grandes jornais. Nas reuniões internas diárias da equipe, é ela quem decide quem 'ouvirá resposta rápida', quando e como; é ela também quem decide onde, quando, como e para quem é caso de justificativas, admitir erros ou pedir desculpas.
É mulher de instintos ferozes, que rapidamente vêm à tona. "Aqui na Casa Branca, (...) temos de ser mais agressivos, em vez de sempre dar explicações, bater em retirada ou só nos defender" – diz ela. A imprensa vive de falar. Não há silêncio, na imprensa. Por isso, a imprensa sempre pode usar qualquer mínima coisa e converter em notícia, mesmo que, para isso, os fatos sejam distorcidos. Não precisamos aceitar isso. Por quê?"
Em outras palavras: depois de oito meses de governo Obama, acabaram-se os dias de harmonia 'suprapartidária' ou 'despolitizada', e ilusão de que a imprensa naturalmente ofereceria "dois lados" das notícias. Agora somos "NÓS" contra "ELES". E o governo Obama está jogando para ganhar.

 

 

CASA BRANCA ATACA A FOX NEWS

 

Casa Branca versus Fox News: É guerra.
11/10/2009, Ari Melber, The Nation

"Chefe de comunicações de Obama diz que já não podem confiar em jornalistas para moderar debates públicos". 
A batalha entre a Casa Branca e a rede Fox News alcançou um novo pico no domingo, quando Anita Dunn, Diretora de Comunicações de Obama, numa cadeia nacional, declarou que a rede Fox News é organização partidarizada, que funciona como apêndice do Partido Republicano.
"A rede Fox News opera, praticamente, ou como o setor de pesquisas ou como o setor de comunicações do Partido Republicano" – disse Dunn à CNN. E acrescentou: "não precisamos fingir que [a Fox] seria empresa comercial de comunicações do mesmo tipo que a CNN." Dunn também aproveitou as páginas do The New York Times, a cujos repórteres declarou em entrevista do domingo, que "a rede Fox está em guerra contra Barack Obama e a Casa Branca, [e] não precisamos fingir que o modo como essa organização trabalha seria o modo que dá legitimidade ao trabalho jornalístico."
Na fala mais importante, pela CNN, Dunn afirmou que o presidente Obama agora considera a rede Fox como opositor partidário, mais do que como organização jornalística. "Qundo o presidente fala à Fox, já sabe que não falará à imprensa, propriamente dita" – ela explicou. – "O presidente já sabe que estará como num debate com o partido da oposição".
É grande avanço em relação ao modo como o "establishment" democrata encara a rede Fox. E demorou para acontecer.
De fato, os democratas de alto e baixo escalões sempre viram a rede Fox News como força obviamente hostil. Mas os democratas eleitos resistiram muito, sem decidir se aceitavam ou se combatiam aquela rede.
A verdade é que o "establishment" democrata chegou a aceitar a ideia de dar à rede Fox o privilégio de hospedar e moderar um debate durante as primárias presidenciais – mas o movimento considerado "de autolimitação" foi abortado, depois que uma coalizão de blogueiros e ativistas progressistas objetou.
Com o desenrolar da campanha, o pessoal de Obama foi subindo o tom dos comentários e várias vezes a rede Fox enfrentou dura barreira de arame farpado eletrificada pelos discursos de delegados e, às vezes, do próprio candidato. (Como esquecer Robert Gibbs, quando virou a mesa, em debate com Sean Hannity, da Fox, em outubro passado?)
Quando acabou a campanha, a equipe de Obama discutiu muito sobre como reagir à rede Fox, de dentro da Casa Branca. Foi preciso surfar (e algumas vezes esconder das câmeras) uma onda de obamistas ressentidos com a Fox. E o padrão sempre foi que o presidente é mantido acima das brigas 'midiáticas'.
A nova atitude de Dunn é parte de nova estratégia, mais ampla, recentemente 'telegrafada' na revista Time, para chamar mentiras de "mentiras" e tratar a rede Fox como espaço para debates muito duros com a oposição – como partido de oposição, portanto, não como discussão jornalística. Gibbs diz que a nova estratégia dará certo, porque ele, sinceramente... bem... Gibbs gosta de jogo rápido: "O único modo de arrancar os caras de uma base, é mandar uma bola rápida. Aí, eles se mexem."

http://www.viomundo.com.br