quinta-feira, dezembro 13, 2007

Dependentes de heroína em Cabul

Dependentes de heroína em Cabul -
Radio Nederland, a emissora internacional e independente da Holanda - Português

A política norte-americana de combate às drogas e os ataques militares contra os Talibãs não têm contribuído para reduzir o comércio e o uso da heroína no Afeganistão. O país sempre foi produtor de papoula, flor da qual se extrai o ópio. Uma brecha no Corão permite a plantação do produto, mas não o consumo de drogas. Por isso a maior parte do ópio sempre era destinado à exportação.

PAra saber mais clique no link acima:

sábado, dezembro 08, 2007

Temor a Hugo Chávez é medo da democracia

Gerg Palast

“Bush: Se é o nosso petróleo, por que os venezuelanos têm de votar sobre isso? Republicanos em pânico de que a contagem de votos na Venezuela se espalhe pela Flórida”, ironiza o jornalista norte-americano, Gerg Palast no subtítulo de seu artigo que publicamos
A Família Bush pode ajeitar a Flórida. Eles podem ajeitar Ohio. Mas estão ficando loucos por não poderem dar um jeito nos votos na Venezuela.
O governo Bush e seus marionetes na imprensa – os mesmos que não se cansam dos polegares marcados a tinta vermelha dos votantes do Iraque – estão completamente lívidos que este fim de semana o eleitorado da Venezuela tenha tido a oportunidade de votar.
Foi típico o ofegante editorial do San Francisco Chronicle, que o referendo poderia fazer Hugo Chávez, o presidente da Venezuela, “um ditador constitucional pela vida inteira”. E ninguém menos que o combatente da liberdade Donald Rumsfeld, do alto do Washington Post, disse que, pelo voto, a Venezuela estava “afundando em uma ditadura”. Minha nossa!
Dado que o referendo de Chávez foi derrotado nas urnas, nós sabemos agora que, como um ditador, Chávez é um fiasco. Sem dúvida, sem querer contradizer o secretário Rumsfeld, talvez Chávez não seja um ditador.
REFERENDO
Vamos deixar claro exatamente sobre o que era a votação. Primeiramente, era um referendo para mudar a Constituição da nação para acabar com o limite no número de mandatos para presidente.
Oh, que horror! Imagine se nós eliminássemos os limites de mandatos nos EUA! Nós poderíamos acabar encalacrados com um presidente – como Franklin Roosevelt. Pior, se Bill Clinton tivesse podido concorrer novamente, nós teríamos perdido o estadista Bush Júnior. Enquanto a mídia dos EUA chamava Chávez de “tirano” por propor um fim ao limite de mandatos, eles de alguma forma esqueceram de jogar a lapela de tirano em Mr. Clinton por sugerir o mesmo para a América.
Não nos foi dito que o referendo desta semana era uma votação sobre limites de mandatos, ao invés, nos foi dito virtualmente em cada notícia que saiu nos EUA que o referendo era para fazer Chávez “presidente vitalício”. A pecha de “presidente vitalício” foi desinformada não menos que pelo The New York Times.
Mas acabar com o limite de mandatos não significa ganhar o mandato. Com o próprio Chávez me disse, “É com o povo” se ele será reeleito. E isso enfurece os Poderes Existentes nos EUA.
Em segundo, além de acabar com o limite de mandatos, o referendo teria carregado a Constituição nacional com mudanças na lei de propriedade e tantos outros ajustes econômicos complexos de tal modo que o referendo inteiro afundou com o próprio peso.
É o petróleo.
Limite de mandato e horas de trabalho na Venezuela? Por que isso seria uma crise para Washington?
Por que a tripulação de Bush está tão enlouquecida sobre Hugo? É por que a Venezuela está sentada sobre a maior reserva de cocos do mundo?
Assim como a Operation Iraqui Liberation (“OIL”) – é sobre petróleo, petróleo. Um monte dele.
Documentos do Departamento de Energia dos EUA que eu obtive indicam que os caras que seguram a vareta medidora de óleo de Bush avaliam que a Venezuela está sentada sobre 1,36 trilhão de barris de cru, cinco vezes as reservas da Arábia Saudita.
O mandato continuado de Chávez significa que o gigantesco suprimento de petróleo da Venezuela agora está nas mãos de ... Venezuelanos!
Como me foi dito por Arturo Quiran, morador de um conjunto residencial popular, “Dez, quinze anos atrás.... havia um monte de dinheiro aqui na Venezuela mas nós não vimos nada dele”. Registre-se que Quiran não concorda particularmente com a política de Chávez. Mas ele pensa que os americanos deveriam entender que sob o governo Chávez, há um consultório médico no seu prédio com ‘operações gratuitas, raio-x, remédios. Educação também. Gente que nunca soube ler e escrever agora sabe como assinar seus próprios documentos”.
TIJOLOS E PÃO
Nem todos estão satisfeitos. Como um âncora de noticiário da TV, violentamente anti-Chávez me disse em tons risíveis, “Chávez deu a eles (aos pobres) tijolos e pão!” – como ele ousou! – então, eles votam nele.
Big Oil tem idéias melhores para a Venezuela, melhor expressas em vários artigos do Wall Street Journal atacando Chávez por gastar a riqueza da nação com “programas sociais” ao invés de mais plataformas de perfuração para melhor encher os tanques dos SUVs [utilitários esportivos] do Texas.
Chávez tem cometido outros crimes aos olhos de Washington. Não apenas esse mestiço arrogante gastou a riqueza do petróleo da Venezuela na Venezuela, como também retirou US$ 20 bilhões do Federal Reserve dos EUA. Estranhamente, os líderes anteriores da Venezuela, embora a nação fosse extremamente pobre, emprestaram bilhões ao Tesouro dos EUA a juros de merda. Chávez disse “Basta! a esse jogo”, e conclamou que o capital da América do Sul fosse mantido na ....América do Sul! Oh, não!
Ah, e eu cheguei a mencionar que Chávez disse à Exxon que tinha de pagar mais que 1% de royalty à sua nação pelo petróleo pesado que a companhia extraía?
E é por isso que eles têm de assassiná-lo. Em 2002, o New York Times doentiamente aplaudiu o golpe de Estado contra Chávez. Mas ele fracassou. Portanto, já que o eleitorado da Venezuela obstinadamente se recusa a votar conforme Condi Rice lhe diz, resta uma única solução aos Bush-niks amantes-da-democracia, como expresso em viva voz pelo conselheiro espiritual do nosso presidente, Pat Robertson:
“Temos este inimigo ao sul controlando uma grande piscina de petróleo. Hugo Chávez pensa que nós estamos tentando assassiná-lo. Eu acho que nós deveríamos ir em frente e fazer isso... Não precisamos de outra guerra de US$ 200 bilhões... é muito mais fácil mandar alguns operativos encobertos fazer o serviço.”
BUSH
Mas Hugo não é meu inimigo. Sem dúvida, ele fez uma oferta danada de boa ao povo americano: petróleo a US$ 50 o barril – cerca de metade do seu preço atual. Olhando em uma perspectiva de preços de longo termo, a Venezuela perde com esse vendaval louco de preços do petróleo da guerra do Iraque. Em retorno, nós concordamos em não deixar os preços do petróleo irem ao chão (caiu para US$ 9 o barril em 1998) e levarem sua nação à bancarrota. Mas a Arábia Saudita não gosta desse acordo. E a vontade de Abdullah é como uma ordem para George Bush. (Interessante que o parceiro de Chávez em mandatos sem limites, o ditador Bill Clinton, endossou esse conceito).
Eu não concordo com tudo que Chávez faz. E eu considero alguns dos pontos de vistas de seus oponentes bem articulados. Mas, diferentemente de Bush, eu não acho que eu devo ter um veto sobre o voto venezuelano.
E os sentimentos da população são bastante claros. Eu fui de carro com um candidato da oposição, Julio Borges, em uma atividade de campanha em uma pequena cidade a três horas de Caracas. Nós nos reunimos com seus apoiadores – ou, mais acuradamente, sua única apoiadora. O “comício” foi na cozinha dela. Ela nos serviu um delicioso arepas.
No dia seguinte, eu voltei à mesma cidade quando Chávez chegou. Aproximadamente mil fãs aos gritos estavam ali – e um número igual ficou de fora. (O Telegraph inglês, de forma a fazer rir, registra que os apoiadores de Chavez aparecem “sob pressão”). Você podia achar que eles estavam aguardando uma apresentação do “South American Idol”. (Bem, umas poucas vezes o presidente venezuelano efetivamente se dedica a cantar uma canção).
Vale a pena notar que a popularidade pessoal de Chávez não se estende a todos os seus planos para o socialismo “Bolivariano”. E isso matou seu referendo na urna. Eu fico pensando que Chávez deveria ter perguntado a Jeb Bush como contar votos em uma democracia.
Aí está. Tem gente que acha que ele pode tomar o petróleo da Venezuela e o dinheiro do petróleo e simplesmente entregá-los aos venezuelanos. E esses mesmos venezuelanos têm a temeridade de exigir o direito de escolher o presidente de sua escolha! Aonde o mundo vai parar?
Na fala orwelliana de Bush e na conversa do Times [NYT], o referendo de Chávez foi retratado antes da eleição como uma fraude, Sadam latino. Talvez o medo real deles seja que Chávez trouxe um pouco de justiça econômica através da urna, uma tendência que poderia se espalhar até o norte. Pense nisso: Chávez está financiando a assistência médica integral para todos os venezuelanos. E se isso acontecesse aqui?

terça-feira, novembro 27, 2007

terça-feira, novembro 20, 2007

Lula e Crisitina criam comissão e ampliam parceria em energia


Construção da usina hidrelétrica de Garabi(RS), acordos entre as estataisPetrobrás e Enarsa e cooperação na área nuclear impulsionam a integraçãoestratégica entre Brasil e Venezuela

O presidente Luís Inácio Lula da Silva e a presidente eleita da Argentina, Cristina Kirchner, decidiram na segunda-feira (19) formar uma comissão bilateral permanente para acelerar a cooperação entre a Argentina e o Brasil. Durante a reunião ficou acertado a eliminação do dólar nas relações comerciais e foram discutidas ações para impulsionar acordos entre os dois países na área de energia, comércio, ciência e tecnologia, defesa, espacial, nuclear e social.
Cristina Kirchner, em sua primeira visita ao país, após ser eleita presidente, destacou a importância da integração “estratégica” entre o Brasil e a Argentina e o fortalecimento do Mercosul nas relações internacionais. Ela afirmou que para os planos da comissão, composta por integrantes dos dois governos e presidida pelos presidentes, progredirem “precisamos fixar metas e prazos para alcançar esses objetivos”. “Não é apenas um exercício, do que chamamos na Argentina, de ‘reunionismo’, mas de resultados concretos. É preciso que a integração avance com resultados que possam ser quantificados, exibidos e percebidos pela sociedade”, disse a presidente eleita.
Em duas reuniões, uma delas com a presença de seis ministros argentinos e sete brasileiros, os presidentes Lula e Cristina determinaram que haverá duas reuniões por ano para tratar dos assuntos de interesse dos dois países, sendo o primeiro encontro marcado para fevereiro de 2008 em Buenos Aires.
Sobre a produção de energia, Lula destacou a intenção do Brasil, através da Petrobrás, de firmar acordos com a petrolífera argentina Enarsa (Energia Argentina S&A). Segundo o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, “o presidente Lula insistiu muito na necessidade de uma cooperação entre a Enarsa e a Petrobrás principalmente em águas profundas”.
Na área nuclear e espacial, Marco Aurélio destacou: “a idéia que apareceu mais nas conversas foi de, em primeiro lugar, inventariar todas as iniciativas nucleares que há de uma parte e de outra”. Ele disse que há iniciativas semelhantes nos dois países, como o enriquecimento de urânio. “É preciso ver, concretamente, a possibilidade de uma iniciativa conjunta. Gostaríamos muito que tivéssemos uma cooperação muito estreita na questão espacial e na questão nuclear”, afirmou.
Os acordos de cooperação em relação à construção da usina hidrelétrica binacional no Rio Uruguai, batizada de Garabi (RS), será uma das prioridades da primeira reunião entre os dois países, disse Marco Aurélio. Serão discutidos ainda o desenvolvimento de estratégias conjuntas de defesa sul-americana e o acordo de cooperação científica para desenvolvimento de um satélite comum em São José dos Campos, já firmado antes da reunião entre os dois presidentes.
Cristina Kirchner tomará posse em 10 de dezembro e sucederá seu marido Nestor Kirchner. O presidente Lula já confirmou sua presença na solenidade de posse.
Hora do Povo

sexta-feira, novembro 16, 2007

Pesquisador diz que tendência dos próximos anos é o esfriamento da Terra e que efeito estufa é tese manipulada pelos países ricos

O professor Luiz Carlos Molion é daqueles cientistas que não temem nadar contra a corrente. Na Rio 92 (ou Eco 92), quando o planeta discutia o aumento do buraco na camada de ozônio, ele defendeu que não havia motivo para tamanha preocupação.
Numa conferência, peitou o badalado mexicano Mario Molina, mais tarde Nobel de Química, um dos primeiros a fazer o alerta. Agora, a guerra acadêmica de Molion tem outro nome: aquecimento global. Pós-doutor em meteorologia formado na Inglaterra e nos Estados Unidos, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim e representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial, esse paulista de 61 anos defende com veemência a tese de que a temperatura do planeta não está subindo e que a ação do homem, com a emissão crescente de gás carbônico (CO2) e outros poluentes, nada tem a ver com o propalado aquecimento global. Boa notícia?
Nem tanto, diz. Molion sustenta que está em marcha um processo de resfriamento do planeta. "Estamos entrando numa nova era glacial, o que para o Brasil poderá ser pior", pontifica. Para Molion, por trás da propagação catastrófica do aquecimento global há um movimento dos países ricos para frear o desenvolvimento dos emergentes. O professor ainda faz uma reclamação: diz que cientistas contrários à tese estão escanteados pelas fontes de financiamento de pesquisa.

ISTOÉ - Com base em que o sr. diz que não há aquecimento global?
Molion - É difícil dizer que o aquecimento é global. O Hemisfério Sul é diferente do Hemisfério Norte, e a partir disso é complicado pegar uma temperatura e falar em temperatura média global. Os dados dos 44 Estados contíguos dos EUA, que têm uma rede de medição bem mantida, mostram que nas décadas de 30 e 40 as temperaturas foram mais elevadas que agora. A maior divergência está no fato de quererem imputar esse aquecimento às atividades humanas, particularmente à queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, e à agricultura, atrás da agropecuária, que libera metano. Quando a gente olha a série temporal de 150 anos usada pelos defensores da tese do aquecimento, vê claramente que houve um período, entre 1925 e 1946, em que a temperatura média global sofreu um aumento de cerca de 0,4 grau centígrado. Aí a pergunta é: esse aquecimento foi devido ao CO2?
Como, se nessa época o homem liberava para a atmosfera menos de 10% do que libera hoje? Depois, no pós-guerra, quando a atividade industrial aumentou, e o consumo de petróleo também, houve uma queda nas temperaturas.
ISTOÉ - Qual seria a origem das variações de temperatura?
Molion - Há dez anos, descobriu-se que o Oceano Pacífico tem um modo muito singular na variação da sua temperatura. Me parece lógico que o Pacífico interfira no clima global. Primeiro, a atmosfera terrestre é aquecida por debaixo, ou seja, temos temperaturas mais altas aqui na superfície e à medida que você sobe a temperatura vai caindo - na altura em que voa um jato comercial, por exemplo, a temperatura externa chega a 45 ou 50 graus abaixo de zero. Ora, o Pacífico ocupa um terço da superfície terrestre. Juntando isso tudo, claro está que, se houver uma variação na temperatura da superfície do Pacífico, vai afetar o clima.
ISTOÉ - O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da ONU) está errado?
Molion - O painel não leva em consideração todos os dados. Outra coisa que incomoda bastante, e que o Al Gore [exvice- presidente dos EUA e estrela do documentário Uma verdade inconveniente, sobre mudanças no clima] usa muito, é a concentração de CO2. O IPCC diz claramente que a concentração atingida em 2005, de 339 partes por milhão, ou ppm, foi a maior dos últimos 650 mil anos. Isso é uma coisa ridícula. Eles usam uma série iniciada em 1957 e não fazem menção a medições de concentração de gás carbônico anteriores. É como se nunca ninguém tivesse se preocupado com isso.
O aumento de CO2 não é um fenômeno novo. Nos últimos 150 anos, já chegou a 550, 600 ppm.
Como é que se jogam fora essas medidas? Só porque não interessam ao argumento? O leigo, quando vê a coisa da maneira que é apresentada, pensa que só começaram a medir nos últimos 50 anos. O Al Gore usou no filme a curva do CO2 lá embaixo há 650 mil anos e, agora, decolando. Ridículo, palhaço.
ISTOÉ - Esses temores são cíclicos?
Molion - Eu tenho fotos da capa da Time em 1945 que dizia: "O mundo está fervendo." Depois, em 1947, as manchetes diziam que estávamos indo para uma nova era glacial. Agora, de novo se fala em aquecimento. Não é que os eventos sejam cíclicos, porque existem muitos fatores que interferem no clima global. Sem exagero, eu digo que o clima da Terra é resultante de tudo o que ocorre no universo. Se a poeira de uma supernova que explodiu há 15 milhões de anos for densa e passar entre o Sol e a Terra, vai reduzir a entrada de radiação solar no sistema e mudar o clima. Esse ciclo de aquecimento muito provavelmente já terminou em 1998. Existem evidências, por medidas feitas via satélite e por cruzeiros de navio, de que o oceano Pacífico está se aquecendo fora dos trópicos - daí o derretimento das geleiras - e o Pacífico tropical está esfriando, o que significa que estamos entrando numa nova fase fria. Quando esfria é pior para nós.
ISTOÉ - Por que é pior?
Molion - Porque quando a atmosfera fica fria ela tem menor capacidade de reter umidade e aí chove menos. Eu gostaria que aquecesse realmente porque, durante o período quente, os totais pluviométricos foram maiores, enquanto de 1946 a 1976 a chuva no Brasil como um todo ficou reduzida. O aumento de CO2 não é novo. Nos últimos 150 anos, já atingiu 600 ppm. Mas o Al Gore usou a curva do CO2 de 650 mil anos atrás
ISTOÉ - No que isso pode interferir na vida do brasileiro?
Molion - As conseqüências para o Brasil são drásticas. O Sul e o Sudeste devem sofrer uma redução de chuvas da ordem de 10% a 20%, dependendo da região. Mas vai ter invernos em que a freqüência de massas de ar polar vai ser maior, provocando uma freqüência maior de geadas. A Amazônia vai ter uma redução de chuvas e, principalmente, a Amazônia oriental e o sul da Amazônia vão ter uma freqüência maior de seca, como foi a de 2005. O Nordeste vai sofrer redução de chuva. O que mais me preocupa é que, do ponto de vista da agricultura, as regiões sul do Maranhão, leste e sudeste do Pará, Tocantins e Piauí são as que apresentam sinais mais fortes. Essas regiões preocupam porque são a fronteira de expansão da soja brasileira. A precipitação vai reduzir e certamente vai haver redução de produtividade. Infelizmente, para o Brasil é pior do que seria se houvesse o aquecimento.
ISTOÉ - A quem interessaria o discurso do "aquecimento"?
Molion - Quando eu digo que muito provavelmente estamos num processo de resfriamento, eu faço por meio de dados. O IPCC, o nome já diz, é constituído de pessoas que são designadas por seus governos. Os representantes do G-7 não vão aleatoriamente. Vão defender os interesses de seus governos. No momento em que começa uma pressão desse tipo, eu digo que já vi esse filme antes, na época do discurso da destruição da camada de ozônio pelos CFCs, os compostos de clorofluorcarbonos. Os CFCs tinham perdido o direito de patente e haviam se tornado domínio público. Aí inventaram a história de que esses compostos estavam destruindo a camada de ozônio. Começou exatamente com a mesma fórmula de agora. Em 1987, sob liderança da Margaret Thatcher, fizeram uma reunião em Montreal de onde saiu um protocolo que obrigava os países subdesenvolvidos a eliminar os CFCs. O Brasil assinou. Depois, ficamos sabendo que assinou porque foi uma das condições impostas pelo FMI para renovar a dívida externa brasileira. É claro que o interesse por trás disso certamente não é conservacionista.
ISTOÉ - Mas reduzir a emissão de CFCs não foi uma medida importante?
Molion - O Al Gore no filme dele diz "nós resolvemos um problema muito crucial que foi a destruição da camada de ozônio". Como resolveram, se cientistas da época diziam que a camada de ozônio só se recuperaria depois de 2100? Na Eco 92, eu disse que se tratava de uma atitude neocolonialista. No colonialismo tradicional se colocam tropas para manter a ordem e o domínio. No neocolonialismo a dominação é pela tecnologia, pela economia e, agora, por um terrorismo climático como é esse aquecimento global. O fato é que agora a indústria, que está na Inglaterra, França, Alemanha, no Canadá, nos Estados Unidos, tem gases substitutos e cobra royalties de propriedade. E ninguém fala mais em problema na camada de ozônio, sendo que, na realidade, a previsão é de que agora em outubro o buraco será um dos maiores da história.
ISTOÉ - O sr. também vê interesses econômicos por trás do diagnóstico do aquecimento global?
Molion - É provável que existam interesses econômicos por detrás disso, uma vez que os países que dominam o IPCC são os mesmos países que já saíram beneficiados lá atrás.
ISTOÉ - Não é teoria conspiratória concluir que há uma tentativa de frear o desenvolvimento dos países emergentes?
Molion - O que eu sei é que não há bases sólidas para afirmar que o homem seja responsável por esse aquecimento que, na minha opinião, já acabou. Em 1798, Thomas Malthus, inglês, defendeu que a população dos países pobres, à medida que crescesse, iria querer um nível de desenvolvimento humano mais adequado e iria concorrer pelos recursos naturais existentes. É possível que a velha teoria malthusiana esteja sendo ressuscitada e sendo imposta através do aquecimento global, porque agora querem que nós reduzamos o nosso consumo de petróleo, enquanto a sociedade americana, sozinha, consome um terço do que é produzido no mundo.
ISTOÉ - Para aceitar a tese do sr., é preciso admitir que há desonestidade dos cientistas que chancelam o diagnóstico do aquecimento global...
Molion - Eu digo que cientistas são honestos, mas hoje tem muito mais dinheiro nas pesquisas sobre clima para quem é favorável ao aquecimento global. Dinheiro que vem dos governos, que arrecadam impostos das indústrias que têm interesse no assunto. Muitos cientistas se prostituem, se vendem para ter os seus projetos aprovados. Dançam a mesma música que o IPCC toca.
ISTOÉ - O sr. se considera prejudicado por defender a linha oposta?
Molion - Na Eco 92, eu debati com o Mario Molina, que foi quem criou a hipótese de que os clorofluorcarbonos estariam destruindo o ozônio. Ele, em 1995, virou prêmio Nobel de Química. E o professor Molion ficou na geladeira. De 1992 a 1997 eu não fui mais convidado para nenhum evento internacional. Eu tinha US$ 50 mil que o Programa das Nações Unidas havia repassado para fazer uma pesquisa na Amazônia e esse dinheiro foi cancelado. Em 1987, sob Thatcher, países subdesenvolvidos foram obrigados a eliminar os CFCs. Foi uma das condições impostas pelo FMI
ISTOÉ - O cenário que o sr. traça inclui ou exclui o temor de cidades litorâneas serem tomadas pelo aumento do nível dos oceanos?
Molion - Também nesse aspecto, o que o IPCC diz não é verdade. É possível que, com o novo ciclo de resfriamento, o gelo da Groenlândia possa aumentar e pode ser até que haja uma ligeira diminuição do nível do mar.
ISTOÉ - Pela sua tese, seria o começo de uma nova era glacial?
Molion - Como já faz 15 mil anos que a última Era Glacial terminou, e os períodos interglaciais normalmente são de 12 mil anos, é provável que nós já estejamos dentro de uma nova era glacial. Obviamente a temperatura não cai linearmente, mas a tendência de longo prazo certamente é decrescer, o que é mau para o homem. Eu gostaria muito que houvesse realmente um aquecimento global, mas na realidade os dados nos mostram que, infelizmente, estamos caminhando para um resfriamento. Mas não precisa perder o sono, porque vai demorar uns 100 mil anos para chegar à temperatura mínima. E quem sabe, até lá, a gente não encontre as soluções para a humanidade.

Carbono Brasil - Cientista diz que aquecimento é "farsa"

Carbono Brasil: "Para Luiz Molion, o efeito estufa existe apenas para garantir a eleição de Al Gore "

quinta-feira, novembro 15, 2007

“Aquecimento do planeta pelo Homem não é fato”

Professor da UFAL e membro da Organização Meteorológica Mundial, Luiz Molion:

Cientista denuncia que aquecimento global é terrorismo climático a serviço de interesses dos países desenvolvidos
A temperatura do planeta, desde 1998, parou de aumentar – o ano de 98 registrou temperaturas inferiores a 1930, particularmente 1934. O aumento na concentração atmosférica de CO2 pode não ter nada a ver com a atividade humana e sim ser devido às variações naturais do clima e da temperatura dos oceanos. Os modelos do clima global produzidos para o IPCC “são modelos bastante rudimentares e que não representam adequadamente os processos físicos que ocorrem na atmosfera terrestre”.
Essas e outras afirmações você confere na entrevista concedida ao HP pelo físico, meteorologista e membro do Grupo Gestor da Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (WMO), professor Phd do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Carlos Baldicero Molion.
Para ele, “esses modelos do clima absolutamente não têm a capacidade de fazer uma previsão deste gênero. Portanto, os resultados destes modelos são inúteis, não passam de meros exercícios acadêmicos, ou, para ser mais grosso, eu diria que os resultados desses modelos são lixo. Na comunidade científica existe até uma sigla, GIGO, que significa garbage in, garbage out. Ou seja, se você coloca lixo dentro, você gera lixo como resultado”. Se você alimentar um programa computadorizado com dados que não refletem a realidade, não tem como o cenário resultante se aproximar mais dela.
E faz um alerta: os países desenvolvidos têm necessidade de manter as reservas de energia do planeta sob seu controle. Para isso, tentam forçar a redução no uso de tais riquezas pelos países que as possuem. Em tempos de grandes descobertas petrolíferas, esse parece ser um alerta a ser considerado.

MARIANA MOURA

HP: O senhor afirma que a temperatura do planeta parou de aumentar. O alarme do IPCC não se justifica?
Molion: Eu digo 1998 porque de lá pra cá, nos anos seguintes de 99 até 2007, as temperaturas foram inferiores a 1998. E 98 em si teve temperaturas inferiores a 1930, particularmente 1934.
Em agosto o doutor Jim Hansen, do Goddard Institute for Space Studies (GISS), reconheceu que eles fizeram um erro ao colocar 1998 como o ano mais quente da série de 120 anos e então colocaram novamente o ano 1934 como o ano mais quente. Isso depois de muita pressão que sofreu da comunidade científica que não concorda com o “fato” do aquecimento global antropogênico.
Ele já iniciou a série de gráficos aplicando ajustes que são estranhos aos dados observados para atingir um objetivo.
HP: Que objetivo?
Molion: Os interesses são essencialmente econômicos. De grupos econômicos que querem continuar regendo o mundo. Esse grupo pretende continuar dominando. Pega um país como a Inglaterra, por exemplo, que tem que fornecer energia para 70 milhões de habitantes, e é totalmente dependente da energia proveniente do gás. Um país como os Estados Unidos tem uma forte dependência do petróleo. O aumento do petróleo que houve, quando o barril passou dos 85 dólares, foi provocado particularmente pelo fato que chegou a conhecimento público que as reservas americanas de petróleo estavam baixas.
Estes países que não têm mais suprimento de energia precisam continuar explorando os países pobres, também chamados países em desenvolvimento.
Agora o pessoal está muito preocupado que a China está entrando na África. Como ela está tendo um crescimento acelerado, ela está procurando recursos naturais em outros países que tinham sido renegados como colônias até então. E a China está indo procurar recursos naturais na Àfrica, está com parcerias com o Brasil. E é isso que preocupa mais os países desenvolvidos.
HP: Como a ciência serve de fundamento a esses interesses políticos e econômicos?
Molion: Essa série de temperaturas, particularmente de 77 a 98, tem sido umas das bases para dizer que o homem é o autor, é o responsável por esse aquecimento. Particularmente porque o CO2 aumentou. Pelo cálculo do IPCC a concentração de CO2 estaria em 379 ml de CO2 por metro cúbico de ar. Então a idéia é que como o CO2 é um gás de efeito estufa, ou seja, ele absorve radiação emitida pela superfície da Terra, se ele aumentou a conclusão é que com o aumento de CO2 aumenta a absorção da radiação emitida pela superfície da Terra e diminui o escape dessa radiação, a quantidade dessa radiação que escaparia para o espaço.
Mas o aumento de CO2 pode ter tido causas naturais porque a solubilidade do CO2 nos oceanos é inversamente proporcional à temperatura. Quanto mais frios forem os oceanos maior é a concentração do CO2 nos oceanos. Na medida em que os oceanos se aquecem eles expulsam ou deixam de absorver o CO2.
Uma forma de acompanhar isso é nos refrigerantes. Quando você tira o refrigerante da geladeira e coloca num copo você vê um monte de bolhinhas CO2 saindo. Se você não beber, e ele aquecer até a temperatura ambiente, ele expulsa as bolhas e o refrigerante fica sem gás.
Imagine isso agora aplicado para os oceanos, que ocupam 70% da superfície do planeta terra. Quando os oceanos se aquecem eles expulsam o CO2. Então quando é dito que aumentou o CO2 em função das atividades humanas, na realidade pode ser que seja que o CO2 saiu naturalmente dos oceanos pelo fato de os oceanos reconhecidamente terem aquecido ao longo do século XX.
O aumento de CO2 então não teria nada a ver com a atividade humana.
HP: A maior confiança é depositada nos modelos climáticos...
Molion: Esses modelos do clima global são bastante rudimentares e não representam adequadamente os processos físicos que ocorrem na atmosfera terrestre. Dentre eles particularmente nuvens, sua formação e distribuição, e os oceanos, em especial as mudanças na distribuição de calor produzidas pelas correntes oceânicas e as configurações de temperaturas na superfície do mar resultantes dessas redistribuições pelas correntes. Então pega-se um modelo desse e faz-se uma projeção para 100 anos em que não são consideradas as variações que os oceanos vão sofrer. A dinâmica dos oceanos é algo que não consta nesses modelos.
O conhecimento que se tem sobre o transporte de calor da região tropical para a região fora dos trópicos e o que se tem das correntes marinhas ainda é bastante precário.
Não adianta fixar os mesmos modelos que são utilizados para a previsão do tempo de 24 horas, 48 horas para, 4 dias. Porque em um período relativamente curto, um ou dois dias, a temperatura da superfície do mar não muda muito por que as correntes marinhas são muito lentas. Mas quanto se integra um modelo não para um ou dois dias, mas para cem anos, as variações que estão ocorrendo no oceano seriam muito importantes para determinar o efeito no clima global.
HP: Então ainda estamos longe de entender o clima do planeta?
Molion: Os cenários produzidos pelo IPCC no Sumário para Formuladores de Políticas para o ano de 2006, que foi lançado em fevereiro de 2007, (quase idêntico ao filme do Al Gore, qualquer coincidência é mero acaso), dizem que a temperatura daqui a cem anos estaria entre 3 e 4,5 graus acima do que está hoje. Esses modelos do clima absolutamente não têm a capacidade de fazer uma previsão deste gênero. Portanto, os resultados destes modelos são inúteis, não passam de meros exercícios acadêmicos, ou, para ser mais grosso, eu diria que os resultados desses modelos são lixo. Na comunidade científica existe até uma sigla, GIGO, que significa garbage in, garbage out. Ou seja, se você coloca lixo dentro, você gera lixo como resultado.
O clima da Terra tem variado ao longo das eras, forçado por fenômenos de escalas de tempo decadal até milenar. A representatividade global da série de temperaturas é questionável e a possível intensificação do efeito-estufa pelas atividades humanas, bem como as limitações dos modelos matemáticos de simulação de clima, não permitem a transformação da hipótese do aquecimento global antropogênico em fato científico consumado.
Hora do Povo

Pobreza infantil é dramática na Alemanha - 15/11/2007

Pobreza infantil é dramática na Alemanha - 15/11/2007_Folha Online - Deutsche Welle -

domingo, novembro 11, 2007

Estados Unidos, uma lição de barbárie


Assistimos, nas duas gestões de George W. Bush, a um retrocesso histórico-político sem precedentes. O capital, autonomizado da política, faz tábua rasa dos preceitos mais elementares da modernidade.

Gilson Caroni Filho
Quando George W. Bush acena com a redução gradual de soldados no Iraque, mas se recusa a promover uma mudança radical de estratégia, afirmando que a presença militar americana continuará após sua saída da Casa Branca, que leitura se pode fazer? O ocaso do império e a perda de dinamismo da economia serão inversamente proporcionais à ferocidade de seu papel de polícia do mundo, por mais desmoralizado que ele se encontre. Uma vez instalada, a barbárie não retrocede aos apelos kantianos por uma paz perpétua. Não nos iludamos com o médio prazo. Tentemos aprender com as lições recentes.
Os saques promovidos contra o Museu Nacional de Bagdá, em 2003, não devem ser debitados apenas à "negligência" das forças de ocupação anglo-americanas. A destruição de tesouros arqueológicos das civilizações que viveram às margens do Tigre e do Eufrates foi, talvez, o mais emblemático ato da invasão imperialista. A mais significativa aplicação prática da doutrina expressa no "Project for New American Century": o avanço sobre destroços. Não como conseqüência inelutável de confronto surgido em uma conjuntura inesperada, mas como premissa de expansão mundial, calcada na supremacia militar e no fundamentalismo neoconservador que empolgou o poder norte-americano. Bush é Deus e Paul Wolfowitz (lembram dele?) seu profeta.
A terra arrasada será sempre a do "outro", dos bárbaros, dos que não foram "eleitos" dentro dos cânones pentecostais para purificar o mundo. Os predestinados têm algo a destruir para preservar os interesses nacionais. O que precisava ser eliminado não eram apenas o Iraque, muito menos o Irã, Coréia ou Cuba.
O verdadeiro "eixo do mal" é, na ótica do império, a civilização e sua história. Quanto menos vestígios, maior a possibilidade de êxito da desconstrução em andamento. Francis Fukuyama, apesar do arrependimento, terá, custe o que custar, dado a palavra final. E será o final da palavra. A vida, tal como prenunciou Macbeth, será uma história cheia de som e fúria contada por um idiota e que, no fim das contas, nada significará.
Superpotência condenada por debilidades estruturais de sua economia, os Estados Unidos convivem com crescente perda de hegemonia mundial. A incapacidade - apesar do colossal aparato midiático - de universalizar os seus interesses específicos se dá em um cenário de gigantescos déficits fiscais e comerciais, dependência de aportes de capitais europeus e asiáticos , além da necessidade de ampliação de reservas petrolíferas para atender à demanda doméstica. Tais fatos, somados às deformações constitutivas apontadas por Tocqueville, explicam o fim do regime republicano no maior país capitalista do mundo e a lógica da barbárie que se avizinha.
Assistimos, nas duas gestões de George W. Bush, a um retrocesso histórico-político sem precedentes. O capital, autonomizado da política, faz tábua rasa dos preceitos mais elementares da modernidade. No coração do Império, a distinção, tão cara ao republicanismo, entre "Imperium" e "dominium" se esfuma na absorção da sociedade política pela lógica do mercado.
O patrimonialismo, quem diria, se instalou fagueiro na terra do Tio Sam. O establishment se descolou da democracia, vista como obstáculo à governabilidade. Fraturada a hegemonia, só restou avançar fazendo ouvidos moucos à opinião pública mundial. Nunca caminhamos tão celeremente de volta ao estado de natureza hobbesiano. A ironia está no Estado Policial como avalista do esfacelamento da sociedade civil. De momento de eticidade em Hegel, o “glorioso” Estado se tornou o gestor executivo de uma ordem que anuncia o lema dos tempos pós-industriais: "homini lupus homini". Hobbes se vinga de Rousseau.
Para a tradição socialista, tão mais combativa quanto preparada teoricamente estiver, o quadro aterrorizante não surpreende. Há muito tempo, autores como Rosa Luxemburgo atentaram para o fato de que capitalismo e barbárie não eram incompatíveis. Pelo contrário, a segunda decorreria do desenvolvimento do primeiro. Termos sucumbidos a ilusões reformistas, talvez tenha sido a maior vitória ideológica dos filhos de Adam Smith. Que, justiça seja feita, nunca descuraram das condições subjetivas para a reprodução de sua ordem social. O confinamento na vida privada, o narcisismo exacerbado, a competitividade sem sentido e o individualismo irrestrito semearam a despolitização para colher o assentimento aos ditames do” homo demens”.
Felizmente o quadro acima é restrito à formação social norte-americana. Não encontra equivalente, ao menos na mesma escala, em outros países. E é da impossibilidade de enquadramento geral que nasce o temor da classe dirigente estadunidense. A truculência nazista de Rumsfeld, Bush, Cheney e Wolfowitz, em seus dias de prestígio, era proporcional ao medo da resistência que pressentiam. Sabiam que o pragmatismo cínico não elimina o devir. Que as contradições não são eliminadas por decreto.
Para eles, a civilização é um incômodo a ser removido. Um mal a ser extirpado a ferro e fogo. O caráter simbólico das ações predatórias encontra aqui sua real intenção. Se o que pretendem é eliminar o "mal" da herança humanista, melhor destruir seu berço. Que se evaporem 5.000 anos de história escrita, as tradições sumerianas, as lembranças dos Impérios da Babilônia e dos persas. Que se destrua Najaf, que sítios arqueológicos sejam saqueados, e estátuas e cerâmicas destroçadas.
Essa é a contribuição de quem pode oferecer bomba de fragmentação e um "mclanche feliz". Para o ex- secretário de Defesa, Donald Rummsfeld, isso era natural: "A liberdade é bagunçada mesmo". Essa foi a contribuição neoliberal para o caro conceito de liberdade forjado nos marcos da Revolução Francesa.
EUA e os então governantes da Inglaterra e Espanha anunciaram o fim da modernidade. Em troca, tal como está no "Project for New American Century" prometeram "uma dominação de espectro amplo". Nisso contam com o posto avançado dos Estados Unidos no Oriente: o Estado de Israel e sua política externa, calcada no extermínio sistemático do povo palestino.
Talvez a opinião pública mundial já tenha isolado o vírus causador da barbárie e elaborado o antídoto. Terá porções de Thomas Jefferson, doses de "Magna Carta", sensibilidade ante o horror de Guernica e a cultura libertária da diáspora judaica.
Vencida a primeira etapa, há que se erguer as bases para um novo contrato interestatal que tenha como premissas a multilateralidade e uma ordem socialista e democrática. As bases de peças de terracota terão demonstrado aos mísseis "Tomahawk” que nem tudo que é sólido se desmancha no ar.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa.
Agência Carta Maior

quarta-feira, novembro 07, 2007

Fraude no Detran e prisões atingem governo Yeda Crusius

OPERAÇÃO RODIN
Fraude no Detran e prisões atingem governo Yeda Crusius

Ação da Polícia Federal contra quadrilha especializada em fraudes no Departamento Estadual de Trânsito provocou a prisão de 12 pessoas. Entre elas, o diretor-presidente do órgão, Flavio Vaz Netto, o ex-diretor, Carlos Ubiratan dos Santos, o diretor da Companhia de Energia Elétrica, Antonio Maciel, e um dos coordenadores da campanha de Yeda, Lair Ferst.
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior

PORTO ALEGRE - Uma ação da Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal, a Receita Federal e o Tribunal de Contas da União, prendeu 12 pessoas no Rio Grande do Sul e expôs um esquema de fraude no setor do trânsito, envolvendo figuras importantes do governo estadual, entre elas, um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius (PSDB) na campanha eleitoral de 2006.
Na Operação Rodin, desencadeada pela Polícia Federal na madrugada desta terça-feira, foram presos, entre outros, o diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito do RS (Detran), Flavio Vaz Netto, o ex-diretor-presidente do órgão e atual diretor financeiro do Trensurb, Carlos Ubiratan dos Santos (ambos integrantes do Diretório Estadual do PP), o empresário Lair Antonio Ferst (integrante do Diretório Estadual do PSDB e um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius), e o ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa, Antonio Dorneu Maciel, integrante da executiva estadual do PP e atual diretor da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
O objetivo da ação foi desarticular uma quadrilha especializada em fraudes em contratos públicos realizados pelo Detran. Segundo estimativas da Polícia Federal, a ação dessa quadrilha causou prejuízos de cerca de R$ 40 milhões aos cofres públicos, desde 2002. O Detran teria contratado, sem licitação, a Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia (Fatec), da Universidade Federal de Santa Maria, para fazer avaliação teórica e prática nos exames de habilitação de motoristas de automóveis, usando a estrutura física e os servidores da universidade.
Desde o início da madrugada, policiais federais e servidores da Receita cumpriram 12 mandados de prisão temporária e 43 mandados de busca e apreensão nos municípios de Porto Alegre, Canoas e Santa Maria. As prisões têm desdobramentos políticos que atingem em cheio partidos como o PP, o PSDB e o PMDB no Estado. O Detran, desde o governo de Germano Rigotto (PMDB), vem sendo dirigido por políticos indicados pelo Partido Progressista (PP).
Ligação com escândalo dos selos
As suspeitas sobre irregularidade no Detran são antigas. Em abril deste ano, durante entrevista coletiva em que falou sobre sua demissão do governo, o ex-secretário da Segurança, Enio Bacci (PDT), citou denúncias que teria encaminhado a governadora Yeda Crusius envolvendo o Detran. Bacci falou sobre a existência de contratos lesivos ao Estado no Detran e na própria segurança da Secretaria de Segurança. Na época, Yeda rechaçou as acusações.
As prisões efetuadas nesta terça também respingam em um outro escândalo político recente no RS. O ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa, Dorneu Maciel, foi citado por Ubirajara Macalão, pivô do escândalo do desvio dos selos na Assembléia gaúcha, como envolvido no esquema (conforme entrevista publicada no jornal Zero Hora, no dia 16 de julho deste ano). Macalão disse, então, que Maciel o teria orientado em 1996, a providenciar a compra de selos para todos os deputados que fizessem a demanda. Na época, Maciel negou as acusações. Como diretor-geral da Assembléia, Maciel era peça-chave no funcionamento e na articulação política da Casa.
Guerra na disputa pelo Detran
No início deste ano, o site de notícias Vide Versus, de Porto Alegre, publicou a seguinte nota, falando sobre uma guerra na disputa pelo controle do Detran no Estado. A nota afirmava:
“Há uma verdadeira guerra na disputa pela direção superior do Detran do Rio Grande do Sul. O chefe da Casa Civil do governo de Yeda Crusius (PSDB), deputado estadual Luiz Fernando Zachia (PMDB), deseja indicar um companheiro seu para o cargo. O PP entrou na guerra e quer colocar no lugar o procurador de Estado Flávio Vaz Neto. O PDT também está lançando olhar gordo para a direção do Detran, alegando que pegou só lugares "descarnados" da administração estadual, ou seja, sem direito a nomeações. Corre a informação de que a escolha de nome para a direção do órgão passa por uma empresa de Santa Maria, de trabalhista que presta serviços ao Detran”.
A ponta do iceberg
Em entrevista à rádio Gaúcha, Ênio Bacci disse que as prisões realizadas pela Polícia Federal são apenas a ponta do iceberg de irregularidades no Detran. Bacci reafirmou que alertou a governadora Yeda Crusius sobre os problemas no órgão, antes de ser demitido. Yeda rebateu secamente as declarações de Bacci, dizendo: “Ele não pode inverter a verdade. Ele sabe porque foi demitido”. A governadora não explicou o que significa a expressão “inverter a verdade”, no caso das irregularidades no Detran.
Bacci também afirmou que o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Luiz Fernando Záchia, teria apoiado a nomeação de Hermínio Gomes Junior, do PMDB, para a Diretoria Administrativa e Financeira do Detran. Hermínio Gomes, Flavio Vaz Netto (Detran) e Antônio Dorneu Maciel (CEEE) foram afastados de seus cargos no governo hoje por determinação judicial.
Também em entrevista à rádio Gaúcha, Záchia negou que tenha respaldado a indicação de Hermínio Gomes para o Detran. Segundo o chefe da Casa Civil, as nomeações foram partidárias, resultantes de indicações de partidos da base aliada de Yeda (prática, aliás, que a atual governadora prometeu que não existiria no “novo jeito de governar”). “Se nós pegarmos as três funções de gestão no Detran, uma é indicação do PP, outra é de uma indicação do PMDB, e outra é uma indicação do PSDB. Todas de pessoas com tradição, de pessoas com reputação, com experiência na área”, explicou didaticamente Záchia. Ele lembrou ainda que Hermínio Gomes Júnior foi diretor do Detran durante o governo de Germano Rigotto (PMDB) e que tem “experiência técnica na área de transportes”.
“Peça-chave na campanha de Yeda”
Até hoje, alguns episódios envolvendo a demissão do ex-secretário da Segurança, Ênio Bacci, são guardados a sete chaves no Palácio Piratini. Ao dizer que Bacci estaria “invertendo a verdade”, a governadora Yeda Crusius enviou um recado ao pedetista, dizendo que “ele sabe porque foi demitido”. A julgar pela evolução dos acontecimentos envolvendo o Detran, Yeda poderá ser obrigada a falar mais do que disse até agora. Bacci bateu forte na governadora hoje. Ele enfatizou que Lair Ferst foi “peça-chave” na campanha eleitoral de Yeda. Ainda segundo Bacci, não basta uma sindicância interna para acompanhar o caso, como anunciou a governadora. “Temos que chamar o Tribunal de Contas e o Ministério Público”, defendeu.
Casado com a ex-Miss Brasil (1986), Deise Nunes, Ferst chegou a ser cotado para ocupar um cargo no primeiro escalão do governo Yeda. No dia 21 de outubro de 2006, a colunista política de Zero Hora, Rosane Oliveira, apontou-o, junto com Sandra Terra, como um dos nomes fortes para ocupar um futuro secretariado de Yeda.
Fraude no Detran aumentou preço de carteiras
O delegado do Núcleo de Combate a Crimes Financeiros, Gustavo Schneider, disse, durante coletiva de imprensa, que o núcleo que elaborou o esquema de fraudes no Detran tinha “bom trânsito junto a círculos decisórios”. As investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal, em conjunto com Polícia Federal, Receita e Tribunal de Contas da União, descobriram que a população do RS passou a pagar mais pelos exames teóricos e práticos para a habilitação de motoristas.
O esquema funcionava através da subcontratação, pelo Detran, de empresas terceirizadas (via Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia, da UFSM), que passaram a fazer os exames. O MP e a PF não revelaram os nomes das empresas, dizendo apenas que duas são de Santa Maria. Ainda segundo Gustavo Schneider, essas empresas subcontratadas ilegalmente recebiam um valor mensal fixo e mais uma parcela variável, de acordo com o número de habilitações concedidas. A fundação universitária, segundo o delegado, distribuía o lucro para as empresas, utilizando inclusive malas para entregar o dinheiro, além de empréstimos de pessoas físicas para jurídicas.
PT pede investigações e cogita CPI
O líder da bancada do PT na Assembléia, Raul Pont, defendeu o acompanhamento pela mesa diretora da Assembléia Legislativa do escândalo envolvendo a cúpula do Detran. Pont justificou o pedido argumentando que um dos acusados – Antônio Dorneu Maciel – já ocupou o cargo de diretor geral da Casa e foi apontado por Ubirajara Macalão, como responsável por contratos sob suspeição. “É fundamental que a mesa diretora discuta o tema e adote medidas para acompanhar de perto as investigações. Afinal, os envolvidos nos escândalos ocupam cargos importantes na administração pública por indicação de partidos políticos”, disse o petista.
Outro deputado petista, Fabiano Pereira, anunciou que solicitará à bancada do PT que estude a possibilidade de pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as administrações de estatais no RS. Além de irregularidades no Detran, o petista quer esclarecimentos sobre denúncias envolvendo as direções da Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag) e Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs).

terça-feira, outubro 30, 2007

Tropa de Elite: o sadismo a serviço da sociedade


SÉRGIO RUBENS DE ARAÚJO TORRES


Segundo comemorou a “Veja”, em reportagem de 15 páginas, na edição 2.030, o maior mérito de “Tropa de Elite” é que ao lado de “Cidade de Deus” o filme se constitui numa exceção dentro da cinematografia brasileira, porque não aborda a realidade pela “ótica do bandido”.


Daí deriva, inclusive, ainda segundo a revista, o seu êxito de público, pois o espectador não quer saber como, nem por que, os monstros são criados. O que lhe interessa é ver que serão castigados e exterminados, para que ele possa, enfim, usufruir o merecido sono tranqüilo.


Moral da história: quem quiser fazer sucesso filmando no Brasil deve renunciar à crítica e especializar-se em copiar os filmes americanos do gênero, onde os “justiceiros” não vêem outra alternativa para defender a sociedade que não a de passar por cima das leis e barbarizar os criminosos, o que acabam fazendo, via de regra, com requintes de sadismo.


O problema desse enfoque é que, além de ser tipicamente fascista, vende uma ilusão ao espectador menos atento: a de que os monstros deixarão de assombrá-lo se forem tratados com um teor de crueldade e covardia igual ou maior ao que devotam às suas vítimas.

Não vão.


Primeiro porque enquanto a explosiva combinação de miséria, desigualdade social, desestruturação familiar, abandono e ignorância, que engendra a criminalidade em escala nas grandes cidades brasileiras, não for erradicada a fábrica de bandidos estará despejando diariamente no mercado novos e mais abundantes modelos. É natural que “Veja”, no intuito de fortalecer sua posição de porta-voz dos que amealham fortunas produzindo e aprofundando essa situação, procure ocultar tal fato. Mas nem por isso ele deixa de ser óbvio.


Segundo porque há uma enorme diferença entre tratar o criminoso com a dureza correspondente ao seu grau de periculosidade e tratá-lo com perversidade. A perspectiva de um tratamento perverso, longe de intimidá-lo e dissuadi-lo, apenas o torna mais desesperado e brutal. E, o que é ainda mais grave, reduz a zero a autoridade moral de quem apela para os métodos de “conduta informal” – eufemismo empregado por “Veja”, conforme o padrão da CIA, para designar a tortura e execução de prisioneiros.


Que autoridade pode ter um torturador ou um policial que mata a sangue frio bandidos rendidos? Que diferença esse tipo de detrito humano acha que tem do homicida sádico? Como ele, também está agindo à margem da lei, com a diferença de que é pago para respeitá-la - condição primeira de quem tem como profissão fazer com que os outros a observem. Aliás, para conservar um mínimo de respeito às suas pessoas, essas almas penadas costumam ocultar as façanhas até dos vizinhos e mesmo dos próprios familiares.


Que sono tranqüilo poderia ter o nosso espectador se a autoridade que deveria protegê-lo baixasse ao nível dos monstros que o atormentam? De que serviria uma autoridade despida de legitimidade moral? Até na guerra, já dizia Bonaparte, os fatores morais estão para os materiais assim como três está para um.


“Tropa de Elite” é contido em relação aos modelos americanos da estética da barbárie nos quais se inspirou. Produzidos aos borbotões por Hollywood, a partir da escalada no Vietnã, esses filmes tem o objetivo de levar o espectador a considerar natural que num conflito todo e qualquer meio seja empregado contra o inimigo. A idéia subjacente é a de que já que o adversário é invariavelmente um bárbaro que não se detém diante de nada o remédio é sermos mais bárbaros do que ele, do contrário a derrota será líquida e certa. O bom mocinho não é mais aquele que oferece ao bandido a chance de sacar primeiro. É o que o impede de fazê-lo atirando antes, de preferência pelas costas.


Em “Tropa de Elite” não há, como em “Direito de Matar-3”, a profusão de execuções - mais de uma centena - realizadas pelo “justiceiro” que diante da inércia policial resolve limpar o bairro. Há apenas duas. Numa, porém, o traficante, já ferido, rendido e sabendo que iria ser morto, pede que não lhe atirem na cara, “para não estragar o velório”. O vice-mocinho, num plano bem marcado, troca então sua arma por uma calibre 12 e dispara – adivinhem aonde. Uma edificante execução, para americano nenhum botar defeito.


Torturas também não há muitas, mas é sintomático que os heróis do Bope – Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar - considerem válido empregar a asfixia por saco plástico não só contra traficantes, mas também contra mulher de traficante, para que esta delate o seu esconderijo. A extensão do tratamento perverso a inocentes, honra seja feita, não é advogada em quaisquer casos, somente naqueles em que a recusa a colaborar com as diligências torne isso inevitável.


Quanta magnanimidade!


Tudo se explica, segundo o filme, porque na Polícia Militar só há duas alternativas: “tornar-se corrupto ou assumir a guerra”. E guerra para eles é assim que se trava.
Um ex-capitão do Bope, que participou da confecção do roteiro de “Tropa de Elite”, disse que por se tratar de uma obra de ficção houve exageros e na realidade as coisas não se passam exatamente do jeito que foram apresentadas.


Esperamos que sim e que o macabro símbolo do batalhão - real e não imaginário, a caveira com as pistolas substituindo as tíbias e o punhal atravessado - não passe de uma bazófia de mau gosto.


O fato é que quando a autoridade policial acha bonito apresentar-se diante da sociedade com um símbolo que tomou emprestado aos bandidos ela corre o risco de confundir-se com eles e pode, mais dia menos dia, se ver na desagradável contingência de ter que acertar contas com a lei.
E nessa hora, podem estar certos: “Veja” e outros que açularam seus baixos instintos não vão aparecer em sua defesa. Que o digam os azes da Scuderie Le Coq.

domingo, outubro 28, 2007

Racismo nos EUA alastra-se desde os grotões do Sul a NY


Sob o Estado policial de Bush ressurgem as cordas de forca penduradas - ao modo Ku Klux Klan - na pequena Jena (Louisiana) e em plena Universidade Columbia, além do espancamento de um jovem negro por cinco racistas nas ruas de Nova Iorque
Em pouco mais de duas semanas, uma onda de violência racista expôs as entranhas de Nova Iorque sob o regime de W. Bush: cordas de forca penduradas - ao modo Ku Klux Klan – em plena Universidade Colúmbia, uma das principais do país, na porta de uma família negra no bairro do Queens e até no Marco Zero das torres derrubadas do World Trade Center; espancamento de um jovem negro com bastão de beisebol por cinco brancos, às vésperas de se completar um ano da execução, pela polícia de Nova Iorque, de um jovem negro desarmado, Sean Bell, com 50 tiros; e pixações (também na Colúmbia) aconselhando “jogar bomba atômica em Meca, Bagdá, Teerã, Jakarta e em todos os selvagens africanos”. As cordas de enforcamento já tinham aparecido no caso dos “Seis de Jena” (Louisiana), em que o promotor pede 100 anos de prisão para os rapazes negros que foram ameaçados por sentarem sob uma “árvore só para brancos”, e que depois de várias provocações deram um leve corretivo num dos segregacionistas.

INCENTIVO

Mas não se trata de nenhum relâmpago em céu de brigadeiro. Há uma escória que vem se dedicando a esses atos, e que age com desenvoltura porque se sente apoiada e incentivada pelo regime de W. Bush e por larga parcela da mídia. Ao criar um estado de demo-nização e perseguição permanente de árabes – para assaltar o petróleo - e de imigrantes – para arrumar um bode expiatório internamente -, Bush exacerba as contradições intestinas que afligem os EUA, apesar de amenizadas pelas conquistas da gigantesca luta pelos direitos civis dos anos 60 – que os republicanos tentam, de todo jeito, fazer retroceder. Este ano, a Suprema Corte, melhor dizendo, a “Gangue dos Cinco” – os juízes reacionários nomeados por Reagan, Bush Pai e Bush Filho - revogou por 5x4 o sistema de cotas, sob a falsidade de que seria “favorecimento dos negros”, parcialidade e “inconstitucional”. Na realidade, o sistema de “cotas” é apenas uma pequena, muito modesta reparação, ao que foi subtraído dos escravos e seus afro-descendentes submetidos ao apartheid.

FRONTEIRA

Com gangues, na fronteira com o México, dedicadas a assassinar imigrantes, e o governo inclusive já estudando mandar os boys da Blackwater para profissio-nalizar o serviço; com esquadrões no Iraque executando famílias árabes sob qualquer pretexto, e o governo e a mídia promovendo a histeria “anti-terror”; com tal “clima”, não há como os velhos e novos racistas não se sentirem à vontade para começarem a mostrar aquelas cordas de enforcamento a toda hora. O regime de W. Bush também insufla esse estado de coisas ao cassar os registros eleitorais de milhões de negros, para facilitar a fraude que o “elegeu”, e ao cortar fundo nos programas sociais de que grande número de famílias negras depende para escapar da fome. Também fomenta ao promover a tortura, pregar sua “legitimação” e manter campos de concentração como Guantánamo. Não por acaso, em uma das várias manifestações de repúdio na Universidade de Colúmbia, dezenas de ativistas vestiam aqueles macacões laranja vistos nos presos de Guantánamo
Muitos já temem inclusive uma “crise racial” em Nova Iorque, o que não seria a primeira. O espancamento do jovem negro ocorreu na última sexta-feira, dia 19. A agressão ocorreu numa esquina em Mariners Harbor, Staten Island. Ele ficou gravemente ferido. No dia 9, foi encontrada uma corda amarrada na forma de nó de forca, na porta do escritório da professora Madonna Constantine, psicóloga do Teachers College da bicentenária Universidade de Colúmbia, e autora de livros e pesquisas contra o racismo. Como se sabe, pendurar um negro numa árvore por qualquer motivo era uma ação típica da Ku Klux Klan no sul dos EUA, assim como os linchamentos, as cruzes em chamas e os capuzes brancos. O nó de corda de forca se tornou um dos principais símbolos do apartheid que vigorou nos EUA até ser barrado pela luta que Luther King e Malcom-X encabeçaram. Historiadores estimam em milhares o número de negros enforcados nos 80 anos do regime de segregação nos EUA.
Nas manifestações de repúdio aos racistas, centenas de estudantes e professores levaram faixas com os dizeres “Jena em Colúmbia”, numa referência às cordas de enforcamento nos dois casos. Quanto à corda de enforcamento na porta da agência de correios, no canteiro de obras do Marco Zero, possivelmente a intenção seja estender o know-how da Ku Klux Klan aos árabes. Não se trata de um ou outro “fato isolado”. De acordo com entrevista coletiva do comissário de polícia Raymond Kelly, em Nova Iorque há um aumento de 10% no número de crimes de discriminação racial, com “mais 256 episódios em relação a 2005”.

RESPOSTA

A professora Constan-tine afirmou em entrevista que “amarrar uma forca na minha porta é o sinal da covardia dos racistas de hoje”. Constantine acrescentou que sua resposta a quem havia feito isso era: “não vão me calar, não vão conseguir me intimidar”. Foram várias as manifestações de solidariedade a ela prestadas. O reitor Lee Bollinger, tão loquaz nas “considerações” de apresentação do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, levou mais de 24 horas para vir a público condenar a corda de forca. Demora que foi denunciada como “inaceitável” pela presidente da Associação dos Estudantes Negros de Columbia, Tiffany Dockery.

HARVARD

Já na Universidade de Harvard, outra das maiores dos EUA, o diretor do Centro de Imprensa e Política Pública, Alex Jones, considerou “um exagero” o repúdio às cordas para enforcamento. Segundo ele, “virou moda entre os estudantes fazer provocações com símbolos racistas ou nazi-facistas”. Ele só não explicou porque seria normal tal tipo de “moda”, nem porque alguém deveria se sujeitar aos “símbolos racistas ou nazi-facistas”. Na principal manifestação realizada na Universidade de Columbia, com ironia estudantes e professores exigiram “tolerância zero” no combate aos racistas.

ANTONIO PIMENTA
Hora do Povo

quinta-feira, outubro 25, 2007

A Opep verde está chegando


Sebastiaan Gottlieb e Daniela Stefano
19-07-2007
A segunda geração de biocombustíveis é a alternativa perfeita para substituir o uso do petróleo. Representa uma solução para o efeito estufa e pode contribuir na luta contra a pobreza nos países em desenvolvimento. É o que diz André Faaij, professor da Universidade de Utrecht na área de ciências naturais e sociedade.

Atualmente, usa-se muita lavoura para fazer biocombustíveis, como o álcool ou o biodiesel. O milho é utilizado principalmente nos Estados Unidos e as palmeiras no sudeste asiático. A colza é a matéria prima na Europa. O problema desses vegetais é que tais plantações transformam-se em monoculturas e ocupam o espaço das plantações alimentícias, que precisam de bom solo. De acordo com André Faaij, o uso de biomassas de gramíneas e árvores não possuem essas desvantagens.

Fonte promissoraGramíneas e árvores possuem a vantagem de poderem ser cultivadas em solo que não seria adequado às safras alimentícias ou em climas hostis ao milho e à soja. Experiências de campo sugerem que as gramíneas podem se tornar fonte promissora de biocombustível no futuro, segundo Ford Runge e Benjamin Senauer, dois professores dos Estados Unidos.

Em um artigo, publicado por eles na revista Foreign Affairs, os catedráticos defendem que os custos de colheita, transporte e conversão desse tipo de matéria vegetal continuam elevados, se comparado à economia de escala propiciada pelos métodos atuais de produção.

Os norte-americanos citam o exemplo de um executivo de uma usina de etanol no Oriente Médio que calculou que para abastecer uma usina de etanol com gramíneas, seria necessário que um caminhão de grama fosse descarregado a cada seis minutos, 24 horas por dia.

"As dificuldades logísticas e os custos de conversão da celulose em combustível, combinados aos subsídios e aos fatores políticos que atualmente favorecem o uso de milho e soja, tornam pouco prático esperar que o etanol de celulose se torne uma solução viável nos próximos 10 anos.", dizem os professores.

Otimismo
André Faaij, por sua vez, diz que há um grande consenso internacional sobre o efeito favorável da segunda geração de biocombustíveis. Ele está muito otimista com a possibilidade da introdução desse tipo de combustível.

Há dois anos, pouco se sabia sobre tal tecnologia. Atualmente, empresas de petróleo e de aviação também participam dos debates e têm a intenção de utilizar ou desenvolver a segunda geração de biocombustíveis. As empresas de navegação internacional e a indústria farmacêutica também acompanham tal iniciativa e a classificam como positiva.

"Tecnologia não é o problema. Uma grande quantidade de empresas holandesas, dentre as quais Shell é uma protagonista importante, possuem os conhecimentos necessários", afirma Faaij, que complementa que "essas empresas estão à espera de uma política estável, com o apoio e a proteção necessários para este tipo de investimentos", afirma Faaij

De acordo com o professor, é preciso agora que os políticos coloquem em prática o desenvolvimento da segunda geração de biocombustíveis. Normalmente, convencer os políticos é o processo que leva mais tempo.

Em todo o caso, Faaij dará sua contribuição. Em setembro ele vai para a China como presidente de um grupo de trabalho de biomassa do Fórum Econômico Mundial para falar sobre a promissora segunda geração de biocombustíveis

sábado, outubro 20, 2007

Putin: “Iraque mostra que EUA não conseguirá criar mundo unipolar”

O presidente russo fez pronunciamento durante o encontro dos cinco países que margeiam o Mar Cáspio, realizado no Irã, onde foi aprovada declaração de defesa da soberania da região“O Mar Cáspio é um mar mediterrâneo que só pertence aos Estados do Cáspio, e portanto somente eles têm o direito de explorar suas riquezas e manter navios e forças militares na zona”, afirmou o presidente Vladimir Putin, no seu discurso na reunião de Cúpula dos países dessa região realizada no Irã, na terça-feira, dia 16. O dirigente destacou “a necessidade da Rússia, Azerbaijão, Irã, Cazaquistão e Turcomenistão não permitirem o uso de seus territórios com objetivos militares contra qualquer outro dos países do Cáspio”, tendo em conta o interesse dos EUA de interferir na região que possui grandes reservas de petróleo e gás na plataforma marítima, além de pretender utilizar alguma das ex-repúblicas soviéticas como base operacional contra o Irã.
“Nenhuma potência mundial, por grande que seja, poderá resolver os problemas mundiais por si só porque não lhe alcançariam os recursos financeiros, econômicos, materiais nem políticos, e os exemplos do Iraque e do Afeganistão confirmam esta tese. Os EUA não conseguirão criar um mundo unipolar, praticamente é irrealizável”, assegurou Putin a jornalistas em Teerã, enfatizando que “por essa razão, a Rússia propõe elevar o protagonismo de uma organização internacional universal como a ONU, conceder mais importância ao Direito Internacional, observar estritamente os princípios da soberania nacional e buscar acordos de compromisso na hora de tomar importantes decisões”, enfatizou.
O presidente Mahmud Ahmadinejad reforçou a importância de manter as potências estrangeiras, particularmente os Estados Unidos, fora do Mar Cáspio. “As cinco nações aqui reunidas coincidem com que a decisão sobre todos os aspectos relacionados com esse mar corresponde às nações litorâneas”.
PROJETOS
Putin propôs construir “um canal para conectar o Mar Cáspio com bacias do Mar Negro e do Mar de Azov”, e assinalou que os países da região devem coordenar os projetos para potenciar a eficiência, o uso dos recursos e impedir danos ao meio ambiente.
O Mar Cáspio encerra uma grande importância para a Rússia e o conjunto dos países banhados por ele. Depois da desintegração da URSS cujos tratados com o Irã, assinados em 1921 e em 1940, estabeleciam regras que beneficiavam ambos Estados, os EUA tentaram impor governos títeres nos novos países que surgiram, especificamente o Azer-baijão, Cazaquistão e Turco-menistão; ingerência que se agravou com a descoberta de riquíssimas jazidas de hidrocarbonetos. Nos últimos anos, o governo de Vladimir Putin realizou diversos projetos de desenvolvimento conjunto com os países que compunham a União Soviética com o objetivo de garantir a exploração dos recursos para a região.
“A Declaração aprovada testemunha que os países do Cáspio têm avançado muito em relação à cúpula de Asjabad de cinco anos atrás”, destacou Nursultan Nazarbaiev, presidente do Cazaquistão, acrescentando que o acordo tripartite assinado na reunião sobre a construção de uma ferrovia entre Irã, Cazaquistão e Turcomenistão levará a uma estreita colaboração dos Estados costeiros no desenvolvimento de novos corredores de transito.
No próximo ano, a Rússia acolherá uma conferencia econômica dos cinco países. “Aceitamos a proposta do presidente Ahmadinejad de criar um órgão de caráter econômico no Cáspio. A discussão que mantivemos agora foi sincera e concreta, existe um grande desejo de obter consenso entre nós para que todos nossos países ganhem e preservando este ambiente solucionaremos todos os problemas que se apresentarem”, frisou.
DECLARAÇÃO
A declaração que estabelece os princípios de conduta no Mar Cáspio estabelece que os cinco países assinantes “se comprometem a aprofundar o diálogo e a cooperação no âmbito econômico, especialmente, nos setores de energia e transporte”; potencializar na zona a formação “de corredores de transporte”; empreender com caráter imediato “ações conjuntas para prevenir o impacto negativo sobre o meio ambiente”; e contribuir por todos os meios para que o Mar Cáspio seja “uma região de paz, estabilidade, desenvolvimento econômico sustentado, bem-estar, boa vizinhança e cooperação eqüitativa”.
Azerbaijão, Cazaquistão, Irã, Rússia e Turcomenistão sublinharam que suas forças armadas não perseguem o objetivo de agredir a outros países dessa região e que, “em nenhuma circunstancia deixarão usar seu território para a agressão e outras ações militares de terceiros Estados contra alguma das partes”, consta no documento.
A Declaração repudia a prática de ingerência nos assuntos internos de países soberanos que têm o direito inalienável de escolher seu próprio modelo de desenvolvimento, em relação aos direitos humanos, e tomando em consideração os valores históricos, sociais e culturais da região. Os assinantes condenam o tráfico de armas e drogas, outras formas de delinqüência nas fronteiras, com cinismo e hipocrisia é financiado e incentivado pelo Império. Condenam também o separatismo agressivo e outras formas violentas de ingerência terrorista. Reafirmam o direito inalienável de qualquer país membro do Tratado de Não Proliferação Nuclear, TNPN, a investigação, produção e uso da energia nuclear com fins civis, sem discriminação alguma e segundo as cláusulas de dito tratado.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Placa tectônica fina afastou Índia da África Terra - Ambiente

Placa tectônica fina afastou Índia da África Terra - Ambiente

Placa tectônica fina afastou Índia da África
A pouca espessura da placa tectônica da Índia fez com que há cerca de 140 milhões de anos essa porção de terra se separasse em grande velocidade do imenso continente que formava com a atual África, Austrália e Antártida.
Esta é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores de Índia e Alemanha, que aborda a desintegração daquela enorme extensão de terra chamada Gondwana (atuais África, Austrália, Antártida e Índia). A pesquisa foi publicada na mais recente edição da revista científica britânica Nature.
"Descobrimos que a região da Gondwana que tem a litosfera mais fina é a Índia. As raízes litosféricas de África do Sul, Austrália e a Antártida alcançam entre 180 e 300 km de profundidade, enquanto as da Índia só chegam a 100 km", explicam os especialistas em seu estudo.
Esta "pequena" espessura sob o solo da Índia teria feito com que sua placa tectônica deslocasse com maior velocidade no momento em que se dirigia rumo à Ásia, continente com o qual colidiu há 50 milhões de anos.
Segundo os cientistas, após esse choque de placas, que originou a cordilheira do Himalaia, a Índia teria desacelerado seus movimentos.
EFE
Agência EFE

quinta-feira, outubro 18, 2007

Noticias da Guerra

O tom de voz vai subindo entre o governo de Washington e o de Moscou. O tema é o Irã, mas por trás disto transparece que a ação da OTAN continua sendo a de cercar a Rússia, e a desta a de se defender a qualquer preço. Bem vindos sejamos nós a esta nova versão da Guerra Fria.

Flávio Aguiar

Decididamente a Guerra Fria está de volta, ainda que numa versão diferente da dos tempos da extinta União Soviética, come menos ideologia e mais pragmatismo, e com novos alinhamentos.Em junho deste ano o primeiro ministro russo Vladimir Putin manifestou seu descontentamento diante da iniciativa de Washington oferecendo novas bases militares para a Polônia e a República Tcheca. Ambas as ofertas foram recebidas com entusiasmo, mas não por Moscou.

Bush declarou em Rostok que as bases tinham por objetivo cercar o Irã. Mas nas proximidades de uma coisa e da outra estão as fronteiras da Rússia e também a de algumas antigas repúblicas da finada União Soviética.

Putin ofereceu a Bush a alternativa de usar bases da Rússia, herdadas dos tempos socialistas, para criar frentes militares comuns dos EUA e da Rússia para vigiar o Irã. A proposta era o que parecia: uma alternativa para ganhar tempo, pois nada mais inverossímil do que bases comuns para os antigos inimigos na Guerra Fria.

Agora o tom subiu. Diante do reconhecimento rotundo do fracasso, ou pelo menos impasse, das intervenções do Ocidente no Afeganistão e no Iraque, e diante do também fracasso do governo norte-americano em isola-lo, o primeiro ministro iraniano Mahmoud Amadinejad sentiu-se forte o suficiente para desafiar o desafeto em sua própria casa e nos arredores: foi aos Estados Unidos e até a Bolívia, onde desenvolveu propostas de acordo em torno de questões energéticas.

Tinha razão: num salto estratégico, Putin fortaleceu-o . Visitou o Irã na segunda e na terça-feira, comprometeu-se com a construção de uma usina nuclear para o Irã no Golfo Pérsico, e declarou que a Rússia se opõe a uma intervenção militar na região, leia-se, uma invasão do Irã pelos Estados Unidos e/ou aliados. Mais: acaudilhou, nesta declaração, o Cazaquistão, o Azerbaijão (cortejado pelo OTAN para construção de bases militares) e o Turcomenistão, dando mostras para Washington de que ainda é o “capo” na região.

A resposta veio rápida: Bush deu entrevista dizendo que se o Irã conseguir armas nucleares, isso pode levar à Terceira Guerra Mundial, porque, entre outras coisas, o governo de Teerã prega a destruição do Estado de Israel. E ainda manifestou a vontade de que Putin lhe relatasse o que, afinal, aconteceu em Teerã.

Enquanto isso, em Moscou, numa espécie de “talk show” ao telefone, onde podia responder perguntas diretas pelo telefone, Putin retrucava que a Rússia retomaria a pesquisa de novas armas nucleares. Ele não especificou o que isso significava, mas aventou para a possibilidade de que elas seriam de efeitos espetaculares.Outros fatores complicam a situação:

1. Caiu como uma bomba na Europa e nos Estados Unidos a resolução do Parlamento turco autorizando o governo de Ankara a fazer incursões armadas em território iraquiano contra os curdos. O motivo alegado é a morte de duas dezenas de soldados turcos em atentados atribuídos ao Partido dos Trabalhadores Curdos, movimento que teria base em território do norte do Iraque. A resolução é também, não há dúvida, uma resposta à decisão do Senado norte-americano classificando como genocídio o massacre de armênios em 1915, ainda durante o Império Otomano, em território turco.

2. Al Gore. O premio Nobel da paz concedido a Al Gore é uma desmoralização internacional para o governo Bush, que chegou ao poder através de uma eleição de lisura contestada graças a manipulação de votos na Flórida, estado então governado pelo irmão do presidente. O fator Al Gore desestabiliza a eleição norte-americana, mas não se sabe ainda como nem para que lado. Não se sabe se fortalece Gore contra Hillary Clinton, se fortalece os democratas como um todo, se isola Obama, etc. Porque ninguém sabe ainda o que fará Al Gore depois do prêmio. Mas uma coisa é certa: esse premio empurra mais ainda a faca no pescoço do governo Bush, já internacionalmente desmoralizado, embora ainda tenha a faca, o queijo, o prato, a toalha e a mesa a seu dispor, graças ao poderio militar de que desfruta.

De todo modo, prezada leitora, prezado leitor, se está na casa dos sessenta, como eu, bem vindo de volta à Guerra Fria, agora sob nova administração. Caso seja jovem, bem vindo ao passado: ele voltou.

http://www.agenciacartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14682&boletim_id=368&componente_id=6925

sexta-feira, outubro 12, 2007

O horário de verão

O horário de verão, quando os relógios devem ser adiantados em um hora para reduzir o consumo de energia, começa no domingo nas Regioes Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. A 'virada' será a zero hora do domingo (meia noite do sabado). A medida, que vai vigorar até 16 de fevereiro de 2008, deve proporcionar uma reduçao de 4% a 5 % na demanda, o que representa cerca de 2 mil megawatts (MW), segundo estimativa do Operador Nacional do Sistema (ONS). Nao esqueça da providência para nao acordar fora de hora na 2a feira

Fome atinge 815 milhões no mundo, diz instituto

BBCBrasil.com Reporter BBC Fome atinge 815 milhões no mundo, diz instituto


Cerca de 815 milhões de pessoas passam fome no mundo, alertou nesta sexta-feira o Instituto de Pesquisas sobre Políticas Alimentares, uma organização com sede em Washington.

O Instituto, que divulgou seu Índice de Fome Global, também alertou que 127 milhões de crianças sofrem com insuficiência alimentar no mundo.

O índice mostrou que os problemas são mais graves nos países da África subsaariana. As dez piores posições do ranking são ocupadas por países dessa região.

Outro traço comum entre eles é o histórico de guerras civis ou conflitos violentos, afirmou o relatório.
Na América Latina, o Haiti tem problemas “alarmantes” nessa área, de acordo com o indicador.

Clique aqui para ler mais sobre a situação no Brasil

Guerras e fome
O índice levou em consideração fatores como mortalidade infantil, desnutrição infantil e o número de pessoas com deficiência alimentar em 119 nações pobres ou emergentes até 2003.
Dos 12 países com as maiores pontuações no índice, nove enfrentaram guerras civis ou conflitos violentos.

MELHORES NOTAS - RANKING GERAL
Belarus – 1,59
Argentina – 1,81
Chile – 1,87
Ucrânia – 1,97
Romênia – 2,07
Fonte: Instituto de Pesquisas sobre Políticas Alimentares


“Conflitos armados agravam o problema da fome para além do seu impacto no desempenho macroeconômico dos países: combatentes frequentemente usam a fome como uma arma de guerra, cortando o fornecimento de alimentos, submetendo populações ‘inimigas’ à inanição, e capturando ajuda alimentar destinada a civis”, afirmou o relatório.

Os países do sudeste asiático registraram os piores resultados de mortalidade infantil.
No entanto, afirmou o relatório, “na maior parte da Ásia onde a Revolução Verde aumentou o fornecimento de alimentos, a fome e a desnutrição estão em queda desde os anos 80”.
Mulheres e Aids

O instituto criou uma pontuação que varia de zero a cem, em que zero é o melhor resultado.
A maioria dos países da América do Sul tem uma pontuação menor que dez, indicando problemas “moderados”. A exceção na região é a Bolívia, que está na faixa de pontuação 10-20, ou “grave”, junto com outros países centro-americanos.

PIORES NOTAS - RANKING GERAL
Burundi – 42,7
Eritréia – 40,4
Rep. Dem. Congo – 37,6
Etiópia – 36,7
Serra Leoa – 35,2
Fonte: Instituto de Pesquisas sobre Políticas Alimentares


O Haiti é o único latino-americano com pontuação maior que 20. Nessa faixa, também estão os países do sul asiático, destacou o relatório.

“Na Índia e em Bangladesh há altas taxas de desnutrição infantil. O status inferior das mulheres nos países do sul asiático e sua falta de conhecimento nutricional são determinantes importantes para a alta prevalência de crianças com baixo peso na região”, sublinhou a pesquisa.

O estudo apontou uma relação entre a Aids e a fome, já que muitos países com alta incidência do HIV tiveram resultados medíocres no ranking.

O diretor-geral do instituto, Joachim von Braun, disse que espera “mobilizar a vontade política para aumentar urgentemente o progresso na luta contra a fome nos países onde ela é pior”.

“Graças à adoção das Metas do Milênio, a fome e a pobreza saltaram para o topo da agenda do desenvolvimento global, com o objetivo de cortar a fome à metade em 2015”, ele lembrou.
Mas acrescentou: “Não podemos estar satisfeitos com apenas cortar a fome pela metade. O problema deve ser erradicado completamente.”

Brasil melhora posição em 'ranking da fome' mundial

BBCBrasil.com Reporter BBC Brasil melhora posição em 'ranking da fome' mundial


Um índice calculado por organizações internacionais mostra que o combate à fome avançou no Brasil entre 2003 e 2004, acelerando o passo de uma fenômeno que vem se registrando desde os anos 90.

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terça-feira, outubro 09, 2007

A sombra do Che

No artigo, cinco razões para os arautos da direita brasileira (de que Veja é apenas o mais conspícuo ninho) detestarem a sombra de Ernesto Guevara, que continua mais viva do que nunca, sobretudo do que aqueles vivos que estão mortos e ainda não sabem.

Flávio Aguiar
Causou reações a reacionária matéria de capa de Veja sobre Ernesto Guevara, por ocasião destes 40 anos de sua morte, assassinado por membros do Exército boliviano a serviço dos Estados Unidos. Mas é coisa de não causar surpresa.

Tentaram, na revista, levantar o que os psicanalistas jungueanos chamariam de "a sombra" de Ernesto Guevara. Sob a égide de "destruir" um mito, pretenderam levantar tudo o que de negativo se poderia sobre a vida de um homem humano, certamente mais humano do que estes arautos do que de mais servil existe no jornalismo brasileiro.

Não conseguem. É verdade que Ernesto Guevara se transformou no mito Che. Num mito, quanto mais se bate, mais ele cresce. Porque ao contrário do que essas vulgaridades pensam, um mito não é sinônimo de uma mentira. Um mito é uma história que explica porque estamos aqui e somos assim ou assado. Um mito remonta a enigmas que não conseguimos explicar. Então temos que narrar.

Abaixo, dou cinco razões pelas quais os arautos da direita brasileira não podem suportar o mito Che. Muito mais do que a direita propriamente, porque duvido que os poderosos de fato na direita estejam hoje muito preocupados com o mito Che Guevara. Até porque nenhum – repito, nenhum – governo de hoje na América Latina está à altura do mito.

1) Che em línguas pampeanas quer dizer "homem". Em guarani quer também dizer "meu". El Che significa "o homem", "o ser humano", em linguagens que, como rios subterrâneos, nos lembram das catástrofes históricas que nos trouxeram até hoje. O nome, El Che, é uma cicatriz da história, assim como o de Zumbi, ou o de Anita Garibaldi. Com a diferença de que ele cobre o continente e hoje o mundo com sua imagem. A mera presença desse nome como dos preferidos no mundo inteiro prova que as tragédias dos povos são inesquecíveis, por mais que as queiram mergulhar no esquecimento.O nome do Che é um ícone do anjo de Walter Benjamin, aquele que segue para diante na história, mas de costas, vendo-a como uma construção de ruínas.

2) O Che foi um guerrilheiro romântico. Nada mais estranho ao mundo desses arautos do que qualquer sombra de romantismo rebelde. Eles (os arautos) tiveram que eleger o servilismo como estilo, têm que beijar a mão que os afaga ou os chicoteia conforme o gosto (o deles e o da mão). Palavras como rebeldia, entono, ousadia, energia, paixão, e outras do mesmo estilo, são verbetes em branco nos seus dicionários. O Che – que como todo o ser humano tinha qualidades, defeitos e problemas, e que como todo o mito, é mais uma lâmina de contradições do que de certezas absolutas – era alegre, era um ser voltado para a vida, não para a morte. Como podem os mortos vivos passar incólumes diante desse ser em contínua operação na história, eles que venderam a alma mas esperam poder deixar de entrega-la?

3) O Che era latino-americano. Nada mais detestável para esses arautos (e aí também para os poderosos da direita) do que a lembrança de que eles são latino-americanos. O ideal da sombra deles (a sombra é aquilo que a gente também é mas não gosta de lembrar de que é) é que o Brasil fosse uma imensa pista de aeroporto rumo ao norte, aos idolatrados shoppings centers onde se fala inglês como "língua natural" (como se isso existisse), porque é assim que eles vêm o mundo e a cultura do hemisfério norte. O fato do ícone cuja imagem é uma das mais procuradas no mundo ser a de alguém que morreu pelos povos desse continente amaldiçoado pelos poderes de todo o mundo traz pesadelos inconfessáveis para esses arautos. Pesadelos tão pesados que de manhã eles fingem nem se lembrar deles. Fingem tão fingidamente que até acreditam ser o sonhozinho de consumo em que fingidamente vivem, esses sinhozinhos das próprias palavras, a quem tratam como escravas.

4) O Che lutou pela libertação da África. E com os demais companheiros e companheiras do Exército cubano. Sem a participação de Cuba, é possível até que o regime do apartheid sulafricano pelo menos demorasse muito mais para cair. A vitória do Exército angolano, com Cuba, contra as forças sulafricanas, na batalha de Cuita Canevale foi fundamental para a queda do regime sulafricano. É verdade que as iniciativas do Che nas lutas no Congo não tiveram êxito. Não importa: como o Che é que se tornou o mito, ele carrega nas costas essa pesada carga de ser um dos ícones da solidariedade latino-americana com os povos do continente cujas costas lanhadas de sangue ajudaram a construir a nossa riqueza.

5) O Che era bonito. Aí é demais. Dispensa palavras.Tudo isso vem aliado à terrível sensação, para esses arautos, de que o mito do Che, a lembrança do personagem vivo, sobreviverá a todos eles. E que se esse mito-anjo vê a história como a construção de ruínas, eles, os arautos, são as mais expressivas da ruína humana a que se reduz o servilismo eleito como estilo.

http://www.agenciacartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=3737

domingo, outubro 07, 2007

Ataques misteriosos israelenses

Ataques misteriosos israelenses - Radio Nederland, a emissora internacional e independente da Holanda - Português:
"Um barco norte-coreano que desaparece sem deixar vestígios na costa da Síria. Um ataque aéreo do exército israelense em território sírio. Israel, por sua vez, mantém-se calado sobre o assunto enquanto os rumores correm soltos. Quando há algum ataque israelense a territórios palestinos, Israel é o primeiro a chamar a imprensa para fazer qualquer comentário. Mas, a esta demonstração de força em território sírio seguiu-se um silêncio até então desconhecido. Porta-vozes do exército receberam a incumbência de não falar nada."
Clique no link para saber mais!

Portugal e os brasileiros - Radio Nederland, a emissora internacional e independente da Holanda - Português

Portugal e os brasileiros - Radio Nederland, a emissora internacional e independente da Holanda - Português

Em entrevista à Radio Nederland, o diretor geral adjunto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal, Francisco Alves, relatou a forma com que milhares de brasileiros, que já vivem em Portugal, poderão ter a sua situação legalizada oficialmente.
Enquanto algumas informações mencionavam as cifras de 14 mil, que tinham o direito a legalização, Alves disse que esses números não ultrapassavam a casa dos 11 mil.
Tudo isto devido ao acordo luso-brasileiro de Contratação Recíproca de Nacionais, conhecido em Portugal como o acordo Lula. Todos os brasileiros que entraram em território português, até a data de assinatura deste acordo, ou seja, até o dia 11 de julho de 2003, poderão se beneficiar dessas medidas.
No balanço das autoridades portuguesas, cerca de 29 mil pessoas já haviam feito um pré-registro que, na ocasião, não era obrigatório. Cerca de 18 mil já se encontram legalizadas, enquanto que os 11 mil restantes poderão, agora, pleitear pela sua regularização oficial em Portugal. Mas ele não garantiu que todos esses iriam conseguí-lo.

segunda-feira, outubro 01, 2007

INMET - Horário de Verão

INMET - Horário de Verão

Estados que participam do horário de verão. São eles:

Distrito Federal
Espirito Santo
Goiás
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Paraná
Rio de Janeiro
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
São Paulo

segunda-feira, setembro 24, 2007

Chuva no RS ficou entre as mais intensas no mundo




O volume de chuva no Rio Grande do Sul nos últimos sete dias ficou entre os mais altos do mundo. Os acumulados estimados por satélite da NASA indicam que apenas as regiões do subcontinente asiático que sofrem a influência das precipitações da temporada de monções tiveram acumulados superiores (clique sobre a imagem acima para ampliar). Os volumes estimados pelos satélites da NASA no Rio Grande do Sul ficaram acima, inclusive, dos acumulados pluviométricos estimados para o leste da China, onde a região de Xangai foi atingida na última semana pelo tufão (Wipha) que descrito como o mais intenso da última década na região.
Alexandre Amaral de Aguiar - 23/09/2007 22:18:29

Africom é pretensão dos EUA de controlar o petróleo do Continente

Em fevereiro de 2007 o governo dos EUA anunciou formação do Comando Militar da África – Africom, um centro unificado de comando do Pentágono que visa centralizar todas as operações militares feitas no continente africano. O Africom é apresentado pelo governo Bush aos países africanos como um instrumento de combate ao terrorismo internacional. Entretanto “o verdadeiro objetivo da criação do comando é a obtenção do controle do petróleo existente no Continente, bem como dos sistemas de distribuição”, afirma Bryan Hunt no seu artigo “Entendendo o Africom”.
No artigo, Hunt compara a instalação do Africom com o Oriente Médio durante a década de 80, quando a transferência de petróleo do Golfo Pérsico para os EUA foi qualificada pelo governo norte-americano como de “interesse vital” ao país, chegando a afirmar que “os EUA empregaria qualquer meio necessário, inclusive força militar”, para superar qualquer tentativa de interferência na política de petróleo norte-americana.
As forças militares dos EUA aumentam o mais rapidamente possível na África Ocidental e no Sub-Saara, já que esta área se projeta como uma fonte de energia tão importante como a do Oriente Médio. Entretanto a dominação dos EUA na região é barrada devido a forte pressão do povo africano, principalmente na Nigéria, onde se encontra 70% do petróleo africano. O povo nativo da região do Delta do Níger não obtém nenhum tipo de benefício por viver em uma região de extensos depósitos de petróleo e de gás natural. O que os movimentos populares da Nigéria estão exigindo é a sua autodeterminação e que os benefícios do petróleo sejam eqüitativos para todos os nigerianos.
No primeiro semestre de 2006 foram feitos 19 ataques contra operações estrangeiras de extração de petróleo, que provocaram perdas de 2.187 milhões de dólares às multinacionais, representando 32% dos ingressos gerados neste ano no país. Os movimentos nacionalistas lutam por qualquer meio possível pelo objetivo político da autodeterminação.
As companhias petroleiras e o governo dos EUA qualificam estes grupos de resistência como “terroristas internacionais”, para legitimar o uso da força militar dos EUA e “estabilizar” a região, assegurando que a usurpação do petróleo continue.
No mês de junho, o governo dos EUA enviou uma comissão ao norte do continente africano com o intuito de encontrar um país onde o Africom possa se abriguar. Os países da África do Norte como Argélia, Líbia e Marrocos não viram a medida com bons olhos e rechaçaram a proposta norte-americana.