Sebastiaan Gottlieb e Daniela Stefano
19-07-2007
A segunda geração de biocombustíveis é a alternativa perfeita para substituir o uso do petróleo. Representa uma solução para o efeito estufa e pode contribuir na luta contra a pobreza nos países em desenvolvimento. É o que diz André Faaij, professor da Universidade de Utrecht na área de ciências naturais e sociedade.
Atualmente, usa-se muita lavoura para fazer biocombustíveis, como o álcool ou o biodiesel. O milho é utilizado principalmente nos Estados Unidos e as palmeiras no sudeste asiático. A colza é a matéria prima na Europa. O problema desses vegetais é que tais plantações transformam-se em monoculturas e ocupam o espaço das plantações alimentícias, que precisam de bom solo. De acordo com André Faaij, o uso de biomassas de gramíneas e árvores não possuem essas desvantagens.
Fonte promissoraGramíneas e árvores possuem a vantagem de poderem ser cultivadas em solo que não seria adequado às safras alimentícias ou em climas hostis ao milho e à soja. Experiências de campo sugerem que as gramíneas podem se tornar fonte promissora de biocombustível no futuro, segundo Ford Runge e Benjamin Senauer, dois professores dos Estados Unidos.
Em um artigo, publicado por eles na revista Foreign Affairs, os catedráticos defendem que os custos de colheita, transporte e conversão desse tipo de matéria vegetal continuam elevados, se comparado à economia de escala propiciada pelos métodos atuais de produção.
Os norte-americanos citam o exemplo de um executivo de uma usina de etanol no Oriente Médio que calculou que para abastecer uma usina de etanol com gramíneas, seria necessário que um caminhão de grama fosse descarregado a cada seis minutos, 24 horas por dia.
"As dificuldades logísticas e os custos de conversão da celulose em combustível, combinados aos subsídios e aos fatores políticos que atualmente favorecem o uso de milho e soja, tornam pouco prático esperar que o etanol de celulose se torne uma solução viável nos próximos 10 anos.", dizem os professores.
Otimismo
André Faaij, por sua vez, diz que há um grande consenso internacional sobre o efeito favorável da segunda geração de biocombustíveis. Ele está muito otimista com a possibilidade da introdução desse tipo de combustível.
Há dois anos, pouco se sabia sobre tal tecnologia. Atualmente, empresas de petróleo e de aviação também participam dos debates e têm a intenção de utilizar ou desenvolver a segunda geração de biocombustíveis. As empresas de navegação internacional e a indústria farmacêutica também acompanham tal iniciativa e a classificam como positiva.
"Tecnologia não é o problema. Uma grande quantidade de empresas holandesas, dentre as quais Shell é uma protagonista importante, possuem os conhecimentos necessários", afirma Faaij, que complementa que "essas empresas estão à espera de uma política estável, com o apoio e a proteção necessários para este tipo de investimentos", afirma Faaij
De acordo com o professor, é preciso agora que os políticos coloquem em prática o desenvolvimento da segunda geração de biocombustíveis. Normalmente, convencer os políticos é o processo que leva mais tempo.
Em todo o caso, Faaij dará sua contribuição. Em setembro ele vai para a China como presidente de um grupo de trabalho de biomassa do Fórum Econômico Mundial para falar sobre a promissora segunda geração de biocombustíveis
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