[Zero Hora] - 07 de Maio de 2008
América do Sul Se ventos mudarem, as cinzas poderão chegar ao Estado
Santiago
Enquanto os chilenos evacuam as áreas próximas ao vulcão Chaitén, os gaúchos devem ficar de olho nos ventos. Se eles mudarem de direção, há uma possibilidade de que as cinzas cheguem ao Estado, como já ocorreu em uma situação semelhante em 1993.
Naquele ano, o vulcão Láscar, também chileno, cobriu de pó cidades do Planalto Central, da Serra, das Missões, do Vale do Taquari e da Grande Porto Alegre.
Segundo o professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Gervásio Annes Degrazia, a análise dos dados indica que a pluma (padrão de desenho formado pela fumaça) está cruzando a América do Sul em direção ao Oceano Atlântico, por enquanto sem chances de chegar ao Rio Grande do Sul. Para atingir o Estado, seria necessário que houvesse uma mudança dos ventos, o que não pode ser descartado.
Em erupção há cinco dias, o Chaitén, no sul do Chile, mostrou ontem que sua força era crescente e fez com que as autoridades decidissem retirar todos os habitantes da região, a 1,2 mil quilômetros da capital, Santiago.
Duas explosões foram registradas
Uma, pela manhã, transformou as duas crateras em uma, de 800 metros de diâmetro, evitando que a lava atingisse a localidade com o mesmo nome do vulcão. A segunda, na parte da tarde, formou uma coluna de fumaça de 20 mil metros de altura.
Segundo estudiosos do Serviço Nacional de Geologia e Mineração, o vulcão lançou gases tóxicos, cinzas e fragmentos de rocha em altas temperaturas, que ameaçam uma área de 25 a 30 quilômetros quadrados.
Alguns moradores não queriam sair
As duas explosões registradas ontem levaram à evacuação – iniciada no final de semana – completa dos moradores de Chaitén. Nos dois primeiros dias de erupção, 4 mil habitantes haviam sido retirados. A população de Chaitén seria levada à ilha vizinha de Chiloé e à capital regional de Los Lagos, Puerto Montt, 250 quilômetros ao norte. As cinzas começaram a contaminar a água potável – e o simples ato de respirar já representava um perigo para população.
– Temos que aplaudir a força desta gente, que tem sido capaz de se sobrepor à catástrofe. O governo fará o possível para diminuir os efeitos desta tragédia – disse a presidente chilena, Michelle Bachelet.
O ministro do Interior, Edmundo Pérez Yoma, informou que, depois de uma reunião da presidente com o primeiro escalão, ficou decidido que civis e militares serão retirados de localidades que ficam em um raio de 50 quilômetros de distância do vulcão.
Embora a evacuação seja obrigatória, há moradores que resistem em deixar suas casas. – É deixar para trás toda uma vida: nossas casas, animais e recordações. O que nos espera agora? Somente quando voltarmos poderemos reconstruir o que perdemos – disse uma moradora.
Na segunda-feira, habitantes da cidade de Futaleufú, com 1,8 mil habitantes, na fronteira com a Argentina, também começaram a ser retirados do local, coberto por uma camada de 30 centímetros de cinzas.
Autoridades argentinas recomendaram aos habitantes de cidades próximas ao Chile, como Esquel, a usar máscaras, para se proteger dos efeitos das cinzas.
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