Herbert Moraes Jr.
A estratégia do Hammas
Há uma semana militantes palestinos do Fatah e do Hammas vêm se matando nas ruas da cidade de Gaza e colocando em risco a vida da população local, que muitas vezes é atingida pelo “fogo-amigo”. A instabilidade levou alguns grupos terroristas ligados ao Hammas a reiniciarem a chuva de foguetes Kassam sobre o deserto do Negev, principalmente na cidade de Sderot, no sul de Israel. O lugar é pequeno — apenas 23 mil habitantes — e estão todos apavorados. Muitos já deixaram suas casas, outros permanecem e assistem diariamente mísseis sem direção atingirem a cidade. Quando cai um foguete desses o desespero e o caos tomam conta. Esta semana, um deles caiu a 150 metros do meu carro. Os moradores entram em pânico. Saem nas ruas e começam a gritar, chorar, esbravejar. A polícia, os bombeiros e até o exército chegam no local. Dessa vez foi apenas a calçada que ficou danificada. Todos vão embora. Silêncio. Que é quebrado novamente com outra explosão. Era outro Kassam. Durante quatro horas, a cidade presencia a queda de pelo menos dez deles. No final do dia, Sderot havia sido bombardeada 30 vezes. Neste domingo, o número total da semana deve chegar a quase 200 foguetes Kassam. A intensão é levar Israel a ataques maciços contra a Faixa de Gaza. Talvez a única maneira de unir as duas facções seria a luta contra o inimigo, dizem alguns especialistas. Mas a luta entre palestinos projeta a impressão de fazer parte de um plano mais ambicioso. Tudo leva à conclusão de que o objetivo principal é boicotar o plano de paz sugerido pela Arábia Saudita e adotado pela liga árabe, com as assinaturas do primeiro-ministro palestino, Ismail Hanieh, que é do Hammas, e do presidente da autoridade palestina, Mahamoud Abbas. Estes dois senhores prometeram e assinaram em baixo que governariam juntos, em prol da população. Mas não é bem assim. Existe aí uma equação montada pelas forças que inspiram o Hammas, que, depois de ter vencido as eleições, há mais de um ano, ainda não encontra entendimento com o presidente da autoridade palestina. Eles não concordam sequer na divisão dos poderes do Executivo e, por diversas vezes, já chegaram à beira de uma guerra civil.
Grupos terroristas ligados ao Hammas reiniciam ataques com foguetes Kassam sobre o deserto do Negev A Arábia Saudita, terra do profeta Maomé e da seita mulçumana sunita, realizou o encontro das duas autoridades palestinas sob a ‘’benção” da cidade mais sagrada do mundo mulçumano. Ambos concordaram em suspender a luta. Mas voltaram aos territórios palestinos e não cumpriram o acordado. O Hammas, por sua vez, que se opõe a reconhecer o Estado de Israel, prefere nomear o país de ‘entidade sionista”, seguindo a mesma linha do Hizbollah, dos xiitas libaneses. A Arábia Saudita é o país mais rico do Oriente Médio — o Egito, o maior e mais populoso. Os sunitas não querem o Irã, que não faz parte do mundo árabe, como maior potência do Oriente Médio árabe. Entender-se com Israel é parte do plano desses dois países, e um processo de negociação, urgente, poderia surgir, como estratégia na preservação da influência árabe sobre a região. Os conflitos entre Hammas e Fatah e os ataques às cidades israelenses têm o objetivo explícito de provocar uma reação de Israel. Desta forma, inviabilizaria todas as tentativas de se negociar a paz, já que o governo de união nacional palestino estaria, se já não está, esfacelado. Praticamente não existe mais. Toda essa instabilidade daria tempo ao Irã de avançar ainda mais em seu projeto nuclear, que, segundo a inteligência israelense, tem como objetivo final a bomba atômica. Por enquanto, quem sofre do lado israelense e palestino é a população, que não sabe e não tem pra onde ir. Seguem frustados, já que não há ações efetivas de suas autoridades. Está difícil. A diplomacia internacional está em ebulição nos bastidores, em busca de uma estratégia que seja eficaz. Mas isso é coisa muito distante para acalmar a ansiedade e o pânico da população. O Hammas e as facções armadas do Fatah desafiam políticas e estratégias da comunidade árabe, da liga dos 22 países árabes, que há muito deveria intervir. Agora que a reação israelense já começou, talvez seja tarde demais.
Grupos terroristas ligados ao Hammas reiniciam ataques com foguetes Kassam sobre o deserto do Negev A Arábia Saudita, terra do profeta Maomé e da seita mulçumana sunita, realizou o encontro das duas autoridades palestinas sob a ‘’benção” da cidade mais sagrada do mundo mulçumano. Ambos concordaram em suspender a luta. Mas voltaram aos territórios palestinos e não cumpriram o acordado. O Hammas, por sua vez, que se opõe a reconhecer o Estado de Israel, prefere nomear o país de ‘entidade sionista”, seguindo a mesma linha do Hizbollah, dos xiitas libaneses. A Arábia Saudita é o país mais rico do Oriente Médio — o Egito, o maior e mais populoso. Os sunitas não querem o Irã, que não faz parte do mundo árabe, como maior potência do Oriente Médio árabe. Entender-se com Israel é parte do plano desses dois países, e um processo de negociação, urgente, poderia surgir, como estratégia na preservação da influência árabe sobre a região. Os conflitos entre Hammas e Fatah e os ataques às cidades israelenses têm o objetivo explícito de provocar uma reação de Israel. Desta forma, inviabilizaria todas as tentativas de se negociar a paz, já que o governo de união nacional palestino estaria, se já não está, esfacelado. Praticamente não existe mais. Toda essa instabilidade daria tempo ao Irã de avançar ainda mais em seu projeto nuclear, que, segundo a inteligência israelense, tem como objetivo final a bomba atômica. Por enquanto, quem sofre do lado israelense e palestino é a população, que não sabe e não tem pra onde ir. Seguem frustados, já que não há ações efetivas de suas autoridades. Está difícil. A diplomacia internacional está em ebulição nos bastidores, em busca de uma estratégia que seja eficaz. Mas isso é coisa muito distante para acalmar a ansiedade e o pânico da população. O Hammas e as facções armadas do Fatah desafiam políticas e estratégias da comunidade árabe, da liga dos 22 países árabes, que há muito deveria intervir. Agora que a reação israelense já começou, talvez seja tarde demais.
HERBERT MORAES é correpondente da TV Record em Israel.
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