Paulo Henrique Amorim *
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil.
Os jornais da mídia conservadora (e golpista) de São Paulo continuam com certa dificuldade de conviver com o sucesso retumbante do Pan do Rio.
A Folha de S. Paulo traz um editorial, neste domingo, dia 15, que já começa de baixo calão: “Pan e circo”.
“Suspendem-se os banhos de sangue para comemorar medalhas... balas perdidas esperam os resultados do vôlei para então prosseguir seu curso... o contraste entre a festa e a barbárie no Rio e no país inteiro...”
A Folha faz de conta de que o editorial é sobre a batalha entre a festa e a barbárie que se trava no Brasil inteiro.
Mas, quando desce aos exemplos e aos detalhes - e o demônio está nos detalhes... - ela retoma os estigmas que a “elite branca” (e separatista) pespegou no Rio: as balas perdidas, o banho de sangue.
Em São Paulo, como se sabe, não há confronto entre policiais e traficantes: 84 das 93 delegacias da cidade de São Paulo recebiam mesada dos bingos.
Não há confronto: há combinação de interesses.
A batalha entre a festa e a barbárie tem em todo lugar - em Paris, na Mona Lisa e na queima de carros na banlieue; em Nova York, no MOMA e no Bronx; em São Paulo, na Osesp e na Daslu.
Não é só no Rio.
No Rio tem, sim, bala perdida.
Teve derramamento de sangue, sim, quando morreram inocentes, talvez menos do que a polícia de São Paulo matou quando o PCC governou a cidade, dentro e fora das cadeias...
No Rio, nesse momento, sim, tem Pan e circo.
Em São Paulo não tem nem uma coisa nem outra.
*Extraído do “Conversa Afiada”, blog do jornalista
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