quarta-feira, abril 30, 2008

No Haiti, primeira tragédia da crise alimentar

POR NIDIA DÍAZ, — do Granma Internacional

O encarecimento dos alimentos provocou no frágil cenário haitiano a demissão do primeiro-ministro, ao menos cinco mortos, dezenas de feridos e uma situação político-social pouco maneável com conseqüências imprevisíveis.
Uma semana de levantes populares em quase todo o território haitiano, saque de supermercados, bloqueios e barreiras, obrigaram o presidente René Préval a utilizar as forças da Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti (Minustah), que como em outras ocasiões não hesitaram em reprimir fundamentalmente os amotinados com gases lacrimogêneos e disparos nas cidades de Les Cayes e Porto Príncipe.
As ações, que segundo o governo foram estimuladas e financiadas por bandos de narcotraficantes e muambeiros, se realizaram contra o exorbitante aumento dos preços da cesta básica, numa nação onde, também, 80% dos habitantes vivem na pobreza.
Os apelos a reunir esforços para superar com urgência esta nova crise que poderia terminar na ingovernabilidade do país, ultrapassariam neste momento qualquer medida que fosse adotada em nível nacional.
O que muitos observadores e analistas vêm advertindo sobre as insuspeitas conseqüências que trará para a estabilidade mundial a crise alimentar que já está vindo, de que o aumento do preço dos alimentos é só a ponta do iceberg, é a primeira tragédia no Haiti, por ser o país mais vulnerável de nossa região.
Dados das Nações Unidas revelam que "os alimentos encareceram 45% nos últimos nove meses e, em dezembro passado, houve a alta de preços mensal mais elevada em quase 20 anos". Estatísticas da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) confirmam isso.
Segundo essas fontes, há três produtos que evidenciam, sem dúvida, o encarecimento mais abrupto em 2007: os cereais, com uma alta de 41%; óleos vegetais, 60%; e os lacticínios, 83%.
Tal situação, em lugar de recuar, tende para a aceleração, entre outras causas, pelos altos preços do petróleo e pela extensão do mercado de biocombustíveis, que se baseia na colheita dalguns produtos, como o milho ou a cana-de-açúcar, para produzir energia (como etanol), em vez de alimentos. Esta situação provocou que o valor de venda do trigo, para apenas dar um exemplo, disparasse para 130%.
Não é por acaso que os primeiros levantes populares tenham ocorrido no Haiti pela carestia dos preços dos alimentos. Nessa nação antilhana, sem dúvida, a estabilidade política, além das boas intenções do governo atual, depende fundamentalmente dos níveis de desenvolvimento que consigam para compensar os anos de atraso, levando-o a ocupar o 150º lugar entre os 177 países onde a ONU mede o Índice de Desenvolvimento Humano.
Tanto é assim que John Colmes, principal funcionário das Nações Unidas para Assuntos Humanitários advertiu que o aumento contínuo dos preços dos alimentos gerará inevitavelmente a imprevisível instabilidade política no mundo e, particularmente, naquelas regiões com estruturas econômicas e sociais subdesenvolvidas.
O presidente René Préval, durante a crise dos últimos dias, exortou à calma e adotou as poucas medidas que tem à mão: diminuir, por um mês, o preço atual do arroz e aceitar, sob protesto, a substituição exigida pelo Legislativo do primeiro-ministro Jacques Edourd Alexis, que responsabilizam de não ter aplicado uma política que freasse a pobreza e a carestia da vida.
Quando esta edição circular, haverá outro chefe de governo no Haiti, designado por consenso pela Câmara e pelo Senado, porque nenhum partido tem maioria parlamentar, o qual, a meu ver, é insignificante porque o problema vai mais da nomeação dele ou de outro.
O problema do Haiti como o de outras nações em nossa região tem a ver com séculos de atraso, marginalização e responsabilidade histórica daqueles que, de posições coloniais e neocoloniais, o mergulharam na miséria e ainda hoje não assumem um compromisso que os ajude a se levantarem.

Especialistas: crise alimentar é nova ameaça à Amazônia - O Globo Online

Especialistas: crise alimentar é nova ameaça à Amazônia - O Globo Online

Governo determina controle militar sobre as Ongs estrangeiras na Amazônia

Ministérios da Justiça e da Defesa anunciam pacote de medidas para coibir atuação de ongs “ambientalistas” que servem de fachada para camuflar roubo de pedras, metais preciosos e de biodiversidade, além de promover pesquisas clandestinas e mapear nossos recursos naturais a mando dos cartéis estrangeiros
“Há este conceito de que a Amazônia é um lugar livre para qualquer um, mas a Amazônia é território soberano brasileiro e vai continuar sendo território soberano brasileiro”, afirmou o ministro da Defesa Nelson Jobim ao anunciar que o governo federal fechará, nos próximos meses, um pacote de medidas para que haja um efetivo controle militar sobre as Ongs, grupos religiosos e outras entidades estrangeiras que atuam na Amazônia.
O pacote integrará uma nova Lei de Estrangeiros, e será enviado ao Congresso Nacional pelos ministérios da Justiça e da Defesa para impedir que essas Ongs sirvam de fachada para atividades ilegais. Pelo novo projeto, pessoas e grupos estrangeiros precisariam de autorização do Ministério da Justiça e de cadastro no Comando Militar da Amazônia para atuar na região. Caso sejam pegos sem as autorizações, estariam sujeitos a revogação de visto, deportação e multa.
A medida visa atingir as Ongs estrangeiras que atuam na Amazônia promovendo biopirataria, estimulando conflitos em terras indígenas e mapeando áreas com grandes recursos minerais e reservas de biodiversidade. A maioria dessas Ongs se esconde sob a fachada de um falso ambientalismo para escamotear o roubo de material genético, plantas, animais, além de promover pesquisas para os grandes cartéis de fármacos, patentear frutas e outras espécies para a indústria de alimentos, contrabandear pedras preciosas e metais raros de reservas florestais, entre outras agressões à soberania brasileira.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, também havia denunciado na semana passada que muitas Ongs estão envolvidas com a biopirataria e tentam influenciar a cultura indígena para expropriar suas terras. A preocupação é ainda maior nas regiões de reservas indígenas, onde o Exército Brasileiro é proibido de entrar.
EXÉRCITO BARRADO
“O Exército costuma ser barrado quando quer entrar numa reserva”, denunciou esta semana em entrevista aO Estado de São Paulo o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), defendendo a necessidade de maior controle do Estado sobre a atuação das Ongs.
O deputado contou a situação que presenciou em visita a uma maloca na reserva Ianomami: “50 famílias convivendo dentro de um ambiente fechado, de penúria. Muitos fogos dentro da maloca para as famílias assarem bananas e mandiocas, muita poluição, muita fuligem, um ambiente com incidência muito grande de doenças infecciosas. Até tuberculose. Fui recepcionado por uma moça de uma organização não-governamental, a Ong Urihi. Perguntei por que não se puxava do pelotão água e luz para dentro da comunidade indígena, o que daria mais conforto à população. A moça da Ong disse que não, que isso ia deformar o modo de vida dos índios”.
Aldo Rebelo contou ainda que “nessa visita, o comandante militar que estava comigo não pôde entrar na área indígena. Um grupo de crianças jogava futebol, e eu joguei um pouco com elas. Comentei com a moça da Ong: “Pelo menos o futebol é um fator de integração, pois todos torcemos pela mesma seleção.” A moça me respondeu: “Não. O senhor torce pela seleção brasileira, e os índios torcem para a seleção deles.” Nada mais falei e nada mais perguntei”.
Sobre a Reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, que se encontra em conflito, Aldo Rebelo afirmou que “não corresponde à verdade dizer que há ali, na região, apenas meia dúzia de arrozeiros. Quem já esteve lá, e eu estive lá mais de uma vez, e quem leu o relatório da Comissão Externa da Câmara sabe e viu como foram construídos aqueles municípios dos não-índios em Roraima. Tem gente que chegou lá no século 19 e no início do século passado”.
E defendeu: “No caso da Reserva Raposa do Sol, se a demarcação incluir os 150 quilômetros da terra que corre junto à fronteira da Guiana e da Venezuela, a ação do Exército fica muito dificultada, a fronteira não poderá ser vivificada. A melhor forma de controlar uma região fronteiriça é construir municípios na área, povoá-la, preenchendo-a com a presença de brasileiros índios e não-índios, gente que trabalhe, produza, que gere atividade econômica, política, social e cultural”.

SOS Crise Alimentar

SOS Crise Alimentar


Uma crise alimentar está assolando o mundo. Além de apertar o orçamento da classe trabalhadora, a crise está trazendo a fome para mais de 100 milhões de pessoas em países pobres. Do Bangladesh ao Haiti, a população mundial está protestando,literalmente lutando pela sobrevivência. Só na Serra Leoa o preço do arroz dobrou, deixando 90% da população abaixo da linha de pobreza. Estamos nos unindo á Zainab Bangura (á direita) Ministra das Relações Internacionais da Serra Leoa para fazer um apelo urgente aos líderes globais.

Tanto ações emergenciais, quanto reformas no sistema comercial agrícola são necessárias para acabar com a crise. Mas do que isso, precisamos de soluções sustentáveis para nós e futuras gerações. A petição será entregue em encontros políticos chave dentro das próximas semanas. Coloque seu nome agora na petição e veja a mensagem da Zainab Bangura ao lado. Não se esqueça de passar essa mensagem para todas as pessoas que você conhece, pois todos serão afetados pela crise alimentar.

Petição aos líderes do G8, ONU e União Européia:Pedimos uma ação imediata contra a crise alimentar global adotando as seguintes medidas: moblização de um fundo emergencial contra a fome; remoção de subsídios perigosos que transformam alimentos em biocombustíveis; ação contra a especulação financeira prejudicial; avaliação de políticas comerciais injustas; e investimento na produção agrícola sustentável em países em desenvolvimento.

Subscreva: SOS Crise Alimentar

Entenda a Crise dos Alimentos

A crise dos alimentos

segunda-feira, abril 28, 2008

NOVA CORRIDA IMPERIALISTA


Provavelmente, Deus não é africano

Na “era dos impérios”, no final do século XIX, as potências européias conquistaram e submeteram - em poucos anos - todo o continente africano, com exceção da Etiópia. Agora, neste início do século XXI, tudo indica que a África será – pela terceira vez - o espaço privilegiado da competição imperialista que está recém começando. A menos que exista um outro Deus, que seja africano. A análise é de José Luís Fiori.

José Luís Fiori

A África ocupou mais da metade do tempo, da última reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na terceira semana do mês de abril de 2008. Na pauta: o impasse nas eleições presidenciais do Zimbabwe e as crises políticas da Republica Democrática do Congo e da Kenya, além dos conflitos armados, na Somália, e em Darfur, no Sudão. Trazendo de volta a imagem de um continente aparentemente inviável, com “estados falidos”, “guerras civis” e “genocídios tribais”, com apenas 1% do PIB mundial, 2% das transações comerciais globais e menos de 2% do investimento direto estrangeiro dos últimos anos. Mas a África não é tão simples nem homogênea, com seus quase 800 milhões de habitantes e seus 53 estados nacionais, que foram criados pelas potências coloniais européias, e foram mantidos juntos, graças à Guerra Fria, que chegou à África Setentrional, com a crise do Canal de Suez, em 1956; à África Central, com a guerra do Congo, dos anos 60; e finalmente, à África Austral, com a independência de Angola e Moçambique, e a sua guerra com a África do Sul, nos anos 80.
A independência africana, depois da II Guerra Mundial, despertou grandes expectativas com relação aos seus novos governos de “libertação nacional” e seus projetos de desenvolvimento, que foram muito bem sucedidos – em alguns casos - durante os primeiros tempos de vida independente. Este desempenho inicial, entretanto, foi atropelado por sucessivos golpes e regimes militares, e pela crise econômica mundial, da década de 1970, que atingiu todas as economias periféricas, e provocou um prolongado declínio da economia africana, até o início do século XXI. Mesmo na década de 90, depois do fim do mundo socialista e da Guerra Fria, e no auge da globalização financeira, o continente africano ficou praticamente à margem dos novos fluxos de comércio e de investimento globais.
Depois de 2001, entretanto, a economia africana ressurgiu, acompanhando o novo ciclo de expansão da economia mundial. O crescimento médio, que era de 2,4% em 1990, passou para 4,5, %, entre 2000 e 2005, e alcançou as taxas de 5,3% e 5,5%, em 2007 e 2008. E, no caso de alguns países produtores de petróleo e outros minérios estratégicos, estas cifras alcançaram níveis ainda mais expressivos, como em Angola, Sudão e Mauritânia. Esta mudança da economia africana - como no resto do mundo -se deveu ao impacto do crescimento vertiginoso da China e da Índia, que consumiam 14 % das exportações africanas, no ano 2000 e hoje consomem 27%, igual que a Europa e os Estados Unidos, que são velhos parceiros comerciais do continente africano.
Na direção inversa, as exportações asiáticas para a África vêm crescendo à uma taxa média de 18% ao ano, junto com os investimentos diretos chineses e indianos, sobretudo em energia, minérios e infra-estrutura. Neste momento, existem cerca de 800 empresas, e 80.000 trabalhadores chineses na África, com uma estratégia conjunta de “desembarque econômico” no continente, como acontece também, em menor escala, com o governo e os capitais privados indianos. Neste sentido, não cabe mais duvida, devido ao volume e a velocidade dos acontecimentos: a África é o hoje, o grande espaço de “acumulação primitiva” asiática, e uma das principais fronteiras de expansão econômica e política, da China e da Índia. Mas ao mesmo tempo, não há o menor sinal de que os Estados Unidos e a União Européia estejam dispostos a abandonar suas posições estratégicas, conquistadas e controladas dentro deste mesmo território econômico africano. Depois da frustrada “intervenção humanitária” dos Estados Unidos, na Somália, em 1993, o presidente Bill Clinton visitou o continente, e definiu uma estratégia de “baixo teor” para a África: democracia e crescimento econômico, através da globalização dos seus mercados nacionais. Mas depois de 2001, os Estados Unidos mudaram radicalmente sua política africana, em nome do combate ao terrorismo, e da proteção dos seus interesses energéticos, sobretudo na região do “Chifre da África” e do Golfo da Guinéa, que até 2015, deverá fornecer 25% das importações norte-americanas de petróleo.
Faz pouco tempo, os Estados Unidos criaram um novo comando estratégico regional no nordeste africano, e neste momento, estão instalando as bases de apoio de sua mais recente iniciativa militar, no continente: a criação do África Coomand - AFRICOM, que segundo o jornal inglês Financial Times, “ marca o inicio de uma nova era de engajamento, sem precedente, da Marinha Norte-Americana na costa oeste da África.” (15/04/2008). Este aumento da presença militar americana, entretanto, não é um fenômeno isolado, porque a União Européia, e a Grã Bretanha, em particular, têm dedicado uma atenção cada vez maior à África. E a Rússia, acaba de assinar um acordo econômico e militar com a Líbia, e logo em seguida, assinará um outro, com a Nigéria, envolvendo venda de armas e dois projetos bilionários de suprimento de gás para Europa, através da Itália, e do deserto do Saara.
Num jogo de xadrez que se complicou ainda mais, nos últimos dias, com a descoberta de um carregamento de armas chinesas enviadas para o governo de Robert Mugabe, no Zimbabwe, através da África do Sul, e com o apoio do governo sul-africano de Thabo Mbeki, segundo denuncia do líder da oposição, no Zimbabwe, Morgan Tsvangirai.
Este quadro fica ainda mais complicado, quando se percebe que tudo isto está acontecendo no momento em que o sistema mundial ingressa numa nova “corrida imperialista”, entre as suas “grandes potências”. Como aconteceu com o primeiro colonialismo europeu que começou com a conquista da cidade de Ceuta, no norte da África, em 1415, estendendo-se em seguida, pela costa africana, e transformando a sua população negra na principal commodity da economia mundial, no início da globalização capitalista. Depois, de novo, na “era dos impérios”, no final do século XIX, as potências européias conquistaram e submeteram - em poucos anos - todo o continente africano, com exceção da Etiópia. E agora, neste início do século XXI, tudo indica que a África será – pela terceira vez - o espaço privilegiado da competição imperialista que está recém começando. A menos que exista um outro Deus, que seja africano.

quinta-feira, abril 24, 2008

O entrelaçamento das multinacionais de alimentos com os fundos especulativos


Alfredo Jalife-Rahme, em esclarecedor artigo publicado no jornal mexicano La Jornada, mostra que a recente explosão no preço dos alimentos está relacionada com o envolvimento dos fundos especulativos com as seis grandes multinacionais que dominam a produção de alimentos no mundo

ALFREDO JALIFE-RAHME


Os aumentos descomunais nos preços dos alimentos ocorreram paralelamente às apostas sem precedentes com os contratos futuros, mediante os abomináveis hedge-funds (fundos de cobertura de riscos) das bolsas de matérias-primas agrícolas de Chicago Board of Trade e do eixo agro-mercantilista Kansas-Minneápolis-Londres. O preço do arroz dobrou dramaticamente nos primeiros três meses do ano e passou de 360 dólares para 760 dólares por tonelada métrica.
William Pfaff colocou o dedo na ferida após repassar todas as causas anunciadas da crise alimentar global: “De forma estranha, pouco se havia dito sobre o papel da especulação nos preços das matérias-primas em geral e especificamente dos alimentos” (Tribune Media Services Internacional, 16/4/08) e explica que o “volume de contratos foi incrementado em 20% desde o início do ano” no mercado de Chicago CME Group (fusão do Chicago Mercantile Exchange e Chicago Board of Trade) que “cotiza 25 matérias-primas agrícolas”. Mais ainda: “os hedge funds se encontram muito ativos” em um negócio circular e “estão comprando também as empresas que armazenam os grãos”.
Não disse que tal permissividade dos “mercados” somente se explica mediante a “guerra alimentar” que não se atreve a pronunciar seu nome e que, ao nosso juízo, foi desatada sub-repticiamente pela dupla anglo-saxônica, hoje em queda livre financeira, com a finalidade de causar danos aos seus triunfantes competidores geoeconômicos.
Antes da “rodada Uruguai” de 1984, países como México e Índia, que eram auto-suficientes, hoje se encontram deficitários: a partir do ingresso das transnacionais de alimentos anglo-saxônicas no “mercado”, graças a abertura dada pela OMC.
Num fantástico estudo Dani Rodrik, da escola Kennedy de Harvard, destrincha o cataclisma na América Latina que produziu o decálogo neoliberal do Consenso (sic) de Washington, formulado pelo FMI e pelo Banco Mundial (Items & Issues; The Social Science Research Council; Nova York; inverno-primavera 07-08).
A divisão de águas do controle alimentar da humanidade se gestou na nefasta década thatcheriana de 80 mediante a desregulação e a privatização agrícola. Com o auge da globalização em 1995, a OMC combateu a “reserva” dos alimentos como uma “distorção mercantil”, o que deu asas para as transnacionais agro-farmacêuticas anglo-saxônicas dominarem o mercado, como a Monsanto, Cargill, Dupont e Novartis, que gozam de direitos de patentes (piratas?), para controlar os métodos de plantio, assim como a bioengenharia das sementes.
Uma das conseqüências da “abertura” enlouquecida do setor agrícola pela OMC foi conceder o domínio financeiro às transnacionais agro-alimentares, principais inimigas públicas do gênero humano, como a Cargill, Bunge, ADM e ao “filantropo” George Soros, convertido em dono dos pampas da Argentina, onde 50% das terras aráveis são praticamente monocultura de soja à custa de outros grãos.
A empresa Generation Investment Management, com sede em Londres, é propriedade do “ambientalista” Al-Gore, que está associado com David Blood (que faz jus à tradução de seu sobrenome em inglês), ex-diretor do banco de investimento norte-americano Goldman Sachs com fortes investimentos na empresa dinamarquesa Novo Nordisk, cuja filial Novozyms participa com 40% do processo de destilação de bioetanol com enzimas.
Na visão do Apocalipse bíblico faltou agregar outro cavaleiro: o bioetanol, cujo principal efeito deletério é provocar a fome em quase 900 milhões de seres humanos - pelo menos se surtir o efeito provocado pelo cartel alimentar anglo-saxão. Neste ano, 12% da colheita de milho mundial será utilizado para o bioetanol.
Uma dezena de companhias chaves, aliadas a umas 40 empresas de porte médio, dominam a cadeia alimentar em cuja cúpula se encontra o cartel das seis transnacionais de grãos: Cargill, Continental CGC, Archer Danields Midland (ADM), Louis Dreyfus, André e Bunge and Born. Seu domínio é praticamente absoluto no mundo dos cereais e dos grãos desde o trigo, milho e aveia, passando pelo sorgo, cevada e centeio até as carnes, lácteos, azeites e óleos comestíveis, frutas, vegetais, açúcar e especiarias. Um organograma do cartel alimentar teria na cabeça a Archer Danields Midland, Unilever, Grand Metropolitan (Pillsbury), Cargill e Cadbury, que se subdividiria em sete braços:
1. Grãos - Continental, Cargill, Bunge & Born, Louis Dreyfus, ADM-Topfer, André, Quaker Oats;
2. Carnes - BP, Conagra, Cargill, Sara Lee, Hormel;
3. Lácteos/4. Óleos e azeites comestíveis - Unilever, ADM, Procter & Gamble;
5. Açúcar e cacau - Nestlé, Tate & Lyle, Cadbury;
6. Bebidas - Guiness, Bass, Seagram, Coca-Cola, Pepsi-Cola, Anheuser Busch
7. Distribuição - Nestlé, Grand Metropolitan-Pillsbury, RJR Nabisco, Phillip Morris, Kellogg, General Mills, United Biscuit, BSN, Hillsdown Holdings, Ralston Purina, Safeway, Chiquita International. Nestlé, Borden, Kraft, M.E. Frank, Hoogwegt, Unilever.
A Cargill exporta 25% de grãos dos Estados Unidos e é uma das principais empresas desse país, com ingressos de 88,3 bilhões de dólares apenas no ano passado; opera com um importante ramo financeiro para riscos no mercado de futuros e conta com o hedge fund: Black River Asset Management.
A Continental CGC se especializou em cereais, aves, carne suína e bovina, investimentos em seguros, bens de raíz e compras de ativos empresariais.
Archer Daniels Midland (ADM) se consagrou no negócio dos biocombustíveis e 43% de seus lucros provém de produtos subsidiados pelo governo norte-americano.
O entrelaçamento de integração vertical e horizontal do cartel alimentar é impactante, porém, mais assombroso é a armação financeira de seus antigos grandes bancos (antes de sua insolvência global) primordialmente anglo-saxões e suíços vinculados com sua estrutura operativa de controle do aparato gastrointestinal do impotente gênero humano totalmente submisso.
Que resposta dar aos cidadãos do mundo diante desse imenso desafio?

quarta-feira, abril 23, 2008

Membros da União Européia aprovam sistema coletivo de navegação Galileo

IDG Now! - Membros da União Européia aprovam sistema coletivo de navegação Galileo: "Membros da União Européia aprovam sistema coletivo de navegação GalileoMembros da União Européia aprovam sistema coletivo de navegação Galileo"

Por IDG News Service/Bélgica
Publicada em 23 de abril de 2008 às 12h48
Atualizada em 23 de abril de 2008 às 12h49

Bruxelas – Após enfrentar desinteresse da iniciativa privada, UE aprova projeto de sistema de navegação conjunto do grupo, a ser lançado em 2013.
O Parlamento Europeu deu permissão para a criação do sistema de navegação por satélite Galileo nesta quarta-feira (23/04), abrindo caminho para o projeto de tecnologia mais ambicioso da União Européia da história.
A aprovação do Parlamento foi a última barreira política enfrentada pelo sistema, que estava abandonado há um ano após um consórcio de empresas privadas de tecnologia ter se retirado do projeto.
A Comissão Européia salvou o projeto propondo assumir o desenvolvimento até seu lançamento, programado para 2013, em plano que custará aos europeus 3,4 bilhões de euros.
Uma maioria no Parlamento de diferentes correntes políticas, no entanto, concluiu que o Galileo está nos melhores interesses dos europeus.
"Esta será a primeira infra-estrutura européia a ser construída e gerenciada completamente pelo grupo", afirmou Etelka Barsi-Pataky, integrante do Parlamento. "Durante as discussões políticas sobre o Galileo, o Parlamento sempre sugeriu que este projeto estratégico deveria ser visto como prioridade política".
O suporte do Parlamento ao novo formato do projeto permitirá que a iniciativa privada ajude a custear a fase de exploração após 2013.
As empresas serão chamadas para ajudar a construir os sistemas como contratadas, ao invés de integrarem a joint venture como inicialmente planejado.

Sismicidade brasileira

Sismicidade brasileira
Terremotos no Brasil

terça-feira, abril 22, 2008

O alerta do general Heleno


O charivari aprontado em torno da conferência do general Augusto Heleno Pereira na Fiesp é bem um retrato da decadência da oposição ao governo Lula e de sua mídia. Até a “Veja”, que sempre foi a favor de dar a Amazônia para os americanos, ensaiou apoiar o general – cuja posição é a oposta: a de defesa da integridade territorial do país. Em resumo, porque o general apontou uma discordância com o governo Lula, os que detestam e odeiam tudo o que ele falou resolveram apoiá-lo. É melancólica uma oposição que só consegue se apoiar nos seus próprios adversários ideológicos – e cuja tática se resume, portanto, à mera e baixa intriga.
O presidente Lula, com justa razão, considerou o incidente “superado”. É certo que generais não são políticos ou diplomatas e, portanto, não têm o mesmo estilo dos políticos ou diplomatas. E o sentido das afirmações do general é, essencialmente, o de colaborar com o governo: “A política indigenista brasileira está completamente dissociada do processo histórico de colonização do nosso País. Precisa ser revista com urgência. Não estou contra os órgãos que cuidam disso, quero me associar para que a gente possa rever uma política que não deu certo até hoje, é só ir lá para ver que é lamentável, para não dizer caótica. Estou disposto a trabalhar com todo o meu pessoal para que o resultado seja diferente. Não é uma crítica destrutiva. É uma crítica construtiva”.
Nossa política indigenista, desde Rondon, sempre foi a de integrar progressivamente as populações indígenas. Até recentemente – mais precisamente, até o governo Collor – os índios eram considerados brasileiros sob a tutela do Estado, devido a suas especiais condições culturais.
Somente há poucos anos pretendeu-se considerar os indígenas não como parte do Brasil, mas como pertencentes a outras “nações”. Em entrevista posterior à conferência, o general Heleno citou a chamada “Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas”, que, entre outras coisas, diz: “Os indígenas têm direito à autodeterminação, de acordo com a lei internacional; as nações devem respeitar as formas políticas, sociais e jurídicas de cada povo indígena; os indígenas terão livres estruturas políticas, econômicas e sociais, especialmente seus direitos a terras, territórios e recursos; o Estado deve reconhecer a necessidade de desmilitarização das terras e territórios dos povos indígenas”. Evidentemente, isso configura um atentado à nossa soberania – embora, somente em tese, pois certamente não há como levar à prática tais preceitos, e certamente não é intenção do presidente Lula levá-los à prática. Mas, por isso mesmo, era melhor que não tivéssemos assinado tal documento.
O fato é que se nossos indígenas não são tutelados pelo nosso Estado, serão tutelados por outro Estado – ou seja, por um Estado estrangeiro. E já surgiram os candidatos a intermediários, com substituição do Estado brasileiro por Ongs estrangeiras dentro do nosso território.
É sobre isso o alerta do general Heleno: “Por que elas [as ongs estrangeiras] não se instalam onde não há jazidas minerais? Fica difícil entender porque pouquíssimas ONGs dedicam-se a socorrer a população nordestina enquanto centenas delas trabalham junto às populações indígenas. Algumas, ao que parece, investem milhões de dólares na região. É muita coincidência que o mapa das terras indígenas seja o mapa das riquezas do país”.
O general poderia acrescentar que existem índios em quase todo o país – até na cidade de São Paulo - mas essas ongs só aparecem onde existe riqueza no subsolo – ou, às vezes, no solo. Não há o que opor a “soberania e integridade do patrimônio nacional não têm discussão”. Como na frase de Sandino, “a soberania de um povo não se discute, só se defende de armas na mão”. E, realmente, é para isso que existem os generais do nosso Exército.
C.L.

sábado, abril 19, 2008

Terra o Planeta Azul

Carlos Augusto de Alcantara Gomes

Terra o Planeta Azul

O presente trabalho versa sobre a problemática da água no planeta Terra e no Brasil, onde foi apresentada uma análise crítica, seguida de sugestões.

Água conforme foi apresentada neste se mostra, um problema evidente na Terra do futuro, pelo fato de seu mau uso pela população atual de nosso planeta, pois se continuarmos como estamos a Terra deixara de ser o Planeta Água.

Cabe dizer que tudo que foi sugerido está fundamentado no Art. 225 da Constituição Federal do Brasil - 1988 e agenda 21. As ocorrências são fatos vividos ou lidos, pelos autores.

Como o Planeta Terra é chamado por nós de Planeta Água, devido a sua constituição ser de ¾ de água, porém de toda esta água 97% é de água salgada e apenas 3% de água doce. Desses 3% apenas 1% é de água potável. Diante desde fato é sensível a necessidade de uma política educacional que leve a conscientização da necessidade do não desperdício de água doce no planeta.

Cita-se que a cultura do desperdício no Rio de Janeiro atinge um total de 40% da água tratada disponível. Não se entende o que seja preservação e conservação do planeta em função da água.

A Constituição Brasileira no seu Art. 225 descreve "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público o dever de defendê-lo à coletividade o de preservá-lo para as presentes e futuras gerações."


A Poluição da Água

A poluição da água tem um ponto de vista histórico, ela começou com a deposição de dejetos humanos e animais ao longo dos mananciais, dos leitos de rios e lagos e por infiltração nos lençóis d'água. A poluição evoluiu e evolui através dos anos, com o desenvolvimento da indústria como dos: agrotóxicos, polímeros e o crescimento do contingente humano no planeta, levam estudiosos a observarem a perda inconsciente do solo, do subsolo, das águas correntes, do ar que respiramos e das chuvas. Fato que está gerando até problemas de saúde pública. É fato constatado que a maior parte das mortes por doenças são devidas a ingestão de água contaminada.


O Ciclo das Águas


As águas dos oceanos, mares, rios e lagos evaporam-se condensam, e estas voltam a Terra por precipitação reabastecendo esses mesmos aqüíferos e por infiltração mantendo o nível dos lençóis freáticos durante o período. Durante o período da noite as gotículas de água em suspensão, por variação de temperatura se precipitam sobre a forma de orvalho.


A Problemática das Águas no Planeta

As águas estão sendo modificadas quanto a sua natureza, pelo descuido do homem, que geram águas contaminadas e poluídas por fatores demonstrativos da falta de educação caseira, formal e acadêmica.


Fig. 1 - Uso mundial da água por setores (fonte Teixeira, W et alii "Decifrando A Terra" São Paulo - USP - Oficina de texto, 2000).


A água potável disponível na Terra equivale à cerca de 12.500 km3. estes são usados pelas indústrias, agricultura e domicílios.
Descontando-se o uso industrial, agrícola e doméstico as reservas mundiais chegavam a 16.800 m3 por pessoa ao ano. No final do século XX as reservas se reduziram a 7.300 m3 e as previsões para 2025 não são animadoras podendo chegar a 4.800 m3. A agricultura é a que mais u
tiliza recursos hídricos principalmente para a irrigação. O crescimento populacional do mundo requer o aumento da produção agrícola.

Atualmente 70% da água doce disponível no planeta é utilizada na agricultura mas segundo o Conselho Mundial de água (World Water Council) no ano 2025 serão necessários mais 17% desse recurso para alimentar o mundo.
A Europa é o continente que mais consome água no setor industrial, Oceania consome no setor doméstico cerca de 8%.


Fig. 2 - A disponibilidade de água no mundo (fonte Beaux, J. F. "L'Environenment Repères Pratiques" Paris, Nathan, 1998)


Observem a figura 2 que mostra diferenças extremas quanto ao consumo de água em algumas localidades. Deve-se observar que segundo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apenas a metade da população mundial tem acesso à água potável. Segundo Banco Mundial cerca de 80% no futuro irão entrar em conflito por causa deste bem esgotável. Já ocorrendo em paralelo com as desavenças político-religiosas.
Neste item não podemos nos esquecer que com o aumento da população mundial, haverá uma necessidade de mais água pelo fato de sermos compostos de cerca de 66% de água.

Mundo 645 m3
América do Norte 1680 m3
América Latina e Caribe 402 m3
Europa 626 m3
Ásia 542 m3
Oceania 536 m3
Estados Unidos 1870 m3
Brasil 246 m3
Rússia 521 m3
China 461 m3
Índia 612 m3
Egito 952 m3

Fig. 3 - Consumo anual per capta de água no mundo
fonte: Folha de São Paulo, 21/07/1999. Caderno Especial - Água, Comida e Energia.

A Poluição dos Mares Oceanos e Baias

O problema alvo da contaminação de mares e oceanos e baias é decorrente dos vazamentos de tubulações de óleo e de petroleiros além da lavagem indiscriminada de conveses e porões de navios nos portos.
Um outro problema que futuramente ira se agravar, é o da construção naval atual de navios, submarinos, porta-aviões e outros movidos à propulsão nuclear, que quando naufragam contaminam os mares e uma questão que fica no ar. Qual o problema futuro de suas desativações?
Uma outra contaminação existente é chamada de Maré Vermelha que são provocadas pelas algas de mesma cor, em virtude, do excesso de poluentes (esgotos) que levam a um aumento de natalidade destas, provocando diminuição no oxigênio das águas.
Os futurólogos prevêem que em intervalo de tempo próximo as plantações serão oceânicas, e para tanto devemos não poluir também os mares e oceanos. Porém um problema eminente está ocorrendo na Europa, que é a Calepa Taxifólia ou alga assassina que está se espalhando na Europa em proporções geométricas, pois são levadas pelas correntezas, navios e outros. O efeito desta alga é devastador pois ela sufoca as algas que são ingeridas pelos peixes que por sua vez fazem parte da cadeia alimentar. Essas algas apesar de venenosas têm um predador natural, que é a lesma do mar, esse predador após ingerir a alga assassina torna-se também venenosa saindo da cadeia alimentar, ela também tem um problema, ela não resiste às baixas temperaturas do inverno europeu. Mesmo conhecendo-se a alga assassina, o seu predador natural, o seu problema com variações de temperatura e que ela não se reproduz sexualmente, e sim por alto clonagem, o que implica na não possibilidade de sua remoção por meios mecânicos, pois qualquer corte nela leva a sua multiplicação por ambas as extremidades.
Fato este que deixa o Brasil em vantagem, pois nossos invernos não são tão agressivos como os Europeus, o que permite a disseminação das algas pelas lesmas, e que torna possível em nossa costa a manutenção da vida marinha, levando assim o Brasil a ser o futuro abastecedor mundial de alimentos marinhos.

A poluição dos rios, lagos e lagoas

A poluição dos rios, lagos e lagoas têm como fonte principal o homem que os polui através de indústrias, do esgoto lançado in natura e da deposição de lixo nas encostas e dentro destes. Um outro problema que ocorre com estes é o do desmatamento e das queimadas nos margens, que podem até provocar mudança do curso dos rios além de assoreamentos.
As enormes quantidades de agrotóxico e fertilizantes de uso agrícola de nossas plantações podem acarretar aos corpos receptores, rios, lagoas e lagunas, a proliferação de algas que se alimentam dos fertilizantes trazidos pelas chuvas e essas algas produzem substâncias tóxicas tornando esta água imprópria ao consumo humano e a fauna aquática.
A modificação da estrutura genética dos seres marinhos através da ingestão de produtos químicos, cujos efeitos prejudiciais aos seres humanos ainda são desconhecidos pode acarretar até modificações no DNA.
Os manguezais são ecossistemas de alta produtividade compondo a base de uma cadeia alimentar que passa por um incontável número de aves marinhas e migratórias, incluindo ainda o próprio homem no extremo desta cadeia. A fauna associada ao manguezal consiste de dois grupos os que o habitam permanentemente em seu ciclo vital (moluscos, crustáceos) e aqueles que o freqüentam periodicamente para abrigo, desova e alimentação na fase de crescimento principalmente peixes e mamíferos. Os outros problemas com lagos e lagoas são:

· Degradação das áreas de proteção dos lagos especialmente pelo lançamento de dejetos.

· Assoreamentos das lagoas quando permitida afirmação de espigões impedindo o livre transita de pequenas embarcações.

· Construções com total desrespeito a faixa marginal invadindo a faixa d'água.

· Desenvolvimento das condições de falta de oxigênio em virtude da alta concentração de esgoto e a presença de vegetação aquática em decomposição.

· Represamento dos rios poluídos devido a grande quantidade de vegetação aquática.

A poluição dos lençóis freáticos e minas d'água

A poluição dos lençóis freáticos e das minas d'água se deve também a esgotos, a utilização de produtos químicos por indústrias e pelos lixões que desprendem o chorume.
Por ocasião das chuvas o próprio solo absorve agrotóxicos e fertilizantes, oriundos da agricultura que são também uma fonte de poluição dos lençóis freáticos e minas d'água.

A poluição das chuvas

Os poluentes incorporados ao ar Atmosférico, tais como gás carbônico, fluoretos, nitritos, sulfitos e sulfetos, geram a chamada Chuva Ácida. Responsável pela destruição de arquiteturas, estátuas, geração de doenças de pele e outros.
No Brasil já existem comunidades que tem problemas de câncer provocados por nuvens de poluentes, que em outros países foram verificadas por satélite e chegam a ter proporções continentais e chegam a ter 3 km de espessura.


A Agricultura Orgânica e os Transgênicos
A agricultura orgânica tem sua importância por não se valer de agrotóxicos e estar sendo re-aceita pela população.
Quanto aos transgênicos, apesar de seus efeitos ainda serem desconhecidos, é inerente a eles a resistência a um maior número de pragas, e com isso a menor poluição dos solos, pois usam uma quantidade menor de agrotóxicos, embora seja muito discutido seu efeito mutante no homem do futuro, no momento, é uma solução da problemática da fome no planeta. Deve-se lembrar que tudo no Mundo foi feito pelo Criador em cadeia os alimentos naturais são compatíveis com a necessidade do organismo humano.


A Água e o Brasil
O Brasil detêm de toda água doce disponível no planeta. Pensando nesse volume e talvez considerando inesgotável uma parcela da população de empresários, donos de indústrias e até entidades publicas continuam poluindo os rios e o mar, sem dar a devida importância aos malefícios que tais ações acarretam ao próprio ambiente e ser humano.
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), o consumo total de água doméstico, industrial e outros em 1987 foram de 580 litros por pessoa/dia desse total coube ao consumo doméstico 43% ou seja, 250 litros por pessoa/dia, 40% foram consumidos pela agricultura e 17% pela indústria.
A preocupação que se despendeu no passado (séc. XVII) que foi a criação de uma lei que proibia os donos de porcos de sujarem os rios, não foi prosseguida pois de lá para cá a poluição só tem aumentado.
Em nosso país, rios, riachos, ribeirões, lagos, lagoas, arroios e cachoeiras, determinam a grande variedade dos recursos hídricos. Alguns se encontram preservados belos e úteis e outros não recebem ainda hoje da população e autoridades os cuidados para mantê-los limpos e a sua recepção como fonte de vida e aqui são poucas cidades que tratam as nossas fontes de água com cuidado. Os rios aqui são encarados como um natural escoadouro de dejetos domésticos e de lixo.
A falta de consciência é de tal ordem que se implantou o uso da "vassoura hidráulica" para lavagem das calçadas com água potável. Acredita-se que a exemplo de países onde a falta d'água e escassez são notórios, deva ser implantado nas residências do Brasil sistema de adução de água limpa e potável separadamente. Observe o alto custo da água tratada fato que por si só justifica a implantação de tal sistema.
Segundo noticia publicada na revista Fortunate a água tratada custa trezentas vezes o valor da água limpa. O trabalho educativo deverá ser feito a nível doméstico e em âmbito maior, com o relacionamento das diferentes tarefas e seus respectivos usos e gastos.
Desta maneira acredita-se que o homem venha a minimizar o gasto de água e maximizar a sua conservação no planeta.
Este fato tem gerado a necessidade do controle ambiental e dos RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) em áreas industriais. A água pode ser a seiva da vida, como a geradora da morte, isto depende unicamente do seu uso racional.


Conclusão
Hoje em dia o problema é a qualidade e a quantidade da água, fato que não se verificava no passado. A água abundante, o solo fofo e produtivo levou o homem, ao uso desordenado da água e do próprio solo, chegando a se esquecer os ensinamentos dos nativos que foram os primeiros a racionalizar os seus usos. Os indígenas fazem uso da água sem que a poluam, fato este consciente e inconsciente. A terra é cultivada somente no espaço necessário para sua sobrevivência, não ameaçando a estrutura dos ecossistemas, não destruindo as florestas, fontes de preservação do solo, das águas, da vida, fator de equilíbrio do clima.
Campanhas educativas e racionais deverão ser implementadas, de forma a conscientizar o povo de um problema tão eminente e que já é sentido quando acontecem problemas ecológicos. Nossa sensação de perda só se dá neste momento, devido a grande quantidade de água que possuímos.
O maior problema atual do momento é o desperdício da água, seu mau uso que levará a uma futura escassez acentuada.
Segundo estudos da Pastoral da Terra, publicados no Jornal Ecológico 2003 "a última fronteira de investimento para o setor privado é a água, disse um estrategista da Monsanto não podemos ficar em paz enquanto a oligarquia internacional da água decreta, que a água é um bem escasso, dotado de valor econômico, e que a melhor maneira de gerenciar a escassez é o mercado. Para que a água seja mercantilizada, é preciso que ela tenha um preço e seja privatizada. Essa é a questão que está por detrás da frase do estrategista da Monsanto, empresa química que se tornou uma empresa de sementes geneticamente modificadas e agora quer dominar toda a cadeia de alimentos, dominando também".
O sofrimento humano e a destruição ambiental que vêm por aí não têm tamanho. A água no momento atual é fonte geradora de guerra e de paz e não sabemos a que eixo ou o do bom ou o do mau o Brasil estará no futuro com tanto desprezo a esta.


Bibliografia:

BIZERRIL, C. R. S. F. e PRIMO, P. B. - "Peixes de Águas do Estado do Rio de Janeiro" RJ, FEMAR-SEMADES, 417p, 2001
_____ - Revista CREA-RJ, Fevereiro-Março 2003
_____ - Revista JB Ecológico, Maio, N.16 2003
_____ - Secretaria de Meio Ambiente "Ambiente das Águas no Estado do Rio de Janeiro", SEMADES, 230p, 2001
_____ - Veja, Ed. Abril, Agosto, ano 35, N.33 2002


Carlos Augusto de Alcantara Gomes
Prof. Adjunto da Escola Politécnica da UFRJ
Membro da Academia Brasileira de Meio Ambiente
alcantaragomes@globo.com
Ligia Vianna Mendes
Prof. Titular da CEFET e ABMA
ligiamendesvianna@ig.com.br
Membro da Academia Brasileira de Meio Ambiente


quarta-feira, abril 16, 2008

Ponha sangue no seu motor ! A tragédia dos necro-combustíveis

Os grandes slogans estão lançados: biodiesel, biocombustíveis, ou verde, combustíveis verdes, "o combustível que vê a vida verde"… A edição especial da Ford, Cahiers de l'Automobile, apresenta o título "Bio-Combustíveis", Bio com 7 cm de altura e combustíveis com 1,5 cm de altura: os grandes truques da semântica para adormecer o povo. A mesma revista, tem na página 7, o título: "Bio em 40 perguntas". Mas qual "bio"? Será uma nova abreviatura para "biocombustível"? Quanto maior é a intoxicação, melhor ela passa! Porquê incomodar-se?

A atribuição do termo "bio" aos necro-combustíveis vai, no entanto, ganhando terreno rapidamente. Isso faz-nos lembrar os iogurtes da Danone. Encontram-se na Internet anúncios da Volvo, do gênero: "A Volvo pratica desporto bio", ou da Ford: "A Ford e a Europcar rodam pelo bio!" ou ainda para o Saab "300 cavalos ecológicos". Alguns carros movidos a combustível vegetal contêm mesmo a menção "bio" na carroçaria.

É o golpe de misericórdia para a agricultura bio, e para mais, a pressão dos lobbies em Bruxelas procura impor uma agricultura bio de "segunda geração" com uma pitada de pesticidas aqui e uma meia-pitada de quimeras genéticas ali! Os cadernos de encargo da agro-bio estão em vias de se transformar em cadernos de desencargo! Ponham-nos a mola no nariz.

Os combustíveis vegetais não são bio: eles são extraídos de plantas cultivadas com toda a artilharia pesada dos input da agro-química e dos pesticidas. Os termos "biodiesel", "bioetanol" e "biocombustíveis" passaram para a linguagem comum num tempo recorde, na sequência de enormes campanhas publicitárias e mediáticas. Esses combustíveis vegetais são obtidos graças a processos de extração industrial muito complexos. O termo "bio" significa "vida". É difícil de perceber por que razão é que esses combustíveis vegetais têm o prefixo bio. Por acaso, fala-se em bio-trigo ou bio-tomate ou de bio-milho?

Estamos no seio de uma gigantesca impostura semântica. Deveria falar-se de "necro-combustíveis", de necro-etanol" e de necro-diesel. Necro significa morte e só este prefixo é que pode qualificar os aspectos técnicos, ecológicos e humanos desta farsa sinistra.

Os combustíveis vegetais não são verdes, eles são vermelhos da cor do sangue. Eles vão aumentar a tragédia da subnutrição, da morte pela fome, da miséria social, do deslocamento das populações, da desflorestação, da erosão dos solos, da desertificação, da falta de água, etc.

Os grandes grupos petrolíferos que se aliaram aos grandes grupos da agro-alimentação e aos grandes grupos da agro-química e aos grandes grupos sementeiros para lançar esta farsa grotesca tentam tranqüilizar o cidadão fazendo de conta que os combustíveis vegetais não representam nenhuma "concorrência para as demandas alimentares".

Não há "concorrência para as demandas alimentares". No entanto, sabiam que:
- o ano de 2006 foi declarado pela ONU, o "Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação";
- as atividades agrícolas geram uma erosão tal que a cada segundo, 2420 toneladas de solo desaparecem nos oceanos e nos ventos;
- diariamente, por hora, 1370 hectares de terreno ficam desertificados para sempre;
- 36 mil pessoas morrem de fome todos os dias.
- segundo a FAO, a superfície média de terra cultivável por habitante era de 0,32 hectares em 1961/1963 (para uma população mundial de 3,2 mil milhões), de 0,21 hectares em 1997/1999 (para uma população mundial de 6 mil milhões) e será de 0,16 hectares em 2030 (para uma população mundial estimada em 8,3 mil milhões);
- segundo alguns especialistas independentes, as projecções acima são altamente optimistas porque a superfície média de terra cultivável por habitante nos países pobres será somente de 0,09 hectares em 2014.
- esses mesmos especialistas não tiveram em consideração, nos seus cálculos, o boom dos agro-combustíveis e as alterações climáticas;
- segundo a FAO, a Índia perde a cada ano 2,5 milhões de hectares de terra e que a esse ritmo não restará mais do que uma grama de terra cultivável nesse país em 2050;
- no decurso dos últimos 20 anos, cerca de 300 milhões de hectares (seis vezes a superfície da França) de floresta tropical foram destruídos para a implantação de domínios latifundiários e de pastagens, ou de plantações em grande escala de óleo de palma, de borracha, de soja, de cana de açúcar e outros produtos;
- em Iowa, o coração do império transgénico do milho e da soja, as igrejas nas zonas rurais estão 1,5 m mais altas que os campos à volta porque o Iowa perdeu 1,5 m de solo fértil em pouco mais de um século. (…)

O Professor Pimentel, da Universidade de Cornell (Ithaca, New York) já provou há vários anos que o balanço energético básico da produção de etanol é completamente negativo, porque a produção de milho tem um custo real (input, pesticidas, trabalho), sem falar da amortização do material agrícola que nunca é tido em conta porque o balanço seria demasiado indecente. Em suma, segundo o Professor Pimentel, o combustível vegetal aquece mais o planeta do que a gasolina!

- Os agro-combustíveis vão acelerar a destruição dos ecossistemas contaminando ainda mais o solo, a atmosfera e as águas com pesticidas e outros elementos nocivos.

- Um litro de etanol leva à erosão de 15 a 25 kg de terra: entenda-se aqui erosão como desaparecimento puro e simples.
- E no que diz respeito à água? É o descalabro final. São necessários entre 500 a 1500 litros de água, dependendo das regiões, para se produzir um quilo de milho. Isso significa que a produção de um litro de etanol à base de milho requer a utilização de 1200 a 3600 litros de água!

Recebemos um email dos nossos amigos da Guatemala. O preço da tortilha (alimento tradicional à base de milho) aumentou para 80%. A situação é idêntica no México. O aumento do preço da tortilha de 40 a 100% origina sérias revoltas em todo o país. Há alguns anos atrás, os agricultores deixaram de produzir o seu milho tradicional no Guatemala e no México porque se tornou mais barato comprar a tortilha à tortilleria industrial do que cultivar a sua "milpa" devido ao "dumping" de milho proveniente dos EUA.

Mas, atualmente, a situação mudou: os EUA guardam o seu milho (20% da colheita de milho é transformada em etanol) e os mexicanos morrem de fome!

Por Dominique Guillet

Os Estados Unidos provocam 'crack' financeiro global

Agência Carta Maior: "Os Estados Unidos provocam 'crack' financeiro global"

segunda-feira, abril 14, 2008

Fed admite recessão e perdas com subprime chegam a US$ 1 trilhão

O Federal Reserve dos EUA registrou em ata a iminência de “prolongada e severa retração econômica”. Simultaneamente, o FMI divulgou a avaliação sobre o colossal montante das perdas com a pirâmide financeira que ruiu nos Estados Unidos
Depois de fugir como o diabo foge da cruz da palavra “recessão” há meses, o Federal Reserve dos EUA registrou, afinal, em ata, a iminência de “prolongada e severa retração econômica”. Foi na última reunião de março – não aquela do domingo sangrento da Bear Stearns – mas a regulamentar do dia 18, em que, não por acaso, estabeleceu juros básicos reais negativos (menos 1,75%). A divulgação dos termos da ata do Fed coincidiu com o anúncio, pelo Fundo Monetário Internacional, de que as perdas com a pirâmide financeira que desabou nos EUA já chegam a US$ 1 trilhão. Prossegue o “credit crunch” – o aperto de crédito -, o problema da negativa de bancos concederem empréstimos, inclusive a outros bancos, por temor da montanha de papéis podres em andamento.
PITONISA
Com o tamanho do rombo que abalroa todo o sistema financeiro dos EUA, dos maiores bancos e corretoras, às seguradoras e fundos de agiotagem, chega a ser curioso o esforço da pitonisa de plantão no Fed para nublar a singela palavra “recessão”. Afinal, desde a constituição do capital monopolista financeiro, é em torno dos bancos que gira toda a economia, e como poderia esse quadro de generalizada quebradeira, e aperto de crédito, não se estender, e levar a crise, ao conjunto da produção? Ainda assim, em depoimento ao Congresso dos EUA no dia 3 de abril o presidente do Fed Ben Bernanke tentou atenuar o que ficara registrado nas atas do dia 18 de março, declarando-se “ainda não pronto” para dizer se a economia dos EUA “iria ou não enfrentar tal situação” – a recessão, que admitiu “possível”. Para mais de dois - terços dos americanos, de acordo com pesquisa da NBC/WSJ, os EUA já estão em recessão. No quarto trimestre de 2007, o crescimento da economia caíra, oficialmente, para 0,6% - quando fora de mais de 4% um trimestre antes.
MORADIAS
Em alguns setores, já não há o que discutir. O Índice Case/Schiller das 20 maiores cidades dos EUA, mostrou que o preço das casas encolheu 10,7% no ano passado, enquanto as vendas de moradias desabaram 23% em relação ao ano anterior. O que significa que o valor das casas encolheu em US$ 2 trilhões. O Índice de Confiança dos Consumidores da Universidade de Michigan caiu para 69,6 em fevereiro – o mais baixo desde fevereiro de 1992. Em janeiro, havia sido de 78,4. A atividade fabril no estado de Nova Iorque caiu para o índice mais baixo em cinco anos, e a indústria automobilística sofreu forte retrocesso em janeiro no país inteiro. A queda aguda nos lucros ou receitas – já verificada entre os bancos -, agora alcança outros setores. Como a gigante do alumínio Alcoa, que teve um redução nos lucros de 54% no primeiro trimestre do ano, e a fabricante de chips de computador AMD, cujas vendas despencaram 15% no período. Isso não significa que todos os setores já estão em contração, mas assinala como ela se expande. Na aviação, recomeçou a crise; três empresas estão falindo (ATA Airlines, Skybus e Aloha Air) e as de maior porte estão reduzindo o número de vôos. Quanto aos empregos, segundo o Escritório de Estatística do Departamento de Trabalho, foram cortados 98 mil postos de trabalho no país em março, a metade na indústria. Em fevereiro, o setor privado cortou 101 mil empregos.
Nos últimos anos, foi à hipoteca de suas casas que muitas famílias recorreram, diante da situação de virtual congelamento, ou queda, do poder aquisitivo sob Bush, para resolver problemas como a insolvência no cartão de crédito, uma urgência médica ou a faculdade para os filhos. Para garantirem lucros extraordinários, comissões extras e bônus, bancos, corretoras, seguradoras e agências de classificação de risco manipularam essas necessidades, até a pirâmide hipotecária explodir, quando as pessoas não tiveram mais como arcar com os pagamentos. Famílias tiveram de entregar suas casas aos bancos, mas as casas já valiam menos que o empréstimo concedido, que estava calçado em títulos de classificação AAA sem fundos. Começou a quebradeira que, quando atingiu o Bear Stearns, não houve mais como abafar. Na seqüência, bancos do porte do Citibank e Bank of América, e do UBS e HSBC, mais corretoras como a Merril Lynch, Goldman Sachs, Lehman Brothers e outros, tiveram de declarar grandes rombos e correr atrás de novos aportes de capital.
BEAR STEARNS
Muito já foi escrito sobre a quebra da Bear Stearns, mas possivelmente é uma notícia do jornal inglês “Telegraph” que melhor dá conta da orgia especulativa. “Bear Stearns tinha posições totais (derivativos) de US$ 13,4 trilhões. Isso é maior do que o Produto Nacional Bruto dos EUA, ou igual a um quarto do Produto Nacional Bruto do mundo – pelo menos em termos ‘nocionais’”. O jornal acrescenta que esse “impensado edifício” de papéis estava erguido “sobre uma base de ativos de US$ 80 bilhões no máximo”. No final do quarto trimestre, o Fed avaliou que os já então US$ 32 bilhões do Bear em ativos e capacidade de empréstimo eram suficientes para operar por 20 meses. Como se sabe, não resistiu a três dias. O analista de mercado Mark Gongloff assinalou a “alavan-cagem” das mais conhecidas pirâmides no final do ano passado: Morgan Stanley, de 32,6 para 1; Bear, de 32,8 para 1; Carlyle, de 32 para 1; Lehman Brothers, de 30,7 para 1; Merril Lynch, de 27, 8 para 1; e Goldman Sachs, com 26,2 para 1. Um castelo de cartas. Além disso, as corretoras e bancos entrelaçavam suas “garantias”, “opções”, fundos e contrapartidas.
No depoimento de Bernanke, um deputado republicano do Texas, Kevin Brady, perguntou a ele “quantas balas o Federal Reserve ainda tem”. O encanador do dinheiroduto de US$ 30 bilhões para o Bear/JP Morgan Chase respondeu que “temos sido muito criativos até agora”. Aliás, é o tipo de criatividade que os Morgan e os Rockefeller adoram. Quanto às balas na agulha, a conta pode não ser bem assim. Segundo a “Bloomberg”, dos US$ 709 bilhões que o Tesouro dispunha para prover liquidez para o sistema bancário, 60% já foram torrados. Mas, como aconteceu no Japão pós-bolha imobiliária dos anos 90, não é muito provável que os bancos usem toda essa “liquidez” proporcionada gentilmente pelo Fed, para evitar que o país afunde na recessão. Informa o “Wall Street Journal”, que os americanos “estão investindo muito do seu dinheiro no exterior”. Como analisou Michal Hudson no site “Counter-punch”, os bancos estão pegando o dinheiro emprestado do Fed a juro baixo e comprando títulos estrangeiros em euros, de juro maior – e no processo, realizando um ganho em divisas conforme o euro sobe em relação aos ativos em dólar”.
ANTONIO PIMENTA

Por-do-Sol em Hong Kong

Sigam as instruções:/ /Abre a foto de Boane;
_http://61226.com/share/hk.swf
Coloque o mouse em cima da torre de Hong Kong. Verá que são 6h10.Desça o mouse, devagar sobre a torre.
A noite vai caindo.... As luzes iluminam a cidade......Às 7h40 (pm), é noite !!!!

ANP: Petrobras pode ter descoberto 3º maior campo de petróleo do mundo - O Globo Online

ANP: Petrobras pode ter descoberto 3º maior campo de petróleo do mundo - O Globo Online

terça-feira, abril 08, 2008

Crise mundial de crédito pode custar quase US$ 1 tri, diz FMI

Steve Schifferes
Da BBC em Londres
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta terça-feira que potenciais perdas causadas pela crise mundial de crédito podem atingir até US$ 945 bilhões (cerca de R$ 1,8 trilhões).
O FMI afirma que as perdas registradas no mercado subprime (de crédito imobiliário de alto risco) estão se espalhando para outros setores da economia, como de propriedades comerciais, crédito ao consumidor e dívidas de empresas.
A instituição diz que houve um "colapso coletivo" para prevenir a concessão de empréstimos arriscados por parte das instituições financeiras.
O FMI também adverte que medidas duras e intervenção do governo podem ser necessárias.
O relatório do FMI de Estabilidade Global alerta que, "apesar da intervenção sem precedentes feita por grandes bancos centrais, os mercados financeiros continuam sob considerável pressão, agora com um ambiente macroeconômico mais preocupante e instituições mais fracamente capitalizadas".
Efeitos da crise
O FMI afirma que os efeitos da crise de crédito serão provavelmente "mais amplos, mais profundos e mais extensos" do que em recessões anteriores, devido ao grau de "securitização e equilíbrio do sistema financeiro".
A instituição culpa o sistema de regulação dos governos e a supervisão fraca feita por bancos, que teriam deixado a situação chegar a esse ponto.
O relatório foi divulgado em um encontro de líderes do sistema financeiro nos Estados Unidos.
O relatório faz duras críticas aos bancos e outras instituições financeiras, que teriam sido "complacentes demais" com os riscos de liquidez.
O sistema de administração de riscos dos bancos também teria falhado em detectar que os investimentos subprime não eram confiáveis o suficiente.
Mudanças
O FMI alerta que os bancos precisam se concentrar em equilibrar os seus balanços somando recursos e limitando empréstimos futuros.
Nos últimos dias, o secretário do Tesouro americano, Hank Paulson, e o diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, pediram mudanças grandes na regulação de instituições financeiras nacionais e internacionais.
Paulson propôs uma grande remodelagem do sistema americano de regulação financeira, dando mais poder ao Federal Reserve – o banco central do país – para intervir na ajuda a bancos falidos.
Na segunda-feira, Strauss-Kahn disse que a necessidade de intervenção pública contra a crise de crédito está se tornando "mais evidente a cada dia".

Uma visão sobre Cuba

Tivemos um choque pois encontramos um povo com um nível cultural bem acima da media do povo brasileiro.
Por Maria Dirlene Trindade Marques (*)
Participei de um grupo de mineiros que esteve em Cuba do dia 20 de janeiro a 5 de fevereiro de 2008, nas Brigadas de Solidariedade. A carta renúncia de Fidel e os comentários da imprensa e das diversas pessoas que encontro, me levaram a escrever este texto, considerando o que vivi, vi, ouvi, observei e estudei. Influenciadas (os) pela intensa propaganda na imprensa, fomos a Cuba procurando a miséria e a ditadura. E, no nosso subconsciente, o povo deveria ser muito passivo e muito bronco, para manter uma ditadura de 49 anos. E o que encontramos?
Tivemos um choque pois encontramos um povo com um nível cultural bem acima da media do povo brasileiro. Tivemos liberdade de ir e vir, de bisbilhotar, entrar em todos os lugares e de conversar com todos. Alias, até de forma muito invasiva, entravamos nas casas, nas escolas infantis, nos muitos museus. Procurávamos crianças e adultos de pés no chão, mendigando, dormindo debaixo de marquises, casas miseráveis. Só então entendemos a verdade do outdoor próximo ao aeroporto: “Esta noite, 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma é cubana”. Outro: “A cada ano, 80 mil crianças morrem vitimas de doenças evitáveis. Nenhuma delas é cubana”. Sabemos que milhares delas são brasileiras, a 8ª economia do mundo.
Chegamos um dia apos o encerramento do processo eleitoral, onde se elegeu o Parlamento, eleição não obrigatória, com 95% de participação. E, para nossa surpresa, ficamos sabendo que o Partido Comunista Cubano não é uma organização eleitoral e portanto não se apresenta nas eleições e nem postula candidatos. Os candidatos são tirados diretamente, em assembléias publicas nas diversas formas de organizações existentes: do bairro, das mulheres, jovens, estudantes, campesinas. Que depois vão se reunindo por região, estado e finalmente, no nível nacional. Estes representantes nacionais, elegem o presidente e o vice.
Todos os representantes podem ser destituíveis, a qualquer momento, pelas suas bases, caso não estejam respondendo ao projeto de sua eleição. E vimos como 46% dos eleitos são mulheres (e no Brasil conseguimos as cotas de 30% para concorrer!!). As estruturas de funcionamento são mais próximas de uma democracia direta. Parece-me um contra-senso chamar este processo de ditadura. Seguramente, é diferente da democracia burguesa, onde apos colocar o voto na urna finda a obrigação do eleitor. Os críticos valem-se da mágica de que “o que é bom para os EUA é bom para o resto do mundo”.
Tentando entender o que víamos - pouca riqueza material, um povo simples e culto, simpático e sem stress - procuramos estatísticas: alfabetização de 99,8% (no Brasil 86,30%) e que de 1959 a 2007, a quantidade de escolas passou de 7.679 a 12.717, os professores passaram de 22.800 para 258.000, com uma população em torno de 11 milhões de habitantes sendo o pais com o maior índice de professores por habitante do mundo.
No IDH 2007 da ONU, o Brasil comemorou o fato de figurar em 70º lugar. Cuba figura em 51º lugar. O país conta com 70.594 médicos para uma população de 11,2 milhões (1 médico para 160 habitantes); índice de mortalidade infantil de 5,3 para cada 1.000 nascidos vivos (nos EUA são 7 e, no Brasil, 27); 67 universidades gratuitas.
Dados da Unesco em 2002 mostram que 98% das residências cubanas possuíam instalações sanitárias adequadas (contra 75% no Brasil). Dados da CIA, central de inteligência americana, estimava em 1,9% o desemprego em Cuba; no Brasil era de 9,6% no ano de 2007. E que, a expectativa de vida ao nascer na ilha era de 77,41 anos e no Brasil era de 71,9 anos.
Esses são alguns números que encontramos, a despeito de ser uma pequenina ilha, ao alcance de um tiro de canhão disparado de Miami, que resistiu a uma tentativa de invasão norte-americana (Baía dos Porcos, 1961) e a várias outras de assassinato de Fidel Castro e ações terroristas orquestradas pela CIA, ter um bloqueio econômico e político apenas rompido por países com autonomia como Venezuela, Bolívia, China e alguns paises da Europa.
Continuamos procurando outros sinais de desmandos: e os presos políticos?
De fato, há pessoas detidas mas não pelo que pensam, mas pelo que fazem, como o de organizar grupos financiados pela embaixada dos EUA. Fora isso, todas as personalidades importantes da dissidência estão em liberdade, mantendo suas atividades políticas como Martha Beatriz Roque, Vladimiro Roca e Oswaldo Paya. É importante ressaltar que Cuba sofreu intensamente com o terrorismo nos últimos 40 anos, perfazendo mais de 3500 mortos. Documentos oficiais dos EUA confirmam o financiamento de cubanos exilados para promover ações contra o governo cubano.
O museu na Praia Giron (ou Baía dos Porcos) é um monumento de denúncia das ações terroristas, iniciadas desde 1961 com o rompimento das relações diplomáticas e a instauração do bloqueio econômico. Alguns dados: em 1963 o democrata Kennedy aprova o plano de manter todas as pressões possíveis com o fim de perpetrar um golpe de Estado, obrigando Fidel Castro a viver como nômade. Nos anos 90, a Lei Torricelli reforça o bloqueio econômico (seção 1705): “Os Estados Unidos proporcionarão assistência governamental adequada para apoiar a indivíduos e organizações não governamentais que promovam uma mudança democrática não violenta em Cuba”.
Esta lei vai ser reforçada na administração de Clinton, pela lei Helms-Burton: “O presidente dos EUA está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não governamentais independentes com vistas a construir uma democracia em Cuba”. O governo Bush não podia ficar atrás e, em 2004 aprovou um financiamento de 36 milhões de dólares para financiar a oposição a Cuba, em 2005 mais 14,4 milhões de dólares, em 2006 mais 31 milhões de dólares alem de 24 milhões de dólares para a Radio e TV Marti, transmitida dos EUA para Cuba neste caso, infringindo a legislação internacional que proíbe este tipo de transmissão. Querem impor a Cuba a democracia (sic) que estão implantando no Iraque.
Com o nosso olhar de turistas de classe média, nos chocavam alguns problemas da vida cotidiana como habitações modestas, transporte publico precário, limitações econômicas para se ter papel higiênico (e pensávamos, pobrezinho dos cubanos). Estas são carências verdadeiras, alem de várias outras apresentadas pelo secretario do partido comunista, em uma palestra para os brigadistas: o aumento da prostituição, dos pequenos delitos, da corrupção e da desigualdade social. Sabiam dos problemas que poderia acarretar a abertura para o turismo apos o fim da União Soviética e a intensificação do bloqueio, nos anos 90. O investimento no turismo e posteriormente, com a criação da moeda turística, cresce a entrada de divisas, possibilitando um rendimento para os trabalhadores destes setores acima do restante da população, ocasionando o aumento da desigualdade social.
Afirma ele que vivem em uma quádrupla ilha: posição geográfica; única nação socialista do Ocidente; órfã de sua parceria com a União Soviética e bloqueada há mais de 40 anos pelo governo dos EUA. Consciente destes novos problemas, buscam construir respostas coletivas. Desencadearam um processo de críticas e sugestões, através das organizações de massa e dos setores profissionais. Ate agora, mais de 1 milhão de sugestões foram recebidas e estão sendo trabalhadas. Mas, para nos brasileiros de classe media (somos quantos? 5%? 10%) e que não conhecemos a realidade dos 90% do nosso povo, que não tem como pagar um plano de saúde, com educação precária, com pouca alimentação, que fica com os restos do desperdício dos 10%, é difícil entender a lógica econômica de uma sociedade voltada para os 100% da população. E ficamos horrorizados por eles não terem papel higiênico. Mas não nos deixam horrorizados que tenham bibliotecas e livrarias em toda escola e em toda cidadezinha. Ou que tenham acesso à saúde e educação da melhor qualidade, habitação com saneamento e aparelhos eletrodomésticos novos que economizam energia. Ou, que vivam em um pais sem degradação ambiental.
E a busca do conhecimento? E as escolas? Como é possível ver os círculos infantis, crianças de 1 a 4 anos, assentadas ouvindo historias, sem a professora estar gritando, mandando ficarem quietas? E ver os portões destas escolas abertas e as crianças não fugirem? Como é possível não serem stressadas? E conversando com as crianças do pré-escolar e do escolar (5 a 11 anos), ficávamos surpresas com as perguntas cheias de inteligência e informação sobre nosso pais. Como nos permitiam entrar nas salas de aulas, fotografar, bisbilhotar as bibliotecas onde encontrávamos livros de Marx a Lênin, de Jorge Amado, Machado de Assis, a Shakespeare? Imagine isto aqui no Brasil! Ficávamos encantadas. Eu, como professora da UFMG, tida como uma das melhores do Brasil, me encantava com aquelas bibliotecas. E as livrarias?
Na pequenina Caimito onde ficava o acampamento, literalmente invadimos uma livraria, comprando tudo quanto e tipo de livro, pela sua qualidade e pelo preço (comprei um livro do Boaventura de Souza Santos por 8 pesos cubanos ( mais ou menos a R$ 0,50), outro do Che Guevara sobre Economia Política de 397 págs. por 22 pesos cubanos, portanto em torno de R$ 1,40.
E o investimento na potencialidade do ser humano não pára aí. O desenvolvimento das artes – dança, pintura, musica, poesia, desportos – é encontrado em cada escola, em cada esquina, em cada cidade.
Tivemos também as frustrações no contato com pessoas, especialmente em Havana, onde impera o espírito da cidade turística, buscando sempre ganhar alguma coisa, passar a perna, apenas diferenciando de nossas cidades turísticas como o Rio de Janeiro pela intensidade dos problemas. É mais ingênuo, meio estilo anos 60. De todo jeito, frustrante. Nos entristeceu encontrar cubanos sonhando em sair da ilha, acreditando por exemplo, que o Brasil é um paraíso, visão que têm através das telenovelas (que todos lá assistem).
É assim, uma sociedade muito diferente que nos estimula e atrai. Alias, nada melhor para expressar isto do que a crônica do Clovis Rossi, o “pop star” se aposenta do dia 20 de fevereiro na FSP, relatando o episodio de um encontro do GATT, com a presença dos chefes de estados, diferentes autoridades mundiais e jornalistas de todo o mundo. Diz ele que o burburinho na sala do encontro e na sala dos jornalistas era enorme, com a atenção dispersa. Quando se anunciou Fidel Castro houve uma grande agitacao, com todos procurando o melhor lugar para assisti-lo e "ao terminar, uma chuva de aplausos, inclusive de seus pares, 101% dos quais não tinham nem nunca tiveram nenhum parentesco e/ou simpatia com o comunismo. Difícil entender o que aconteceu ali".
Para terminar, quero colocar uma idéia desenvolvida na mesa redonda integrada por vários cientistas cubanos e sintetizada pelo jornalista Jesus Rodrigues Diaz, falando sobre o potencial no desenvolvimento do conhecimento quando ele se dá de forma coletiva: “Temos que insistir também que, quando falamos do Potencial Humano criado pela revolução, não nos referimos exclusivamente à quantidade de conhecimentos técnicos incorporados em nossa população. Mais importante ainda é a semeadura de valores éticos, de atitudes ante a vida. Na sociedade do conhecimento faz falta um cidadão com vocação de aprender e de criar, e de levar seus conhecimentos aos demais seres humanos. Os conhecimentos técnicos nos podem dizer como se trabalha, porem são os valores os que nos fazem compreender por que se trabalha e deles tiramos as motivações e as energias para seguir adiante.
Que se passa agora se os conhecimentos se voltem ao fator mais importante da produção, inclusive os bens de capital? Não é difícil de prever. A resposta do capitalismo é a intenção de converter também o conhecimento em Propriedade Privada. Porem, a boa noticia é que isto não vai funcionar. O conhecimento não é igual ao Capital. Está nas pessoas e não se pode facilmente privatizar. O conhecimento requer circulação e intercâmbio amplo. As leis da propriedade intelectual inibem este intercâmbio. O conhecimento é validado pela sua aplicação social, não pela sua venda. "O uso amplo dos produtos do conhecimento é o que os potencializa", termina o jornalista. Esta é a grande limitação do raciocínio capitalista em entender a potencialidade da criação coletiva. Ignoram que a criação humana coletiva tem muito mais possibilidades do que as leituras positivistas do conhecimento.
O maior feito desta pequenina ilha, com um povo cheio de dignidade e coragem, terá sido o de mostrar ao mundo que é possível construir uma sociedade baseada no ser humano e não na mercadoria e na acumulação de capital. E isto ameaça o mundo capitalista, e é rejeitada pela imprensa burguesa e pelos setores médios que querem impor as condições de suas vidas para a totalidade do mundo. Mas, Cuba não esta só. Existe hoje uma rede internacional de solidariedade ocasionada pelos médicos e professores cubanos em mais de 100 países, pela Operação Milagros, pelas brigadas de solidariedade e por todos aqueles que acreditam que Um Outro Mundo é Possível e que lutam pela sua construção.
Fonte:
www.cofecon.org.br
© 1999-2006. «PRAVDA.Ru».

Dólares do Império financiam os monges do Dalai-Lama


Dólares do Império financiam os monges do Dalai-Lama
24.03.2008
Após a vitória da Revolução Chinesa, os comunistas tomavam o poder no Tibet que, no curso dos dois séculos anteriores, nem um só país no mundo havia reconhecido como um país independente. A comunidade internacional considerava o território parte integrante de China. Como a Índia e a Inglaterra, a mesma que há 40 anos dominava a região. Só os EUA se mostraram vacilantes. Até a Segunda Guerra Mundial, consideravam o Tibet como uma parte da China e procuravam frear os avanços da Inglaterra sobre o território. Porém, após a guerra, Washington decidiu fazer do Tibet um enclave religioso contra o comunismo.
Em 1951, a elite tibetana concordou em negociar com a China uma “liberação pacífica”. Cinco anos depois, no entanto, pressionadas pelo movimento camponês, as autoridades decidiram por uma reforma agrária em alguns territórios tibetanos. Era a senha para o conflito. A elite local repeliu a iniciativa e provocou o levante armado de 1959. A revolta foi preparada durante vários anos, sob a direção do serviço secreto dos EUA, a CIA. É o que registra o livro de 300 páginas “The CIA's Secret War in Tibet” de Kenneth Conboy. Uma obra que o especialista da CIA, William Leary, definiu como “um impressionante estudo sobre uma das operações secretas da CIA mais importantes durante a guerra fria”.
Outro livro, “Buddha's Warriors – The story of the CIA-backed Tibetan Freedom Fighters”, de Mikel Dunham, de 434 páginas, explica como a CIA levou centenas de tibetanos aos EUA para treinamento bélico e como lhes supriu de armas modernas. O prefácio desta obra foi redigido por “sua Santidade o Dalai-Lama”, que considerou uma honra o fato de que a rebelião separatista armada tenha sido dirigida pela CIA. Porque “Os EUA são os campeões da Democracia e da Liberdade”. [1]
Em outubro passado, o parlamento estadunidense entregava ao Dalai-Lama a Medalha de Ouro, a condecoração mais importante que pode entregar. Sua (sempre sorridente) “Santidade” pronunciou um discurso onde louvava Bush por seus “esforços a nível mundial em favor da Liberdade, da Democracia e dos Direitos Humanos”. Fica evidente quem financia o Dalai-Lama e seus monges, não só por seu anticomunismo hidrófobo como também por seu racismo fascista que condena os casamentos entre tibetanos e os “demais”. Fica fácil entender a mobilização da mídia ocidental contra a China, sobretudo em vésperas de uma importante eleição em Taiwan e a aproximação das olimpíadas de Pequim. [2]
O pretexto para balbúrdia de agora foi lembrar ação golpista derrotada em 1959, quando o Dalai-Lama tentava separar o Tibet para restaurar o regime ditatorial dos Lamas naquele território da China Popular. Derrotado, fugiu, acobertado pela pelos EUA. Ao longo dos anos 60, a comunidade de exilados tibetana embolsou 1,7 milhões de dólares por ano da CIA, como consta nos documentos liberados pelo próprio Departamento de Estado em 1998. Depois que este fato ficou público, a organização do Dalai-Lama emitiu uma declaração admitindo haver recebido milhões de dólares da CIA naquele período, com o objetivo de enviar pelotões armados de exilados para o Tibet para minar a revolução socialista. [3]
O pagamento anual pessoal do Dalai-Lama reconhecido pela CIA era de US$186.000, assinalou Tom Grunfeld, em seu livro The Making of Modern Tibet. Atualmente, através do Fundo Nacional para a Democracia e outros canais que servem de fachada “respeitável” para os financiamentos da CIA, o governo dos EUA continua a destinar US$ 2 milhões anuais para os separatistas tibetanos que atuam na Índia, com milhões adicionais para a comunidade de exilados tibetanos em outros lugares. O Dalai-Lama também obtém dinheiro do especulador George Soros, que dirige a Radio Free Europe e Radio Liberty, ambas também vinculadas à CIA, ressaltou Michael Parenti, escritor e historiador estadunidense. [4]
Quanto à participação popular nos distúrbios, vejamos o que diz a BBC Brasil: (...) “Os protestos começaram no dia 10 de março, 49º aniversário da revolta contra o domínio chinês”. “Segundo a campanha Tibet Livre, os manifestantes de Machu foram até prédios do governo e destruíram portas e janelas. Eles também teriam incendiado lojas e empresas chinesas na cidade. No sábado, o Ministério de Segurança Pública da China ordenou o aumento da presença da polícia nas regiões atingidas por protestos. A população de Lanzhou parece saber pouco do que está ocorrendo na região tibetana de Gansu e em outros locais”.
“A primeira página do jornal local Lanzhou Morning Post destacava a reeleição do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao”. ‘O preço dos bens de consumo subiu muito rápido, então acho que os protestos estão ligados a isso’, disse uma mulher à BBC.
“Mas outras pessoas que queriam comentar os protestos mostraram pouca simpatia à causa tibetana”. ‘Acho que estão causando tumulto sem ter razão’, disse um homem à BBC, e arrematou: ‘Acho que (os protestos) estão sendo organizados pelo Dalai-Lama, para atingir as Olimpíadas’. [5]
[1]
http://www.rebelion.org/noticia.php?id=64952
[2]
http://infortibet.skynetblogs.be/post/5284744/een-gouden-bushmedaille-en-engel-merkel-voor-
[3] http://infortibet.skynetblogs.be/post/5433093/tibetaanse-en-internationale-reacties-bij-de-
[4]
http://infortibet.skynetblogs.be/post/5512204/het-schaduwcircus-de-cia-in-tibet-een-documen
[5]
http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/03/17/ult4909u2881.jhtm
Sidnei Liberal
Brasília, 24 de março de 2008
© 1999-2006. «PRAVDA.Ru». No acto de reproduzir nossos materiais na íntegra ou em parte, deve fazer referência à PRAVDA.Ru As opiniões e pontos de vista dos autores nem sempre coincidem com os dos editores.

Descubra quem é o ''pacifista'' dalai-lama - Pravda.Ru


Incensado pelo ocidente como uma figura impoluta, lutadora da paz e da não-violência, o dalai-lama, ou Tenzin Gyatso, está longe de merecer o epíteto de pacifista que a mídia ocidental lhe aplicou nos últimos 50 anos. Aliado há longa data do regime americano, e recentemente de Bush, o dalai-lama não é parte integrante das lutas dos povos pela democracia e a paz mundial.
Baseado em texto de Humberto Alencar
Exilado em Dharamsala, na Índia, onde está à testa de uma comunidade de 120 mil tibetanos, o 14.º dalai-lama é apresentado, desde 1959, pelos meios de comunicação, como ''um dos maiores defensores da paz no mundo'' e ''líder espiritual''. Seus gestos desmentem esses epítetos.
Em 2003, o ''líder espiritual'' budista passou 18 dias nos Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente do país, George W. Bush e o então secretário de Estado, Colin Powell. Os EUA tinham recentemente estabelecido o Tibetan Policy Act, uma lei que regularizava a ajuda aos separatistas, em 2002.
O que disse e fez por lá revela que o homem que ostenta o título de Prêmio Nobel da Paz, obtido em 1989, age de forma diametralmente oposta ao discurso que mantém.
A Casa Branca não divulgou o teor das conversas, mas, a julgar pelas declarações posteriores do dalai-lama, um dos resultados da visita foi sua incorporação à política de guerras preventivas, aspecto central da estratégia agressiva do imperialismo norte-americano na atualidade.
''É muito cedo para dizer se a guerra no Iraque foi um erro'', afirmou, para acrescentar em seguida sua convicção de que é necessário ''reprimir o terrorismo'', sem explicar o que queria dizer com ''reprimir''.
Participação no poder chinês
Em 1954, o décimo quarto Dalai-Lama participou da primeira Assembléia Nacional Popular da China, que elaborou a Constituição da República Popular, tendo sido eleito como um dos vice-presidentes do Comitê Permanente dessa Assembléia.
Na ocasião, pronunciou um discurso afirmando: ''Os rumores de que o Partido Comunista da China e o governo popular central arruinariam a religião do Tibete, foram refutados. O povo tibetano tem gozado de liberdade em suas crenças religiosas''.
Em 1956, o dalai-lama assumiu a presidência do comitê provisório encarregado de organizar a região autônoma do Tibete. As relações entre os governos central e local estavam, portanto, normalizadas.
O conflito ressurgiu quando se cogitou em promover a reforma democrática do Tibete, separando a religião do Estado, abolindo a servidão rural e a escravidão doméstica, e redistribuindo a propriedade das terras e dos rebanhos, monopolizada pela aristocracia civil e pelos mosteiros.
Após o exílio, o dalai-lama, cercado pelas forças antichinesas e por separatistas tibetanos, traiu completamente sua posição patriótica original. A facção pró-ocidental, aproveitando-se da insatisfação entre lamas e nobres, retomou a ofensiva.
Agitando as bandeiras separatista e religiosa, e apoiada pela CIA cada vez mais desinibidamente, como hoje se reconhece, essa facção fundou uma organização política, a ''Quatro Rios e Seis Montanhas'' e uma organização militar, o ''Exército de Defesa da Religião' e iniciou, em 1956, ataques armados a funcionários e prédios públicos, a obras de infra-estrutura e, até mesmo, a tibetanos que apoiassem o movimento democratizador.
Como reencarnar estando ainda vivo?
Traindo seus princípios religiosos, em novembro passado, o dalai-lama propôs que, em vez de esperar que os sábios religiosos encontrassem a próxima encarnação após sua morte, ele mesmo escolhesse sua própria encarnação. Geralmente, depois da morte do dalai-lama, autoridades budistas tibetanas, orientadas por sonhos e sinais, identificam uma criança que vai substituir o líder morto.
Para impor seu método e estabelecer uma linha sucessória segura para os separatistas, o dalai-lama propôs então um ''referendo'' entre os budistas tibetanos, sobre mudar ou não o atual processo de reencarnação, de modo que ele pudesse ter influência na escolha de seu sucessor. A idéia não foi bem recebida pelos budistas, porque contraria a lógica religiosa : ¿ como encontrar sua alma em outro corpo, se você ainda não desencarnou ?
Antidesenvolvimento
O governo central da China inaugurou em 2006 a maior ferrovia do mundo, ligando o Tibete ao resto do país. A ferrovia custou 4,1 milhões (sic) de dólares e atravessa o platô tibetano, para ligar Lhasa aos centros econômicos da China.
A ferrovia é uma ferramenta vital para a economia tibetana, a mais pobre da China, mas o dalai-lama e os separatistas consideram a estrada-de-ferro uma ''ameaça''. Alegam que a ferrovia trouxe ''novos ocupantes'' e é um meio de ''roubar'' as riquezas naturais do Tibete.
Desde 1985, o Tibete é uma ''zona de turismo livre'', substituindo o '' turismo acompanhado'' que vigorava até então. A ferrovia veio apenas aumentar o desenvolvimento econômico local.
Esta semana, Tenzin Gyatso lançou pela mídia um apelo vazio, para que a ''comunidade internacional'' investigue o que chamou de ''genocídio cultural'' no Tibete, após a violência perpetrada, nas ruas de Lhasa, por monges e seus seguidores.
O ouro de Washington
De acordo com o historiador americano Jim Mann, citado pelo site Global Research, ''durante os anos 1950 e 1960, a CIA apoiou ativamente a causa tibetana com armas, treinamento militar, dinheiro, apoio aéreo e todo o tipo de auxílio''. Além de Mann, outro estudioso das ações da CIA na Ásia, Michael Parenti, fez recentemente a seguinte observação :
''...nos Estados Unidos, a Sociedade Americana Por uma Ásia Livre, uma fachada da CIA, propagandeou ferozmente a causa da resistência tibetana -- com o irmão mais novo do dalai-lama, Thubtan Norbu, tendo um papel ativo nessa organização. Outro irmão, também mais novo, do dalai-lama, Gyalo Thondup, estabeleceu uma célula de operação de ''inteligência'' com a CIA em 1951 (embora o apoio oficial da agência tenha sido estabelecido somente em 1956). Mais tarde, essa célula foi treinada e transformada em uma unidade de guerrilha da CIA, tendo seus recrutas sido lançados no Tibete de pára-quedas."
De acordo com documentos abertos pela inteligência americana no fim da década de 1990, revelou-se que o movimento tibetano no exílio recebeu, na década de 1960, cerca de 1,7 milhões de dólares por ano, para operações contra a China, enquanto 180 mil dólares anuais eram pagos regiamente ao dalai-lama.
Em 1969, entretanto, o apoio secreto pela causa tibetana foi interpretado pela CIA como infrutífero e a agência de espionagem decidiu retirar a ajuda aos ''revolucionários'' tibetanos.
No entanto, a ajuda monetária anual ao ''pacifista'' dalai-lama perdurou até 1974, quando Nixon normalizou as relações com a China. O presidente que lhe sucedeu, Gerald Ford, encerrou o envolvimento da administração americana com os exilados tibetanos, num novo contexto da estratégia americana para a Guerra Fria.
A fase seguinte do relacionamento entre os Estados Unidos, o dalai-lama e seus apoiadores foi direcionar a opinião pública mundial a considerar o Tibete como uma questão de direitos humanos, num engajamento político contra a China.
Em 1979, a relação entre o regime americano e o dalai-lama sofre uma nova modificação, com o ''pacifista'' obtendo um visto de entrada nos EUA sob a administração Carter. A ''causa tibetana'' encontra então novos patrocinadores, com representantes do congresso americano trabalhando em conjunto com os separatistas tibetanos para enfocarem a atenção dos governos seguintes e do resto do mundo na ''questão tibetana''.
Nos dias de hoje, a ajuda financeira e política aos exilados tibetanos parte de um poderoso braço da CIA, a National Endowment for Democracy, organismo criado a partir de 1984, sob a administração Reagan, que patrocina e subsidia movimentos pró-americanos ao redor do planeta, como os que recentemente derrubaram os governos da ex-Iugoslávia em 2002, Geórgia em 2004 e Ucrânia em 2005.
O trabalho da NED, desde a década de 1990, é propalar os discursos e ações ''pacifistas'' do dalai-lama ao redor do planeta.
Referencias (em inglês)
Mann, J. "CIA Funded Covert Tibet Exile Campaign in 1960s." The Age (Melbourne), 16 Sept. 1998. 21 Jun. 2007. http://listserv.muohio.edu/scripts/wa.exe? A2=ind9809c&L=archives&P=14058 .
Parenti, M. "Friendly Feudalism: The Tibet Myth (Updated)." Jul. 2004. 21 Jun. 2007. http://www.michaelparenti.org/Tibet.html .
Mann, J. "CIA Funded Covert Tibet Exile Campaign in 1960s." The Age (Melbourne), 16 Sept. 1998. 21 Jun. 2007. http://listserv.muohio.edu/scripts/wa.exe? A2=ind9809c&L=archives&P=14058 .
Salopek, P. "The CIA's Secret War in Tibet." Seattle Times, 26 Jan. 1997. 21 Jun. 2007. http://www.timbomb.net/buddha/archive/msg00087.html .
Reagan, R. W. "Address to Members of the British Parliament." Ronald Reagan Presidential Library, 8 Jun. 1982. 21 Jun. 2007. http://www.reagan.utexas.edu/archives/speeches/1982/60882a.htm .
Robinson, W. I. and J. Gindin. "The Battle for Global Civil Society." Venezuelanalysis.com , 13 Jun. 2005. 21 Jun. 2007. http://www.venezuelanalysis.com/articles.php?artno=1477 .
Barker, M. J. "Taking the Risk Out of Civil Society: Harnessing Social movements and Regulating Revolutions." Refereed paper presented to the Australasian Political Studies Association Conference, University of Newcastle 25-27 September 2006. 21 Jun. 2007. http://www.newcastle.edu.au/school/ept/politics/apsa/ PapersFV/IntRel_IPE/Barker,%20Michael.pdf .
Sussman, G. "The Myths of 'Democracy Assistance': U.S. Political Intervention in Post-Soviet Eastern Europe." Monthly Review, Dec. 2006. 21 Jun. 2007. http://www.monthlyreview.org/1206sussman.htm .
Barker, M. J. "A Force More Powerful: Promoting 'Democracy' Through Civil Disobedience." State of Nature, Mar. 2007. 21 Jun. 2007. http://www.stateofnature.org/forceMorePowerful.html .
Robert, P. "Tibet Information Network Closes as Funds Dry Up." Tibet Information Network, 13 Sep. 2005. 21 Jun. 2007. http://www.phayul.com/news/article.aspx?id=10679&t=1&c=1 .
www.vermelho.org
© 1999-2006. «PRAVDA.Ru». No acto de reproduzir nossos materiais na íntegra ou em parte, deve fazer referência à PRAVDA.Ru As opiniões e pontos de vista dos autores nem sempre coincidem com os dos editores.