terça-feira, novembro 02, 2010

Comissão conclui que Halliburton e BP sabiam que cimentação do poço era “instável”

 

    Comissão dos EUA que investiga o vazamento de petróleo no Golfo do México (“caso Deepwater Horizon”) - revelou que a Halliburton e a BP sabiam que a cimentação do poço – que deveria evitar o desastre – estava “instável”, isto é, com defeito, e mesmo assim foram em frente. A comissão também descobriu que, entre outros fatores, a BP usou 6 centralizadores no lugar de 21, e que mandou a Halliburton botar nove galões de “retardante”, ao invés de oito, para cada 100 sacos de cimento. O retardante é usado no processo de espessamento do cimento, em caso de temperatura alta.

  O laboratório da Chevron – que foi contratado pela comissão para repetir os testes – não conseguiu gerar pasta de cimento estável usando os materiais fornecidos pela Halliburton, registrou a comissão. Na explosão, 11 trabalhadores foram mortos e milhões de litros de petróleo vazaram, poluindo e devastando, no maior desastre ecológico da história dos EUA. Cometido o crime, as corporações agora se dedicam a fugir das responsabilidades – uma jogando a culpa sobre a outra.

  Segundo as investigações, a Halliburton fez pelo menos três testes, em fevereiro e abril, que demonstraram que a mistura estava “instável”. Possivelmente os resultados de um quarto teste não estavam disponíveis até à hora da cimentação. Os dois testes de fevereiro indicaram que a mistura não prestava. Apenas um desses testes teria sido informado à BP no e-mail de 8 de março, mas a Halliburton não usou a palavra “instável” - nem nada lhe foi perguntado.

  O teste de 13 abril voltou a dar “instável”. Há dúvidas sobre se o segundo teste de abril foi concluído antes da cimentação do poço. Em declaração em separado, a comissão afirmou que o projeto de engenharia do poço, feito pela BP pode ter tido papel no desastre, ao resultar em alterações de pressão no espaço entre o duto e os lados do poço. A Halliburton tentou desclassificar as conclusões da comissão, com o argumento de que os testes de fevereiro eram “preliminares” e o primeiro de abril, “irrelevante”, mas que a BP tinha sido notificada. Seis meses após a explosão, nenhum processo criminal foi aberto contra a BP, Halliburton ou a Transocean.                                                                      

A.P.

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