Economia
Empresa, agora com 64% sob controle da União, garante financiamento de negócios até 2014, agiganta a Bovespa e protagoniza um dos maiores lances da história do capitalismo
Por: Revista do Brasil
Publicado em 14/10/2010
A cena de fato parecia insólita: um ex-sindicalista – que disputou sua primeira eleição em 1982 dizendo “vote 3 que o resto é burguês” – fazendo festa na Bolsa de Valores. Ele próprio fez questão de lembrar – “dez anos atrás eu passava aqui na porta da Bolsa, as pessoas tremiam de medo: ‘Onde é que vai esse comedor de capitalismo?’” – ao bater o martelo na maior oferta pública de ações já vista no mercado, iniciada em 24 de setembro. Para o presidente da BM&F Bovespa, Edemir Pinto, a economia passou a se dividir “em antes e depois da operação de capitalização da Petrobras”.
A oferta incluiu mais de 2,1 milhões de ações ordinárias (com direito a voto em assembleias) e quase 1,6 milhão de preferenciais (cujos titulares recebem antes os lucros), por meio de um aumento de capital da Petrobras. Durante a cerimônia, o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, informou que a oferta alcançou R$ 115,05 bilhões (ou US$ 66,9 bilhões). Parte dos recursos ajudará a financiar o plano de negócios da companhia de 2010 a 2014, que totaliza US$ 224 bilhões.
Para “um comedor de capitalismo”, Lula ajudou a dar um bom impulso, já que na véspera da operação a Bolsa paulista se tornou a segunda maior do mundo em valor de mercado, atingindo R$ 30,4 bilhões, ou US$ 17,7 bilhões, atrás apenas da de Hong Kong (US$ 19,8 bilhões). “O valor da nossa bolsa está ligado ao potencial de crescimento do país e das empresas brasileiras e fruto da operação que comemoramos nesta data”, afirmou Edemir Pinto.
Lula também enfatizou a importância da operação para a economia brasileira, em possível referência à época em que a Petrobras foi cotada para entrar na lista de privatizações e até mudar o nome para Petrobrax. “Ao contrário do passado, não estamos aqui para debilitar o Estado ou alienar o patrimônio público. Um Estado fraco nunca foi sinônimo de iniciativa privada forte”, afirmou. “A capitalização é uma das salvaguardas criadas pelo governo para evitar que essa riqueza se perca num labirinto de desperdícios e interesses equivocados.” Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a União aumentou de 40% para 49% a sua participação no capital total (64% das ordinárias) da Petrobras.
Como em toda operação dessa natureza, a capitalização mexeu com o mercado de câmbio, que ainda causa preocupação ao governo, por causa do real valorizado, o que prejudica as exportações brasileiras. Durante evento na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mantega disse que o mundo vive uma “guerra cambial”
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