sexta-feira, junho 26, 2009

Paul Craig liga distúrbios a plano da CIA para desestabilizar o Irã

 

Para o ex-secretário-adjunto do Tesouro de Reagan, há nos protestos de rua em Teerã “muitos sinais evidentes que são como marca registrada da CIA, já  observados na Geórgia e Ucrânia. É preciso ser completamente cego para não vê-los agora no Irã”

“Vários comentaristas têm manifestado crença inabalável na pureza de intenções de Mousavi e da juventude ocidentalizada de Teerã. É como se o plano da CIA, de desestabilização, noticiado há dois anos, nada tivesse a ver com o desenrolar dos eventos de hoje”, questiona Paul Craig Roberts, que exerceu o cargo de secretário-adjunto do Tesouro dos EUA durante o governo Reagan.

“Tem-se repetido”, destaca Paul Craig, “que Ahmadinejad roubou votos, porque o resultado foi apresentado depressa demais, em tempo que teria sido insuficiente para que os votos fossem contados”. “Mas, de fato”, esclarece, “Mousavi foi o primeiro a declarar vitória, apenas algumas horas depois de encerrada a votação. É procedimento ‘clássico’ da CIA, para desacreditar resultados eleitorais que não sejam os ‘desejados’. A CIA sempre apressa a declaração de vitória. Quanto mais tempo houvesse entre uma declaração ‘preventiva’ de vitória e a liberação das tabelas oficiais de votos apurados, mais tempo Mousavi teria para criar a impressão de que as autoridades eleitorais, responsáveis pelas eleições, estariam alterando as tabelas de apuração”.

Paul Craig lista fatos e declarações que comprovam a participação da CIA no fomento dos atuais distúrbios para colher a desestabilização do Irã e ajudar Mousavi a ganhar no grito, mesmo havendo perdido por uma diferença de 11 milhões de votos para o candidato Ahmadinejad.

APROVAÇÃO SECRETA

Craig relata que no dia 23/5/2007, Brian Ross e Richard Esposito noticiaram no canal ABC News: “A CIA recebeu aprovação secreta da Casa Branca para montar uma operação ‘negra’ para desestabilizar o governo iraniano, informaram à rede ABC News oficiais da ativa e da reserva da comunidade de inteligência”. No dia 27/5/2007, o jornal London Telegraph, citando outras fontes, noticiou: “O presidente Bush assinou hoje autorização para que a CIA construa campanha de propaganda e desinformação com vista a desestabilizar, e eventualmente destituir, o governo teocrático dos mulás.”

“Alguns dias antes”, diz ainda Craig, em seu artigo publicado no site Counterpunch, “o Telegraph noticiara, que um dos neoconservadores e senhores-da-guerra do governo Bush, John Bolton, declarara que um ataque militar dos EUA ao Irã ‘seria a última opção, caso não dessem resultado nem as sanções econômicas nem as tentativas para fomentar agitação de rua e levante da população nas cidades [grifo nosso]’”.

ESCALADA

Craig lembra ainda que “no dia 29/6/2008, Seymour Hersh escreveu, na revista New Yorker: “No final do ano passado, o Congresso aprovou pedido do presidente Bush para liberar verbas para uma grande escalada nas operações secretas de inteligência contra o Irã, conforme informam fontes militares, do serviço secreto e do Congresso. Essas operações, para as quais o presidente Bush solicitou 400 milhões de dólares, foram apresentadas em documento assinado por Bush e visam a desestabilizar o governo religioso do Irã.”

SINAIS

“Parece evidente que há manifestantes sinceros nos protestos de rua em Teerã. Mas há também muito sinais evidentes que são como marca registrada da CIA, já observados na Geórgia e na Ucrânia. É preciso ser completamente cego para não os ver em Teerã”, diz o ex-secretário de Reagan.

Daniel McAdams (British Human Rights Group) destacou que o neoconservador Kenneth Timmerman escreveu um dia antes das eleições, que “fala-se de uma ‘revolução verde’ em Teerã”. Como Timmerman poderia saber de uma ‘revolução’ que só começaria dois dias depois? A única explicação é que conhecia os planos da CIA.
“E por que haveria uma ‘revolução verde’ já preparada desde antes das eleições... sobretudo se Mousavi estivesse certo de que seria ‘eleito?’”, reflete Paul Craig.

É também Timmerman que cita a atuação de ONGs como a National Endowment for Democracy, que, segundo a escritora Eva Golinger, teve papel decisivo no financiamento dos golpistas na Venezuela, cujo complô o povo derrotou. “National Endowment for Democracy”, afirma Timmerman, “gastou milhões de dólares na promoção de revoluções ‘coloridas’ (...). Parte desse dinheiro parece ter chegado às mãos dos grupos pró-Mousavi, que têm laços com organizações não-governamentais fora do Irã financiadas pela [ONG] National Endowment for Democracy.”

NATHANIEL BRAIA - http://www.horadopovo.com.br/

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