Creio que educar é basicamente habilitar as novas gerações no exercício de uma visão não ingênua da realidade, de maneira que seu olhar tenha em conta o mundo, não como uma suposta realidade objetiva em si mesma, mas como o objeto de transformação ao qual o ser humano aplica sua ação. Mario Luiz Rodrigues Cobos - o Silo, "A Paisagem Humana", capítulo 'A Educação'
domingo, junho 29, 2008
Príncipe Charles lança novas ofensivas de olho na Amazônia
Para anunciar o portal, Charles publicou um artigo no jornal britânico The Telegraph, intitulado “Ajude-me a salvar as florestas tropicais”.
Jornal Hora do Povo
quarta-feira, junho 18, 2008
União Européia: a democracia em questão
DEBATE ABERTO
União Européia: a democracia em questão
Decisão do eleitorado irlandês, rejeitando o Tratado de Lisboa, que dá mais poderes ao parlamento europeu, esquenta debate sobre a democracia dentro da União Européia. Dezessete dos vinte e sete membros aprovaram o Tratado. Mas pelas regras do jogo, basta a não adesão de um para, na prática, anular os seus efeitos.
Flávio Aguiar
A rejeição do "Tratado de Lisboa" pelo eleitorado irlandês na semana passada jogou a União Européia numa discussão acalorada sobre o que, afinal, é e não é, pode e não pode ser a democracia dentro dela.
Explicando a questão:
1) Em 2005 a projetada Constituição Européia foi rejeitada pelos eleitorados da França e da Holanda, o que jogou a União na sua primeira "crise existencial" desde que começou a ser projetada em plena Guerra Fria.
2) Apesar disso, o barco (talvez seja melhor dizer a carruagem...) foi andando adiante, com a instalação progressiva das instituições dessa nova União em Bruxelas, sede do Parlamento Europeu e da Comissão Européia, uma espécie de órgão executivo.
3) Mais países, sobretudo do Leste europeu, foram aderindo à União Européia. Esta tem uma regra de ouro: suas instituições e regras devem ser aprovadas por todos os países membros para funcionarem. Hoje eles já são mais de vinte.
4) Depois do impasse de 2005, sob a liderança da França e da Alemanha, criou-se uma nova versão do projeto de Constituição, que foi chamada de "Tratado de Lisboa", nome mais brando para o mesmo pacote.
5) Mas só o nome é mais brando. Na verdade, o "Tratado de Lisboa" dá mais poderes para o Parlamento e para a Comissão Européia, tornando-os mais autônomos em relação às instituições semelhantes de cada país. Também centralizava mais a Comissão Européia o que, segundo comentaristas mais críticos, diminuiria o peso de países pequenos e periféricos (como a Irlanda) e aumentaria o dos "peso-pesados", como França e Alemanha. Além disso, ele cria o cargo de presidente da União Européia, com mandato de dois anos e meio (atualmente a presidência é rotativa entre os países-membro, e sua duração é de seis meses). Também cria um cargo ou função semelhante a de um Ministro de Relações Exteriores, o que dotaria a União de uma política externa própria, aumentando-lhe consideravelmente o poder político e a concentração de funções.
6) Dezessete dos vinte e sete membros aprovaram o Tratado. Mas pelas regras do jogo, basta a não adesão de um para, na prática, anular os seus efeitos. Essas aprovações se deram de modo peculiar. Depois do fracasso dos referendos na França e na Holanda quanto à aprovação da Constituição, houve uma espécie de "pacto silencioso" quanto a evitar referendos e plebiscitos. Daí o nome de "Tratado": a rigor, um tratado precisa ser aprovado pelos colégios de representantes dos países, como câmaras e senados, por exemplo, o que tornou mais fácil seu trâmite do que uma "Constituição".
7) Acontece que a Constituição irlandesa exige um referendo popular também nesse caso, pois a questão mexe ou vai mexer com a estrutura de impostos, além dos poderes dentro do país. Daí a realização dessa votação, no dia 12/06, que deu no que deu.
Passemos agora ao desenho político. Em primeiro lugar, esse "deu no que deu" deu no quê mesmo? Antes de mais nada, como ressalta o comentarista Hans Jurgen Schlamp, no Der Spiegel (O Espelho) alemão, deu na fúria dos dirigentes de Bruxelas, que na imprensa vez por outra aparecem com o nome nada elogioso de "eurocratas". Diz ele:
"No dia em que os irlandeses rejeitaram o Tratado de Lisboa [por 53,5% a 46,5%] num referendo, os Eurocratas (sic) em Bruxelas enlouqueceram de fúria. Esta é a última vez, eles devem estar pensando com seus botões, que esses irlandeses terão permissão para votar alguma coisa. Vamos acabar com esses referendos. Eles são complicados demais para pessoas comuns".
Em segundo lugar, alçou o sentimento dos (assim chamados na imprensa) "eurocéticos", aqueles que, como na Polônia, curvam-se ante a necessidade de adesão à União Européia, mas sem muito entusiasmo. Em terceiro lugar, alçou mais ainda a bandeira no mastro dos opositores à União. Existem duas tendências de oposição. Uma é conceitual, e é de direita, como no caso de muitos dos apoiadores do primeiro ministro Berlusconi, na Itália. Para esses a União facilita a imigração interna e a externa na e em direção à Europa, e diante da visão xenófoba que têm, põe em perigo a integridade política dos países membros. Na Itália, hoje, depois da nova vitória de Berlusconi, recrudesceu a campanha contra romis e sintis (mais comumente conhecidos como "ciganos", nome que eles rejeitam) e de tabela contra os romenos de um modo geral, inclusive com atos violentos, como incêndios criminosos de seus acampamentos.
Outra é de esquerda, e é de avaliação política sobre para onde o barco está indo. Acontece, para essa visão, que a União Européia foi plantada durante a Guerra Fria, mas em tempos de quase hegemonia européia da social-democracia e do estado do bem estar social. Mas foi colhida depois do fim da Guerra Fria com a derrota e o fim da União Soviética, do desfazimento do bloco comunista euro-asiático por ela liderado, da rendição dos partidos social-democratas e socialistas Europa à fora e a dentro às balizas do neo-liberalismo e do bastante violento estado da desregulamentação social. Ou seja, o barco (ainda penso que carruagem seria melhor) adernou a estibordo, ou seja à direita, e muito.
Bandeiras ambientais, como uma regulamentação mais severa sobre o tamanho e a emissão de gases nocivos por parte de automóveis e veículos assemelhados vêm patinando na curva (enquanto se discute furiosamente a Amazônia e se põe em questão a soberania brasileira sobre esta parte de seu território, nos momentos mais exaltados).
Cresce a pressão para que os poderes de Bruxelas aumentem no que se refere à determinação de uma política tarifária unificada na Europa, o que equivale a dizer que se quer uma redução de impostos reguladores, por parte dos estados nacionais, às importações e exportações (análises dizem que este foi um item decisivo no caso irlandês, pois uma parte da classe média, além dos trabalhadores, votou contra o tratado). No momento, a União Européia preocupa-se e investe muito numa espécie de programa para "ensinar" capitalismo nos países do Leste europeu que vêm aderindo aos magotes à União, diante da possibilidade de receberem investimentos em euro. Mas também há questões internas nos outros países. O fantasma chinês assombra porões e sótãos em todas as partes, com a ameaça de perda de mercados, de empregos e de oportunidades de trabalho. Nesse quadro, e depois já de mais de vinte anos de galope neo-liberal pelo mundo, as questões de seguridade social, de seguridade saúde, de previdência social, estão retornando às pautas de discussão, mesmo que veladamente, e contribuindo para abalar as coalizões lideradas pelos conservadores, como está acontecendo agora na Alemanha.
Mas há questões mais amplas envolvidas. Por exemplo, reclama-se, e muito, de que na verdade apenas os referendos na França e agora na Irlanda teriam sido de fato "democráticos" no sentido pleno, político, e não apenas formal da palavra. Na França todos os cidadãos eleitores receberam em casa um exemplar da projetada Constituição, em 2005. Isso pode ter sido, quem sabe, um tiro pela culatra, quanto à aprovação. Mas o procedimento foi muito elogiado. Na Irlanda a discussão foi ampla e intensa.
Na Alemanha, por exemplo, os colegiados de representantes de todos os estados aprovaram as mudanças. Apenas um, o de Berlim (Berlim, como Hamburgo e Bremen, é uma cidade estado) as rejeitaram, num movimento surpreendente de união entre os social-democratas do SPD e os parlamentares da Linke, o novo partido de esquerda). Mas na verdade havia uma certa curiosidade perplexa sobre o quê, afinal, se estava votando, que pairava pelas ruas.
Há uma outra questão, mais delicada ainda. Vem-se falando e discutindo, mais em surdina do que de público, embora isso já tenha aparecido, na criação de um "Exército Europeu". O que isso significa não se sabe muito bem, nem quem o comandará. Mas em discussões matutinas nas rádios, por exemplo, já se aventou a possibilidade de que ele poderia muito bem servir para "missões de paz na África". Ora, sabemos muito bem, nós, os de debaixo da mesa, o que isso pode significar.
Ele tem o anteparo também na sensação de desamparo que percorreu exércitos e governos europeus quando das intervenções lideradas pelos norte-americanos e pela OTAN no Afeganistão, no Iraque e no Kossovo. A desproporção de armamentos, de tecnologia e de capacidade cirúrgica entre os exércitos norte-americanos e os outros ficou demais de evidente, o que trouxe junto a sensação de que a Europa pode muito bem se tornar uma província de ultra-mar sob proteção (e controle e vigilância) da OTAN. Ainda mais nesse momento em que se recondiciona a passada Guerra Fria, com a Rússia aumentando seu poder econômico e seu poderio militar, e os chineses comendo pelas bordas territórios e mais territórios africanos, nas barbas das empresas européias e norte-americanas que ali imperavam quase absolutas.
A ameaça de uma nova Guerra Fria é muito quente. Exemplo: desde setembro de 2007 o degelo, que vem atingindo proporções dramáticas no Pólo Norte, reabriu a chamada "Passagem do Noroeste", uma ligação marítima entre os oceanos Atlântico e Pacífico por um caminho que bordeja a Groenlândia, o Canadá, o Alaska (dos Estados Unidos) e a Rússia, tendo do outro lado o gelo (ou o que dele restar) flutuante do mundo polar.
Assanhados, todos os países da região ou com interesse nela (além da Rússia, os Estados Unidos, o Canadá, a Noruega, a Dinamarca – de que a Groenlândia é território – e a inevitável China já declararam sua reivindicação na nova "partage" dessa reaberta fronteira. A Rússia já colocou sua bandeira em alguma parte da passagem, dizendo que dali ninguém a tira. Por ora, não há ainda interesses militares escancarados, sendo os mais ativos os que dizem respeito a transporte e navegação comercial (hoje vitais, veja-se a crise de alimentos). Mas pode haver. A uma Europa unida no papel e na moeda, mas de sentimento frágil no poderio de enfrentamento, isso pode parecer demasiado perigoso.
Mas isto é tema para futuro artigo, que este já vai longo demais. Por ora, discutem-se alternativas diante do "impasse irlandês":
1) O filósofo Jurgen Habermas lançou um apelo para que haja plebiscitos como o irlandês em todos os países da Europa, sobre o "Tratado de Lisboa" e a Europa que se quer; a proposta recebeu críticas conservadoras que batiam no bordão de que são assuntos demais de delicados e complexos para "caírem" em terreno tão escorregadio quando à vontade (e a soberania, nem falar!) popular. Cheguei a ouvir no rádio um historiador (cujo nome infelizmente me escapou) dizendo que Habermas podia entender de filosofia, mas não de política, o que mostra, pelo menos, o que significa política para quem pode dizer uma coisa dessas.
2) Em Bruxelas levantou-se a possibilidade entre os dirigentes da União Européia de fazer-se um novo plebiscito na Irlanda (quem sabe dessa vez eles "acertam") ou de simplesmente expulsa-la (o que seria muito grave) da União, ou de congela-la (mandar para o quartinho, de castigo), criando dois tipos de membros, os plenos e os parciais, o que seria menos grave mais tão antipático quanto a primeira alternativa.
3) O Partido Verde (com assento no Parlamento Europeu) propôs que se fizesse um plebiscito simultâneo em todos os países-membro, como modo de atenuar as diferenças e particularidades nacionais e ressaltar o caráter internacional e de futuro da União Européia, vista (e muitos da esquerda concordam) como a única alternativa viável para erradicar de vez da região o fantasma das guerras que a destroçaram no século passado, e continuaram destroçando suas bordas.
4) Deixar tudo como está para ver como é que fica. Não é improvável esta alternativa, pois ela abre campo para novas negociações de bastidor, onde, parece, as decisões de fundo vêm sendo tomadas, em que pesem os referendos.
De qualquer modo, o que está em jogo é a democracia nessa nova União.
Flávio Aguiar é editor-chefe da Carta Maior.
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Cordialmente,
Profº Jeferson Pitol Righetto
http://profjefersongeo.blogspot.com/
terça-feira, junho 17, 2008
Irlanda diz “Não” à submissão da Europa à ditadura dos monopólios
O Tratado de Lisboa foi rejeitado nas urnas pelos irlandeses por abrir as portas para privatizações, corte dos direitos sociais e trabalhistas e redução da democracia. Não teve nada a ver com “voto contra a União Européia”, mas repúdio ao neoliberalismo
O Tratado de Lisboa – a versão enxuta da defunta “constituição” pró-monopólios da União Européia – foi rejeitada na Irlanda no referendo realizado no dia 12 de junho, por 53,4 % a 46,6%, com o “Não” vencendo em 33 dos 42 colégios eleitorais e na capital, Dublin, ou seja, no país inteiro. A “Campanha pelo Não”, que congregou o Sinn Fein (organização herdeira do IRA) e vários pequenos partidos de esquerda, sindicatos, organizações estudantis, entidades de mulheres e personalidades, galvanizou a opinião pública, apesar da disparidade de meios, graças às denúncias que apresentou sobre o Tratado e suas conseqüências: privatizações, thatcherismo, corte dos direitos, redução da democracia, fim da neutralidade da Irlanda e subtração de espaços atualmente assegurados ao país na comunidade européia.
A derrota forçou os governos europeus a iniciarem, às pressas, reuniões de emergência para buscar uma saída, já que o Tratado, para entrar em vigor, o que deveria ocorrer a partir do ano que vem, tem de ser aprovado por todos os atuais 27 países membros. Não foi um “voto contra a União Européia” – como, desinteressadamente, algumas viúvas do Tratado de Lisboa, e certos poodles dos EUA, se apressaram a insinuar -, já que os principais setores da campanha do “Não” defendem uma Europa integrada e deixaram isso claro em suas declarações. Mas um voto contra a submissão dos povos da Europa aos interesses de meia dúzia de monopólios, à especulação e ao neoliberalismo.
VÉSPERA
Na véspera do referendo – obrigatório de acordo com a constituição irlandesa -, o governo de Dublin já admitia a derrota. O Tratado havia sido acochambrado há dois anos, após franceses e holandeses rechaçarem, nas urnas, a “constituição” que estabelecia garantias máximas para corporações e bancos e “livre mercado” de ponta a ponta e, para os trabalhadores, instituía um cínico rebaixamento de direitos conquistados, há décadas, pelos povos europeus.
Escaldados pelo malogro nesses referendos – e em outros desde Maastricht - os formuladores do “Tratado de Lisboa” e das novas regras da EU haviam cuidado de fugir, nos demais países, das urnas e só passar o tratado via parlamentos. As mazelas do Tratado foram expostas com muita precisão pela “Campanha do Não”. Como a substituição do “direito ao trabalho”, previsto constitucionalmente em praticamente todos os países, por um vago “direito a se engajar no trabalho”. No lugar do “direito à previdência”, um tal “direito ao acesso à previdência” – com a clara intenção de deixar aberta a porta para a privatização.
Em outros direitos fundamentais, como educação e saúde, cláusulas semelhantes. A ponto da confederação que reúne as centrais sindicais européias, a CSE, ter classificado tal “carta” como “uma corrida ao fundo” para os direitos trabalhistas e sociais, e salários, e virtual “dumping social”. A “Campanha” também denunciou que novos mecanismos postos em vigor pelo tratado eram usados contra os direitos dos trabalhadores. Como a decisão de uma corte européia autorizando uma empresa polonesa contratada para prestar serviços na Alemanha a pagar a seu pessoal a metade do salário mínimo alemão vigente.
MILITARIZAÇÃO
A “Campanha” também denunciou que o tratado, se ratificado, “consolidaria e centralizaria o poder de instituições não eleitas da EU” – como um presidente com 2,5 anos de mandato, no lugar da presidência rotatória de seis meses, e o novo Comissário de Relações Externas e Segurança; “estenderia a militarização da Europa e avançaria suas ambições neocoloniais, e aceleraria a privatização dos serviços públicos da Europa”. De acordo com as novas regras, a Irlanda, só teria como ministro europeu um representante seu em cinco de cada quinze anos, e muitas deliberações, atualmente por consenso, passariam a ser por maioria qualificada, com o voto do país valendo proporcionalmente menos do que atualmente. A neutralidade da Irlanda, advertiram, já vem sendo ameaçada, e isso deverá se agravar – tropas do país estão participando “humanitariamente” da intervenção francesa no Chad. A mesma mídia que fez campanha pelo “Sim” e perdeu, buscou ocultar esse caráter da vitória do “Não”. Seja atribuindo-a ao fato de os irlandeses serem “católicos e contra o aborto”, supostamente favorecido pelos novos poderes legislativos da União Européia, ou à prédica pelo “Não” de uma entidade de milionários, Libertas, contra o “aumento de taxação das empresas”.
ANTONIO PIMENTA
“O povo irlandês se pronunciou. Contrariamente às predições de distúrbios sociais e políticos, acreditamos que centenas de milhões de pessoas por toda a Europa saudarão a rejeição do Tratado de Lisboa”, afirmou a “Campanha do Não”, em manifesto divulgado em Dublin logo após a vitória. “As propostas de reduzir a democracia, militarizar a EU e deixar os negócios privados tomarem os serviços públicos foram rejeitadas. ‘Lisboa’ está morto. Junto com a constituição da EU, da qual provém, deverá ser agora enterrado”, assinalou.
MUDANÇA
A “Campanha” convocou “uma mudança de direção”. “Conclamamos ao fim da privatização dos serviços públicos, e à exclusão dos serviços públicos dos diktats do mercado”. O manifesto exigiu, também, “um fim ao papel dado aos mercados e aos bancos nas decisões de como a sociedade deve ser dirigida”, e “medidas sérias para parar ‘a corrida para o fundo’ dos direitos dos trabalhadores, e para sua proteção”, assim como para enfrentar “o desemprego e a pobreza”.
DIREITOS
“Onde ‘Lisboa’ representava a negação da democracia à maioria esmagadora da população da área da EU, nós convocamos agora os povos da Europa a reclamarem seu direito democrático de decidir seu próprio futuro”, afirmaram os líderes irlandeses da vitória do “Não”. O documento acrescentou que a votação na Irlanda “mostra o fosso que existe entre os políticos e as elites da Europa, e as opiniões do povo. Como na França e na Holanda, os líderes políticos e o establishment fizeram tudo que podiam para sua imposição – e fracassaram.”
Para general Lessa, Ongs estrangeiras querem Estado paralelo na Amazônia
Em duas ocasiões na semana passada, o ex-comandante da Amazônia, general da reserva Luiz Gonzaga Lessa, alertou para o aumento das pressões pela internacionalização da região amazônica por meio das ações de Ongs estrangeiras e o perigo dessas ações para a soberania do país. “A invasão branca da região já começou”, afirmou o general no Fórum Permanente em Defesa do Empreendedor, em São Paulo, e também em entrevista ao Canal Livre, da Rede Bandeirantes, no domingo.
Segundo ele, as terras indígenas na fronteira norte do Brasil constituem a ponta de lança para a região ser desmembrada. “Hoje elas pertencem ao Estado brasileiro, mas há uma trama internacional crescente para que se tornem nações indígenas e depois deixem de ser propriedade do Estado”, disse.
Aqui, vale lembrar a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com voto favorável do Brasil, que reconhece expressamente às “nações indígenas” o direito à autodeterminação e enfatiza, entre outros termos, a “necessidade de desmilitarização das áreas e territórios dos povos indígenas”, que “as nações devem respeitar as formas políticas, sociais e jurídicas de cada povo indígena” e que “os indígenas terão livres estruturas políticas, econômicas e sociais, especialmente seus direitos a terras, territórios e recursos”.
No Fórum, que abriga quase cem entidades, entre elas a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), a Federação das Indústrias (Fiesp) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o general foi aplaudido de pé por cerca de 700 pessoas.
De acordo com o general, em 5 milhões de quilômetros quadrados espalhados em nove estados, organizações e governos estrangeiros fazem campanha internacional aberta para retirar a Amazônia do controle brasileiro.
“Há um imenso vazio demográfico que precisa ser explorado, mas não a todo custo”, afirmou sobre as terras indígenas e os 350 mil índios que ocupam 12% do território brasileiro.
Ele divulgou um estudo da ONG Contas Abertas, com base no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), que mostra o vertiginoso aumento de Ongs atuando dentro do país, entre 2001 a 2006.
De 22 mil, em 2002, elas passaram a aproximadamente 260 mil em 2006. Em 2007, o número pulou para 276 mil e mais de 100 mil trabalham na Amazônia. “Há uma verdadeira invasão branca na Amazônia sem ninguém dar um tiro sequer. Trata-se de um neo-colonialismo”, denunciou o general.
Lessa falou sobre a reserva indígena Raposa Serra do Sol, cuja demarcação está sendo analisada no Supremo Tribunal Federal (STF), e que possui 12 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. O general citou as inúmeras riquezas da área, como urânio em grande quantidade e inexplorado. “Roraima, que tem sua superfície ocupada por reservas indígenas em quase 50%, representa o grande embate internacional contra o Brasil”, denunciou. O general também citou a importância estratégica mundial sobre o controle da água. “O Brasil detém 20% da água doce do planeta e 80% dela se encontra na bacia amazônica”, disse.
Segundo Lessa, a atuação das Ongs estrangeiras já criaram um verdadeiro “Estado paralelo” na região Norte, onde essas organizações “dominam territórios fisicamente”.
“Tem partes da Amazônia que você só entra se a Ong deixar. Eu só entrei em algumas áreas controladas por Ongs fardado”. E explica: “Parte dessas terras elas compraram, parte elas controlam a população, particularmente os índios. Nem como turista você entra nessas áreas”.
Em uma entrevista recente, o general explicou como funciona o acesso à algumas dessas áreas: “Você pode chegar como cidadão brasileiro e navegar para alcançar o alto do Rio Negro. Chegando lá, em determinado ponto tem um tipo de posto de controle de uma Ong, onde uma pessoa lhe pergunta onde você vai. Então você responde, vou subir um pouco mais o rio. Eles insistem e perguntam com quem você quer falar e respondem que não é possível passar dali. Essas áreas não são bases militares, nem reservas indígenas, nem propriedade privada, mas são restritas ao cidadão comum”.
Ele diz que esse exemplo refere-se a áreas de reserva florestal. “Quando você fala em reservas indígenas, a restrição é pior. Porque, pelas regras, o não-índio não pode entrar em terras indígenas”.
Para o general, isso é gerado pelo “vazio de poder motivado pela ausência do Estado”. Segundo ele, a presença do Estado brasileiro na Amazônia ainda é muito fraca. “Naquela área enorme, as fronteiras são muito permeáveis, e o dispositivo militar que existe nas fronteiras é fraco - de vigilância, apenas”, afirma.
sexta-feira, junho 13, 2008
Aquecimento Global - Opinião de Aziz Nacib Ab´Sáber
Aquecimento Global - Opinião de Aziz Nacib Ab´Sáber
Entrevista concedida para a revista National Geographics, de setembro de 2007.Aziz Nacib Ab’Sáber
Opinião divergente
POR DANTE GRECCO FOTO DE BOB WOLFENSON
Desde que o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) divulgou seu terceiro relatório, em mato, as dtscussões sobre o aquec imento global pegam fogo. Alguns cientistas afirmaram que o painel da ONU foi cauteloso demais - futuro do planeta pode ser ainda mais sombrio. Outros discordam dessas conclusões e advogam contra o exagero e o alarmismo. Neste time joga o geógrafo brasileiro Aziz Nacib Ab’Sáber. “É claro que não nego o aquecimento global? Mas há muito desconhecimento sobre como suas consequências podem afetar o Brasil’; adverte ele. Formado em geografia pela USP em 1944, especialista em geomorfologia e considerado um dos mais importantes um ambientalistas do pais, o professor Azia conhece como poucos a paisagern natural do Brasil e sues relações caiu o clima. Às vésperas de completar 83 anos, tem cerca de 300 artigos publicados, escreveu oito livros, deu aulas emi várics universidades e, entre outros cargos na academxa, foi presidente executivo da Sociedade Brasileira parta o Progresso da Ciéncia (SBPC) entre 1994 e 1995. Mesmo aposentado, todas as noites comparece ao Instituto de Estudos Avançados da USP onde é professor honorário, e vibra como um pesquisador iniciante ao mostrar mapas e imagens do Nordeste feitas por satélite.
Por que o senhor afirma que o aquecimento global não destruirá a Amazônia nem a mata Atlântica?
Houve muito alarmismo nessa questão. Embora algumas afirmações tenham sido feitas por bons cientistas, muitas conclusões foram divulgadas de forma equivocada. Logo me irritou a afirmação de que a Amazônia desaparecerá e o cerrado tomara conta de tudo. Como há décadas estudo o problema das flutuações climáticas e o jogo do posicionamento parcial dos grandes domínios geográficos brasileiros, senti-me ofendido culturalmente. Não havia ciéncia na afirmação.
Sua teoria envolve uma mudança fundamental nas correntes marítimas, certo?
Em nosso litoral existe a chamada corrente tropical sul- brasileira. É uma corrente de águas quentes que desce desde o Nordeste oriental até o sudeste de Santa Catarina. Essa corrente tem um contrafluxo representado pela corrente das Malvinas, ou Falklands, que vem da Argentina, é composta de águias muito frias e segue quase até o Rio Grande do Sumi, Uma das consequencias do aquecimento global é que essa correntetropical sul-brasileira ficará mais larga, ocupará uma área mais afastada da costa e irá avançar mais para o sul do Brasil sobre a corrente fria. Portanto, essa corrente quente levará mais calor para as regiões localizadas entre a Argentina, o Uruguai e o Rio Grande do Sul, que hoje vivem um conflito entre águas frias e quentes. Com essa massa de água quente que chegará, a evaporação sera mais intensa. Podemos deduzir que vai haver maior penetração de umidade no continente.
O que isso significará?
Com maior umidade, choverá mais. Por isso, nesse caso o aquecimento global maior representara um aspecto negativo do ponto de vista da climatologia da fachada atlântica do Brasil. Portanto, não se pode dizer que a mata Atlântica será atingida por ele. Ao contrário. A tendência é que tanto a mata Atlántica como a Amazônia cresçam, e não que sejam reduzidas. Isso já aconteceu a antigamente, num período entre 6 mil e 5 mil anos atrás chamado de optimínum climático. Naquela época também houve um aquecimento do planeta, mas foi natural, e não causado pelo acúmulo dos gases na atmosfera, como hoje.
O que houve naquela época?
Entre 20 mil e 12 mil anos atrás, o planeta passou por um periodo de glaciação. Devido ao congelamento de águas marinhas nos polos Norte e Sul, o nivel dos oceanos era cerca de 90 metros mais baixo do que o registrado hoje. Depois disso, por volta de 11 mil anos atrás, houve um período de transição entre um clima frio e um mais ameno e ocorreu um ligeiro aquecimento da Terra. O frio intenso deu lugar a uni clima miais tropical, como ocorria antes da glaciação. Com isso, as grandes manchas floresta, que haviam ficado distantes umas das outras naquele clima frio e seco, cresceram e se emendaram. A esse processo, que aconteceui principalmente da costa brasileira, eu dei o nome de retropicalização.
E o que aconteceu depois?
O planeta cointinuou a esquentar, embora houvesse variações de temperatura para ciima ou para baixo. Com isso, boa parte do gelo que estava concentrado nas regiões polares se derreteu. O auge desse aquecimento se deu entre 5 mil e 6 mil atrás, no optimum climático.
O aquecimento foi tal que o nível dos oceanos se elevou cerca de 2,90 metros acima do registrado hoje. Em minha interpretação, quando o mar subiu em consequência daquele aquecimento do planeta, ele trouxe mais umidade para dentro do contiiuente. Houve nuais chuvas, o que favoreceu a continuidade das florestas. O optimum e uma fase da história climática do mundo que vários cientistas e o próprio IPCC não consideraram. Como naquele periódo nem a mata Atlântica nem a Amazónia desapareceram do mapa, não é certo dizer que até 2100 a Amazónia vai virar cerrado. O problema não é o que acontecerá daqui a 90 anos, e sim o que ocorre hoje.
Por quê?
A região amazônica tem 4 milhões dc quilometros quadra dos e. em menos de 25 anos, perdeu 500 mil quilômetros quadrados e florestas. Isso significa que uma área equivalente a duas vezes o estado de São Paulo já foi destruida. É muita coisa. Ou seja, hoje a Amazónia está tendo problemas de savanização devido á ação antrópica. Ocorrem desmatamentos ao longo das rodovias, dentro das selvas e junto das chamadas espinhelas de peixe, nome que os amazônidas dão aos imensos quarteirões ocupado por especuladores, os quais se mudaram de lá e venderam pedaços da mata a pessoas de muito longe que imaginaram ter urma fazendinha na região. Depois, essas pessoas liberaram as terras para os madeireiros, que arrasaram com tudo.
O senhor tem alguma outra divergência em relação ao que foi divulgado sobre o aquecimento global?
Sim. Uma coisa é o aquecimento global, outra é sua continuidade ou não ao longo dos anos. Os cientistas dizem que vai ser sempre assim. O planeta ficará cada vez mais quente. Com isso, o calor provocará mais derretimento de geleiras, o que aumentará ainda mais o nivel do mar. E assim sucessivamente. Esse raciocínio é muito simplista. Não temos como saber nos próximos anos como o mar vai subir. Portanto, também não temos como avaliar quanto ele irá se elevar daqui a 100 ou 200 anos. Nesse periodo os continentes podem até abaixar mais e as águas do mar, inundar zonas costeiras bem maiores. Ou o contrário. Eles podem subir, como ocorreu depois do Plioceno. E com isso o mar irá recuar drasticamente, eu fiz os cálculos para 10, 50 e 100 anos. E depois parei. Ainda há a questão das diferenças entre as marés baixa e alta. Na costa do Maranhão, por exemplo, essa diferença é de 8 metros. Tudo isso não foi considerado.
Mas não se pode negar que uma das piores conseqüências do aquecimento global será o aumento do nível das águas do mar.
A ascensão do nível das águas dos oceanos provocada pelo derretimento das geleiras polares e das glaciaress das altas montanhas vai criar graves problemas na Zona costeira do Brasil. São 8 mil quilômetros de litoral. A água deverá invadir diversas cidades litoráneas, como Santos, Rio de Janeiro e Recife entre outras, criando mini-Venezas. Será preciso fazer pontes e diques na frente das praias e nas margens dos rios. A água vai também tomar conta das barras dos rios e alagar planícies rasas e manguezais, com prejuízos ambientais e econômicos.
O que o senhor sugere, diante do problema atual?
Disso tudo eu tirei uma conclusão. Primeiro, é preciso reduzir a emissão de gases particulados na atmosfera para mitigar o efeito estufa. Que fique bem claro que eu não discuto o aquecimento global. Depois, devem-se acompanhar os fatos ao longo de um certo espaço de tempo para avaliar todas as variações. A seguir, é fundamental um bom planejamento para evitar maiores conseqüências sobre as regiões costeiras, que serão as áreas mais atingidas. O extremo sul do Brasil, por exemplo, vai ser pouco afetado, já que, com a suspensao das águas, deve acontecer o que ocorreu durante o optimum climático. A corrente maritima quente irá descer mais para o sul, levando maior umidade e, conseqüentemente, mais chuva para o interior do território.
Em junho, iniciaram-se as obras da transposição das aguas do rio São Francisco. em Cabrobó. em Pernambuco, O senhor crê que ela vai matar a sede da população do Nordeste seco?
Fala-se que essa obra beneficiará cerca de 12 milhões de pessoas. Não acredito. Ela vai beneficiar principalniente os pecuaristas. O mais triste é que os donos das fazendas nem moram lá, mas sim em capitais como Fortaleza e Recife. A região do São Francisco é muito complexa. No Nordeste chove muito no verão e pouco no Inverno, embora digam o contrário. É evidente que o Nordeste seco vai precisar de mais água quando o no São Francisco, que passa em grande parte pelo cerrado de Minas Gerais e da Bahia, estiver mais baixo. Será justamente nessa época que o rio precisará jogar mais água para os eixos norte e leste que serão construidos até ela cair no açude de Orós. Aí surge um problema. As águas do São Francisco são poluidas e vão se encontar com águas salínizadas do próprio açude. Ou seja, nessa época será preciso fazer uma transposição de águas maior do que a planejada.
Como assim?
Quem é a favor da transposição diz que o rio vai perder apenas 1,4% de suas águas após o término das obras. Mas é claro que no futuro essa porcentagem deve aumentar. Ou seja, serão transferidas mais águas do rio para os futuros eixos que vão ser construídos. Outro problema será manter as usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, ltaparica e Xingó funcionando. Então, a época em quee o rio receberá menos água vai ser a mesma em que ele deverá enviar águas para além da chapada do Araripe. Isso é uni contra-senso, pois, quando estivesse chovendo lá, não seria preciso enviar água para a mesma região.
Quais são os impactos ambientais que a transposição pode causar?
Talvez o principal seja a poluição das águas. Vários afluentes do São Francisco vêm de Belo Horizonte, uma das maiores cidades do Brasil, e passam pela região industrial sidero-metalúrgica. Um deles é o rio das Velhas, por exemplo. O São Francisco tem 2 170 quilómetros de extensão. Imagine a poluição que ele cartega nessa distáncia. Técnicos disseram que iam revitalizá-lo antes de fazer a transposição. Outro erro, pois não se pensou naqueles que têm só as margens do rio para plantar, como na zona semiárida das cidades de IIbotirama, Barra e Xique-Xique, na Bahia. Com a revitalizaçãoo, eles perderão esses espaços.
Qual á a sua opinião sobre a afirmação do presidente Lula, em maio, de que os usineiros de cana são “uns heróis”?
Heróis são os cortadores de cana, que levam uma vida quase de escravo, e não os donos da terra. Por que o presidente Bush veio a São Paulo e não foi a Brasília? Porque os Estados Unidos sabem que o interior de São Paulo sempre teve culturas agronômicas importantes, hoje controla as maiores plantações de cana-de-açúcar do Brasil e que o etanol de cana vem sendo usado nos carros como combustível. Eles não têm esse know-how. Na verdade, os Estados Unidos precisavam incentivar o Brasil a ampliar sua área canavieira para poder vender mais tarde. Quem vai controlar o preço depois? Eles, é claro.
O que pode acontecer em termos ambientais se o governo incentivar a produção de cana para depois produzir etanol?
É simples. Se o governo facilitar; a cana-de-açúcar será o mais novo produto a tentar se estabelecer na Amazônia. Sempre que se deseja ampliar as fronteiras agrícolas do pais se fala na Amazônia. E como se lá houvesse um solo polivalente. Se o preço do etanol subir; vão tentar fazer novas penetrações na floresta. Além da agropecuária, dos madeireiros, dos loteadores e dos plantadores de soja, a Amazônia também poderá ter daqui a algum tempo os cultivadores de cana. Será que ela resiste?
Uma resposta para “Aquecimento Global - Opinião de Aziz Nacib Ab´Sáber”
Mudança Climática?? Os extremos são recentes???? Quáquá!!!!!!!!!!!!!
Consenso mentiroso |
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Abril terminou com recordes de frio | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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A temperatura caiu a valores abaixo de zero pela segunda vez neste ano na madrugada desta quarta-feira (30) em amanhecer que a MetSul Meteorologia considera de frio histórico e atípico para esta época do ano. A menor temperatura até então registrada este ano no estado de 0,4ºC abaixo de zero na estação da MetSul em São José dos Ausentes, no dia 15 de abril, foi superada pela mínima desta quarta de 1,5ºC negativo na estação do Instituto Nacional de Meteorologia na mesma localidade e que se encontra em um ponto mais alto do município. Geou durante a madrugada em centenas de municípios em grande parte do território gaúcho. Apenas a Grande Porto Alegre e o litoral não registraram o fenômeno. Em diversas localidades gaúchas e catarinenses as mínimas de hoje ficaram próximas dos valores mais baixos registrados nas últimas três décadas nesta época do ano com recordes históricos de até meio século no Planalto Sul de Santa Catarina. No decorrer do dia estaremos publicando as fotos já recebidas de internautas da geada no Blog 24 Horas.
O amanhecer foi de frio generalizado no Rio Grande do Sul e de marcas congelantes em algumas cidades gaúchas e catarinenses. Na Grande Porto Alegre, as mínimas foram de 5,5ºC em Cachoeirinha; 6,7ºC em São Leopoldo na sede da MetSul Meteorologia, 6,8ºC em Campo Bom e 6ºC na Base Aérea de Canoas. Em Porto Alegre, os termômetros marcaram 6,9ºC no Aeroporto Salgado Filho; 8,5ºC no Moinhos de Vento; 7,8ºC na Chácara das Pedras; 10,4ºC na Praça da Alfândega (Centro); 8,5ºC no Mont'Serrat. Fez 7,0ºC na estação do Instituto Nacional de Meterologia no Jardim Botânico. Para se ter uma idéia do que representam estes 7,0ºC no Jardim Botânico em termos de frio sob um contexto histórico de abril, a mínima histórica do mês da série histórica 1960-1990 é 6,8ºC em 24 de abril de 1971. Já na primeira metade do século XX chegou a fazer 4,4ºC na capital gaúcha em abril de 1939, mas o ponto de medição era distinto. A mínima de hoje em Porto Alegre foi a menor em abril desde 1991.
No interior, especialmente na Serra, o frio foi equivalente a de uma manhã gelada de julho. São José dos Ausentes registrou sua segunda mínima negativa do ano com 1,5ºC abaixo de zero na estação do Instituto Nacional de Meteorologia (localizada sobre um morro) e 1,2ºC abaixo de zero na estação da MetSul Meteorologia que se encontra dentro da cidade. No último dia 15 de abril, a estação da MetSul havia registrado 0,4ºC negativo. Em outros pontos da área serrana fez 1,3ºC em Lagoa Vermelha; 0,2ºC abaixo de zero em Vacaria; 1,6ºC no centro de Farroupilha; 0,2ºC negativo no Vale da Vicentina entre Farroupilha e Bento Gonçalves; e 1,0ºC em Canela. Por todo o interior foram observadas mínimas entre 1ºC e 4ºC com destaque para o frio no noroeste gaúcho que rivalizou com a Serra a ponto de algumas estações meteorológicas automáticas particulares (PWSs) terem registrado marcas negativas. Santa Rosa teve 1,6ºC e Santo Augusto 2,3ºC. Na fronteira, a temperatura ficou próxima de zero em alguns pontos como em Quaraí, onde a mínima chegou a 1,4ºC.
A mínima mais importante, contudo, deu-se em São Joaquim, onde foi registrada a menor temperatura em abril na estação do Instituto Nacional de Meteorologia desde o início das observações em 1955. Os 2,2ºC abaixo de zero observados hoje igualaram o recorde anterior para o mês de 2,2ºC negativos de 24 de abril de 1971. Em 1968, os termômetros marcaram 2,1ºC negativos. Em outros pontos do município catarinense as mínimas da madrugada foram de 3,1ºC na Vila Francioni e 3,5ºC negativos no distrito do Cruzeiro (1.507 metros). A temperatura caiu abaixo de zero em praticamente todo o Planalto Sul Catarinense com marcas próximas de zero em outros pontos elevados do estado. Veja as mínimas de hoje em algumas cidades gaúchas e catarinenses em estações particulares, do INMET, Aeronáutica, Cpmet e MetSul Meteorologia.
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Alexandre Amaral de Aguiar - 30/04/2008 19:06:29 |
O resfriamento global em gráficos |
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A Universidade do Alabama Huntsville (UAH) divulgou os seus dados de medição de temperatura global para fevereiro mediante o sistema de Microwave Sounder Unit (MSU). A anomalia de temperatura planetária que em janeiro foi negativa (-0,046°C) se elevou para 0,016°C. A mudança, portanto, foi mínima com um aquecimento de tão-somente 0,05°C. Notável é a diferença em relação há um ano atrás. Em janeiro de 2007, a anomalia de temperatura global calculada pela UAH era de 0,594ºC enquanto em janeiro deste ano foi de -0,046ºC, uma queda de 0,588ºC em doze meses. Em fevereiro, a temperatura média do hemisfério sul apurada pela Universidade do Alabama apresentou uma anomalia negativa de -0,21ºC. Foi a maior anomalia negativa no hemisfério meridional desde maio de 2006, mas se considerados apenas os meses de fevereiro desde 1993 a metade sul do planeta não tinha um fevereiro com temperatura tão baixa. Janeiro, em escala global, tinha sido o mais frio desde 2000. |
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Eugenio Hackbart - 07/03/2008 03:00:39 |
Cobertura de neve no Hemisfério Norte em 2008 é a maior em décadas | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Existe uma série de indicadores que janeiro de 2008 foi um mês excepcional de inverno não apenas na América do Norte assim como no Hemisfério Norte. As agências de notícias deram conta de eventos atípicos na Arábia Saudita, Iraque e China, onde recordes de frio e neve não eram observados entre 30 e 100 anos. O sensoriamento remoto tanto da RSS como da Universidade do Alabama Huntsville (UAH) indicam anomalias significativas de temperatura global. Então vem o anúncio do NOAA de que janeiro de 2008 teve temperatura abaixo da média do século XX nos Estados Unidos. E a cobertura de gelo no Ártico que se recuperou rapidamente.
Acrescente a isso as imagens e informações do NOAA (acima) e da Rutgers University de grandes anomalias na cobertura de neve no Hemisfério Norte em janeiro de 2008. Segundo o Rutgers Global Snow Lab, foi registrada a maior anomalia de cobertura de neve no Hemisfério Norte em janeiro desde o início das observações em 1966, situando-se pouco acima do recorde anterior de janeiro de 1984. Mais. É a segunda maior cobertura de neve em qualquer mês do ano de toda a série histórica de observações, perdendo apenas para fevereiro de 1978. Veja o ranking dos meses com maior cobertura de neve (em milhões de quilômetros quadrados) no Hemisfério Norte.
Finalmente, há ainda o intenso La Niña que seria o causador de tudo isso e que pode sinalizar uma mudança definitiva de fase no Pacífico. Com informações de Anthony Whatts | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Alexandre Amaral de Aguiar - 09/02/2008 16:34:58 |
Resfriamento Global |
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Cordialmente,
Profº Jeferson Pitol Righetto
http://profjefersongeo.blogspot.com/