domingo, abril 23, 2006

ONG faz mapeamento de florestas intactas da Terra


REINALDO JOSÉ LOPES
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Curitiba

Alexey Uaroshenkov, da campanha de florestas e mapeamento do Greenpeace na Rússia, desdobra um enorme mapa-múndi e aponta uma minúscula manchinha verde no interior da Romênia, no alto dos Cárpatos. "É a única floresta intacta que sobrou em toda a Europa Ocidental e Central", afirma o pesquisador.

O dado europeu é de cair o queixo, mas nem chega perto da escala da destruição apontada pelo par de relatórios da ONG ambientalista que foram lançados ontem na COP-8. Com o título comum de "Roadmap to Recovery" ("Mapa para a Recuperação"), os trabalhos detalham respectivamente as últimas grandes áreas de floresta virgem no planeta e as regiões em alto-mar que precisam ser protegidas a todo custo caso a humanidade não queira perder a biodiversidade que ainda têm.

O alemão Christoph Thies, coordenador da campanha de florestas do Greenpeace, usou uma metáfora futebolística para expor a situação: "Terminamos o primeiro tempo perdendo de três a zero --o que não quer dizer que ainda não possamos virar o jogo."

O mapeamento, usando imagens de satélite obtidas em 2001 e 2002, sugere que, entre 142 países que possuem florestas, 82 já acabaram com todas as áreas intactas. "As florestas que eles ainda têm são secundárias [ou seja, formadas após uma derrubada] ou fragmentadas", diz Uaroshenkov. Segundo o estudo, menos de 10% da superfície terrestre hoje é coberta por florestas intactas.

A Amazônia brasileira, embora pareça uniformemente verde, apresenta um quadro um pouco mais complexo, diz o pesquisador. "Existem muitas áreas cinzas aí no meio; o problema é a resolução que usamos. Se fôssemos imprimir o mapa na escala que utilizamos realmente, ele teria 40 m."

A situação na terra pode ser periclitante, mas não se compara ao saque generalizado que tem assolado a biodiversidade no mar. Callum Roberts, da Universidade de York (Reino Unido), apresentou o que seria uma rede de reservas além das águas continentais, capaz de proteger esses recursos.

São 25 áreas espalhadas por todos os oceanos e pelo Mediterrâneo, definidas de acordo com os locais marinhos onde há grandes concentrações de espécies. "A pesca indiscriminada nesses locais praticamente acabou com as populações dos grandes peixes carnívoros. Os países têm de parar de fazer o que querem com essas áreas, até para garantir que os recursos pesqueiros não sumam."

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre destruição de florestas



  • Tiradentes

    América Latina cresceu menos do que África


    Favela no Rio de Janeiro
    Instabilidade econômica e grande desigualdade dificultaram redução da pobreza na América Latina
    A América Latina cresceu menos do que a África nos últimos dez anos, de acordo com o relatório dos Indicadores de Desenvolvimento Mundial, divulgado neste sábado pelo Banco Mundial.

    Entre 1995 e 2004, a África Subsaariana teve um crescimento econômico de 3,4% ao ano, enquanto a produção per capita aumentou 0,9%. No mesmo período, a América Latina e o Caribe tiveram uma taxa de crescimento total de 2,1% ao ano e per capita de apenas 0,6%.

    A economia brasileira cresceu ainda menos, 2% ao ano neste período. De acordo com o relatório, a situação melhorou a partir do ano passado, e as grandes economias da região – Brasil, México e Argentina – já estão em fase de recuperação.

    Em 2004, o último ano em que os dados estão disponíveis, a África cresceu 4,8%, acima da economia global, com expansão de 4,1%.

    Exportações

    Para François Bourguignon, economista-chefe e vice-presidente para economias em desenvolvimento do Banco Mundial, dois motivos ajudam a explicar o baixo crescimento da América Latina.

    “Um deles é que a região não é tão voltada para exportações industriais quanto os países emergentes asiáticos. O outro é que as exportações agrícolas em países como Brasil, Argentina e Uruguai não puderam aproveitar o mercado externo por causa do bloqueio nas negociações da OMC”, afirmou.

    A extrema desigualdade na maioria dos países da região é outro problema, na avaliação dele. “Isso pode ser uma desvantagem”, afirmou.

    O economista citou o programa Bolsa-Família como um exemplo de que é possível reduzir a pobreza mesmo sem crescimento elevado. “O Brasil teve uma grande redução da pobreza nos últimos anos”, afirmou.

    África

    Ao mesmo tempo em que as economias da América Latina e Caribe patinaram neste período, os países africanos avançaram mais do que em outras décadas. De acordo com os Indicadores de Desenvolvimento Mundial, 20 dos 48 países do continente cresceram mais de 5% em 2004.

    A elevação do preço do petróleo ajudou a economia de países exportadores do produto, como Angola, Chade, Nigéria e Sudão. Mas outros 15 países não produtores de petróleo tiveram um crescimento médio de 5,3% ao ano entre 1995 e 2004.

    Apesar da recuperação, os índices de pobreza na África ainda são muito mais altos do que os de outras regiões.

    O economista-chefe para a África Subsaariana do Banco Mundial, John Page, diz que o progresso entre os países da região foi desigual. “Alguns países africanos se saíram muito bem, ao passo que outros estão ficando para trás”, afirmou.

    A América Latina e o Caribe avançaram em vários dos indicadores sociais das metas milênio, como universalidade do ensino, aumento da proporção de meninas na escola e redução da mortalidade infantil, mas de acordo com o Banco Mundial a volatilidade no desempenho econômico da região os altos níveis de desigualdade em muitos países impediam uma redução substancial nos índices de pobreza.

    segunda-feira, abril 17, 2006

    Acerte os ponteiros - Isto É


    Perfeição: eis o coração do novo
    relógio, movido a átomos de
    mercúrio e estrôncio










    O relógio mais preciso do mundo Especialistas constroem relógio que será referência do planeta. Em 32 bilhões de anos, só atrasa um segundo


    Por Luciana Sgarbi

    Está sendo montado no Observatório de Paris o relógio mais preciso do mundo. A um custo de 500 mil euros e a perseverança de seis anos de trabalho, ele será a referência para o acerto de todos os ponteiros – desde o Big Ben, que crava a austera pontualidade britânica, até um mero relógio de pulso. É por ele também que se balizarão a internet e as empresas de telefonia de todo o planeta. O coração desse novo equipamento baterá movido por átomos de estrôncio e mercúrio que geram energia ao serem bombardeados por feixes de laser. Esses raios fazem as partículas atômicas vibrarem ao máximo e essas oscilações são “entendidas” pelos computadores dessa máquina como unidades de tempo – algo similar, em perfeição e complexidade, ao corpo humano, no qual coração e cérebro “trabalham” sincronizados para que nos mantenhamos vivos.

    Nos relógios tradicionais movidos a césio, que já servem de referência mundial, um segundo é feito de 9.192.631.770 vibrações. O único inconveniente é que, nesse caso, os aparelhos atrasam um segundo a cada 52 milhões de anos. Isso já é um atraso insignificante e praticamente imperceptível. Pois, agora, pasmem: os ponteiros do novo relógio que os especialistas do Observatório de Paris estão construindo só precisarão de ajuste a cada 32 bilhões de anos. Já nos relógios bem mais simples, que são movidos a bateria e freqüentam o nosso dia-a-dia, a qualidade da energia que os mantém operando é instável devido à sua sensibilidade a interferências externas. Esses modelos atrasam um segundo por dia, mas esses atrasos, que parecem bobagem de tão ínfimos, acabam sendo graves quando acumulados ao longo de anos. Dá para imaginar o caos que se formaria nos mais diversos setores do nosso cotidiano se a marcação internacional do tempo fosse feita através deles – basta pensar em horários de vôos e em acidentes aéreos. Agora, com os olhos voltados para o novo relógio francês, dá também para pensar na maravilha de se estar atrasado apenas um segundo em um trilhão, cento e cinqüenta e dois bilhões de dias. Pelo menos tecnologicamente, o homem terá domado o tempo.




    O BIG BEN VAI MAL Símbolo da impecável pontualidade britânica, o Big Ben marca o horário oficial do meridiano de Greenwich – a linha imaginária longitudinal que corta a Terra em duas metades, passando por Londres. O meridiano é o marco-zero para quem calcula os fusos horários e, sem ele, não daria para se saber as diferenças de horários entre cidades como São Paulo e Tóquio, que ficam em regiões opostas do planeta. Mas há um problema: o Big Ben não consegue manter as suas batidas. Para evitar atrasos, os funcionários são escalados para acertar as horas três vezes por semana. Construído há 147 anos, o Big Ben tem 98 metros de altura, ponteiros de cerca de 2 metros e um sino de 13 toneladas.

    sexta-feira, abril 14, 2006

    Estudo afirma que juro alto não permite aumento do investimento e da produtividade


    Iedi: “A retração econômica foi produzida notadamente pelo BC”

    “Por trás desse desempenho pouco alentador está a política monetária balizada pelo sistema de metas inflacionárias”

    Em estudo intitulado “Não Temer o Crescimento”, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Econômico e Social (Iedi) mostra que “existem condições concretas e objetivas para o Brasil sustentar um rápido crescimento econômico nos próximos anos”, desde que a política de juros altos do Banco Central seja revista. “O crescimento de 2,3% do PIB brasileiro em 2005 foi modesto, considerando-se tanto o dinamismo da economia mundial, principalmente dos países emergentes, quanto os intentos de desenvolvimento nacional. Por trás desse desempenho pouco alentador está a política monetária balizada pelo sistema de metas inflacionárias. O principal instrumento para conter a inflação desse sistema no Brasil tem sido a taxa de juros”.

    Conforme a análise do Iedi, “a redução da inflação é obviamente uma meta válida e necessária para a estabilidade macroeconômica. Contudo, metas de inflação devem ser perseguidas de modo responsável para não inviabilizar o próprio crescimento sustentável da economia”. “A principal diferença entre a desaceleração atual e as anteriores é que, desta vez, a queda no nível de atividade econômica não resultou de um fator exógeno, como um racionamento de energia, uma crise externa ou um ataque especulativo à moeda brasileira. Desta vez a retração do nível de atividade foi produzida pelo governo, notadamente pelo Banco Central, para fazer a inflação convergir para um valor próximo da meta ajustada de 5,1% estabelecida para 2005”.

    JUROS ALTOS

    O Iedi contestou o argumento de que “diante da forte aceleração do crescimento do PIB em 2004, o Banco Central teria sido obrigado a elevar a taxa básica de juros para evitar que o superaquecimento da economia gerasse pressões inflacionárias de demanda e, portanto, inviabilizasse a convergência da inflação para as metas estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional”. Diante de tal argumento, o Iedi questionou: “Como saber se a economia está aquecida? A resposta reside na diferença entre o seu produto potencial – aquele que um país atinge quando seus fatores de produção (trabalho, capital, etc.) estão plenamente empregados – e o produto registrado de fato. Todavia, a partir dessa resposta, emerge outra questão: a de como estimar o produto potencial, pois só assim será possível ver o quão forte está a pressão sobre os preços exercida pela demanda interna. O fato é que, por maior que seja a sofisticação matemática do método adotado para estimar o produto potencial, todas as metodologias, inclusive a adotada pelo Banco Central, tendem a extrapolar o passado recente para o futuro”.

    Continuando a análise, diz o Iedi que “assim, estimativas de produto potencial ou de hiato do produto devem ser utilizadas com cuidado e pragmatismo na condução da política monetária. No caso do Brasil, isto significa projeções muito conservadoras e possivelmente auto-realizáveis sobre a capacidade de crescimento da economia. Se o passado recente foi de lento crescimento, projeta-se um crescimento lento para o produto potencial e, à medida que a política monetária se guie por tal estimativa, ela pode acabar produzindo um baixo crescimento projetado inicialmente. Ou seja, o Banco Central pode acabar ‘produzindo’ um hiato de produto que justifica sua política monetária”.

    Outro ponto considerado “relevante” pelo Iedi “concerne à constatação de que a taxa de inflação não depende exclusivamente de fatores de demanda, depende também de fatores de oferta. Como choques de oferta podem alterar a inflação independentemente do nível de atividade da economia, estimativas de produto potencial não são um bom indicador para o comportamento da inflação. Por fim, cumpre asseverar que o crescimento de hoje determina o investimento e a produtividade de amanhã, fazendo com que as taxas de crescimento efetivo e potencial não são um bom indicador para o comportamento da inflação”.

    DESEMPREGO

    No estudo, o Iedi apontou as condições “concretas e objetivas” para levar o país ao crescimento sustentado: “Em primeiro lugar, a taxa de desemprego ainda é elevada no país, situação que permite um rápido crescimento do emprego sem gerar pressões inflacionárias excessivas via aumento do salário real médio da economia. Segundo, como grande parte da força de trabalho brasileira está empregada em setores de baixa produtividade do trabalho, a aceleração do crescimento levará a um aumento da taxa de crescimento da produtividade pela simples transferência de trabalhadores dos setores ‘atrasados’ para os setores ‘modernos’. Terceiro, pelo lado do capital, a taxa de investimento do Brasil normalmente responde rapidamente a uma aceleração do crescimento. Logo, dada uma expansão rápida do PIB por dois anos consecutivos, é plausível esperar um grande aumento da taxa de investimento, o que por sua vez aumentará o estoque de capital e a capacidade produtiva da economia. Ademais, com o aumento do investimento em novas máquinas, equipamentos e estruturas também vem associado a novas tecnologias, a própria aceleração do crescimento e do investimento traz consigo um aumento estrutural da produtividade e da eficiência da economia”.

    Segundo o Instituto, “as atuais condições internas e externas favorecem o rápido crescimento da economia brasileira por um longo período. Para que esta oportunidade seja aproveitada é preciso, antes de tudo, não temer o crescimento econômico”. E isso “não significa relaxar o controle da inflação, mas simplesmente trabalhar com um horizonte de tempo maior. Matar prematuramente uma expansão por medo da inflação pode até inviabilizar a própria política de metas de inflação, pois se a política monetária não permite um aumento do investimento e da produtividade, o produto potencial não cresce e qualquer pequena expansão da economia sempre parecerá inflacionária”.

    LUIZ ROCHA

    Lei de Bush contra imigrantes compromete colheita nos Estados Unidos


    “A agricultura norte-americana e todas as indústrias com ela relacionadas não podem esperar mais. Estamos numa situação desesperadora. O momento de atuar é agora. Não sei o quê o governo e os parlamentares estão pensando”, afirmou Tom Nassif, presidente da Associação de Agroindustriais do Oeste dos Estados Unidos, em entrevista com rádios e televisões de San Diego.

    Nassif assinalou que uma altíssima percentagem da colheita deste ano de vegetais nos Estados Unidos está em risco, pela falta dos trabalhadores imigrantes.

    Os EUA viveram nas últimas semanas manifestações de milhões de pessoas no país inteiro contra a política fascista de Bush contra os imigrantes, que os confunde com terroristas e os vitima com penas e perseguição.

    A rica agricultura da Califórnia enfrenta a escassez de trabalhadores pelas operações policiais de repressão na fronteira, prisões em massa nas áreas agrícolas e ofertas de trabalho de outras indústrias que representam menos risco para os trabalhadores com documentação ilegal.

    Com a mensagem de “Basta!” a essas leis racistas, às humilhações, abusos e atropelos, mais de 120 cidades foram palco de um novo movimento social no país.

    Bush apóia Rumsfeld ante crescente descontentamento de militares americanos



    WASHINGTON, 14 abr (AFP) - O descontentamento em relação ao secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, cresce entre os militares dos Estados Unidos, que criticam a sua arrogância e aumentam os pedidos para que renuncie ao posto por considerá-lo responsável pelos erros cometidos no Iraque, mas o presidente George W. Bush apressou-se em enfatizar seu apoio incondicional ao chefe do Pentágono.

    "Rumsfeld deve pedir demissão", afirmou Paul Eaton, um general da reserva encarregado da formação do Exército iraquiano entre 2003 e 2004. Eaton foi o primeiro a se manifestar, por meio de uma coluna publicada pelo jornal New York Times em março, por ocasião do aniversário de três anos da invasão do Iraque.

    Eaton acusou o chefe do Pentágono de ser incompetente nos planos estratégico, operacional e tático e de ser mais do que qualquer outro responsável pelas dificuldades enfrentadas pelos americanos no Iraque.

    Outros quatro generais da reserva, que estiveram destacados no Iraque ou ocuparam posições importantes dentro da hierarquia militar, seguiram o exemplo e pediram a demissão de Rumsfeld.

    "Uma série de erros desastrosos foram cometidos" no Iraque, ressaltou o general da reserva Anthony Zinni, um ex-comandante das forças americanas no Golfo entre 1997 e 2000, segundo a rede NBC.

    O general Greg Newbold, ex-diretor de operações no Estado Maior das Forças Armadas, pediu aos militares que expressem publicamente suas queixas.

    Os críticos de Rumsfeld fazem referência principalmente à sua arrogância e à sua recusa em aceitar opiniões contrárias. "Rumsfeld deixou o Pentágono nas mãos de seu ego", denunciou Eaton.

    "Precisamos de um líder que entenda o trabalho de equipe, um líder que saiba construir equipes, um líder que o faça sem intimidação", afirmou o general John Batiste, ex-comandante da Primeira Divisão de Infantaria do Exército americano no Iraque.

    Segundo o jornal Washington Post, a reação de Batiste é ainda mais significativa porque ele rejeitou uma promoção por aceitar ficar sob as ordens de Rumsfeld.

    Batiste assegurou que o movimento crescente de descontentamento em relação ao chefe do Pentágono não tem uma coordenação. Em resposta às perguntas de vários canais de tv americanos sobre a espontaneidade dos pedidos para que Rumsfeld renuncie a seu cargo, o general reformado John Batiste afirmou que não falou com outros generais sobre sua iniciativa, que não tem objetivos políticos.

    O especialista em assuntos de Defesa Loren Thompson, do Instituto Lexington, considera que as declarações dos generais da reserva são apenas a "ponta do iceberg", pois o sentimento anti-Rumsfeld é muito maior dentro do Exército devido à sua forma de liderar.

    Rumsfeld já teve que enfrentar vários pedidos para que se demitisse, particularmente provenientes da oposição democrata. Ele colocou o cargo à disposição do presidente George W. Bush quando explodiu o escândalo das torturas na prisão iraquiana de Abu Ghraib, em 2004, mas Bush se recusou a aceitar sua saída.

    Diante do aumento das críticas, o homem forte das Forças Armadas dos Estados Unidos, o general Peter Pace, chefe do Estado-Maior, saiu na terça-feira em defesa de seu superior e assegurou que os militares que criticam Rumsfeld não foram obrigados a se calar.

    "Este país conta com o serviço excepcional do homem que está à minha esquerda", ressaltou Pace em uma entrevista de imprensa ao lado de Rumsfeld.

    O general da reserva Michael DeLong também se manifestou a favor do chefe do Pentágono, ao descrevê-lo como o diretor de uma empresa privada que se mostra eficiente.

    Bush, por sua vez, rejeitou os pedidos para substituir o secretário de Defesa, assinalando que este tem "seu forte apoio".

    "Ele tem meu apoio total e meu mais profundo respeito", afirmou Bush em um comunicado difundido depois de conversar com Rumsfeld sobre as operações militares na "guerra contra o terrorismo" conduzida pelos Estados Unidos.

    "Reiterei meu forte apoio à sua liderança durante estes tempos históricos para nossa nação", assinala o comunicado.

    Bush disse que o departamento de Defesa tem "muitas missões difíceis no Afeganistão, Iraque e em outras zonas".

    "Ao assumir a presidência, pedi ao Don que transformasse o maior departamento do governo. Esse tipo de mudança é difícil, mas nossa nação deve ter forças armadas totalmente preparadas para enfrentar as perigosas ameaças do século XXI".

    "Don e nossos comandantes militares também receberam a tarefa de combater o inimigo no exterior e em múltiplas frentes", acrescentou.

    Numa primeira reação ao pedido dos militares, Rumsfeld, em entrevista à tv Al-Arabiya em Dubai, descartou os pedidos de renúncia.

    "Tenho a intenção de servir ao presidente Bush", afirmou Rumsfeld. "É óbvio que, se entre almirantes e generais, toda vez que dois ou três estão em desacordo mudarmos o secretário da Defesa, seria como um carrossel".

    BBCBrasil.com | Reporter BBC | 'Le Monde' defende Lula como modelo para América Latina

    'Le Monde' defende Lula como modelo para América Latina
    Jornais

    O jornal francês Le Monde defende em editorial o modelo de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em oposição ao do venezuelano Hugo Chávez, como exemplo a ser seguido por outros líderes de esquerda que estão asumindo o poder na América Latina.

    "Entre Hugo Chávez e Lula da Silva, duas esquerdas se opõem. Uma propõe um discurso radical com acentos populistas e avanço de soluções nacionalistas. A outra, centrista, propõe uma política orçamentária ortodoxa a fim de atrair capitais e busca inserir a economia na globalização", afirma o Le Monde.

    Para o diário francês, é forte e legítima a "tentação" de gastar os recursos obtidos com a recente melhora da situação econômica da região "distribuindo rapidamente subvenções aos mais necessitados".

    "É necessário esperar, no entanto, que para além dessas necessidades imediatas, os governos de esquerda saberão se preservar do eleitoralismo para conduzir políticas de longo prazo."

    O jornal vê uma guinada à esquerda na região, movimento que atribui às "profundas desigualdades que caracterizam a América Latina" - divididas, na descrição do Le Monde, entre burguesias "norte-americanizadas" e classes pobres, principalmente rurais, que acumulam miséria, desemprego e analfabetismo.

    O Le Monde calcula que, das 17 eleições que terão ocorrido na região entre dezembro de 2005 e dezembro de 2006, 80% delas terão sido ganhas por forças de esquerda.

    "A solução brasileira de jogar o jogo da inserção na globalização impõe constrangimentos que limitam o crescimento e as margens de manobra. Mas o investimento na educação e na infra-estrutura e a abertura aos capitais preparam o futuro", conclui o Le Monde.

    Argentina

    Na Argentina, o jornal Clarín destaca em uma das suas manchetes econômicas: "A cerveja Quilmes já passou totalmente a mãos brasileiras".

    Segundo o diário, a notícia de que a Ambev aumentou a sua participação acionária na cervejaria argentina de 56,7% para 91,18% "sacudiu os empresários locais".

    O Clarín também observa que até o ano passado a família que era proprietária da Quilmes indicava que queria permanecer no controle da empresa e que a mudança de posição se deu, segundo observadores entrevistados pelo jornal, porque o preço (US$ 1,2 bilhão) "supera todas as expectativas".

    O jornal chama atenção para o papel do Brasil como investidor na Argentina. "Já antes desta compra, o Brasil era o principal investidor no país. Desde a desvalorização, foi somando uma pérola atrás da outra: Pecom, Loma Negra e Swift, desmentindo assim a falta de interesse internacional."

    Petrobras

    O jornal boliviano La Razón destaca a declaração do ministro da área de energia Andrés Soliz de que a revisão dos contratos das empresas petrolíferas no país será feita "caso por caso".

    A Bolívia está na expectativa de um decreto do presidente Evo Morales que ditará as regras do processo de nacionalização dos recursos naturais do país.

    "Ao Poder Executivo, complicou-se o processo de trocas de contratos com as petrolíferas nas últimas semanas", diz o La Razón.

    "Por um lado, a Petrobras - companhia que para o governo era uma de suas principais aliadas - pediu para continuar administrando as suas reservas de gás na Bolívia, justamente um dos pontos-chave no plano de nacionalização do presidente Evo Morales", continua o jornal.

    EUA

    O articulista do jornal Washington Post David Ignatius defende a renúncia do secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, apoiando um pedido de generais da reserva nesse sentido.

    "Rumsfeld perdeu o apoio dos oficiais militares uniformizados que trabalham para ele. Não se engane. Os generais da reserva que estão falando em público contra Rumsfeld em entrevistas e artigos expressam a visão de centenas de outros militares", escreve Ignatius.

    O articulista cita a estimativa de um militar com "extensa experiência de combate no Iraque" de que o grau de insatisfação com Rumsfeld no Exército chega a 75% e diz que, de fato, "suspeita" que a estimativa seja baixa.

    Mas Ignatius argumenta que militares freqüentemente desaprovam os civis que os comandam e que, portanto, não é por isso que ele deve deixar o governo.

    "Rumsfeld deve renunciar porque o governo Bush está perdendo a guerra na frente doméstica", diz o articulista.

    "Boa parte do público americano simplesmente parou de acreditar nos argumentos do governo sobre o Iraque, e Rumsfeld é um símbolo desse déficit de credibilidade. Ele é uma força gasta, reduzido a disputar com a secretária de Estado se 'erros táticos' foram cometidos na guerra."

    segunda-feira, abril 10, 2006

    Um furacão ameaça Nova York

    A Big Apple poderá ser varrida por
    furacões tão fortes como o Katrina.
    Eles estão mais poderosos porque
    os mares estão mais quentes
    Por Julio Wiziack

    Os nova-iorquinos estão em alerta. Motivo: o pânico de que novos furacões varram os EUA. O meteorologista Christopher Landsea, diretor do Hurricane Research Division (um dos órgãos responsáveis pelo rastreamento de catástrofes naturais no país), anunciou que 16 tempestades estão se formando no Caribe e que, entre junho e novembro, pelo menos cinco devem atingir a costa leste americana. Segundo ele, são grandes as chances de uma delas desabar sobre Nova York. Outra voz também se fez ouvir nos últimos dias: foi a de Joe Bastardi, especialista em previsões climáticas, anunciando que a Big Apple poderá enfrentar um furacão tão devastador como o Katrina, que em agosto de 2005 destruiu a cidade de Nova Orleans. Se isso acontecer, a ficção poderá se tornar uma trágica realidade. No filme Um dia depois de amanhã, o diretor Roland Emmerich mostra como o aquecimento global pode gerar catástrofes e varrer cidades do mapa. Filme é filme, mas o fato é que Nova York está entre os três locais que mais seriam fustigados com um tormento de grande magnitude. Prova disso é o estudo feito por engenheiros do Exército americano a indicar que um furacão de grau cinco (o máximo na escala de destruição) pegaria a cidade de surpresa, assim como ocorreu em 1938. Por serem muito altas, pontes como as de Verrazano Narrows e George Washington cederiam com os ventos antes que eles pudessem ser percebidos no solo. Sem rotas de fuga, os barcos levariam um dia inteiro para retirar as pessoas ilhadas.

    O pior da tragédia viria pelo rio Hudson. Para ter uma idéia do estrago, um furacão de nível quatro deixaria a pista do Aeroporto Internacional John Kennedy coberta com seis metros de água. Ficariam completamente inundados os túneis de Holland e do Brooklin-Battery, além das estações do metrô de Long Island até a parte baixa de Manhattan. Estima-se que os prejuízos passariam de US$ 20 bilhões. Há especialistas em clima que duvidam dessas previsões, alegando que os furacões do Caribe sempre perdem a sua força ao se dirigir para o norte, onde está Nova York. Isso porque naquela região as águas são frias e os furacões, para ficarem poderosos, necessitam de temperaturas oceânicas acima de 24º Celsius. O problema é que, nos últimos 35 anos, o aquecimento da atmosfera provocou um aumento da temperatura dos mares da região. Segundo David Easterling, do Centro Nacional de Dados Climáticos dos EUA, isso é mais que suficiente para o surgimento de um novo Katrina. “Há grandes e evidentes chances de furacões destruírem Nova York. E a cada dia os riscos são maiores”, diz ele.


    ISTOÉ Online

    A outra face da América

    A questão dos imigrantes divide os
    EUA, mas sem eles a economia do
    país entraria em pane.

    Colaborou Osmar Freitas Jr. – Nova York

    Todos concordam nos EUA que o país enfrenta graves problemas com o crescente fluxo de estrangeiros clandestinos em seu território – cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais, dos quais dois milhões são brasileiros, numa população total de 298 milhões
    de pessoas. Todos concordam, também, que alguma coisa tem de ser feita.
    Mas fazer o quê? É nesse ponto que as opiniões se dividem. O Congresso está rachado entre as propostas da Câmara dos Representantes e do Senado. Os deputados conservadores aprovaram um projeto draconiano que prevê desde a construção de um muro duplo de quase 400 quilômetros separando os EUA do vizinho México até a criminalização da ajuda humanitária a residentes ilegais. A lista de medidas restritivas e punitivas veta o direito à educação e ao atendimento médico para quem não tiver documentos legítimos e prevê, sem possibilidade de apelação, um ano de cadeia para o imigrante antes de sua deportação. “Essa legislação puniria o bom samaritano da Bíblia e talvez até Jesus Cristo”, disse a senadora democrata Hillary Clinton.

    O Senado contra-atacou e aprovou o chamado programa para “trabalhadores-convidados”, patrocinado pelos senadores John McCain (republicano) e Ted Kennedy (democrata). Prevê que sejam dadas condições para os imigrantes ilegais conseguirem residência permanente, sendo que, em troca disso, pagariam multa de US$ 2 mil e demais impostos correspondentes aos anos que estiveram na clandestinidade. Deles, também seria exigido bom atestado de antecedentes e fluência no idioma inglês. Preenchidos todos os critérios, o imigrante poderia se tornar um cidadão americano com todos os direitos – menos o de se candidatar à Presidência dos EUA. O presidente George W. Bush disse que concorda com “o espírito da lei”, só que, na prática, a sua concordância é mais aparente que real: ele se opõe ao ponto crucial da questão, que é o do direito à cidadania.

    A Câmara dos Representantes, dominada pelo Partido Republicano, deixou-se levar pelo radicalismo xenófobo da extrema direita, que vê com horror o tecido social americano mudar de cor e ficar cada vez mais marrom. Milhões de americanos saíram às ruas em diversas cidades protestando contra esse projeto. Já o Senado foi influenciado, principalmente, pelos lobistas da agroindústria, do setor hoteleiro e das múltiplas áreas que dependem da mão-de-obra dos trabalhadores ilegais: a cada grupo de cinco trabalhadores de baixa renda, um é imigrante, e isso mostra que a economia sofreria uma pane se as leis de imigração fossem tomadas ao pé da letra. É sobretudo por esse motivo que 73% dos americanos desaprovam a política de tolerância zero contra os imigrantes e querem que eles tenham a chance de cidadania no país.

    http://www.terra.com.br/istoe/

    segunda-feira, abril 03, 2006

    Pelo menos 27 mortos em tornados nos Estados Unidos

    03/04/2006 21h49

    WASHINGTON, 3 abr (AFP) - Pelo menos 27 pessoas morreram em tornados que abalaram domingo o estado de Tennessee (sul) e outros quatro estados americanos, informaram os serviços de emergência.

    Muitas pessoas ainda estariam bloqueadas em suas casas nesta segunda-feira, segundo as autoridades.

    Tennessee foi o estado mais duramente atingido com 23 mortos, principalmente nos condados de Dyer e de Gibson, informou à AFP Bob Wagner, do serviço nacional da meteorologia.

    "Vários condados do oeste de Tennessee sofreram importantes danos", disse Wagner. Em alguns lugares "somente restam as estruturas das casas", disse o xerife de Dyer, Jeffrey Holt, à rede CNN, evocando a "destruição total" de muitas casas.

    Dezenas de tornados também passaram por Illinois, Indiana (norte), Oklahoma e Arkansas (sul), enquanto ventos fortes assolavam Missouri, Kentucky e Iowa (centro).

    Em Missouri, os ventos fortes provocaram a morte de pelo menos três pessoas, informaram os policiais.

    A CNN também mencionou um morto em Illinois.

    Importantes danos e feridos foram registrados em Kentucky, onde os ventos teriam devastado cerca de 15 casas e vários carros nos arredores de Hopkinsville, segundo o jornal Nashville Tennessean.

    Segundo esse jornal, 5.000 casas do condado de Gibson estão sem eletricidade, assim como metade das casas do condado de Dyer, com 37.000 habitantes.

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