Número de despejos cresce e pode chegar a até 45 mil, até o final do ano. Enquanto isso, o governo inglês decidiu destinar US$ 860 bilhões para a salvação de bancos
Mais de 45 mil famílias devem ser despejadas na Inglaterra até o final deste ano. Impossibilitadas de pagar empréstimos hipotecários refinanciados para suprir necessidades - diante do arrocho em seus salários – as famílias inglesas não estão sendo despejadas a um ritmo de mais de cem por dia e que mostra tendência à elevação nos próximos meses.
Matéria do jornal londrino The Guardian, cita o Conselho dos Empres-tadores por Hipoteca para dizer que 18.900 famílias foram desalojadas até a metade do ano, um aumento de 48% em relação ao mesmo período de 2007.
Além disso, de janeiro a junho o número de famílias com atrasos de três meses ou mais nos seus pagamentos subiu de 129,6 mil para 155,6 mil. O Guardian relata que houve um aumento de reações desesperadas e casos de suicídio.
“Vemos mais e mais pessoas apavoradas. Dezenas de milhares estão vivendo com medo de terem a casa que trabalharam tão duro para comprar ser retomada por credores, sem o menor cuidado”, assinalou Adam Sampson, diretor da organização Shelter, que abriga pessoas sem teto.
No dia 8 de outubro o governo inglês anunciou um pacote para direcionar mais dinheiro em “socorro” dos bancos: £ 500 bilhões (US$ 860 bilhões) entre compras de ações e de títulos podres.
Quanto aos defenes-trados de seus lares, Gordon Brown disse palavras muito justas: “O governo não pode simplesmente a sós para sair apanhando”, mas sem nenhuma medida concreta a respeito dos dezenas de milhares que perderam casas com a crise.
Revoltadas com o plano do governo para sustentar os bancos, na última sexta-feira milhares de pessoas, estudantes, sindicalistas e lideranças políticas de oposição protestaram no centro de Londres. Os manifestantes tentaram chegar ao prédio do “Royal Exchange”, próximo ao Banco de Inglaterra, entoando palavras de ordem como “Com que dinheiro? Nosso dinheiro!”, e “Por que nós devemos pagar a crise?”.
“Os banqueiros não fazem nada, além de roubar o povo e o Estado”, disse o manifestante Martin Smith. “Se os tempos são bons, eles ganham dinheiro. Se os tempos são maus, também ganham dinheiro”, assegurou.
O governo inglês usará o dinheiro dos contribuintes para aportar US$ 25,2 bilhões ao banco RBS (Royal Bank of Scotland), sendo US$ 8,6 bilhões em ações preferenciais (sem direito a voto) e US$ 15 bilhões para “garantir” títulos podres do banco.
Outro exemplo de “socorro” é o apoio à “fusão bem sucedida” - nos termos do pacote - quando na verdade o que houve foi um açambarcamento do HBOS pelo Lloyds TSB financiado pelo caixa do governo. Para que o negócio fosse fechado, o combalido HBOS recebeu US$ 19,78 bilhões (sendo que uma parte em ações preferenciais). Na mesma transação, o Lloyds recebeu US$ 8,6 bilhões, sendo US$ 1,72 bilhões em ações preferenciais.
Já o distinguido Barclays, informou que vai tentar levantar US$ 11,18 bilhões vendendo ações ordinárias que só serão adquiridas por que garantidas pelo governo, que não fica com nenhuma ação.
A dinheirama, prestes a ser despejada em socorro aos bancos pelos tesouros europeus somados, só neste pacote atinge US$ 2,3 trilhões.
Segundo o governo informa, um dos principais objetivos do dinheiroduto é fazer com que os bancos comecem a emprestar uns aos outros. Mas, depois das montanhas de papéis apodrecendo nos cofres de todos os bancos, parece que nenhum dos que não soçobraram com a crise da especulação quer apostar no antigo parceiro ou nos certificados AAA de agências-arapucas, papéis que antes eram considerados verdadeiros salvo condutos e viraram pó.
Como afirmou o articulista inglês Mark Steeel no jornal The Indepen-dent “parece que os governos [da Europa e EUA] vão fazer qualquer coisa, não importa o quão desesperada, para reviver a ‘confiança’ nos mercados, pois estes mercados, que são dirigidos pelos especuladores, controlam a economia”.
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