sexta-feira, agosto 04, 2006

Crimes de Israel ameaçam patrimônio histórico milenar


Como no Iraque, onde bibliotecas, templos, monumentos, objetos e sítios arqueológicos de milhares de anos foram e continuam sendo destruídos, a agressão israelense ao Líbano é um crime contra a História da Humanidade

As agressões israelenses contra o Líbano, que já ocorrem há mais de vinte dias e que mataram centenas de libaneses, inclusive mulheres e crianças, estão agora colocando em risco um Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade: as cidades de Baalbek e Tiro.

Alertando o risco de destruição dos antigos templos e sítios arqueológicos que os bombardeios podem causar, o ministro da Cultura do Líbano, Tarek Mitri, fez um apelo ao diretor-geral da UNESCO (Organização da Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Kochiro Matsuura, para que ele interceda e peça um cessar-fogo imediato.

“Solicito a sua intervenção o mais rápido possível para que, com base na convenção de Haia de 1954, que determina a proteção do patrimônio cultural em tempos de conflitos armados, Israel suspenda os ataques que ameaçam Baalbek e Tiro. Isso, para prevenir uma catástrofe a um Patrimônio Cultural Mundial”, afirmou o ministro em nota à UNESCO.

Na cidade de Baalbek, a 90 quilômetros a leste de Beirute, as ruínas romanas se localizam muito próximo ao centro da cidade – cerca de 300 metros -, onde ocorreram 17 ataques aéreos israelenses que mataram três pessoas e, no último dia 1º, outro bombardeio matou mais sete civis, cinco deles da mesma família.

“Em nome do governo libanês, peço-lhe que intervenha a fim de que cessem os bombardeios que ameaçam os sítios arqueológicos de Baalbek e de Tiro”, afirmou Tarek Mitri, destacando que “as estruturas antigas, já frágeis, estão sendo ameaçadas por explosões repetidas e correm o risco de serem derrubadas. Sua intervenção imediata é necessária para impedir que esta situação se torne catastrófica.”

Com cerca de 5 mil anos de história, Baalbek foi declarada pela UNESCO Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade em 1984, e é um dos lugares mais visitados por turistas no país. Além disso, Baalbek abriga as maiores construções religiosas do Império Romano. As principais estruturas das ruínas são a Grande Corte do Templo de Baal/Júpiter - construído sobre um antigo vilarejo do início da Era do Bronze- , este com as seis colunas romanas mais altas do mundo e o Templo de Baco. Em 1898 começaram as primeiras explorações nas ruínas, feitas pelo imperador alemão Guilherme II. Depois, o governo francês realizou escavações arqueológicas que mais tarde foram realizadas pelo Departamento Libanês de Antigüidades.

A cidade de Tiro, também declarada Patrimônio da Humanidade em 1984, está sendo alvo de bombas de alto poder destrutivo, o que colocou a defesa antiaérea libanesa em estado de alerta. Localizada a 83 quilômetros ao sul de Beirute, a cidade possui um hipódromo romano e um porto fenício (Ásia antiga), e o principal templo da cidade foi construído por Hiram I no século 10 a.C.

Também com o objetivo de alertar a UNESCO no sentido de proteger a herança cultural do Líbano, a Organização Educacional, Cultural e Científica da Liga Árabe (ALESCO, sigla em inglês) emitiu nota deplorando a “selvagem ofensiva militar que está destruindo o país que representa todo o nosso compromisso de liberdade, criatividade e multiculturalismo”. Convocando as organizações internacionais para ficarem vigilantes, a ALESCO afirmou que “essa agressão ignora a maioria das convenções internacionais, declarações universais e lugares históricos e monacais”.

JÚLIA CRUZ - HP

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