Relatório divulgado no dia 19 pela FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, revelou que um bilhão e 17 milhões de pessoas no mundo passam fome.
Diz a FAO que da década de 90 para cá a fome voltou a crescer em todas as regiões do mundo, inclusive nos países ricos onde 15 milhões de pessoas não têm o que comer, e constatou que a América Latina é uma exceção, mas que apesar da melhora, os bons resultados correm o risco de se tornarem nulos em função da crise econômica e da forte alta nos preços dos alimentos.
A safra agrícola de 2009 será uma das maiores da história mas os preços dos alimentos continuam muito altos, 24% maior em dezembro de 2008 do que em 2006. É uma “mistura explosiva, um sério risco para a paz e a segurança mundiais. A fome não é conseqüência da escassez, mas da pobreza. Não há falta de comida, há falta de acesso a ela, resultado do desemprego e da queda da renda. Os mais pobres gastam até 60% de sua renda para comprar comida”, afirmou Jacques Diouf, diretor geral da FAO.
A maior concentração, 63% do total de famintos está na Ásia e no Pacífico – 16% da população da região ou 642 milhões de pessoas. Em seguida vem a África com 307 milhões, quase 24% de sua população, o Oriente Médio, foi a região onde mais cresceu esse percentual, 13,5% em relação ao ano passado. A América Latina, onde mais países combateram a fome com programas alimentares e de redução da pobreza, ainda possui 53 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar, segundo o mesmo relatório.
Um estudo da CEPAL estima que o desemprego na América Latina e no Caribe vai crescer 9% esse ano em relação aos 7,4% registrados em 2008, atingindo 3 milhões de trabalhadores. O que só demonstra que os países em desenvolvimento devem aproveitar o momento da crise gerada pelos banqueiros e especuladores de Nova York para reduzir sua dependência dos monopólios externos e buscar o desenvolvimento econômico baseado em seus próprios mercados internos, em suas empresas nacionais, em seus próprios esforços.
Aos monopólios, os grandes produtores de alimentos, que especulam com os preços e fazem com que os alimentos custem mais caro, e que ganham sempre com o sobre-preço que impõem, mesmo que seus produtos fiquem estocados e sejam consumidos por menos pessoas, não interessa saber quantos consumiram, quantas pessoas comeram ou deixaram de comer na África, no Afeganistão, na América Latina ou no Iraque, se seu apetite pelo lucro máximo estiver satisfeito e o lucro das matrizes assegurados.
R. C.
Nenhum comentário:
Postar um comentário