Creio que educar é basicamente habilitar as novas gerações no exercício de uma visão não ingênua da realidade, de maneira que seu olhar tenha em conta o mundo, não como uma suposta realidade objetiva em si mesma, mas como o objeto de transformação ao qual o ser humano aplica sua ação. Mario Luiz Rodrigues Cobos - o Silo, "A Paisagem Humana", capítulo 'A Educação'
segunda-feira, outubro 30, 2006
quarta-feira, outubro 25, 2006
Mulher transforma o mundo
Mulher transforma o mundo:
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sexta-feira, outubro 20, 2006
UM “SUBIMPERIALISMO” BRASILEIRO NA AMÉRICA DO SUL?
Edu Silvestre de Albuquerque*
A expansão de capitais, mercadorias e serviços de origem brasileira pela América do Sul tem causado sérios embaraços para a diplomacia brasileira. O protesto boliviano contra a presença econômica brasileira no país é apenas mais um capítulo da oposição gerada entre os países vizinhos contra a expansão econômica brasileira pela região. As recentes ações contra empresas brasileiras que exploram recursos naturais do país como minério de ferro e gás natural, não são apenas atos isolados do governo Evo Morales, mas contam com expressivo apoio da população boliviana.
A principal atingida pela nacionalização da exploração dos recursos naturais bolivianos foi sem dúvida a estatal brasileira Petrobras. A multinacional Petrobras forma verdadeiro monopólio regional ao atuar na exploração, refino, transporte e distribuição de petróleo e gás natural na maioria dos países sul-americanos. Quando é a Shell ou uma das outras “Grande Irmãs” quem expandem seus negócios pelo mundo, chamamos isto de imperialismo. Mas não parece se passar algo diferente com a atuação da Petrobras.
Mas a presença avassaladora da Petrobras não é a única queixa de nossos vizinhos. Vale lembrar que da própria Argentina – cuja economia é bem maior que a boliviana – partem constantes reclamações da classe empresarial e de políticos locais contra o que consideram uma invasão de produtos e empresas brasileiras com o advento do Mercosul. Inaugurado pelo Tratado de Assunção (1991), o bloco econômico sub-regional tem sido alvo de diversas críticas também dos países de menor desenvolvimento econômico, casos do Uruguai e Paraguai, que exigem compensações comerciais diante do gigantismo econômico de seus parceiros. Curiosamente, quem ajudou a reverter esse clima político regional desfavorável foi justamente o criticado Hugo Chávez ao inserir a Venezuela e suas ricas reservas de hidrocarbonetos no Mercosul.
É verdade que as sementes da discórdia regional já estavam lançadas desde o Tratado de Tordesilhas (1491), que dividia as terras a serem oficialmente descobertas no Novo Mundo entre as Coroas de Portugal e Espanha. Portugal foi continuamente “empurrando” os limites oficiais para oeste, alegando o princípio do uti possidetis, a terra deve pertencer a quem de fato a ocupa. Nesse processo expansionista, a pecuária e a extração da borracha foram atividades econômicas fundamentais para a colonização portuguesa de áreas interiores do continente, e que mais tarde, por exemplo, daria vazão à Questão do Acre, que resultou na amputação territorial (outra vez!) da sofrida Bolívia.
Coisas do passado? Atualmente, estima-se mais de 15 mil brasileiros em atividade seringueira no Departamento de Pando, na Bolívia amazônica, e um número ainda mais expressivo de colonos brasileiros voltados para a agricultura comercial próximos da fronteira com o Mato Grosso do Sul. No Paraguai são dezenas de milhares de "brasiguaios" instalados principalmente na agricultura, e também expressivo o número de orizultores e pecuaristas gaúchos em terras uruguaias.
O passado de regimes militares também reforçou o clima de desconfiança entre os países da região. A própria construção da hidrelétrica binacional de Itaipu entre Brasil e Paraguai ganhou à época ferrenha oposição de Buenos Aires que alegava necessidade de ampliar a discussão quanto ao uso do potencial energético da Bacia do Paraná de modo a preservar seus interesses nacionais. Para piorar o quadro, a geopolítica brasileira do período era fortemente influenciada pelo pensamento do General Golbery do Couto e Silva, quem defendia abertamente a ampliação da influência brasileira na Bacia do Atlântico Sul e em particular na América do Sul.
A redemocratização do continente não trouxe a “paz perpétua” entre os países sul-americanos. Nas últimas décadas, o maior desenvolvimentismo industrial brasileiro em relação a seus vizinhos depende cada vez mais da expansão dos bens e serviços made in Brazil por toda a região. Vale lembrar que cerca de 2/3 das exportações brasileiras para o Resto do Mundo são de produtos de baixo valor agregado e/ou de elevado consumo de riquezas naturais (soja, minério de ferro, café, calçados, suco de laranja, siderúrgicos, açúcar e celulose), o que demonstra ainda mais a importância do mercado latino-americano para a produção industrial brasileira.
Não é segredo que as políticas desenvolvimentistas brasileiras experimentadas ao longo do último meio século se valeram da criação de empresas estatais (principalmente indústrias de base como refino e petroquímica) e também da atração de subsidiárias de transnacionais norte-americanas, européias e asiáticas (principalmente indústrias de bens de consumo duráveis como automobilística e eletroeletrônica). A motivação dessas grandes empresas em estabelecerem filiais no Brasil era determinada pela expressividade do mercado interno brasileiro, mas também pela facilidade de acesso aos demais mercados latino-americanos. Esse processo foi experimentado pela Argentina, mas em escala bem menor que a verificada no Brasil, daí também a explicação do “mau humor” dos hermanos em relação à hegemonia comercial brasileira no Mercosul.
Mais recentemente o Brasil também tem reforçado sua posição de exportador de capitais para os países sul-americanos, através do direcionamento do sistema financeiro nacional para a viabilização da exportação de bens e serviços produzidos no país, beneficiando particularmente grandes construtoras e empresas de maquinário pesado. Esse foi o caso do financiamento bilionário pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do Gasoduto Bolívia – Brasil, além de grande parte das obras de integração dos sistemas de transportes e energia que já se anunciam: metrôs de Santiago e Caracas, ramais de gasodutos na Argentina, asfaltamento de rodovias no Peru e na Bolívia, dentre outras.
Diante do exposto, é inegável concluirmos que a expansão da economia brasileira (industrial e de infra-estruturas de transportes e energia), de fato, acaba por fortalecer o papel geopolítico do país na América do Sul, e com isto alimenta as desconfianças entre nossos vizinhos acerca do que faremos com esse poder. Para que se concretize o sonho boliviariano (Simon Bolívar foi o libertador do jugo espanhol para diversos países sul-americanos) de integração regional, será necessário ainda gigantesco esforço diplomático envolvendo o Brasil e seus vizinhos, principalmente porque uma América fragmentada tem servido historicamente apenas aos interesses dos países desenvolvidos.
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*Edu Silvestre de Albuquerque é doutorando em Geografia pela UFSC e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), organizador da coletânea Que País é Esse? Pensando o Brasil Contemporâneo.
terça-feira, outubro 17, 2006
Evidência liga atividade humana a perda de gelo na Antártida
Cientistas do Reino Unido e da Bélgica mostram que fortes ventos do oeste, na Península Antártica setentrional, são responsáveis pelo forte aquecimento da região no verão, e que levou à retração e colapso da plataforma de gelo Larsen. Esse ventos são impulsionados pela mudança climática induzida pelo homem. Esta é a primeira evidência direta ligando atividade humana ao colapso de blocos de gelo da Antártida, e será publicada nesta semana no periódico Journal of Climate.
O aquecimento global e o buraco na camada de ozônio mudaram os padrões climáticos na Antártida de tal forma que o fortalecimento dos ventos oeste tornou possível que o ar quente ultrapassasse a cordilheira da Península Antártica.
Nos dias em que isso ocorre, em meio às temperaturas já naturalmente mais elevadas do verão, o nordeste da Península assiste a um aquecimento de cerca de 5º C, criando condições que permitem o escoamento de água gerada pelo derretimento do gelo para rachaduras na plataforma Larsen, um processo fundamental para a quebra da estrutura, em 2002.
Em um período de 35 dias daquele ano, entre janeiro e março, o trecho da plataforma chamado Larsen B, de 3.250 km2, soltou-se do continente e rompeu-se em milhares de icebergs.
Nos últimos 40 anos, a temperatura média dessa parte do continente antártico, no verão, foi de 2,2º C. A parte oeste da Península Antártica mostra, segundo a British Antarctic Survey (Pesquisa Antártica Britânica) o maior aumento de temperatura de todo o planeta Terra, ao longo do último meio século. (Estadão Online)
terça-feira, outubro 10, 2006
domingo, outubro 08, 2006
Para que serve a comunicação?
José Saramago *
As novas tecnologias da comunicação multiplicam de modo excepcional a quantidade de informações disponíveis. Isso é ao mesmo tempo fascinante e inquietante. Fascinante porque se nota que transformações muito positivas, em matéria de educação e formação, estão ao alcance da mão. Inquietante porque tudo isso mostra um mundo sobre o qual pairam as ameaças de desumanização e de manipulação.
Um grande filósofo espanhol do século XIX, Francisco Goya, mais conhecido como pintor, escreveu um dia: "O sonho da razão engendra monstros".
No momento em que explodem as tecnologias da comunicação, nós podemos perguntar se elas não estão a caminho de engendrar monstros de um novo tipo. Certo, essas novas tecnologias são elas mesmas o fruto da reflexão, da razão. Mas se trata de uma razão desperta, no verdadeiro sentido da palavra, isto é, atenta, vigilante, crítica, obstinadamente crítica?
Ou se trata de uma razão sonolenta, adormecida, que no momento de inventar, criar, imaginar e criar, imagina efetivamente monstros?
Ao final do século XIX, quando a ferrovia se impôs como um avanço em matéria de comunicação, alguns espíritos atrasados afirmavam que essa máquina era aterrorizadora e que, nos túneis, as pessoas morreriam asfixiadas.
Eles sustentavam que a uma velocidade superior a 50km/h o sangue sairia pelo nariz e pelas orelhas e que os viajantes morreriam em meio a terríveis convulsões.
Esses são os apocalípticos, os pessimistas profissionais. Duvidam sempre do progresso da razão, a qual, segundo os obscurantistas, não pode produzir nada de bom. Mesmo que eles estejam profundamente equivocados, devemos admitir que quase sempre os progressos são bons e maus ao mesmo tempo.
A Internet é uma tecnologia que não é nem boa nem má em si. Só o uso que se fará dela é que nos conduzirá a um julgamento. É por isso que a razão hoje, mais do que nunca, não pode adormecer.
Se uma pessoa recebesse em sua casa, por dia, 500 jornais do mundo inteiro, provavelmente seria considerada louca; e seria verdade, pois quem senão um louco pode se propor a ler 500 jornais por dia?
Alguns esquecem essa evidência quando se satisfazem anunciando que no futuro, graças à revolução numérica, nós poderemos receber 500 canais de televisão.
O feliz assinante dos 500 canais será inevitavelmente tomado de uma impaciência febril que nenhuma imagem poderá saciar. Ele vai se perder num labirinto vertiginoso de zapping permanente. Consumirá as imagens, mas não se informará.
Diz-se às vezes que uma imagem vale mais do que mil palavras. É falso. As imagens têm quase sempre a necessidade de um texto explicativo. Foi dito que graças às novas tecnologias nós chegaríamos no futuro à beira da comunicação total. A expressão é enganosa, ela deixa crer que atualmente a totalidade dos seres humanos do planeta possa comunicar-se.
Lamentavelmente isso não ocorre. Apenas 3% da população da Terra têm acesso a um computador: e os que utilizam a Internet são ainda menos numerosos. A imensa maioria de nossos irmãos humanos ignora até hoje a existência dessas novas tecnologias.
Neste momento eles não dispõem das conquistas elementares da velha revolução industrial: água potável, eletricidade, escola, hospital, estradas, trens, refrigeradores, automóveis etc. Se nada for feito, a atual revolução da informação passará igualmente ao largo dessas pessoas.
A informação só nos torna mais sábios se ela nos aproxima das pessoas. Assim, com a possibilidade de ter acesso, à distância, a todos os documentos dos quais necessitamos, o risco de desumanização e de ignorância aumenta.
No futuro, a chave da cultura não está na experiência e no saber, mas na atitude de buscar a informação nos múltiplos canais que oferece a Internet. Pode-se ignorar o mundo, não saber em que universo social, econômico e político se vive, e dispor de toda a informação possível.
A comunicação deixa, assim, de ser uma forma de comunhão. Como não lamentar o fim daquela comunicação real, direta, pessoa a pessoa?
Com obsessão, vê-se concretizar o cenário do pesadelo anunciado pela ficção científica: cada qual fechado em seu apartamento, isolado de tudo e de todos, na solidão mais terrível, mas ligado na Internet e em comunicação com todo o planeta. O fim do mundo material, da experiência, do contato concreto, carnal...a dissolução dos corpos.
Pouco a pouco nos sentimos tomados pela realidade virtual. Esta, apesar do que se pretende, é velha como o mundo, velha como nossos sonhos. E nossos sonhos nos conduziram a universos virtuais extraordinários, fascinantes, a continentes novos, desconhecidos, onde vivemos experiências excepcionais, de aventuras, de amores, de perigos. E às vezes a pesadelos. Contra o que nos advertiu Goya.
Sem que isso signifique entretanto o fim da imaginação, da criação e da invenção, pois por isso se paga muito bem.
É acima de tudo uma questão de ética. Qual é a ética daqueles que, como o sr. Bill Gates e Microsoft querem a todo custo ganhar a guerra das novas tecnologias para obter o maior benefício pessoal?
Qual é a ética dos raiders e dos golden boys que especulam na bolsa servindo-se dos avanços da tecnologia da comunicação para arruinar os Estados ou levar à falência centenas de empresas pelo mundo afora?
Qual é a ética dos generais do Pentágono que, aproveitando-se dos privilégios do progresso, das imagens sintéticas, programam mais eficazmente seus mísseis tomahawk para semear a morte?
Impressionada, intimidada pelo discurso modernista e tecnicista, a maioria dos cidadãos capitula. Eles aceitam adaptar-se ao novo mundo que se anuncia como inevitável. Já não fazem nada para opor-se. São passivos, inertes, cúmplices. Dão a impressão de haver renunciado. Renunciado a seus direitos e a seus deveres. Em particular, ao dever de protestar, de levantar-se, de sublevar-se.
Como se a exploração tivesse desaparecido, e a manipulação dos espíritos tivesse sido extinta.
Como se o mundo estivesse sendo governado por inocentes, e como se a comunicação tivesse se tornado subitamente um assunto de anjos.
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* José Saramago, escritor português, Prêmio Nobel de Literatura de 1998.
sexta-feira, outubro 06, 2006
Cansei, vou votar no Alckmin.
Cansei de ir ao supermercado cheio de gente fazendo compras porque os alimentos estão baratos, porque o salário aumentou, porque o poder aquisitivo aumentou, porque tanta gente está empregada.
Cansei dos shoppings com gente se espremendo, agora todo mundo pode comprar
e se divertir. Cansei das ofertas de crédito bancário, de cartão de crédito, de empréstimo consignado com juros baratos para todo mundo - isso antes era privilégio,
agora perdeu a graça.
Cansei desse governo que distribui dinheiro dos impostos para milhões de famílias sem renda, só para combater a fome e reduzir a miséria - esse dinheiro poderia ser usado para ajudar os empresários endividados.
Cansei do PROUNI, que colocou na universidade jovens da classe pobre, misturando-os com os filhos das pessoas ricas. Cansei desse programa Luz para Todos: gente que nunca teve nada agora pode ver TV, usar ferro elétrico, geladeira, abrir um negócio.
Cansei desse governo que criou milhões de empregos, está acabando com a informalidade e prejudicando os empresários, que têm de arcar com tributos trabalhistas.
Cansei desse governo que desvalorizou meus dólares sem sustos, sem inflação, sem pacotes econômicos. Cansei, vou votar no Alckmin porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Cansei dessa baboseira politicamente correta, quero pagar salários menores, quero que os supermercados e os shoppings fiquem mais vazios.
Cansei, vou votar no Alckmin porque ele diz que vai "flexibilizar" as leis trabalhistas, e assim não vou precisar pagar 13º, FGTS e nem dar férias. Tenho muita fé no que Alckmin diz: se esses benefícios são de lei, com Alckmin a gente sempre vai poder dar um jeitinho, e com menos empregos o trabalhador vai ter de aceitar qualquer coisa, vai se pôr no seu lugar.
Cansei de ver a PF trabalhando livremente. Cansei de ver um Governo ser investigado, prefiro como antes as CPIs abafadas e nós sem sabermos de nada...
por LUIS MARCELO ESPINDOLA Xavier
‘Império’ Americano em crise
Possui um exército de mais de um milhão e duzentos mil homens e mulheres, com meio milhão de soldados, espiões, técnicos, professores, dependentes e empreiteiros empregados em outras nações. Também possui uma dúzia de forças-tarefa transportadoras em todos os oceanos e mares do mundo, e, através da doutrina de ‘espectro militar total’, pretende dominar também o espaço.
O Independent comentou sobre o fuzilamento de mulheres e crianças em Haditha: “Claramente, a cada dia que passa, a guerra no Iraque se assemelha ao Vietnã.”
Ao contrário das expectativas de Bush, a intervenção no Iraque, longe de enfraquecer o Irã, fortaleceu enormemente sua posição como poder regional no Oriente Médio. Através dos seus contatos com o Hezbollah e por causa da retirada da Síria do Líbano, tem agora um papel maior lá. Também interviu para financiar o Hamas em seu conflito com a Autoridade Palestina.