segunda-feira, janeiro 03, 2011

Governo da Nigéria processa Halliburton e Dick Cheney por crimes de corrupção

Sob a presidência de Cheney, a Halliburton distribuiu US$ 180 milhões em propinas e pegou contrato de 6 bilhões de dólares

A Comissão de Crimes Econômicos e Financeiros do governo da Nigéria entrou com uma ação na Suprema Corte em Abuja (capital do país), no dia 8, contra a Halliburton e seu presidente na época, Dick Cheney, que foi também vice-presidente dos EUA.  O governo nigeriano acusa a Halliburton, através de sua subsidiária KBR, de haver corrompido integrantes do governo para obtenção de um contrato bilionário para a construção de um gasoduto.
  Segundo a acusação, a quantidade de dinheiro distribuída pelas empresas sob comando de Cheney chega a US$ 180 milhões e o contrato que foi concedido à subsidiária da Halliburton foi no montante de US$ 6 bilhões.
  A Halliburton e a KBR já confessaram a prática criminosa e firmaram um acordo com o governo dos EUA, que havia detectado a corrupção (a lei torna passível de pena empresas de americanos que pratiquem corrupção – e sejam flagradas - em outros países; a lei é usada muito raramente mas, como o governo dos EUA soube das investigações pelo governo nigeriano, resolveu se antecipar). Pelo acordo, foi pago ao governo para que a ação criminal fosse arquivada nos EUA o montante de US$ 579 milhões.
  Mas agora que – findas as investigações na Nigéria – o caso chega aos tribunais deste país, as múltis do petróleo dizem que não fizeram nada. O advogado de Cheney, Terrence O’Donnell, disse à Associated Press que o Departamento de Justiça dos EUA “não encontrou qualquer sugestão de ato impróprio por Dick Cheney em sua função de executivo-chefe da Halliburton”. A Halliburton também negou ter feito “qualquer coisa errada”.  Então por que o acordo? Por que as empresas teriam pago milhões para fugir de penas como prisão dos seus executivos? As questões foram levantadas pela repórter ghanense Ofeibea Quist-Arcton.
  As acusações dão conta de que a corrupção para conseguir o contrato se estendeu de 1994 a 2004. Além de Cheney, são réus no processo, Albert Stanley, ex-presidente da KBR Inc.; o atual diretor da Halliburton, David Lesar. O procurador encarregado da ação na Nigéria, Godwin Obla, declarou que “nomes, posições, postos ou geografia não têm qualquer efeito nas decisões da procuradoria”.
  O governo deteve 23 funcionários de empresas, incluindo 11 da Halliburton, todos liberados posteriormente sob fiança. Um ex-assessor do ex-presidente, Olusegun Obasanjo, também foi indiciado.

 

26 líderes da UE exigem sanções para Israel por ampliar assentamentos

“Os assentamentos de Israel são uma ameaça à existência de um Estado Palestino soberano, contínuo e viável”, diz o documento

Vinte e seis líderes europeus firmaram um documento exigindo que a União Europeia realize sanções contra Israel por ampliar os assentamentos judaicos em terras subtraídas aos palestinos nos territórios ocupados.
  O documento destaca que Israel, “como qualquer outro país, deve sofrer as consequências” e “pagar um preço por romper com as leis internacionais”.
  Entre os signatários estão Javier Solana, ex-chefe do departamento de Relações Internacionais da EU, os ex-primeiros-ministros da Itália, Romano Prodi e Giuliano Amato; da Alemanha, Hel-mut Schmidt e da Espanha, Felipe González e ainda o ex-ministro do Exterior da Noruega, Thorvald Stolten-berg, além dos ex-presidentes da Alemanha, Richard von Weizsaecker e da Irlanda, Mary Robinson.
  A carta exige que os ministros do Exterior da União Europeia reafirmem que “nenhum país da UE vai reconhecer quaisquer mudanças nas fronteiras de junho de 1967” e que “deixem claro que um Estado Palestino deve ter o controle soberano sobre 100% do território ocupado em 1967, incluindo sua capital em Jerusalém Oriental”.
  O documento pede que a UE informe a Israel que se até abril de 2011 não se tenha chegado a nenhum resultado negociado que leve à sua retirada dos territórios ocupados e do estabelecimento do Estado Palestino que vai apoiar uma solução através da ONU e não mais uma intermediada pelos EUA.
  “Todos os produtos israelenses obtidos em terras palestinas ocupadas devem ser banidos”, destacam os signatários e pedem que a UE ligue qualquer avanço de relações diplomáticas com Israel ao congelamento dos assentamentos.
  O documento propõe que a UE envie uma delegação de alto nível a Jerusalém para prestar solidariedade aos palestinos diante de suas exigências de soberania sobre a cidade e que classifique a relação com a Palestina de “apoio à construção nacional”.
Deixa claro que “a continuação da atividade de assentamentos por parte de Israel coloca uma ameaça às perspectivas de estabelecimento de um Estado Palestino soberano, contínuo e viável”.
  A chefe de Relações Internacionais da EU, Catherine Ashton respondeu ao documento destacando que “a União Europeia vai continuar na linha de frente nos esforços para fazer avançar a paz”.
  Em declaração anterior ela já havia afirmado que “a posição da EU sobre os assentamentos é clara: eles são ilegais sob a lei internacional e um obstáculo à paz. O recente desenvolvimento de assentamentos incluindo em Jerusalém Oriental, contradizem os esforços pela paz da comunidade internacional”.

WikiLeaks revela plano de ataque da Otan contra Rússia

Um dos telegramas é assinado pela chefe do Departamento de Estado dos EUA, Hillary Clinton. “O Plano é secreto”, enfatizou Hillary aos astutos diplomatas dos EUA na Otan

O jornal inglês The Guardian estampou no dia 7 mais um telegrama reproduzido pelo site WikiLeaks, desta vez um plano da Otan de ataque massivo à Rússia.
  O plano de guerra em larga escala contra os russos prevê o deslocamento de nove divisões militares dos EUA, Inglaterra, Alemanha e Polônia.
  Segundo o Guardian, o ataque prevê, inclusive os portos da Alemanha e da Polônia a serem utilizados para receber as unidades navais de assalto vindas dos EUA e da Inglaterra.
Membros do governo russo protestaram contra o plano – assim que o mesmo foi revelado através das publicações de telegramas entre embaixadas e governo dos EUA, pelo WikiLeaks.
  “Temos que receber garantias de que tais planos vão ser cancelados e de que a Otan não considera a Rússia um país inimigo”, afirmou o enviado da Rússia ao último encontro da Otan, realizado em Lisboa.
  Um dos telegramas é assinado pela própria chefe do Departamento de Estado dos EUA, Hillary Clinton, datado de 26 de janeiro, aos diplomatas americanos na Otan. Ela enfatiza que o plano tem que ser mantido em estrito segredo. “Os Estados Unidos acreditam fortemente que este plano não deve ser discutido em público. São classificados como de “nível secreto da Otan”, diz o telegrama.
  “A discussão pública de planos de contingência minam o seu valor militar”, acrescenta, “permitindo que se exponha os processos de planejamento da Otan. Isto enfraquece a todos os aliados”.
  Hillary também orienta os diplomatas americanos a mentirem para a imprensa, no caso de vazamento de informações. Sugere respostas evasivas tais como: “A Otan não discute planos específicos”. Os agentes são instruídos a dizer também que “os planejamentos da Otan, não são direcionados a qualquer país”.
  O representante russo Rogozin questionou especificamente este ultimo trecho do telegrama de Hillary. “A quem mais este plano militar seria direcionado? Contra a Suécia, Finlândia, Groen-lândia, Islândia, contra os ursos polares ou contra o urso russo?”, ironizou. Um membro do Ministério do Exterior, que pediu anonimato ao Guardian, foi mais direto dizendo que “este e outros documentos provocaram atordoamento e muitas questões”.
  Além disso, o Guardian destaca sua estupefação de que nos telegramas os diplomatas ianques tratem o assunto com total leviandade pois “não há uma só menção ou preocupação sobre as implicações potencialmente catastróficas de tal choque armado entre as duas maiores potências nucleares do mundo”.
  O pretexto para o plano de ataque é de defender os novos integrantes bálticos da Otan, que por acaso cercam a Rússia. A saber Letônia, Lituânia e Eslovênia. Para isso os telegramas sugerem “expandir o plano que já existe de defesa da Polônia”.  Acontece que os russos não projetaram nenhum cinturão de mísseis especificamente direcionados contra o solo e o ar da Polônia ou quaisquer outros países, mas construíram suas próprias defesas, ao contrário do que fizeram os EUA com o “escudo de mísseis” projetados pelo governo Bush.
  Em um telegrama datado de outubro de 2009 o embaixador dos EUA na Otan, Ivo Dalder, afirma que tanto Hillary quanto Obama expressaram seu apoio ao desenvolvimento do plano militar contra a Rússia.
  Daalder sugere, para não deixar claro que a Rússia é um alvo potencial, a adoção de um “plano genérico” de deslocamento de tropas para os países bálticos sem mencionar no mesmo contra quem estas tropas estariam direcionadas para assim – em caso de vazamento – não provocar constrangimentos com Moscou. Como bem desconfiou o russo Rogozin: “se vamos caçar coelho, por que vocês estão com armas para matar urso?”