terça-feira, novembro 27, 2007

Brasil entra no grupo de países de alto IDH

Brasil entra no grupo de países de alto IDH
Com Índice de Desenvolvimento Humano em alta desde 1975, país fica entre os 70 que têm nível mínimo para integrar topo do ranking

terça-feira, novembro 20, 2007

Lula e Crisitina criam comissão e ampliam parceria em energia


Construção da usina hidrelétrica de Garabi(RS), acordos entre as estataisPetrobrás e Enarsa e cooperação na área nuclear impulsionam a integraçãoestratégica entre Brasil e Venezuela

O presidente Luís Inácio Lula da Silva e a presidente eleita da Argentina, Cristina Kirchner, decidiram na segunda-feira (19) formar uma comissão bilateral permanente para acelerar a cooperação entre a Argentina e o Brasil. Durante a reunião ficou acertado a eliminação do dólar nas relações comerciais e foram discutidas ações para impulsionar acordos entre os dois países na área de energia, comércio, ciência e tecnologia, defesa, espacial, nuclear e social.
Cristina Kirchner, em sua primeira visita ao país, após ser eleita presidente, destacou a importância da integração “estratégica” entre o Brasil e a Argentina e o fortalecimento do Mercosul nas relações internacionais. Ela afirmou que para os planos da comissão, composta por integrantes dos dois governos e presidida pelos presidentes, progredirem “precisamos fixar metas e prazos para alcançar esses objetivos”. “Não é apenas um exercício, do que chamamos na Argentina, de ‘reunionismo’, mas de resultados concretos. É preciso que a integração avance com resultados que possam ser quantificados, exibidos e percebidos pela sociedade”, disse a presidente eleita.
Em duas reuniões, uma delas com a presença de seis ministros argentinos e sete brasileiros, os presidentes Lula e Cristina determinaram que haverá duas reuniões por ano para tratar dos assuntos de interesse dos dois países, sendo o primeiro encontro marcado para fevereiro de 2008 em Buenos Aires.
Sobre a produção de energia, Lula destacou a intenção do Brasil, através da Petrobrás, de firmar acordos com a petrolífera argentina Enarsa (Energia Argentina S&A). Segundo o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, “o presidente Lula insistiu muito na necessidade de uma cooperação entre a Enarsa e a Petrobrás principalmente em águas profundas”.
Na área nuclear e espacial, Marco Aurélio destacou: “a idéia que apareceu mais nas conversas foi de, em primeiro lugar, inventariar todas as iniciativas nucleares que há de uma parte e de outra”. Ele disse que há iniciativas semelhantes nos dois países, como o enriquecimento de urânio. “É preciso ver, concretamente, a possibilidade de uma iniciativa conjunta. Gostaríamos muito que tivéssemos uma cooperação muito estreita na questão espacial e na questão nuclear”, afirmou.
Os acordos de cooperação em relação à construção da usina hidrelétrica binacional no Rio Uruguai, batizada de Garabi (RS), será uma das prioridades da primeira reunião entre os dois países, disse Marco Aurélio. Serão discutidos ainda o desenvolvimento de estratégias conjuntas de defesa sul-americana e o acordo de cooperação científica para desenvolvimento de um satélite comum em São José dos Campos, já firmado antes da reunião entre os dois presidentes.
Cristina Kirchner tomará posse em 10 de dezembro e sucederá seu marido Nestor Kirchner. O presidente Lula já confirmou sua presença na solenidade de posse.
Hora do Povo

sexta-feira, novembro 16, 2007

Pesquisador diz que tendência dos próximos anos é o esfriamento da Terra e que efeito estufa é tese manipulada pelos países ricos

O professor Luiz Carlos Molion é daqueles cientistas que não temem nadar contra a corrente. Na Rio 92 (ou Eco 92), quando o planeta discutia o aumento do buraco na camada de ozônio, ele defendeu que não havia motivo para tamanha preocupação.
Numa conferência, peitou o badalado mexicano Mario Molina, mais tarde Nobel de Química, um dos primeiros a fazer o alerta. Agora, a guerra acadêmica de Molion tem outro nome: aquecimento global. Pós-doutor em meteorologia formado na Inglaterra e nos Estados Unidos, membro do Instituto de Estudos Avançados de Berlim e representante da América Latina na Organização Meteorológica Mundial, esse paulista de 61 anos defende com veemência a tese de que a temperatura do planeta não está subindo e que a ação do homem, com a emissão crescente de gás carbônico (CO2) e outros poluentes, nada tem a ver com o propalado aquecimento global. Boa notícia?
Nem tanto, diz. Molion sustenta que está em marcha um processo de resfriamento do planeta. "Estamos entrando numa nova era glacial, o que para o Brasil poderá ser pior", pontifica. Para Molion, por trás da propagação catastrófica do aquecimento global há um movimento dos países ricos para frear o desenvolvimento dos emergentes. O professor ainda faz uma reclamação: diz que cientistas contrários à tese estão escanteados pelas fontes de financiamento de pesquisa.

ISTOÉ - Com base em que o sr. diz que não há aquecimento global?
Molion - É difícil dizer que o aquecimento é global. O Hemisfério Sul é diferente do Hemisfério Norte, e a partir disso é complicado pegar uma temperatura e falar em temperatura média global. Os dados dos 44 Estados contíguos dos EUA, que têm uma rede de medição bem mantida, mostram que nas décadas de 30 e 40 as temperaturas foram mais elevadas que agora. A maior divergência está no fato de quererem imputar esse aquecimento às atividades humanas, particularmente à queima de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, e à agricultura, atrás da agropecuária, que libera metano. Quando a gente olha a série temporal de 150 anos usada pelos defensores da tese do aquecimento, vê claramente que houve um período, entre 1925 e 1946, em que a temperatura média global sofreu um aumento de cerca de 0,4 grau centígrado. Aí a pergunta é: esse aquecimento foi devido ao CO2?
Como, se nessa época o homem liberava para a atmosfera menos de 10% do que libera hoje? Depois, no pós-guerra, quando a atividade industrial aumentou, e o consumo de petróleo também, houve uma queda nas temperaturas.
ISTOÉ - Qual seria a origem das variações de temperatura?
Molion - Há dez anos, descobriu-se que o Oceano Pacífico tem um modo muito singular na variação da sua temperatura. Me parece lógico que o Pacífico interfira no clima global. Primeiro, a atmosfera terrestre é aquecida por debaixo, ou seja, temos temperaturas mais altas aqui na superfície e à medida que você sobe a temperatura vai caindo - na altura em que voa um jato comercial, por exemplo, a temperatura externa chega a 45 ou 50 graus abaixo de zero. Ora, o Pacífico ocupa um terço da superfície terrestre. Juntando isso tudo, claro está que, se houver uma variação na temperatura da superfície do Pacífico, vai afetar o clima.
ISTOÉ - O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da ONU) está errado?
Molion - O painel não leva em consideração todos os dados. Outra coisa que incomoda bastante, e que o Al Gore [exvice- presidente dos EUA e estrela do documentário Uma verdade inconveniente, sobre mudanças no clima] usa muito, é a concentração de CO2. O IPCC diz claramente que a concentração atingida em 2005, de 339 partes por milhão, ou ppm, foi a maior dos últimos 650 mil anos. Isso é uma coisa ridícula. Eles usam uma série iniciada em 1957 e não fazem menção a medições de concentração de gás carbônico anteriores. É como se nunca ninguém tivesse se preocupado com isso.
O aumento de CO2 não é um fenômeno novo. Nos últimos 150 anos, já chegou a 550, 600 ppm.
Como é que se jogam fora essas medidas? Só porque não interessam ao argumento? O leigo, quando vê a coisa da maneira que é apresentada, pensa que só começaram a medir nos últimos 50 anos. O Al Gore usou no filme a curva do CO2 lá embaixo há 650 mil anos e, agora, decolando. Ridículo, palhaço.
ISTOÉ - Esses temores são cíclicos?
Molion - Eu tenho fotos da capa da Time em 1945 que dizia: "O mundo está fervendo." Depois, em 1947, as manchetes diziam que estávamos indo para uma nova era glacial. Agora, de novo se fala em aquecimento. Não é que os eventos sejam cíclicos, porque existem muitos fatores que interferem no clima global. Sem exagero, eu digo que o clima da Terra é resultante de tudo o que ocorre no universo. Se a poeira de uma supernova que explodiu há 15 milhões de anos for densa e passar entre o Sol e a Terra, vai reduzir a entrada de radiação solar no sistema e mudar o clima. Esse ciclo de aquecimento muito provavelmente já terminou em 1998. Existem evidências, por medidas feitas via satélite e por cruzeiros de navio, de que o oceano Pacífico está se aquecendo fora dos trópicos - daí o derretimento das geleiras - e o Pacífico tropical está esfriando, o que significa que estamos entrando numa nova fase fria. Quando esfria é pior para nós.
ISTOÉ - Por que é pior?
Molion - Porque quando a atmosfera fica fria ela tem menor capacidade de reter umidade e aí chove menos. Eu gostaria que aquecesse realmente porque, durante o período quente, os totais pluviométricos foram maiores, enquanto de 1946 a 1976 a chuva no Brasil como um todo ficou reduzida. O aumento de CO2 não é novo. Nos últimos 150 anos, já atingiu 600 ppm. Mas o Al Gore usou a curva do CO2 de 650 mil anos atrás
ISTOÉ - No que isso pode interferir na vida do brasileiro?
Molion - As conseqüências para o Brasil são drásticas. O Sul e o Sudeste devem sofrer uma redução de chuvas da ordem de 10% a 20%, dependendo da região. Mas vai ter invernos em que a freqüência de massas de ar polar vai ser maior, provocando uma freqüência maior de geadas. A Amazônia vai ter uma redução de chuvas e, principalmente, a Amazônia oriental e o sul da Amazônia vão ter uma freqüência maior de seca, como foi a de 2005. O Nordeste vai sofrer redução de chuva. O que mais me preocupa é que, do ponto de vista da agricultura, as regiões sul do Maranhão, leste e sudeste do Pará, Tocantins e Piauí são as que apresentam sinais mais fortes. Essas regiões preocupam porque são a fronteira de expansão da soja brasileira. A precipitação vai reduzir e certamente vai haver redução de produtividade. Infelizmente, para o Brasil é pior do que seria se houvesse o aquecimento.
ISTOÉ - A quem interessaria o discurso do "aquecimento"?
Molion - Quando eu digo que muito provavelmente estamos num processo de resfriamento, eu faço por meio de dados. O IPCC, o nome já diz, é constituído de pessoas que são designadas por seus governos. Os representantes do G-7 não vão aleatoriamente. Vão defender os interesses de seus governos. No momento em que começa uma pressão desse tipo, eu digo que já vi esse filme antes, na época do discurso da destruição da camada de ozônio pelos CFCs, os compostos de clorofluorcarbonos. Os CFCs tinham perdido o direito de patente e haviam se tornado domínio público. Aí inventaram a história de que esses compostos estavam destruindo a camada de ozônio. Começou exatamente com a mesma fórmula de agora. Em 1987, sob liderança da Margaret Thatcher, fizeram uma reunião em Montreal de onde saiu um protocolo que obrigava os países subdesenvolvidos a eliminar os CFCs. O Brasil assinou. Depois, ficamos sabendo que assinou porque foi uma das condições impostas pelo FMI para renovar a dívida externa brasileira. É claro que o interesse por trás disso certamente não é conservacionista.
ISTOÉ - Mas reduzir a emissão de CFCs não foi uma medida importante?
Molion - O Al Gore no filme dele diz "nós resolvemos um problema muito crucial que foi a destruição da camada de ozônio". Como resolveram, se cientistas da época diziam que a camada de ozônio só se recuperaria depois de 2100? Na Eco 92, eu disse que se tratava de uma atitude neocolonialista. No colonialismo tradicional se colocam tropas para manter a ordem e o domínio. No neocolonialismo a dominação é pela tecnologia, pela economia e, agora, por um terrorismo climático como é esse aquecimento global. O fato é que agora a indústria, que está na Inglaterra, França, Alemanha, no Canadá, nos Estados Unidos, tem gases substitutos e cobra royalties de propriedade. E ninguém fala mais em problema na camada de ozônio, sendo que, na realidade, a previsão é de que agora em outubro o buraco será um dos maiores da história.
ISTOÉ - O sr. também vê interesses econômicos por trás do diagnóstico do aquecimento global?
Molion - É provável que existam interesses econômicos por detrás disso, uma vez que os países que dominam o IPCC são os mesmos países que já saíram beneficiados lá atrás.
ISTOÉ - Não é teoria conspiratória concluir que há uma tentativa de frear o desenvolvimento dos países emergentes?
Molion - O que eu sei é que não há bases sólidas para afirmar que o homem seja responsável por esse aquecimento que, na minha opinião, já acabou. Em 1798, Thomas Malthus, inglês, defendeu que a população dos países pobres, à medida que crescesse, iria querer um nível de desenvolvimento humano mais adequado e iria concorrer pelos recursos naturais existentes. É possível que a velha teoria malthusiana esteja sendo ressuscitada e sendo imposta através do aquecimento global, porque agora querem que nós reduzamos o nosso consumo de petróleo, enquanto a sociedade americana, sozinha, consome um terço do que é produzido no mundo.
ISTOÉ - Para aceitar a tese do sr., é preciso admitir que há desonestidade dos cientistas que chancelam o diagnóstico do aquecimento global...
Molion - Eu digo que cientistas são honestos, mas hoje tem muito mais dinheiro nas pesquisas sobre clima para quem é favorável ao aquecimento global. Dinheiro que vem dos governos, que arrecadam impostos das indústrias que têm interesse no assunto. Muitos cientistas se prostituem, se vendem para ter os seus projetos aprovados. Dançam a mesma música que o IPCC toca.
ISTOÉ - O sr. se considera prejudicado por defender a linha oposta?
Molion - Na Eco 92, eu debati com o Mario Molina, que foi quem criou a hipótese de que os clorofluorcarbonos estariam destruindo o ozônio. Ele, em 1995, virou prêmio Nobel de Química. E o professor Molion ficou na geladeira. De 1992 a 1997 eu não fui mais convidado para nenhum evento internacional. Eu tinha US$ 50 mil que o Programa das Nações Unidas havia repassado para fazer uma pesquisa na Amazônia e esse dinheiro foi cancelado. Em 1987, sob Thatcher, países subdesenvolvidos foram obrigados a eliminar os CFCs. Foi uma das condições impostas pelo FMI
ISTOÉ - O cenário que o sr. traça inclui ou exclui o temor de cidades litorâneas serem tomadas pelo aumento do nível dos oceanos?
Molion - Também nesse aspecto, o que o IPCC diz não é verdade. É possível que, com o novo ciclo de resfriamento, o gelo da Groenlândia possa aumentar e pode ser até que haja uma ligeira diminuição do nível do mar.
ISTOÉ - Pela sua tese, seria o começo de uma nova era glacial?
Molion - Como já faz 15 mil anos que a última Era Glacial terminou, e os períodos interglaciais normalmente são de 12 mil anos, é provável que nós já estejamos dentro de uma nova era glacial. Obviamente a temperatura não cai linearmente, mas a tendência de longo prazo certamente é decrescer, o que é mau para o homem. Eu gostaria muito que houvesse realmente um aquecimento global, mas na realidade os dados nos mostram que, infelizmente, estamos caminhando para um resfriamento. Mas não precisa perder o sono, porque vai demorar uns 100 mil anos para chegar à temperatura mínima. E quem sabe, até lá, a gente não encontre as soluções para a humanidade.

Carbono Brasil - Cientista diz que aquecimento é "farsa"

Carbono Brasil: "Para Luiz Molion, o efeito estufa existe apenas para garantir a eleição de Al Gore "

quinta-feira, novembro 15, 2007

“Aquecimento do planeta pelo Homem não é fato”

Professor da UFAL e membro da Organização Meteorológica Mundial, Luiz Molion:

Cientista denuncia que aquecimento global é terrorismo climático a serviço de interesses dos países desenvolvidos
A temperatura do planeta, desde 1998, parou de aumentar – o ano de 98 registrou temperaturas inferiores a 1930, particularmente 1934. O aumento na concentração atmosférica de CO2 pode não ter nada a ver com a atividade humana e sim ser devido às variações naturais do clima e da temperatura dos oceanos. Os modelos do clima global produzidos para o IPCC “são modelos bastante rudimentares e que não representam adequadamente os processos físicos que ocorrem na atmosfera terrestre”.
Essas e outras afirmações você confere na entrevista concedida ao HP pelo físico, meteorologista e membro do Grupo Gestor da Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (WMO), professor Phd do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Carlos Baldicero Molion.
Para ele, “esses modelos do clima absolutamente não têm a capacidade de fazer uma previsão deste gênero. Portanto, os resultados destes modelos são inúteis, não passam de meros exercícios acadêmicos, ou, para ser mais grosso, eu diria que os resultados desses modelos são lixo. Na comunidade científica existe até uma sigla, GIGO, que significa garbage in, garbage out. Ou seja, se você coloca lixo dentro, você gera lixo como resultado”. Se você alimentar um programa computadorizado com dados que não refletem a realidade, não tem como o cenário resultante se aproximar mais dela.
E faz um alerta: os países desenvolvidos têm necessidade de manter as reservas de energia do planeta sob seu controle. Para isso, tentam forçar a redução no uso de tais riquezas pelos países que as possuem. Em tempos de grandes descobertas petrolíferas, esse parece ser um alerta a ser considerado.

MARIANA MOURA

HP: O senhor afirma que a temperatura do planeta parou de aumentar. O alarme do IPCC não se justifica?
Molion: Eu digo 1998 porque de lá pra cá, nos anos seguintes de 99 até 2007, as temperaturas foram inferiores a 1998. E 98 em si teve temperaturas inferiores a 1930, particularmente 1934.
Em agosto o doutor Jim Hansen, do Goddard Institute for Space Studies (GISS), reconheceu que eles fizeram um erro ao colocar 1998 como o ano mais quente da série de 120 anos e então colocaram novamente o ano 1934 como o ano mais quente. Isso depois de muita pressão que sofreu da comunidade científica que não concorda com o “fato” do aquecimento global antropogênico.
Ele já iniciou a série de gráficos aplicando ajustes que são estranhos aos dados observados para atingir um objetivo.
HP: Que objetivo?
Molion: Os interesses são essencialmente econômicos. De grupos econômicos que querem continuar regendo o mundo. Esse grupo pretende continuar dominando. Pega um país como a Inglaterra, por exemplo, que tem que fornecer energia para 70 milhões de habitantes, e é totalmente dependente da energia proveniente do gás. Um país como os Estados Unidos tem uma forte dependência do petróleo. O aumento do petróleo que houve, quando o barril passou dos 85 dólares, foi provocado particularmente pelo fato que chegou a conhecimento público que as reservas americanas de petróleo estavam baixas.
Estes países que não têm mais suprimento de energia precisam continuar explorando os países pobres, também chamados países em desenvolvimento.
Agora o pessoal está muito preocupado que a China está entrando na África. Como ela está tendo um crescimento acelerado, ela está procurando recursos naturais em outros países que tinham sido renegados como colônias até então. E a China está indo procurar recursos naturais na Àfrica, está com parcerias com o Brasil. E é isso que preocupa mais os países desenvolvidos.
HP: Como a ciência serve de fundamento a esses interesses políticos e econômicos?
Molion: Essa série de temperaturas, particularmente de 77 a 98, tem sido umas das bases para dizer que o homem é o autor, é o responsável por esse aquecimento. Particularmente porque o CO2 aumentou. Pelo cálculo do IPCC a concentração de CO2 estaria em 379 ml de CO2 por metro cúbico de ar. Então a idéia é que como o CO2 é um gás de efeito estufa, ou seja, ele absorve radiação emitida pela superfície da Terra, se ele aumentou a conclusão é que com o aumento de CO2 aumenta a absorção da radiação emitida pela superfície da Terra e diminui o escape dessa radiação, a quantidade dessa radiação que escaparia para o espaço.
Mas o aumento de CO2 pode ter tido causas naturais porque a solubilidade do CO2 nos oceanos é inversamente proporcional à temperatura. Quanto mais frios forem os oceanos maior é a concentração do CO2 nos oceanos. Na medida em que os oceanos se aquecem eles expulsam ou deixam de absorver o CO2.
Uma forma de acompanhar isso é nos refrigerantes. Quando você tira o refrigerante da geladeira e coloca num copo você vê um monte de bolhinhas CO2 saindo. Se você não beber, e ele aquecer até a temperatura ambiente, ele expulsa as bolhas e o refrigerante fica sem gás.
Imagine isso agora aplicado para os oceanos, que ocupam 70% da superfície do planeta terra. Quando os oceanos se aquecem eles expulsam o CO2. Então quando é dito que aumentou o CO2 em função das atividades humanas, na realidade pode ser que seja que o CO2 saiu naturalmente dos oceanos pelo fato de os oceanos reconhecidamente terem aquecido ao longo do século XX.
O aumento de CO2 então não teria nada a ver com a atividade humana.
HP: A maior confiança é depositada nos modelos climáticos...
Molion: Esses modelos do clima global são bastante rudimentares e não representam adequadamente os processos físicos que ocorrem na atmosfera terrestre. Dentre eles particularmente nuvens, sua formação e distribuição, e os oceanos, em especial as mudanças na distribuição de calor produzidas pelas correntes oceânicas e as configurações de temperaturas na superfície do mar resultantes dessas redistribuições pelas correntes. Então pega-se um modelo desse e faz-se uma projeção para 100 anos em que não são consideradas as variações que os oceanos vão sofrer. A dinâmica dos oceanos é algo que não consta nesses modelos.
O conhecimento que se tem sobre o transporte de calor da região tropical para a região fora dos trópicos e o que se tem das correntes marinhas ainda é bastante precário.
Não adianta fixar os mesmos modelos que são utilizados para a previsão do tempo de 24 horas, 48 horas para, 4 dias. Porque em um período relativamente curto, um ou dois dias, a temperatura da superfície do mar não muda muito por que as correntes marinhas são muito lentas. Mas quanto se integra um modelo não para um ou dois dias, mas para cem anos, as variações que estão ocorrendo no oceano seriam muito importantes para determinar o efeito no clima global.
HP: Então ainda estamos longe de entender o clima do planeta?
Molion: Os cenários produzidos pelo IPCC no Sumário para Formuladores de Políticas para o ano de 2006, que foi lançado em fevereiro de 2007, (quase idêntico ao filme do Al Gore, qualquer coincidência é mero acaso), dizem que a temperatura daqui a cem anos estaria entre 3 e 4,5 graus acima do que está hoje. Esses modelos do clima absolutamente não têm a capacidade de fazer uma previsão deste gênero. Portanto, os resultados destes modelos são inúteis, não passam de meros exercícios acadêmicos, ou, para ser mais grosso, eu diria que os resultados desses modelos são lixo. Na comunidade científica existe até uma sigla, GIGO, que significa garbage in, garbage out. Ou seja, se você coloca lixo dentro, você gera lixo como resultado.
O clima da Terra tem variado ao longo das eras, forçado por fenômenos de escalas de tempo decadal até milenar. A representatividade global da série de temperaturas é questionável e a possível intensificação do efeito-estufa pelas atividades humanas, bem como as limitações dos modelos matemáticos de simulação de clima, não permitem a transformação da hipótese do aquecimento global antropogênico em fato científico consumado.
Hora do Povo

Pobreza infantil é dramática na Alemanha - 15/11/2007

Pobreza infantil é dramática na Alemanha - 15/11/2007_Folha Online - Deutsche Welle -

domingo, novembro 11, 2007

Estados Unidos, uma lição de barbárie


Assistimos, nas duas gestões de George W. Bush, a um retrocesso histórico-político sem precedentes. O capital, autonomizado da política, faz tábua rasa dos preceitos mais elementares da modernidade.

Gilson Caroni Filho
Quando George W. Bush acena com a redução gradual de soldados no Iraque, mas se recusa a promover uma mudança radical de estratégia, afirmando que a presença militar americana continuará após sua saída da Casa Branca, que leitura se pode fazer? O ocaso do império e a perda de dinamismo da economia serão inversamente proporcionais à ferocidade de seu papel de polícia do mundo, por mais desmoralizado que ele se encontre. Uma vez instalada, a barbárie não retrocede aos apelos kantianos por uma paz perpétua. Não nos iludamos com o médio prazo. Tentemos aprender com as lições recentes.
Os saques promovidos contra o Museu Nacional de Bagdá, em 2003, não devem ser debitados apenas à "negligência" das forças de ocupação anglo-americanas. A destruição de tesouros arqueológicos das civilizações que viveram às margens do Tigre e do Eufrates foi, talvez, o mais emblemático ato da invasão imperialista. A mais significativa aplicação prática da doutrina expressa no "Project for New American Century": o avanço sobre destroços. Não como conseqüência inelutável de confronto surgido em uma conjuntura inesperada, mas como premissa de expansão mundial, calcada na supremacia militar e no fundamentalismo neoconservador que empolgou o poder norte-americano. Bush é Deus e Paul Wolfowitz (lembram dele?) seu profeta.
A terra arrasada será sempre a do "outro", dos bárbaros, dos que não foram "eleitos" dentro dos cânones pentecostais para purificar o mundo. Os predestinados têm algo a destruir para preservar os interesses nacionais. O que precisava ser eliminado não eram apenas o Iraque, muito menos o Irã, Coréia ou Cuba.
O verdadeiro "eixo do mal" é, na ótica do império, a civilização e sua história. Quanto menos vestígios, maior a possibilidade de êxito da desconstrução em andamento. Francis Fukuyama, apesar do arrependimento, terá, custe o que custar, dado a palavra final. E será o final da palavra. A vida, tal como prenunciou Macbeth, será uma história cheia de som e fúria contada por um idiota e que, no fim das contas, nada significará.
Superpotência condenada por debilidades estruturais de sua economia, os Estados Unidos convivem com crescente perda de hegemonia mundial. A incapacidade - apesar do colossal aparato midiático - de universalizar os seus interesses específicos se dá em um cenário de gigantescos déficits fiscais e comerciais, dependência de aportes de capitais europeus e asiáticos , além da necessidade de ampliação de reservas petrolíferas para atender à demanda doméstica. Tais fatos, somados às deformações constitutivas apontadas por Tocqueville, explicam o fim do regime republicano no maior país capitalista do mundo e a lógica da barbárie que se avizinha.
Assistimos, nas duas gestões de George W. Bush, a um retrocesso histórico-político sem precedentes. O capital, autonomizado da política, faz tábua rasa dos preceitos mais elementares da modernidade. No coração do Império, a distinção, tão cara ao republicanismo, entre "Imperium" e "dominium" se esfuma na absorção da sociedade política pela lógica do mercado.
O patrimonialismo, quem diria, se instalou fagueiro na terra do Tio Sam. O establishment se descolou da democracia, vista como obstáculo à governabilidade. Fraturada a hegemonia, só restou avançar fazendo ouvidos moucos à opinião pública mundial. Nunca caminhamos tão celeremente de volta ao estado de natureza hobbesiano. A ironia está no Estado Policial como avalista do esfacelamento da sociedade civil. De momento de eticidade em Hegel, o “glorioso” Estado se tornou o gestor executivo de uma ordem que anuncia o lema dos tempos pós-industriais: "homini lupus homini". Hobbes se vinga de Rousseau.
Para a tradição socialista, tão mais combativa quanto preparada teoricamente estiver, o quadro aterrorizante não surpreende. Há muito tempo, autores como Rosa Luxemburgo atentaram para o fato de que capitalismo e barbárie não eram incompatíveis. Pelo contrário, a segunda decorreria do desenvolvimento do primeiro. Termos sucumbidos a ilusões reformistas, talvez tenha sido a maior vitória ideológica dos filhos de Adam Smith. Que, justiça seja feita, nunca descuraram das condições subjetivas para a reprodução de sua ordem social. O confinamento na vida privada, o narcisismo exacerbado, a competitividade sem sentido e o individualismo irrestrito semearam a despolitização para colher o assentimento aos ditames do” homo demens”.
Felizmente o quadro acima é restrito à formação social norte-americana. Não encontra equivalente, ao menos na mesma escala, em outros países. E é da impossibilidade de enquadramento geral que nasce o temor da classe dirigente estadunidense. A truculência nazista de Rumsfeld, Bush, Cheney e Wolfowitz, em seus dias de prestígio, era proporcional ao medo da resistência que pressentiam. Sabiam que o pragmatismo cínico não elimina o devir. Que as contradições não são eliminadas por decreto.
Para eles, a civilização é um incômodo a ser removido. Um mal a ser extirpado a ferro e fogo. O caráter simbólico das ações predatórias encontra aqui sua real intenção. Se o que pretendem é eliminar o "mal" da herança humanista, melhor destruir seu berço. Que se evaporem 5.000 anos de história escrita, as tradições sumerianas, as lembranças dos Impérios da Babilônia e dos persas. Que se destrua Najaf, que sítios arqueológicos sejam saqueados, e estátuas e cerâmicas destroçadas.
Essa é a contribuição de quem pode oferecer bomba de fragmentação e um "mclanche feliz". Para o ex- secretário de Defesa, Donald Rummsfeld, isso era natural: "A liberdade é bagunçada mesmo". Essa foi a contribuição neoliberal para o caro conceito de liberdade forjado nos marcos da Revolução Francesa.
EUA e os então governantes da Inglaterra e Espanha anunciaram o fim da modernidade. Em troca, tal como está no "Project for New American Century" prometeram "uma dominação de espectro amplo". Nisso contam com o posto avançado dos Estados Unidos no Oriente: o Estado de Israel e sua política externa, calcada no extermínio sistemático do povo palestino.
Talvez a opinião pública mundial já tenha isolado o vírus causador da barbárie e elaborado o antídoto. Terá porções de Thomas Jefferson, doses de "Magna Carta", sensibilidade ante o horror de Guernica e a cultura libertária da diáspora judaica.
Vencida a primeira etapa, há que se erguer as bases para um novo contrato interestatal que tenha como premissas a multilateralidade e uma ordem socialista e democrática. As bases de peças de terracota terão demonstrado aos mísseis "Tomahawk” que nem tudo que é sólido se desmancha no ar.

Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, e colaborador do Jornal do Brasil e Observatório da Imprensa.
Agência Carta Maior

quarta-feira, novembro 07, 2007

Fraude no Detran e prisões atingem governo Yeda Crusius

OPERAÇÃO RODIN
Fraude no Detran e prisões atingem governo Yeda Crusius

Ação da Polícia Federal contra quadrilha especializada em fraudes no Departamento Estadual de Trânsito provocou a prisão de 12 pessoas. Entre elas, o diretor-presidente do órgão, Flavio Vaz Netto, o ex-diretor, Carlos Ubiratan dos Santos, o diretor da Companhia de Energia Elétrica, Antonio Maciel, e um dos coordenadores da campanha de Yeda, Lair Ferst.
Marco Aurélio Weissheimer - Carta Maior

PORTO ALEGRE - Uma ação da Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal, a Receita Federal e o Tribunal de Contas da União, prendeu 12 pessoas no Rio Grande do Sul e expôs um esquema de fraude no setor do trânsito, envolvendo figuras importantes do governo estadual, entre elas, um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius (PSDB) na campanha eleitoral de 2006.
Na Operação Rodin, desencadeada pela Polícia Federal na madrugada desta terça-feira, foram presos, entre outros, o diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito do RS (Detran), Flavio Vaz Netto, o ex-diretor-presidente do órgão e atual diretor financeiro do Trensurb, Carlos Ubiratan dos Santos (ambos integrantes do Diretório Estadual do PP), o empresário Lair Antonio Ferst (integrante do Diretório Estadual do PSDB e um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius), e o ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa, Antonio Dorneu Maciel, integrante da executiva estadual do PP e atual diretor da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
O objetivo da ação foi desarticular uma quadrilha especializada em fraudes em contratos públicos realizados pelo Detran. Segundo estimativas da Polícia Federal, a ação dessa quadrilha causou prejuízos de cerca de R$ 40 milhões aos cofres públicos, desde 2002. O Detran teria contratado, sem licitação, a Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia (Fatec), da Universidade Federal de Santa Maria, para fazer avaliação teórica e prática nos exames de habilitação de motoristas de automóveis, usando a estrutura física e os servidores da universidade.
Desde o início da madrugada, policiais federais e servidores da Receita cumpriram 12 mandados de prisão temporária e 43 mandados de busca e apreensão nos municípios de Porto Alegre, Canoas e Santa Maria. As prisões têm desdobramentos políticos que atingem em cheio partidos como o PP, o PSDB e o PMDB no Estado. O Detran, desde o governo de Germano Rigotto (PMDB), vem sendo dirigido por políticos indicados pelo Partido Progressista (PP).
Ligação com escândalo dos selos
As suspeitas sobre irregularidade no Detran são antigas. Em abril deste ano, durante entrevista coletiva em que falou sobre sua demissão do governo, o ex-secretário da Segurança, Enio Bacci (PDT), citou denúncias que teria encaminhado a governadora Yeda Crusius envolvendo o Detran. Bacci falou sobre a existência de contratos lesivos ao Estado no Detran e na própria segurança da Secretaria de Segurança. Na época, Yeda rechaçou as acusações.
As prisões efetuadas nesta terça também respingam em um outro escândalo político recente no RS. O ex-diretor-geral da Assembléia Legislativa, Dorneu Maciel, foi citado por Ubirajara Macalão, pivô do escândalo do desvio dos selos na Assembléia gaúcha, como envolvido no esquema (conforme entrevista publicada no jornal Zero Hora, no dia 16 de julho deste ano). Macalão disse, então, que Maciel o teria orientado em 1996, a providenciar a compra de selos para todos os deputados que fizessem a demanda. Na época, Maciel negou as acusações. Como diretor-geral da Assembléia, Maciel era peça-chave no funcionamento e na articulação política da Casa.
Guerra na disputa pelo Detran
No início deste ano, o site de notícias Vide Versus, de Porto Alegre, publicou a seguinte nota, falando sobre uma guerra na disputa pelo controle do Detran no Estado. A nota afirmava:
“Há uma verdadeira guerra na disputa pela direção superior do Detran do Rio Grande do Sul. O chefe da Casa Civil do governo de Yeda Crusius (PSDB), deputado estadual Luiz Fernando Zachia (PMDB), deseja indicar um companheiro seu para o cargo. O PP entrou na guerra e quer colocar no lugar o procurador de Estado Flávio Vaz Neto. O PDT também está lançando olhar gordo para a direção do Detran, alegando que pegou só lugares "descarnados" da administração estadual, ou seja, sem direito a nomeações. Corre a informação de que a escolha de nome para a direção do órgão passa por uma empresa de Santa Maria, de trabalhista que presta serviços ao Detran”.
A ponta do iceberg
Em entrevista à rádio Gaúcha, Ênio Bacci disse que as prisões realizadas pela Polícia Federal são apenas a ponta do iceberg de irregularidades no Detran. Bacci reafirmou que alertou a governadora Yeda Crusius sobre os problemas no órgão, antes de ser demitido. Yeda rebateu secamente as declarações de Bacci, dizendo: “Ele não pode inverter a verdade. Ele sabe porque foi demitido”. A governadora não explicou o que significa a expressão “inverter a verdade”, no caso das irregularidades no Detran.
Bacci também afirmou que o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Luiz Fernando Záchia, teria apoiado a nomeação de Hermínio Gomes Junior, do PMDB, para a Diretoria Administrativa e Financeira do Detran. Hermínio Gomes, Flavio Vaz Netto (Detran) e Antônio Dorneu Maciel (CEEE) foram afastados de seus cargos no governo hoje por determinação judicial.
Também em entrevista à rádio Gaúcha, Záchia negou que tenha respaldado a indicação de Hermínio Gomes para o Detran. Segundo o chefe da Casa Civil, as nomeações foram partidárias, resultantes de indicações de partidos da base aliada de Yeda (prática, aliás, que a atual governadora prometeu que não existiria no “novo jeito de governar”). “Se nós pegarmos as três funções de gestão no Detran, uma é indicação do PP, outra é de uma indicação do PMDB, e outra é uma indicação do PSDB. Todas de pessoas com tradição, de pessoas com reputação, com experiência na área”, explicou didaticamente Záchia. Ele lembrou ainda que Hermínio Gomes Júnior foi diretor do Detran durante o governo de Germano Rigotto (PMDB) e que tem “experiência técnica na área de transportes”.
“Peça-chave na campanha de Yeda”
Até hoje, alguns episódios envolvendo a demissão do ex-secretário da Segurança, Ênio Bacci, são guardados a sete chaves no Palácio Piratini. Ao dizer que Bacci estaria “invertendo a verdade”, a governadora Yeda Crusius enviou um recado ao pedetista, dizendo que “ele sabe porque foi demitido”. A julgar pela evolução dos acontecimentos envolvendo o Detran, Yeda poderá ser obrigada a falar mais do que disse até agora. Bacci bateu forte na governadora hoje. Ele enfatizou que Lair Ferst foi “peça-chave” na campanha eleitoral de Yeda. Ainda segundo Bacci, não basta uma sindicância interna para acompanhar o caso, como anunciou a governadora. “Temos que chamar o Tribunal de Contas e o Ministério Público”, defendeu.
Casado com a ex-Miss Brasil (1986), Deise Nunes, Ferst chegou a ser cotado para ocupar um cargo no primeiro escalão do governo Yeda. No dia 21 de outubro de 2006, a colunista política de Zero Hora, Rosane Oliveira, apontou-o, junto com Sandra Terra, como um dos nomes fortes para ocupar um futuro secretariado de Yeda.
Fraude no Detran aumentou preço de carteiras
O delegado do Núcleo de Combate a Crimes Financeiros, Gustavo Schneider, disse, durante coletiva de imprensa, que o núcleo que elaborou o esquema de fraudes no Detran tinha “bom trânsito junto a círculos decisórios”. As investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal, em conjunto com Polícia Federal, Receita e Tribunal de Contas da União, descobriram que a população do RS passou a pagar mais pelos exames teóricos e práticos para a habilitação de motoristas.
O esquema funcionava através da subcontratação, pelo Detran, de empresas terceirizadas (via Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia, da UFSM), que passaram a fazer os exames. O MP e a PF não revelaram os nomes das empresas, dizendo apenas que duas são de Santa Maria. Ainda segundo Gustavo Schneider, essas empresas subcontratadas ilegalmente recebiam um valor mensal fixo e mais uma parcela variável, de acordo com o número de habilitações concedidas. A fundação universitária, segundo o delegado, distribuía o lucro para as empresas, utilizando inclusive malas para entregar o dinheiro, além de empréstimos de pessoas físicas para jurídicas.
PT pede investigações e cogita CPI
O líder da bancada do PT na Assembléia, Raul Pont, defendeu o acompanhamento pela mesa diretora da Assembléia Legislativa do escândalo envolvendo a cúpula do Detran. Pont justificou o pedido argumentando que um dos acusados – Antônio Dorneu Maciel – já ocupou o cargo de diretor geral da Casa e foi apontado por Ubirajara Macalão, como responsável por contratos sob suspeição. “É fundamental que a mesa diretora discuta o tema e adote medidas para acompanhar de perto as investigações. Afinal, os envolvidos nos escândalos ocupam cargos importantes na administração pública por indicação de partidos políticos”, disse o petista.
Outro deputado petista, Fabiano Pereira, anunciou que solicitará à bancada do PT que estude a possibilidade de pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as administrações de estatais no RS. Além de irregularidades no Detran, o petista quer esclarecimentos sobre denúncias envolvendo as direções da Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag) e Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs).